quarta-feira, 30 de abril de 2014

A fadiga de material do PT e ou os 20 anos de PT no poder. Afinal, o que está por trás da campanha Volta Lula?

Interessante a campanha dos adversários de Dilma, divulgada pela midia como uma reivindicação de seus aliados e com o mote Volta Lula.
Curiosa porque ao tempo que tenta desestabilizar e provocar alguma cisão nas hostes do PT, tentando provocar divisões internas e contrapor a criatura a seu criador, mostra o que considero uma ignorância de seus articuladores em relação ao processo político e à lógica daquela área de atividades.
Isso porque, caso se confirmasse a imposição de Lula como cabeça de chapa, o que diriam os adversários no momento imediatamente posterior ao lançamento daquela candidatura? Lula, o homem que "entregou o país a alguém tão incompetente, que se arrependeu".
Ou então: votem em Lula, alguém que respeita tanto seus eleitores que é capaz de indicar qualquer nome - até um poste - para sucedê-lo. 
Sem dúvida os inimigos iriam se lembrar dos "erros" de Lula ou de seu governo, incluindo aí o mensalão; a compra da refinaria de Pasadena; a escolha de Mantega para ministro da Fazenda e as ações adotadas para tentar estimular a economia com base no "incentivo" ao consumo e no início do processo de "deterioração das contas públicas". 
Será que iriam falar de seus erros em relação à candidatura e depois indicação do Brasil para sediar a Copa? Ao atraso das obras necessárias, especialmente na infraestrutura, para a recepção dos eventos esportivos, inclusive a Olimpíada? Ou do "erro" de indicar para ocupar uma cadeira no Supremo, magistrados como o Barbosão?
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Claro, a imprensa, a mídia de forma geral, não fala dos erros de seus candidatos preferidos, alguns dos quais capazes de exercerem o mais feroz controle sobre a divulgação das notícias relativas a seus governos e a seus erros.
Dois pesos, duas medidas?
Ou apenas, a aplicação da máxima eternizada por Ricúpero: o que é bom a gente divulga. O que é ruim, a gente esconde, ao menos em relação aos amigos.
Mas, caso se processasse uma alteração como a proposta, com Lula de volta, será que o presidente apareceria nas pesquisas de opinião com os mesmos índices que hoje ostenta, não sendo o candidato oficial?
Ou seja: partindo da ideia de que os que desejam sua candidatura se baseiam em sua popularidade, será que essa popularidade seria mantida, e não seria desgastada, ao se transformar a figura de Lula, de conselheiro e mentor "acima da realidade e do bem e do mal" em vidraça?
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Lembrando da famosa frase do Serjão, o homem forte e ministro mais vistoso de Fernando Henrique Cardoso, Sérgio Mendonça, de que o PSDB ficaria 20 anos no poder o que dizer da campanha Volta Lula, nesse momento em que o PT já alcança e conclui um mandato de 12 anos ininterruptos, apresentando já certa fadiga de material, o que é perfeitamente compreensível?
Bem, o que eu creio é que se Dilma se firma e se estabiliza durante a campanha, o que não parece ser muito difícil, especialmente se admitirmos que ela já está enfrentando seu inferno político e muito pouco pode piorar em sua popularidade, daqui até outubro; se Dilma conseguir mudar sua imagem manipulada de antipática, arrogante e turrona, por exemplo, aproveitando o tempo de sobra que seus aliados lhe asseguram quando começar a campanha nos meios de comunicação; ela terá grande êxito em obter a reeleição.
É importante que atentemos para que, independente de tanta campanha contrária, ela perde popularidade, perde pontos nas pesquisas, mas mantém mais que a dianteira, a expectativa de conseguir levar o mandato já no primeiro turno. O que não é pouco.
O que nos levaria a 16 anos de PT, para o bem ou para o mal...
E aí sim. Caso ainda tivesse saúde, Lula seria o nome do PT para 2018, surgindo como candidato já mais blindado em relação a possíveis críticas a seu governo, naquela altura já distante e até esquecido.
E, fatalmente, um candidato difícil de ser batido. Completando os 20 anos que o PSDB  sonhou um dia exercer de poder.
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Talvez seja esse o medo dos adversários de Lula e do PT, e que estão por trás da ideia de que Lula deveria ser elevado a principal adversário de uma possível reeleição de Dilma nesse momento.

Resultados estranhos no Futebol, onde o racismo levou uma surra de Daniel Alves

Algo muito estranho anda acontecendo pelos campos de futebol do mundo inteiro, nesse ano de Copa no Brasil. E não me refiro aos atos de racismo explícito, que vêm cada vez mais ganhando espaço, seja nos estádios ou arenas o Perú, como no caso Tinga, seja na Espanha, como no caso mais recente de Daniel Alves.
A propósito aliás, do caso do brasileiro Dani Alves, o inusitado do gesto - a remessa de uma banana - só foi superada pela reação do lateral, mais inusitada ainda. Um tapa de luvas. Uma verdadeira lição de como, com bom humor, as ações como a da agressão do infeliz torcedor acabam reduzidas ao que de fato são: um nada, reveladora da mediocridade do autor do gesto. Tão mais realçada a atitude insignificante e seu autor, quanto mais curiosa foi a atitude de Dani Alves.
Ao abaixar para apanhar a banana, descascá-la e comer o fruto, Daniel Alves ironizou o autor do gesto e, mais que isso, tratou o ato com tamanha indiferença, como se fosse natural alimentos serem atirados para os jogadores, como os copos ou garrafas de água são atirados para os maratonistas se refrescarem durante as competições ou os próprios jogadores recebem também garrafas do líquido durante os jogos de futebol.
O que Daniel Alves fez, magistralmente, foi por em funcionamento a famosa máxima: se a vida te der um limão, faça uma limonada...
No caso, como o mundo inteiro viu e riu e discutiu, uma banana.
A indiferença de Daniel Alves, que não parou o jogo, não apanhou o objeto e o levou ao juiz, não jogou a banana de volta à platéia .... apenas descascou e comeu, e correu para bater o escanteio, deu a dimensão exata do significado, tamanho e importância do ato: um nada.
E Daniel saiu por cima. E o nada ficou lá, imagino, apalermado e reduzido a toda a insignificância e mediocridade que ajudaram a revelar seu caráter, sua pequenez, sua pretensa e tão infeliz brincadeira.
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Não quero, em nenhum momento, dizer que atos de racismo devem ser tratados como Daniel o fez, dando-lhe a importância nula que têm. Afinal, o ato de racismo agride mais, muito mais que atos de violência explícita e a ninguém é lícito acreditar no contrário.
O ato de racismo é um tapa na alma. Um murro violento no sentimento mais íntimo de cada  um de nós, o de nos acreditarmos como seres humanos no mais profundo do nosso íntimo e como tal, reveladores da presença de uma centelha especial, que alguns classificam de centelha divina, e outros de nosso vínculo com o transcendental. O cósmico.
Pois bem, atos de racismo devem ser penalizados com tanto rigor, que mais que apenas o banimento do infeliz torcedor dos jogos do Villarreal, acredito que o infeliz deveria aparecer estampado em todos os jornais e revistas do planeta, com a expressão de ironia ao jogar a fruta e depois, com o ar de ... mané, ao ver a reação que seu ato despertou.
Ver eternizada sua feição ao praticar ato tão idiota talvez fosse o castigo merecido, capaz de eternamente fazê-lo se arrepender daqueles 3 segundos de bobeira que todo ser humano tem o direito de ter a cada dia e que, no caso dele, revelou-se na forma de uma agressão transformada em uma comédia de erros.
Mas, punições têm de ser sim, tomadas, e cada vez mais duras e, de preferência, expondo ao ridículo, para conhecimento de todos e de todo mundo, o ser capaz de se achar superior a seus iguais, pela cor de sua pela, ou pela sua idade, ou forma física, ou por sua opção sexual, etc. etc.
Por isso, também, a importância de reações como a protagonizada pelos atletas do basquete do NBA, contra o patrocinador do time a que pertenciam, pela mesma medíocre atitude de racismo, ao proibir ou tentar proibir sua namorada de postar fotos, ou mesmo ter amizade, com negros.
Aliás, atitude que mereceu de Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, uma reação pronta, de crítica ao infeliz milionário e de apoio aos atletas, a maioria da mesma de mesma cor que ele.
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Se brilhou em toda a história, em minha opinião quem não foi muito feliz foi Neymar, o craque de futebol e cada vez mais o jovem adulto fabricado pela mídia. Nada contra a solidariedade prestada por ele ao colega, ele que já havia sido recentemente vítima de provocações semelhantes.
Sei que o que penso a respeito de Neymar, de seu gesto e de sua - mais uma - campanha de marketing não vão contar com a aprovação e concordância daqueles que me lêem.
Afinal, o movimento iniciado por ele foi parar nos "trend topics", como costuma acontecer com tuítes que são repetidos à exaustão.
Mas, se Neymar estava certo em sua reação, porque acho que ele não foi muito feliz?
Apenas porque acho que ele transformou, por culpa de seus  marketeiros, um gesto bonito de solidariedade, em mais uma jogada de propaganda.
E, assim, capaz de apagar o gesto correto, pessoal, em uma demonstração de oportunismo, que é uma indicação que vai na direção exatamente contrária da que ele provavelmente queria estar executando.
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Mas, não era do ato de racismo, não era da reação espetacular de Daniel Alves, que deveria ser eternizada, em minha opinião, inclusive com a concessão de um prêmio anual cujo troféu teria o nome do jogador, para ou torcida capaz de adotar o comportamento mais respeitoso nos estádios.
Ao começar a falar, estava querendo manifestar minha estranheza em relação ao que vem acontecendo nos gramados em vários jogos, situações tão estranhas que têm derrubado todos os comentaristas e palpiteiros.
Tudo bem que o Real Madrid é um grande time, com um elenco de grandes nomes, e jogadores que representam metade da seleção campeã mundial.
Mas, sapecar 4 a zero no Bayern, reconhecidamente o melhor time da atualidade, dentro do campo do time alemão, é no mínimo, inusitado.
Não apenas pela goleada, que poderia ser até maior. Mas, especialmente, porque pegou todo mundo de surpresa, uma vez que ninguém esperava, senão uma possível vitória do time espanhol, uma vitória tão maiúscula e com placar tão elástico.
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Mas, não ficamos apenas nisso.
Na Libertadores, todos os entendidos eram unânimes em apontar que o mexicano León iria derrotar seu rival nas oitavas. O Veléz, time de melhor campanha, não teria grandes dificuldades de derrotar o Nacional. O Defensor não passaria pelo The Strongest, boliviano.
O Cruzeiro, o Grêmio e o Galão passariam por seus adversários, os dois primeiros com certa facilidade, o Atlético, com mais dificuldade, já que o Atlético Nacional colombiano é um time mais bem arrumadinho.
E hoje os brasileiros começam a definir sua situação, sem qualquer favoritismo, até ao contrário.
Ou seja, o futebol está ficando muito igual e muito louco. Bem ao gosto de quem gosta de apostar e bem capaz de, justo pelas surpresas que proporciona, conseguir manter-se como o esporte mais popular e mais imprevisível do mundo.
E isso, logo no ano de uma Copa do Mundo no nosso Brasil.
Sinal de que vem zebra por aí?
Será que poderia dar Brasil?

