segunda-feira, 29 de abril de 2024

A economia e os fatos econômicos principais no mês de abril

Pelo youtube: https://youtu.be/qIDQUPli14c Chegamos ao final de abril, fechando o primeiro quadrimestre do ano. Medida pela variação do IPCA, medida estatística que acompanha como se comportaram, a cada mês, os preços de uma cesta média de bens consumidos pelas famílias com renda até 40 salários mínimos, pode-se afirmar que a inflação está estabilizada, sob controle. Os valores de inflação, de janeiro a março, indicam uma inflação de 0,42% em janeiro, 0,83 em fevereiro, 0,16 em março. Coerente com esse comportamento, a inflação acumulada em 12 meses, vem caindo a cada um dos meses considerados. Hoje, encontra-se em 3,93%. *** No mesmo sentido, a prévia de inflação para abril, medida pelo IPCA-15 (calculado de 15 de um mês até 15 do mês subsequente) atingiu 0,21% surpreendendo o mercado cuja expectativa era maior. Por outro lado, a taxa de desemprego do primeiro trimestre alcançou o menor nível desde 2015, reduzindo-se para 7,6%. No setor externo, após crescimento recorde nos dois primeiros meses, a balança comercial apreesntou ligeira redução em março, quando comparado ao ano anterior, com exportações superando as importações em 7,5 bilhões de dólares. No trimestre, o resultado de 19,1 bilhões de dólares, é o maior da série histórica. *** Ainda no setor externo, o ano tem apresentado saída de capitais da Bolsa, ao contrário do ano passado, em valor correspondente à metade da entrada daquele ano. O motivo alegado, que atinge a maior parte das economias ocidentais para a maioria dos analistas, trata-se do medo de uma recessão mundial, somado às incertezas de extensão dos conflitos entre países. Situações de incerteza levam os donos de capital a privilegiarem a segurança e a liquidez, o que explica a fuga de capitais, efeito que se agrava com a manutenção de juros elevados nos Estados Unidos, devido à permanência de incerteza e juros elevados naquele país. *** Essa fuga de capitais, embora tenha efeitos perversos de elevação do preço do dólar, tira do país apenas os capitais especulativos, cuja contribuição para o nosso desenvolvimento econômico e social é reduzido. Investimentos diretos, que criam ou expandem fábricas, produção, emprego e renda alcançaram 5 bilhões em fevereiro, somando 62 bilhões de dólares em 12 meses. Se o valor em fevereiro não é bom, comparado com o ano anterior, isso não impediu de o país voltar à lista dos 20 destinos principais no mundo. *** Se os dados econômicos, a que se somam a arrecadação recorde de impostos no primeiro trimestre, de 657,8 bilhões de reais, apresentam comportamento positivo, qual a razão de questões e decisões econômicas continuarem sendo tratadas, pelos mercados e pela mídia a eles subalterna, como preocupantes? Vale afirmar que, ao contrário da ideia vulgar dos manuais de economia, não é a taxa de juros, mantida desnecessária e inexplicavelmente elevada, que explica a inflação em queda. Afinal, na lógica ainda dos manuais, isso desestimularia investimentos e expansão da renda, com consequente queda da demanda de bens e serviços e redução da taxa de emprego. Por outro lado, a insistência em juros altos, atrairia capitais. Nada dos efeitos que a economia apresenta. *** Se não pode ser atribuída à política monetária do Banco Central, que a razão do sucesso do desempenho econômico? Não é difícil perceber que são as políticas de gastos públicos, em especial, os gastos sociais (bolsa família, aumento real do salário mínimo, efeito multiplicador dos gastos em investimentos do PAC, etc.). Isso, apesar de toda a choradeira dos mercados e da midia marrom, que reclamam da gastança, mas não se lembram de criticar o custo fiscal dos incentivos concedidos aos empresários (como a desoneração da folha), ou as despesas com o Legislativo, sob a forma de emendas de toda espécie, ou fundo partidário e eleitoral. *** Esses dois agentes (mercado e seus porta-vozes) insistem em fazer terrorismo, atacando o governo dito gastador, por privilegiar a inclusão do pobre no orçamento. Daí, suposta dada a arrecadação, os gastos sociais maiores poderiam por em risco o pagamento “sagrado” dos juros dos setores milionários detentores dos títulos da dívida pública. Ou seja, dos financiadores dos gastos públicos, para quem os juros são mais sagrados que a vida das pessoas comuns. Por isso, em abril, a decisão de alterar as metas de resultado fiscal primário para 2025 (de 0,5% de superavit do PiB para 0) e exercícios seguintes, foi recebida como o fim do mundo de tranquilidade prometido por Lula. Resultado que todo o mercado já havia antecipado, ao considerar a previsão do governo inalcançável. *** A alteração apenas estendeu o prazo de redução do endividamento, preferindo um tratamento gradual que de choque. Agora a sociedade, mal informada, fica sem saber se é positiva a medida para desoneração da folha de salários, com a contribuição previdenciária sendo a partir de percentual inferior do faturamento de 17 setores da economia, geradores de emprego. A midia oculta ser beneficiária dessa desoneração, incluída nos 17 setores. *** Com isso a Previdência, cada vez mais afetada pelo envelhecimento da população e pelo aumento real do salário mínimo, base de seus benefícios, encontra-se mais fragilizada: a contribuição solidária, tripartite, entre empregados, governo e patrões, vê cada vez mais a fuga dos empresários do cumrpimento desse pacto social. Para agravar o quadro, o Congresso desrespeita todo o instante a responsabilidade fiscal que cobra do governo, sob a liderança de Lira e as chantagens do Centrão que ele capitaneia por meio de emendas, e sob a direção de Pacheco e suas propostas de recriação de quinquênios para o Judiciário. *** É conhecida de longa data, a história do santo do pau oco, que ilustra bem o comportamento do presidente do Senado, antagônico à responsabilidade fiscal que alega respeitar. No caso, a emenda que ele patrocina (que já vai agregando Ministério Público, Advocacia Geral, Delegados da PF, auditores da Receita) vai promover o maior trenzinho da alegria justificada apenas pela sabedoria popular: quem agrada a juízes e policiais, deve ter muita coisa a temer ou esconder. *** E de quebra, tramita no Senado a PEC que quer dar ao Banco Central a independência total, travestida sob a forma de autonomia orçamentária. Ela transforma um órgão típico de Estado e portador do monopólio de emissão de dinheiro e de crédito, em Empresa Pública especial. Com isso, assegura remuneração muito acima do teto para seus diretores, além da possibilidade de desmembrar e privatizar a gestão da política monetária e creditícia. Eliminando qualquer possibilidade de o governo fazer e executar política econômica de qualquer tipo.