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Vários pitacos: do sócio torcedor do Galo à declaração de Lula de que não houve mensalão

Circula pela cidade, a informação de que o Galo vai cobrar R$ 2.700 para a renovação da credencial de seu principal tipo de categoria do programa sócio-torcedor, o que representa uma majoração de 12,5% no valor para pagamento a vista.
Já no ano passado, a manutenção dos valores cobrados no ano anterior, quando o programa foi lançado, representava uma elevação dos preços, uma vez que não foi permitido qualquer plano de parcelamento. Assim, se em 2012 o valor de contrato era de R$ 2.400 divididos em 12 prestações, no ano de 2013 o valor ficou nos mesmos R$ 2.400, à vista. Agora, pelas informações R$ 2.700 a vista.
Preço que pode ser considerado salgado para o torcedor que assegura receita estável para o Galo, e que o faz por meio de um contrato que, como qualquer acordo, prevê penalidades e ações para que não ocorra a inadimplência.
Daí a razão de eu não entender o que deseja o presidente Kalil, que dizem ser um empresário tão bom quanto o presidente do Cruzeiro, cujo tratamento dispensado aos sócios torcedores passa a impressão de ser muito mais respeitoso.
Talvez por isso o time azul tenha maior número de sócios e maior arrecadação que o Atlético.

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Mais uma vez Lula nega a existência do mensalão. Mas o que houve, mensalão ou não, merecia ser punido

Concordo com Lula quanto ao fato de o julgamento do mensalão ter assumido um caráter político nefasto para a realização tão somente da Justiça, como o comprovam afirmações do próprio presidente da Corte Suprema, reconhecendo a prática de exageros na forma de interpretação dos ilícitos denunciados pela Promotoria, e na dosimetria da pena dos condenados.
Houve sim, e ainda está acontecendo coisas que desmerecem e apequenam o STF, como é exemplo o fato de Zé Dirceu, condenado a cumprir sua pena em regime semi-aberto, estar já há mais de 4 meses, em regime fechado. Sem qualquer explicação para o fato, exceto, se for o de permitir depois ao ex-ministro, processar a União e pedir indenização alegando erro do Estado
Entretanto, não posso concordar com o fato de que a prática, por mais que seja antiga e tradicional em nossa política eleitoral, não fosse motivo para julgamento e condenações.
E a que prática estou me referindo?
A prática de se gastar nas eleições, uma quantia muito mais vultosa que a que os partidos tinham condições de arrecadar junto aos seus correligionários, ou junto aos mecanismos de financiamento público ou, mesmo privados, embora as doações de pessoas jurídicas deveriam desde sempre ter sido banidas, por permitirem que o poder econômico distorcesse por completo a prática e vivência da democracia.
Ora, ao gastarem muito mais que o que podiam gastar, é claro que de duas, uma: ou alguém ficou sem receber o pagamento prometido ou levou o cano do partido devedor, ou então, o pagamento acabará sendo feito por meio de benefícios que serão, posteriormente, saídos das obras públicas ou dos negócios em que o governo estiver envolvido.
A outra opção, é a de que o partido do governo,  por meios nem sempre passíveis de serem considerados honestos, venha a ter acesso, justo por ser o partido no poder, ao caixa dois de empresas e empresários, de forma a obter recursos que, além de asfaltarem a trajetória de enriquecimento pessoal de meia dúzia de políticos mais relevantes do partido, ainda permite que sejam pagas as dívidas dos aliados, o que assegura sua lealdade e... dá ensejo sim, a que a prática do mensalão acabe prevalecendo.
Se não na forma de uma mesada para que o deputado vote no projeto de interesse do governo, na forma de levar agremiações menores e endividadas, a se verem na condição moral, até por gratidão de votarem nos projetos que interessam ao governo. O que dá no mesmo, seja caixa dois de campanha ou mensalão pura e simples.
E na raiz do problema e do crime, até, sempre a questão do financiamento das campanhas milionárias e da influência do poder econômico, que a tudo e a todos corrompe. Ou passa por cima, como se fosse um trator.
Ora, não sei a que prática Lula pretendia se referir ao negar o episódio do mensalão, como o fez antes, para se aferrar a uma argumentação que falava no "crime menor"??? do caixa dois de campanha.
Mas, que devemos toda a sociedade discutir mais que as regras de financiamento e doações de recursos, a própria forma de controle dos gastos de campanha, já que existem leis que já regulam o assunto, embora nunca o controle seja feito como devido, acho que é mais que uma necessidade.
É uma urgência.



Galo e Grêmio: o Galo ainda sem o dedo de Levir

Não dava para esperar muito mais do time do Atlético, destruído que foi pelo ex-treineiro, Autuori, de péssima lembrança e recordação.
Caiu já tarde, até. Mas deixou a sua marca como ficou claro ontem no jogo do Galo contra o Grêmio. A marca do medo, da covardia, da falta de objetividade.
Razão do Galo reter a bola em seus pés por mais tempo que o time gaúcho, sem qualquer consequência, já que a troca de passes nunca foi no sentido vertical, do gol.
Aliás, proposta de ficar segurando a bola na intermediária que, mais uma vez, obrigou a que Jô tivesse que vir buscar a bola fora da área, lá no meio do campo. E que incentiva as bolas atrasadas do meio campo, para a zona de defesa, numa tentativa repetida e enfadonha de estar sempre recomeçando a jogada.
Até que num desses atrasos de bola, e recomeço da armação da jogada, Alex Silva fez o que todo mundo sempre fica esperando: armou o contra-ataque do time do Grêmio, e deixou o jogador gremista cara a cara com Victor, que nada podia fazer para evitar o drible.
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Recém chegado ao time e ainda sem tempo ou condições de fazer sequer um treino pra valer, restou a Levir Culpi apenas colocar em campo os mesmos jogadores que participaram daquela atuação equivocada da Colômbia, e observar os problemas da equipe, como por exemplo, o fato de Jô estar saindo muito da área, que é a área de jogo em que ele sabe atuar, para vir buscar a bola que insiste em não chegar; de Donizete continuar acreditando que é capaz de ser o responsável por sair jogando com a bola dominada, quando todos sabem que ele é razoável apenas na destruição dos ataques do adversário; ou as deficiências de Léo Silva, sobre as quais não é preciso se alongar. Afinal, Léo Silva tem mostrado a todos que sua maior capacidade é quando abre a caixa de ferramentas e se propõe a distribuir botinadas.
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Quanto a Ronaldinho Gaúcho, ainda fora de forma, ao menos tentou aparecer em alguns lances no primeiro tempo, lutando, correndo e suando, como as câmaras puderam captar. Entretanto está muito longe do craque e do potencial que ele já provou que tem para oferecer.
Tardelli continua omisso, embora correndo sem qualquer objetividade.
Tanto que o time melhorou, mais uma vez, quando Guilherme e Marion substituíram aos dois principais jogadores da frente do time do Galo.
Dessa vez, a melhora não foi tão nítida quanto a sentida no jogo da Colômbia, mas ainda assim fez diferença. Tanto que o Galo partiu, com outro espírito, para a frente e, na área, subindo em uma bola que muitos jogadores teriam abandonado e deixado se perder, Jô conseguiu servir a Fernandinho e o Galo conseguir descontar no placar.
O que foi pouco, entretanto, para evitar uma derrota que nos coloca na primeira posição acima da linha do rebaixamento.
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Infelizmente, Levir não terá tempo para mudar qualquer coisa até a quinta, 1º de maio, dia do Trabalho, quando decidimos em casa nossa sorte na Libertadores.
Resta-lhe apenas tentar algum trabalho motivacional, de incentivo, na tentativa de resgatar o brio dos jogadores do Galão. E torcer, para que, mesmo no sufoco e no embalo da massa, o time tenha chance de prolongar sua permanência na competição internacional.
E, claro, torcer pela volta de Marcos Rocha na lateral, o mais rápido possível.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Vexame do Galo. E o desabafo de quem não aguenta mais a arrogância do cara da beira do gramado...

Confesso que ver o time campeão das Américas jogando como um time pequeno, amedrontado, sem qualquer objetividade, sem dar sequer um chute a gol até depois dos 30 minutos do segundo tempo, é demais até para quem, como eu, já viu o time do Atlético passar por momentos de crise tão intensa que, para ficar apenas em um dos piores, chegou a ser rebaixado para a segunda divisão do campeonato brasileiro.
O Galo é grande demais, para ter um time tão apático em campo, e uma pessoa tão ruim e tão fraca - além de arrogante, na beirada do gramado, passando orientações (?).
Que orientações são essas, se quem assiste ao jogo do Atlético, a QUALQUER JOGO que seja, percebe que o time não tem esquema tático definido, joga sem saber o que fazer com a bola, não apresenta uma jogada ensaiada???
Dizer que o fulano que chegou aí para ser o nosso treinador estava preocupado, primeiro, em organizar a defesa é, no mínimo, um brincadeira de péssimo gosto. Aliás, mais explicitamente, uma sacanagem...
Que defesa é essa que ele organizou, que a qualquer hora está sujeita a que um atacante do time contrário penetre como queira até a frente do goleiro Victor, esse sim, o grande e único responsável por estarmos apresentando resultados melhores no quesito de gols sofridos.
Estamos jogando e não tomando gols, o que prova que o esquema montado vem dando certo. Mentira deslavada!!!
Só não estamos levando gols porque além de nossa defesa ter ganho um reforço de peso, como o argentino Otamendi, estamos dando muita sorte, o que faz com que, mais que nunca, o apelido de São Victor tenha todo sentido.
Senão vejamos. Contra o Cruzeiro,  no primeiro zero a zero da decisão do Mineiro, no Independência, no primeiro tempo o Cruzeiro teve ao menos duas chances para marcar. Ambas em jogadas construídas pela ponta esquerda do ataque do adversário e um delas passando com grande perigo para ir balançar as redes pelo lado de fora.
Lembro-me de que eu estava ali ao lado, junto aos demais companheiros do Galo na Veia, próximo ao lance que, felizmente não entrou.
No jogo seguinte, contra o mesmo Cruzeiro no Mineirão, outro zero a zero, não apenas brilhou mais uma vez a estrela do Victor e seu reflexo, como na bola em que Júlio Batista tentou uma bicicleta quase já no interior da pequena área, como ainda tivemos sorte em pelo menos outros dois lances, como aquele que o Everton tentou encobrir o goleiro que saía desesperado, e outro em que Michel deu uma pixotada na área, em outra jogada em que a pontaria do ataque azul foi nossa aliada.
Isso para ficar apenas no primeiro tempo do jogo, já que no segundo tempo, houve ao menos outro lance, com Ricardo Goulart, isolando a bola em um chute que um atacante não pode e não costuma perder.
Ora, onde estava o tal esquema armado pelo cara da beira do gramado, destinado a impedir exatamente que os atacantes adversários encontrassem tanta facilidade?
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Podem dizer o que quiserem, o Galo perdeu um gol feito com Tardelli em jogada de Marion no jogo do Independência; houve o penalti no Jô, indiscutível, no jogo do Mineirão, mas até o mais apaixonado atleticano não pode se iludir e achar que o time merecia o título. O problema é que parece não ter havido qualquer aprendizado, com as perda do campeonato mineiro para nosso maior rival.
Prova disso foi o jogo contra o Corínthians, em que mais uma vez, não fosse Victor, nosso time teria conhecido a derrota. Que o diga a defesa no finalzinho do jogo, no lance em que Guerrero - IMPEDIDO - foi acionado e Victor nos salvou.
Ontem, contra o Atlético Nacional mais uma vez, não fosse nosso goleiro, o placar justo teria sido de 4 para cima.
Vergonha. Vergonha total é o que dá para dizer do time.
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E o cara da beira do gramado ainda inventa, colocando Otamendi na lateral para tirá-lo de suas características e da função que ele tem demonstrado que sabe fazer muito bem. Para voltar Réver, depois de tanto tempo afastado por contusão. Logo Réver, sem noção de espaço e de jogo, a ponto de subir por duas vezes ao menos, saltando no centro da área com atacantes bem mais baixos e perdendo a primeira das disputas, e acertando o vento na outra que, para nossa sorte, também o colombiano passou da bola.
Leo Silva, há muito tem se destacado pelo esforço e por estar com a caixa de ferramenta aberta, já que pesadão, até pelo tamanho, não tem mobilidade alguma para correr atrás de atacantes mais ligeiros, como os do nosso rival de Minas e os jogadores do Atlético Nacional.
Na direita, saudades de Marcos Rocha, seja o time escalado com Michel, com Alex Silva ou qualquer outro.
Engraçado, logo Marcos Rocha que todos sabem que apóia bem, tem boa saída de bola, é o único jogador de trás do Galo em condições de sair jogando e que, ao que parece, o treineiro mandou ficar mais plantado, fixo na posição em que ele apresenta maior deficiência.
No time campeão de Cuca, Marcos Rocha tinha liberdade para subir e criar. E, Pierre ficava guardando sua posição.
Hoje, não temos saída de bola, não temos quem saiba fazer a bola evoluir da defesa para o ataque e temos um lateral que embora marque bem, não tem a mesma desenvoltura marcando que apresenta no ataque.
Pierre continua o mesmo leão de sempre.
Mas faça-me o favor: colocar Donizete para ser o responsável pela saída de bola do Galo para o ataque, é piada.
Donizete não acerta um passe de sua perna esquerda para sua perna direita. Ele embola e tropeça nas próprias pernas...
Daí pra frente, só assinalar que Jô já reclamou que fica impaciente, já que a bola não chega lá na frente, onde ele deveria estar.
Então, impaciente, ele volta para buscar a bola. E ao recuperá-la, ele lança a bola para o ponto futuro onde ele deveria estar.
A ele eu poupo, já que ao menos está lutando.
***
Dizem que Ronaldinho e Tardelli não estão bem. Não acho assim. Acho que estão propositadamente deixando de jogar, talvez até para derrubarem o tal cara que se diz técnico.
Não é possível que não acertem nada que tentam durante o jogo todo.
Mas, não são culpados de estarem em campo. Afinal, o cara arrogante que se diz técnico, escala mal, não sabe substituir, não mexe no time no momento em que todo o mundo já percebeu ser necessário mudar...
Porque Guilherme ontem não estava em campo? Porque Marion demorou tanto para entrar?
Porque esse cara continua insistindo com Berola?
***
Dizem os comentaristas que o cara lá de fora, está tentando fazer do time do Atlético um time de toque de bola, capaz de valorizar a posse da bola, etc. Dizem que ele deseja acabar com o jogo de abafa, de chutão para frente, de bumba meu boi, para esperar que Jô faça o pivô para um companheiro que venha entrando na corrida, vindo do meio campo.
O que vejo ele conseguindo fazer é apenas colocar todo o time marcando do meio campo para trás, atraindo o adversário inteiro para jogar em nosso cangote, fazendo com que à nossa defesa reste apenas a opção de chutar pra frente de qualquer jeito, como ontem. Em jogo que parecia que a bola queimava o pé dos jogadores da zaga do Galo.
E era um bate-rebate em que a bola não saía do campo do Galo.
Certo estava o comentarista da 98, ao dizer que esse cara aí da beira do campo conseguiu, em 4 meses, destruir o time do Galo, que já estava vindo caindo pelas tabelas, depois do vexame do Marrocos.
***
Temos condições de reverter a magra (felizmente!) derrota da Colômbia na semana que vem no Horto?]
Claro que sim. Mas até a mística de que caiu no Horto, tá morto, não tem mais a mesma força.
E, sinceramente, a gente vai porque é doente. Doente de amor pelo Galão da Massa.
Mas que a expectativa para o jogo não é a que deveríamos estar curtindo, isso não é de jeito nenhum.
Saudades do Levir...

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Mudanças

E em meio às caixas de papelão
à poeira e ao barulho do arrastar dos móveis
surge inevitável a dúvida
em que gaveta do armário
estava embalada a saudade?
em que pacote ou em que caixa,
em que prateleira ficaram escondidas as emoções
o riso,  a cantoria?
o ruído das conversas, dos sussurros,
dos silêncios?
Em que porta-malas estavam esquecidas
as dores,
o choro das perdas ou o lamento?
então, quantos caminhões são necessários
para transportar as tralhas colecionadas
durante toda uma vida
Que enchem os cantos da memória?
E que não têm espaço
no apartamento novo
menor
onde teimosamente
escondem-se todas as nossas referências


quarta-feira, 16 de abril de 2014

Pitacos breves sobre desacertos: entre os quais Anelka; Autuori

Krugman, brilhante economista laureado com prêmio equivalente a um Nobel de Economia, ao ser questionado sobre a crise da economia brasileira, afirmou não ver nenhuma crise no horizonte de nosso país. Ao contrário, apresentou dados e argumentos que mostram que, se a situação brasileira quase quatro anos depois da saída de Lula do poder apresentou alguma degradação, isso não significa que estejamos em situação crítica.
Os números da economia são confortáveis; a inflação embora mais elevada continua dentro do intervalo do sistema de metas; não há qualquer estouro do programa de metas inflacionárias apenas porque não irá ser atingido o centro da meta; continuamos fazendo um superávit primário, e a dívida continua em patamares confortáveis, etc. etc. Além do desemprego estar em queda.
***
Mas nada disso importa para a imprensa que quer forçar a criação de um ambiente negativo, pessimista, que acaba se tornando real. Assim o grau de confiança do consumidor cai, as pessoas começam a se preocupar em não tomar crédito e passam a cortar gastos em consumo, os empresários começam a sentir o baixo astral tomar conta das suas expectativas.
Com expectativas negativas, cortam decisões importantes de investimento, o que alimenta a crítica de que o país investe pouco e está fadado a não apresentar crescimento econômico. Alguns, tomados por um pessimismo que se alastra ainda mais, dado o período eleitoral, cortam decisões de produção, e lá pela época das eleições, algum desemprego maior levará o povo a culpar o governo por toda a crise. E votar contra.
Justo o que a imprensa desejava e criou, ao publicar notícias em tom alarmista.
E os senhores do poder real, o poder econômico, voltam a virar o jogo a seu favor, trazendo de volta os políticos comprometidos mais com as classes de elite e menos com o prosseguimento da melhoria do padrão de distribuição de renda e das condições de vida da massa.



***

Mais uma bola fora de Kalil, agora em relação à contratação de Anelka. E sua pressa em anunciar pelo twitter coisas que podem lhe dar prestígio, status, até votos agora que ele deseja se candidatar a cargo político, embora seja necessário verificar se a contratação de um jogador com o comportamento do francês fora e dentro de campo seja tão elogiável.
Afinal, por maior jogador que tenha sido, já com 35 anos de idade, e fora de campo há alguns meses, a contratação de Anelka sempre deveria ser considerada uma aposta de risco. Uma temeridade.
Mas eu mesmo elogiei a contratação. Pelo menos como jogada de marketing, extremamente exitosa em escala mundial.
Não fosse não ter terminado bem, e o nome do Galo, que tanto ganhou com o anúncio anterior poder estar hoje sendo passível de comentários e críticas que o coloquem como no mínimo um clube de decisões afoitas.
Tomara que não. E que recaia sobre o mau comportamento e mau caratismo do jogador as observações.
Mas que o torcedor do Galo se frustra mais uma vez, isso não resta dúvida.


E que tal se aproveitando a economia que a frustração irá promover, Kalil não contrata o técnico do Barcelona, que mesmo não tendo feitos um trabalho de destaque, não pode ser inferior, por que ninguém consegue tal feito, ao "destrabalho" de Autuori.


Como o caso Petrobras e a desinformação prestada pela imprensa alimentam a visão de uma lei de controle das comunicações

No mínimo controversas as notícias que a midia continua a repercutir em relação à negociação que envolveu a aquisição da refinaria de Pasadena, no Texas, efetuada pela Petrobras. Ou no lugar de negociação seria mera negociata?
De minha parte, continuo considerando-me incompetente para abordar a compra em si, sua motivação e principalmente os valores envolvidos. Afinal, ao contrário do que deveria ser o seu papel em uma situação como a que envolve nossa principal empresa nacional, a imprensa está mais a serviço da desinformação que de procurar desvendar e esclarecer os fatos.
Senão vejamos, embora tudo que eu vá comentar aqui, já foi objeto de considerações minhas em outra postagem.
Como todos sabem, essa espécie de negociação, que envolve inclusive parcerias internacionais, devem sempre ser realizadas com a participação de grupos de consultoria e negócios, responsáveis pela análise tanto da compra em si, como também da questão da avaliação. Em geral, e quero crer que no caso da Petrobras em especial, a contratação de tais escritórios deve se sujeitar a algum tipo de concorrência ou licitação, inclusive de caráter internacional. E, em geral, mais de uma empresa. 
Bem, no caso da compra de Pasadena, parece-me que foram utilizados os serviços de ninguém menos que o Citybank e de uma empresa denominada BDO. Digo parece-me porque as referências da imprensa a tais empresas, embora existam são esparsas, e não informam o exato papel de cada uma delas, nem como foram contratadas, nem para que tipo de avaliação, ou seja, silêncio total.
Embora creio que seria um grande esforço no sentido de bem informar e uma grande contribuição para a formação de um juízo melhor de valor da operação, se algum órgão procurasse tais escritórios para ouvir agora sua opinião. 
Pelo que lembro de ter lido, toda a negociação foi recomendada por tais consultorias e escritórios de avaliação. 
***
Por outro lado, sabe-se também que a decisão de compra não é atribuição exclusiva da presidenta do Conselho, que é apenas mais um membro daquele colegiado. Talvez com um jeton mais elevado, talvez com mais poderes, e mais visibilidade, mas apenas um voto. Que pode, em razão das circunstâncias ser vencido.
Pois bem, no Conselho da Petrobras, além de Dilma, ministra na ocasião e hoje presidenta da República, tinham assento empresários do porte de um presidente do grupo Abril - esse mesmo da cada vez pior revista Veja, empresários como o presidente do grupo Gerdau, entre outros que a imprensa até foi procurar ouvir. Senão toda a imprensa, ao menos alguns jornais que se pretendem mais sérios.
Do que li da opinião dos conselheiros, todos concordaram em que a aquisição era um bom negócio.
Porque um bom negócio, se o preço pago pela empresa parceira, belga foi de algo em torno de 42 milhões de dólares um ano antes; a Petrobras pagou algo como 300 e tantos milhões, um ano depois e, ao final, quando do desacordo e da entrada em vigor da cláusula prevista contratualmente para dirimir tal desacordo, a empresa brasileira teve de pagar mais de um bilhão pela refinaria?
Que justificativas podem haver para tamanha elevação de preço de  uma companhia, exceto alguma maracutaia?
***
Quem sabe a resposta não estivesse nas explicações de Gabrielli em depoimento sobre a operação, ele que era presidente da Petrobras à época. Depoimento que, embora noticiado, não mereceu mais análises, mais investigação para que os noticiários pudessem confirmar e corroborar ou desmentir as informações ou desculpas do petista.
Ora, o que Gabrielli afirmou é que os preços estão todos falseados,  já que as cifras incluem, além das instalações, o valor dos estoques de barris de óleo, que como todos devem imaginar, variam com o preço do produto no mercado internacional. 
Os números apresentados pelo ex-presidente da empresa mostram valores tão destoantes daqueles que dão origem às teses de roubalheira que, no mínimo, mereceriam mais análise. Até para que o mentiroso fosse punido, caso constatado que afirmava inverdades.
Nada disso a imprensa fez.
Ao contrário, fica é afirmando que a gestão atual fez a companhia ser vítima de mais de uma perda de seu valor de mercado. 
Que valor de mercado é esse, que usam como parâmetro? O preço das ações em dado momento, que poderiam estar superavaliados em relação ao valor real da empresa? O que justificaria que o valor das ações se acomodassem em patamares mais baixos?
E tal preço é o mais confiável para uma avaliação e um julgamento do tipo que está sendo feito, considerando-se que a Bolsa brasileira está enfrentando um período de queda de cotações geral?
Ou tal queda, que é geral e atinge indistintamente a todos os papéis e cuja explicação guarda relação inclusive com a prometida mudança da política monetária nos Estados Unidos, já foi descontada da baixa de preço das ações da Petrobras?
***
Parece que querendo apenas tumultuar e não informar corretamente ao público, talvez porque o assunto por ser técnico não venda jornais, a imprensa optou por dar destaque a uma possível contradição entre a afirmação de Dilma, de que não teria aprovado a realização da operação caso estivesse ciente de todos os detalhes e condições do negócio, e a da atual presidente da empresa Graça Foster e do ex presidente, para quem a operação seria recomendada por ser estrategicamente interessante para a companhia.
Com quem estaria a verdade?
Dilma estaria mentindo? Ou Graça Foster?
Nessa linha, um jornalista como Boris Casoy, cada vez mais interessado em fazer política a favor de interesses pessoais que em dar informações, aparece todo satisfeito, ao informar que, ao menos ontem, no depoimento prestado na Câmara, a presidente da Petrobras já voltou atrás, e acertou sua versão com a de Dilma, dando força à opinião da primeira mandatária do país. 
Como se Foster, influenciada por Dilma mudasse sua versão apenas para agradar à chefa.
Ora, será que Foster é tão insignificante a ponto de sua opinião não merecer mais exame? Será mesmo que ela disse aquilo que foi interpretado por essa imprensa marrom, não por levar dinheiro mas marrom de sujeira?
Posso estar enganado, mas o pouco que foi mostrado nos noticiários é que ela admitiu que um negócio que teve perdas reconhecidas em balanço de mais de quinhentos milhões não pode ser considerado um bom negócio. Foi um péssimo negócio, claro.
Agora, depois de anos de a decisão ter sido tomada. 
Mas, não é assim que funciona o capitalismo e as decisões empresariais, segundo o economista considerado dos maiores economistas do século XX, Lorde Keynes?
Não foi Keynes quem afirmou que os empresários tomam decisões à luz de expectativas que formam e que podem se mostrar completamente equivocadas, depois de algum tempo?
Ou nenhum empresário nunca quebrou por acreditar que um negócio seria lucrativo e depois as circunstâncias e as hipóteses que alicerçaram seu palpite não se mostraram infundados?
Dizer que a compra foi um erro agora, nos dias de hoje, significa que teria sido possível ter formado opiniões diferentes, positivas há anos atrás, quando da tomada de decisão?
***
Infelizmente a imprensa está mais a favor de seus interesses próprios, que implicam inclusive em criar um ambiente que favorece a um candidato ou a um partido ou a um conjunto de interesses de um grupo social, que cumprir seu papel de prestação de serviço de utilidade pública. Ou seja, destinado ao público e à formação da consciência pública. 
Uma pena. Porque cada vez mais alguns vão começar a dar razão aos que pregam a necessidade de o interesse maior do povo ter que ser resgatado, o que irá conduzir inevitavelmente à proposta de controle dos meios de comunicação. 
O que, desde já, não pode ser confundido com restabelecimento de censura, o que o diga a existência de legislação do gênero em um país de tradições tão liberais como a Inglaterra. 
Embora, também aqui, a midia marrom de tão suja com pau de galinheiro irá gritar que está sendo censurada. 

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Pra quem precisava da vitória, o Galo mais uma vez foi um embuste - restando apenas o pênalti para podermos ter algo a falar

De um lado, imagine um time de futebol precisando de vencer por qualquer placar para sagrar-se campeão. De outro, imagine o time adversário, entrando em campo jogando pela vantagem do empate, depois de ter jogado fechado um domingo antes, preocupado principalmente em não tomar gols.
Agora, suponha que o jogo seja realizado na casa do time que fez a melhor campanha do campeonato, fechando a competição com o melhor ataque, a defesa menos vazada, e o apoio de 90% da torcida presente ao campo, embora o estádio em si não favoreça a qualquer um dos times em disputa, assegurando apenas e tão somente as condições mais adequadas à prática do futebol.
Some a tudo isso o fato de que um time tem a mística da garra, do amor à camisa, da equipe que cresce nas adversidades, além do retorno de seu maior ídolo, na busca do terceiro título consecutivo.
E dê início ao jogo decisivo.
Mas cuidado. Porque apesar de todas as vantagens serem do time de uniforme azul, e de o time preto e branco ser o que precisa da vitória a qualquer custo, é o time de azul que avança e já no primeiro chute a gol, em bola completamente sem maiores pretensões, acerta o travessão.
Daí para a frente, o que a televisão nos permite acompanhar é o time de azul partindo para a frente, atacando, jogando com inteligência nas falhas do time de preto-e-branco, nos infindáveis erros de passe na saída de bola do time dito carijó.
E as jogadas vão se sucedendo, com ataques pela esquerda, com Ricardo Goulart, pela direita com Everton Ribeiro, todas parando nas mãos de Victor, o goleiro que tem salvado o Galo na hora do sufoco.
***
Para destoar do restante do grupo, que busca praticar um futebol corrido, há que se destacar dois jogadores do Cruzeiro: Dagoberto, como sempre, e Samúdio, repetindo o que ocorreu na primeira partida. Do Atlético, merece destaque Leonardo Silva, disparado na frente da disputa por quem merecia ser expulso desde o início do jogo, por terem esquecido a bola, preocupados apenas em agredir ao adversário.
Bem distante, do Atlético ainda poderiam ser citados Donizete e Alex Silva, esse último com menor culpa, tamanha a quantidade de provocações de que foi alvo deste destemperado Dagoberto.
***
Mas, enquanto o time que jogava pelo empate subia ao ataque levando sempre perigo ao gol do Galão, o Atlético, provavelmente instruído por seu técnico, optava por tocar a bola e trocar passes, sempre para trás, aliando o moderno e modorrento estilo de jogo de troca de passes dos times de Guardiola, à completa e total falta de objetividade ofensiva.
A rigor, Jô lutava sozinho, embora tendo que sair da área para vir buscar o jogo, o que fazia sempre faltar a presença de um homem de frente para aproveitar as bolas, poucas, lançadas para ele, Jô, na área.
Guilherme perdido em campo, parecia não saber o que fazer. Tardelli, como sempre, insistindo em prender a bola e inevitavelmente armando sucessivos contra-ataques para o time adversário.
Ronaldinho Gaúcho fez um lance durante o primeiro tempo. Quiçá, durante todo o jogo, ao tocar uma bola à la Ronaldinho para a penetração na área de Alex Silva, que cruzou para o meio da área, no único lance de perigo do Galo até o final do jogo.
Enquanto isso, do lado contrário, Júlio Batista acertava bicicleta no interior da grande área, para defesa precisa de Victor. Everton Ribeiro em contra-ataque em bola perdida de bobeira do time do Atlético aparecia livre na cara de Victor e jogava por cobertura para fora de alcance do goleirão atleticano à direita do gol e outros ataques iam sendo desperdiçados pelos ataques pouco inspirados do Cruzeiro.
***
A volta do segundo tempo viu um Atlético modificado, com a entrada de Fernandinho no lugar do inoperante e apagado Guilherme. Se o técnico do Galo desejava por fogo no jogo e empurrar o time para a frente, o que se viu foi a repetição do que já havia ocorrido no primeiro tempo. Exceto que, agora, o time do Galo tinha um jogador veloz e muito individualista, tentando resolver tudo sozinho e, dividindo com Tardelli e com Donizete a responsabilidade por perder a bola e provocar as avançadas mais perigosas do adversário.
Do lado do Galo, Léo Silva passou a bater menos, tanto quanto o próprio Dagoberto, e Otamendi continuou mostrando ser o melhor zagueiro do time em muitos anos. Embora jovem, e em posição para a qual não tem o menor cacoete, nem perna, Alex Silva era o que mais levava perigo, com suas investidas, ao setor defensivo do Cruzeiro. De resto, estava seguro na marcação, ao contrário de Michel, pela direita, que deve ter feito todos os atleticanos sentirem tanta saudade de Marcos Rocha quanto eu senti.
Pierre, sempre e mais uma vez, um leão.
E só. Ou melhor, Jô correndo só.
E então o técnico do time que tinha que partir para cima promove a entrada de quem???
Ninguém. Ou melhor, de um sempre esforçado, corredor e inútil Berola.
E chegando à conclusão de que o Atlético não tinha condições de levar qualquer perigo a sua defesa, Marcelo Oliveira começou a mexer em seu time, que tirou o pé do acelerador.
***
Mas, como o futebol é um esporte mágico e imprevisível, sobrou para Berola tocar uma bola para Jô, e o atacante da seleção, em posição completamente regular conseguir fazer o que faz melhor, o giro com a bola, para entrar na área e ... ser calçado vergonhosamente por trás.
Pênalti que poderia dar o título ao time que nada fez para merecer, jogando acovardado, até mesmo em um momento em que tinha que partir para a frente com a gana, a mística, a vontade, a tradição...
Pênalti que o juiz Vuaden chegou a assinalar e correr indicando a cal, até perceber o bandeirinha equivocado com a bandeira erguida, indicando um impedimento que nunca houve.
E a única esperança de alguma oportunidade real de gol para o Galo morreu na falha de um trio de arbitragem que alterou o resultado do jogo, talvez até para errando, poder ser mais justo.
***
Pouco importa, o time do Galo perdeu a oportunidade de ser tricampeão. E ontem, mais uma vez, jogou se poupando. Apático. Sem jogadas tramadas, sem esquema tático. Com um meio de campo sem inspiração, sem vontade de jogar. Ínsipido. Inodoro. Incolor.
Sem qualquer traço do Galo que foi campeão do Mineiro e da Libertadores, ano passado.
Mas com a mesma imagem que me passa seu treinador, postado à beira do campo: de alguém ultrapassado, e sem condições nem carisma para motivar um grupo e arrancar dele, na hora mais necessária, nada mais que um jogo burocrático.
Marasmo total para o Galo. Tristeza para a torcida alvi-negra.
E um campeonato justo para o melhor time, mesmo que, como foi, precisando da ajuda do juiz para fazer o resultado.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Pouco futebol domingo. Muita expectativa para o próximo jogo

Convenhamos que, por mais que tenha tido um ou outro lance de emoção, o jogo no Independência foi de um nível técnico muito baixo.
Em minha opinião, por culpa de Marcelo Oliveira, que montou o time adversário para jogar como um timinho pequeno, na retranca, batendo muito. A ponto de, antes que algum cruzeirense venha discutir, como por exemplo, o Juliano, na hora que o time azulado mais atacava e dominava claramente o jogo, ganhando o meio campo, o técnico ter feito duas substituições que apenas serviram para colocar as coisas em seu devido lugar, ou seja, fazer o Galo retomar as rédeas da partida.
Porque na volta do segundo tempo, o Cruzeiro sobrou em campo, com o Atlético recuado, parecendo morto em campo. E depois das mudanças, o Galo voltou a pressionar e partir para cima.
Pressão que pode ser ilustrada pela melhor chance e jogada mais bonita de todo o jogo, em minha opinião, quando Marion, cuja substituição já estava pronta, com Autuori atendendo ao pedido da torcida, ter entrado driblando pelo miolo da zaga adversária e tocado para trás, para um Tardelli tão livre e tão disperso, que não aproveitou a chance de definir o jogo.
Tudo bem, os cruzeirenses irão comemorar o fato de não terem perdido a vantagem e terem jogado com o regulamento debaixo do braço, situação que, para quem gosta de futebol, independente de qualquer coisa, significa que eles não acreditavam ou não acreditam no time, cujo plantel é, no momento atual, superior ao do Galão. Afinal, é o Galo que tem, ou tinha, 11 jogadores sem condições de jogo.
Quanto ao Galo, é difícil analisar o que está acontecendo, quando peças chaves não vão bem, não mostrando inspiração, como foi o caso de Guilherme, de Tardelli, de Marcos Rocha.
Porque salvaram-se no time um firme e correto Léo Silva, que não perdeu bola nenhuma aérea, um bom e promissor Alex Silva, um Pierre como sempre incansável, um leão.
O resto, se não complicou, deixa a desejar, senão vejamos: Donizete, bom no desarme, embora tivesse abusado, também ele, da pancadaria, e péssimo na saída de bola. Marion, nitidamente sentindo a pressão de entrar jogando pela primeira vez um clássico, ainda mais no lugar de Ronaldinho Gaúcho. Principalmente quando todos os comentários eram de que quando ele estava em campo, o time ganhava mais movimentação.
Quanto a Jô, há muito o esquema montado por Autuori vem prejudicando o atacante da seleção, que parece estar de despedida do Galão, a julgar pela contratação de Anelka. Ele tenta, vem buscar a bola no meio do campo, sai da área e cai pelas laterais, faz o pivô para a chegada de ninguém, e sua posição verdadeira, no centro da área, é a única que ele não pode ocupar, pelo esquema.
Falei de Guilherme, que não repetiu as últimas atuações, já que muito marcado, embora correndo bem mais nesse ano que de vezes anteriores.
De Marcos Rocha, dizer que é o mais regular, e que considero o único que sabe e tem futebol para sair jogando com a bola nos pés, evitando os chutões tão criticados na era Cuca. Acontece que ele corre demais, e tem de se sacrificar fisicamente, transmitindo-me a impressão de que, algumas vezes, o cansaço impede que ele consiga fazer boas jogadas. Talvez por isso, ele tenha dificuldades para fazer os cruzamentos na área, e opte mais pela entrada na diagonal.
Tardelli até começou dando chapéu, fazendo firula e dando a tradicional gaúcha em Samúdio (outro que mostrou que sabe bater como gente grande). Mas foi só. Além do gol inacreditável que perdeu.
***
Não falei nada de Victor, embora ele tenha falhado em uma saída de bola levantada na área. e menos ainda falei de Otamendi, que falhou em alguns passes que armaram ataques perigosos dos adversários. Mas, no time e com o nível de qualidade que o resto dos companheiros está jogando, ambos estão sobrando.
Em nível tão mais elevado, que não dá para analisá-los, junto aos demais.
Só falar que são jogadores de seleção. O que não é ou deveria ser novidade para ninguém.
***
Quanto ao juiz, veio para fazer o que fez. Matar o jogo, não criar complicação para si, e mostrar que nossos juízes são muito superiores a esses turistas do apito.
Nem vou falar da complacência com o futebol desleal, às vezes. Nem do tempo que ele, por medo, não quis acrescentar. Nem vou falar do pênalte claro que houve no primeiro tempo, na área do Cruzeiro, quando Leo Silva foi seguro em bola levantada na área, porque os juízes, em geral, não apitam mesmo esse tipo de falta em que o jogador é impedido de subir na bola, seguro que é.
O juiz mostrou que é fraco, quando depois de passar o jogo todo sem aplicar qualquer cartão, conversando mais que o que devia, resolveu, em um lance apenas, dar três de uma só vez.
E sapecou três amarelos, quando devia ter dado ao menos 2 vermelhos, um para Marcos Rocha.
***
Jogo fraco, de nível baixo, para quem já assistiu a tantos jogos de emoção, nervosismo e times de craques, jogando bola.
Agora, é esperar o jogo de domingo, quando o Cruzeiro, com o regulamento na mão, jogará de que forma?
Será que, empurrado por sua torcida, irá ficar amarrando o jogo, gastando o tempo, e sem partir para a ofensiva?
E o Atlético?
Porque dizer que o jogo agora é na casa do adversário, como se o Mineirão fosse um campo onde a presença da torcida faz pressão e dificulta as coisas, ou como se apenas porque foi objeto de reforma o Atlético esqueceu como é jogar em um estádio em que tantas vitórias e conquistas importantes foram obtidas, é no mínimo, tripudiar de nossa inteligência. Ou de nossa memória.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Queda de popularidade de Dilma alegra os mercados: alguma novidade nisso?

Dilma cai 6 pontos percentuais na pesquisa Datafolha publicada no último sábado, 5 de abril.
Entretanto, indícios de que a popularidade da presidenta estava despencando, antes mesmo da tabulação final dos dados, fizeram os mercados reagirem. E a reação não poderia ser mais curiosa e sintomática: depois de muito tempo, a bolsa encerrou a semana apresentando um comportamento positivo. Por outro lado, o dólar bateu no menor valor em muito tempo, fechando próximo dos R$ 2,24.
Os mercados não poderiam ser mais explícitos: maiores as dificuldades enfrentadas pelo "inimigo", mais o otimismo toma conta das hostes que representam as classes mais favorecidas do país.
Sinal da insatisfação das classes mais ricas e poderosas com um governo que, durante longo tempo, de forma atabalhoada ou não; de forma intransigente ou não; de forma mais autoritária ou não; a partir da adoção de medidas fruto da discussão e diálogo, ou de decisões discricionárias ou não; tomou decisões que, na prática, visavam melhorar o ambiente econômico e reduzir os entraves que não permitiam o crescimento do nível de atividade e da expansão do crescimento da produção e da massa de lucros dos empresários?
Ora, vamos recapitular: foram os empresários que demandaram a desoneração das folhas de pagamento que o governo correu para atender, embora não necessariamente na extensão que o empresariado o desejava.
Foram os mesmos industriais que solicitaram a redução dos custos da energia elétrica, elemento importante e de participação significativa nos custos de produção e no chamado custo brasil, que tanto afeta a competitividade de nossos produtos.
E foi uma parcela importante do empresariado que sempre reclamou das taxas de juros praticadas em nosso país, cujo patamar parece ter como objetivo transformar toda a classe empresarial em mera classe rentista, já que são poucas as atividades que proporcionam uma rentabilidade capaz de superar ou sequer fazer frente à rentabilidade assegurada - com muito menos atropelos e riscos, oferecida pelas aplicações financeiras.
É certo que as medidas do governo, e especialmente a tentativa de reduzir a taxa Selic, interfere numa das questões mais sensíveis que é a da concorrência intercapitalista, aquela que se trava entre os blocos de distintos capitais, para ver quem abocanha a maior parcela do lucro gerado na sociedade.
E, nesse caso da redução dos juros, os mercados financeiros são preteridos em favor de outros tipos de capitais, de caráter mais produtivo.
Mas, que fique registrado que todas as medidas que Dilma e sua equipe econômica utilizaram, são medidas que, passíveis sempre de críticas e sugestões de melhorias, são medidas voltadas para se buscar o crescimento, a inserção de novos consumidores no mercado, a expansão dos mercados, a redução dos custos de produção dos empresários, todas medidas que têm como beneficiário último, os empresários.
Vejamos a questão do emprego mesmo, que alcançou as mais baixas taxas de desemprego em muitos anos em nosso país, e que tem gerado discussões apaixonadas, como a levada a cabo pelo professor Alexandre Schwartsman, para quem o pleno emprego, ou o estado próximo dele, não pode ser argumento do governo em defesa de sua política, que classifica de equivocada.
Ao que parece, o professor não dá a devida importância ao fato de que a redução do desemprego é sim, importante elemento tanto para a inserção de milhões de consumidores no mercado consumidor, o que serve inegavelmente ou deveria servir, de estímulo para que os empresários elevassem o nível de investimentos.
Mais que isso, a própria queda da taxa de juros, tornando o crediário mais acessível, aliado à melhora do nível de renda, é um elemento fundamental para o próprio mercado financeiro, em razão da redução do risco de inadimplência que está associado a essa situação.
***
Assim, se os índices de popularidade da presidenta caem e o mercado financeiro comemora, o que essa reação provoca em mim é apenas uma preocupação muito grande com relação ao tipo de política econômica seria adotada pelos candidatos de oposição, apoiados por esses analistas e interesses dos mercados.
E, com esse temor difuso, constato, mais uma vez, a correção do professor Thom Hartmann, em entrevista já comentada anteriormente nesse blog, ao canal GloboNews, em que ele afirmava que a reação que ele via no Brasil, era a mesma que ocorreu nos anos 50, 60 nos Estados Unidos, e que chegou ao fim com o governo Reagan.
Segundo o professor, a grande questão não é a política econômica de Dilma e as críticas que a ela podem ser dirigidas, mas o problema muito mais sério da luta distributiva.
Ou seja, o que as classes mais abastadas não aprovam na política de governo, é o fato de estarem reduzindo as disparidades gritantes de renda entre as classes sociais, o que tira cada vez mais das classes mais favorecidas, o status e a posição que crêem ostentar.
***
Curioso é que os índices de popularidade caem, mas ainda não há indícios de que as eleições exigirão a realização de um segundo turno.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Acertando contas

De repente,
fecha-se um ciclo
o passado foge pela janela aberta
do quarto por onde entram as águas das chuvas
e a memória escapa sem destino
para a eternidade
Ficam as lembranças
da época da casa cheia
e dos risos espalhados pelo ar
Das comemorações das vitórias
das perdas e momentos de tristeza
Fica a saudade
escondida sob o pó
que toma e cobre os móveis e o assoalho
dando a impressão de abandono
De repente
o apartamento do centro
transforma-se em apenas mais uma etapa
que se encerra
e dá início a outra era
outros tempos
onde vamos depositar nossas vidas

COPOM eleva os juros e a mídia interpreta isso de forma a mais pedestre possível

Mais uma elevação da Selic foi decretada ontem, pelo Copom, elevando a taxa básica de juros da economia para 11%, maior valor desde o início do governo Dilma.
Comemorada pelo mercado, a elevação é justificada pela resistência que vem sendo constatada a cada anúncio do comportamento do índice de preços que mede a da inflação no país.
Conforme a imprensa, a elevação e o percentual de aumento, de 0,25% já era esperado pelos analistas, que passam a especular, agora, se essa teria sido a última elevação dos juros no ano, a partir do lacônico comunicado feito pelo BC na noite dessa quarta feira.
Na manhã dessa quinta, dia 3 de abril, no programa Bom dia Brasil, Miriam Leitão justificou a atitude do Banco Central afirmando pesar sobre os ombros daquela instituição a obrigação de combater, de forma solitária no governo, a ameaça da inflação de atingir e até mesmo superar o limite máximo da meta da inflação, de 6,5%.
Isso porque enquanto as receitas apresentaram crescimento de 7 %, o crescimento dos gastos públicos foi de 15%, a maior parte em função dos gastos relativos ao conjunto de "equívocos" que constituem a política de tarifas de energia elétrica, segundo a comentarista.
Pelos dados apresentados, só com a questão das tarifas de energia e a crise das distribuidoras do setor, o governo teve de gastar cifra superior a 10 bilhões de reais, fora de qualquer previsão.
Mais interessante que o comentário de Miriam, entretanto, é a análise publicada no portal UOL, a respeito dos efeitos da elevação da Selic.
Para o redator do portal:
"Quando os juros sobem, as pessoas tendem a gastar menos e isso faz o preço das mercadorias cair, controlando a inflação, em tese. Por outro lado, juros altos seguram a economia e fazem o PIB (Produto Interno Bruto) ficar baixo." 
E continua: "Se os juros estão elevados, as empresas investem menos, porque fica caro tomar empréstimos para produção, e as pessoas também reduzem seus gastos, porque o crediário fica mais alto. Essa situação deixa a economia com menos força. O lado bom é que investimentos baseados em juros são beneficiados e rendem mais para o aplicador.
Embora o conteúdo apenas reproduza o contido nos manuais de economia, a verdade é que a hipótese de juros elevados provocarem a redução de gastos aplica-se tão somente às compras a prazo. 
Assim sendo, seria prudente que o comentário se cercasse de alguma cautela uma vez que, se a inflação está sendo impactada por elevação de preços de alimentos, por força da frustração da produção desses bens em função de problemas climáticos, pouco efeito a elevação dos juros poderá produzir, no sentido de combater a resistência da inflação. 
É verdade que quando afirma os juros maiores fazem o preço das mercadorias cair, em tese, o redator adota aquele comportamento de cautela necessário, embora não arrede pé da hipótese inicial, que vincula a inflação a um excesso de demanda. Ao contrário, até retoma o argumento, no parágrafo seguinte, ao afirmar que empresas investem menos, e pessoas reduzem os gastos, dado que o custo do dinheiro está mais elevado.
E é exatamente essa ligeireza no tratamento das questões econômicas que me atormenta e me deixa preocupado. Porque se ninguém é obrigado a conhecer em detalhes de questões econômicas, parece-me óbvio que quem irá fazer  uma matéria sobre o tema tenha que ter um maior cuidado com o que está afirmando, mesmo que tenha espaço limitado para uma análise mais profunda. 
E mesmo que seu objetivo não fosse aprofundar a discussão, acredito que, no mínimo, a matéria deveria trazer alguma referência a argumentos que pudessem trazer questionamentos ao raciocínio do senso comum. Nem que fosse citando material de referência para aqueles leitores que desejassem aprofundar o assunto.
Afinal, já há muito tempo os estudos da área de gestão financeira demonstram que a ideia de que as empresas investem menos porque fica caro tomar recursos para a produção é apenas parte da história. De um lado, há toda a questão dos estudos da estrutura e custo do capital, que pode indicar ser mais viável e mais barato trabalhar com recursos próprios, capitalizando a empresa junto ao mercado de capitais. Tudo bem que essa hipótese, nesse momento de comportamento errático da bolsa de valores, não recomenda a captação desses recursos.
Mas, é importante também se lembrar de que grande parte das empresas conta com capacidade de autofinanciamento, representada por lucros não distribuídos e à disposição do grupo gestor, exatamente por esse motivo, escapar de juros elevados de financiamento.
Por outro lado, há que se recordar que pesquisas realizadas em várias ocasiões, e vários países, demonstram que uma parcela pequena dos gastos de investimento podem ser explicadas a partir do custo do dinheiro. Outros fatores como a necessidade de investir para acompanhar a concorrência, ou para adotar tecnologias mais eficientes, aumentando a produtividade e competitividade, justificam a realização de inversões, independente do custo do financiamento. 
De mais a mais, há sempre a possibilidade de levantamento de recursos junto a órgãos oficiais de crédito, como o BNDES, a juros subsidiados.
Mas, mais interessante, é a afirmação final da frase transcrita, que afirma que há, entretanto, um lado bom: o investimento baseado em juros fica beneficiado, e o aplicador ganha mais rendimentos. Frase que revela total desconhecimento de questões básicas para a economia, como o fato de que investimentos são importantes na medida em que expandem a capacidade produtiva da economia, aumentando a possibilidade de o país atender a sua população em suas necessidades. De que apenas dessa forma, a oferta de produtos poderia se expandir, levando a indústria a produzir em quantidade suficiente para atender a demanda, impedindo que a escassez de produtos pudesse provocar a elevação dos preços, mencionada na própria matéria.
De resto, traz o ranço do mercado financeiro, dos rentistas que, na opinião de Keynes constituem autênticos parasitas da sociedade. Afinal, quanto mais elevados forem os juros, mais dinheiro será desviado da atividade produtiva, geradora de produtos, riqueza e empregos - mas também riscos e dores de cabeça, para a atividade especulativa típica dos mercados financeiros, o que não me parece seja o que o país precisa nesse momento. 
Principalmente se o excesso de demanda - motivado por compras a prazo, for apontado como causa da elevação de preços.
***
O que nos leva a ficar pensando se a citada desinformação ou a ligeireza de análises não estaria a serviço de outros propósitos,  destinado a difundir exatamente um conjunto de ideias que atendem a certos interesses que apresentar a realidade e cultivar a capacidade interpretativa e analítica do leitor.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Choro do América não esconde o choro e ranger de dentes - de preocupação - dos torcedores do Galo

E aproveitando ser o dia da mentira, apenas para me solidarizar com Salum, que reclamou do juiz desse último jogo do América contra o Galão.
Afinal, o juiz não viu, assim como o bandeira que o assistia, que o jogador americano puxou a bola para seu domínio, com o braço todo esticado.
Depois, não viu uma falta feita em Alex Silva, dentro da área, em um pênalte flagrante.
Não vendo nada que pudesse prejudicar ao Coelho, resolveu no segundo tempo, expulsar dois jogadores americanos, por faltas que ninguém da imprensa afirmou não existirem, ou não serem passíveis de cartão. Especialmente em relação a Obina que, assim como Ronaldinho Gaúcho, que não estava em campo, para ser expulso, deu para abrir os braços e acertar aos adversários com os cotovelos, a título de estarem se protegendo e/ou à bola.
Mas, se expulsou dois, deixou de expulsar a outro jogador do América, um mais claro, do meio campo, que fez faltas violentas e acabou substituído exatamente para não acabar eliminado do jogo.
***
Já o Galo, mostrou com 11 contra 10, durante mais de 35 minutos, e depois contra 9, durante 15 minutos, um futebol capaz de agradar até os cruzeirenses mais empedernidos.
E falar como Autuori o fez depois do jogo que foi uma boa partida e que o time mostrou...
Não mostrou nada. Foi muito ruim, mais uma vez, em minha opinião.
Tirando Alex Silva, Otamendi, o sempre bom Victor, o esforço de Dátolo, uma jogada brilhante de letra de Jô, o resto não mostrou nada. Ou sumiram muito bem marcados pela defesa americana, como Guilherme, ou ficaram errando passes no meio, como Donizete.
E ainda há quem reclame que Donizete não podia ficar fora desse time.
***
Domingo agora, começa a decisão no Horto, contra o time das meninas.
Mas, o pior adversário nosso não é o time do Barro Preto. Somos nós mesmos.
Porque não estamos jogando nada. Quando temos a posse de bola, como no fim do segundo tempo contra o América, domingo, ficamos trocando passes antes da linha do meio campo, como se estivéssemos goleando o adversário, que estava com dois jogadores a menos.
Continuo não gostando do time de Autuori, que diz estar jogando de forma diferente, mas no fundo, o que prevalece mesmo ainda é o chutão para um Jô escorar, cada vez mais abandonado no meio dos zagueiros adversários, já que a bola não chega na área onde ele se desespera de ficar esperando.
Antes de jogar domingo definindo o campeão de Minas, há entretanto, o jogo dificílimo e perigosíssimo de quinta na Colômbia, com a "volta" dos que ainda não estiveram em campo nesse ano. Ao menos não estiveram para valer. Para jogar o futebol que todos sabem que eles podem jogar.
É aguardar e torcer. Muito. E ter muita fé.

Minhas memórias esparsas do golpe de 64

Primeiro de Abril. Não fosse o dia da mentira, eu deveria estar hoje comemorando a data verdadeira de aniversário do golpe que, nos idos de 64, foi responsável pela instalação da ditadura, o início da prática da tortura, vinte e um anos de terrorismo de Estado e concentração de renda, arrocho salarial e hiperinflação somada à dívida externa impagável.
Convenhamos, não é pouco.
E ainda há quem seja capaz de encaminhar emails que apenas têm a finalidade de emporcalhar MAIS a nossa caixa postal, reivindicando a volta dos militares, aqueles que, a seu tempo, governaram de forma a permitir que o país tivesse Ordem e Progresso.
Pessoas até, que mais que revelarem seu desejo de voltar ao período de obscurantismo e autoritarismo, foram capazes de pretenderem reeditar a Marcha da Família com Deus que, se há 50 anos lotou as ruas das principais capitais do país, não conseguiram angariar, agora, mais que meia dúzia ou dúzia e meia de saudosistas dos quartéis.
Pois bem, confesso que até me esforço para tentar entender as razões que levam algumas dessas pessoas a se posicionarem abertamente a favor de uma época que deveria ser atirada definitivamente na lata de lixo de nossa história, não fosse o fato de que nunca, mas NUNCA mesmo, devemos sepultar o passado, por pior que ele tenha sido, de forma a evitar que venhamos a repetir, no futuro, os erros do passado.
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Em alguns casos, consigo até ver justificativas para uma certa simpatia com o movimento militar golpista, ao menos em seus primeiros movimentos.
Afinal, como Rui Castro afirmava ontem em sua coluna na Folha, pessoas de expressão e grande relevância em nosso país, ou que vieram a assumir um papel importante no desenrolar dos fatos, nos 21 anos que se seguiram àquele golpe, também adotaram postura de apoio, logo em seu nascedouro.
Casos de D. Paulo Evaristo Arns que mostrou-se solidário com a realização da Marcha, ou de Ulisses Guimarães, que não se opôs à ruptura democrática.
Mesmo em minha família, em minha casa, havia um sentimento de apoio aos golpistas muito grande. Lembro-me de que era época de Semana Santa, quando a semana começava ainda na segunda feira, com a celebração do terço e da Via Crucis e se estendia até a celebração da Eucarístia na quinta feira Santa.
Mas, diferente de outros anos, aquele ano as paredes da igreja de São José serviam para refletir filmes sobre a vida, paíxão e morte de Jesus, juntando no adro da Igreja milhares de pessoas. Havia pregações, cujo conteúdo não me lembro, mas o que me impressionava era o fato de eu não me lembrar de ter visto tanta gente junta, antes. E houve também uma celebração que ia contar com um religioso famoso, vindo especialmente para o evento, que iria se realizar na Praça Raul Soares e que juntou milhares de pessoas. Como se de repente toda a cidade fosse tomada por uma comoção religiosa extraordinária.
Nesse meio tempo, lembro-me de que o Estado de Minas anunciava a vinda de Leonel Brizola para realizar um comício no auditório da Secretaria de Saúde, hoje Minascentro, e que o jornal repercutia que aquele comunista não poderia ter espaço para fazer discursos aqui em Minas.
Pois bem, nesse comício que, ao que parece acabou não se realizando, alguém jogou um ácido em alguém na plateia, e o ácido atingiu uma parente, neta, se não me engano de um tio meu.
Ah! curiosamente, a menina era também parente pelo outro lado da família de alguns generais da família Morais de Barros.
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Claro que não precisava muito para toda a família ficar indignada e a favor do golpe dos militares, antes que Jango implantasse o comunismo no Brasil.
Na escola, nos comentários com os colegas, todos aproximando-se dos 10 anos, o que se ouvia falar era dos pais, proprietários de fazendas, distribuindo armas para seus empregados, para evitar, à bala, a chegada dos invasores que pregavam por uma reforma agrária na marra.
Nesse clima, de defesa dos valores da propriedade e dos direitos, especialmente em um clima de guerra, que ativava a imaginação de todos os meninos, como nós, era fácil ficar ao lado dos golpistas.
Afinal, do lado deles estavam também políticos que prezávamos e com os quais tínhamos relações de parentesco, como José Maria Alkmin, que se transformaria no vice-presidente da chapa encabeçada por Castelo Branco, o primeiro militar eleito presidente pelo Congresso. E além dele, tinha JK, Pio Canêdo, Renato Azeredo.
Tudo bem, que tinha lá também um Carlos Lacerda e até Magalhães Pinto, mas ...
A noite de 31 de março começou com meu tio acompanhando entremeado pelo chiado do rádio de válvulas, a marcha das tropas de Juiz de Fora para o Rio.
Logo depois, a manchete da capa do Estado de Minas indicava que o presidente da Câmara era o novo presidente do país: Ranieri Mazzilli.
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Embora um primo distante tivesse sido eleito vice, os amigos todos da família apoiassem o golpe, minha vida de menino mudou pouco, até que em 68, o paraninfo da turma de minha mãe no curso de Biblioteconomia da UFMG, foi ameaçado de prisão ou preso, depois de seu discurso na colação de grau.
Aí é que minha ficha começou a cair, para o que contribuiu também as marchas que os estudantes faziam e suas passeatas, com estudantes da Faculdade de Direito subindo Augusto de Lima (onde morávamos) para se encontrarem com o pessoal da Engenharia que subia Espírito Santo e da Economia que vinha pela mesmo Espírito Santo.
Em algumas ocasiões, estudantes que participavam da movimentação e moravam no meu prédio, o Cauê, entravam em fuga pelo edifício e, como morávamos no primeiro andar, pediam nossa ajuda. E, como havia uma área de serviço externa que ligava os dois apartamentos do primeiro andar, ganhavam a área e saiam pelo apartamento vizinho, enganando os militares que os perseguiam.
Aquilo para mim era hilário. E emocionante.
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Mas, outros rapazes mais velhos provavelmente com idade próxima dos 18 anos, logo alcançaram a idade de prestação do serviço militar e, nos quartéis foram vítimas da lavagem cerebral responsável pela ordem unida. E, influenciados pelas lições da caserna, devem até hoje acreditar que os militares estavam acabando com a sujeira e a corrupção e salvando a pátria amada, mãe gentil.
Esses, terminado o serviço militar, ainda tiveram a oportunidade de entrarem em algum curso superior, e terminarem sua formação no período em que o Brasil atravessava o Milagre Econômico, o que assegurava emprego e bons salários. Pelo menos, para nós, filhos de uma classe média privilegiada.
Afinal, nunca é demais lembrar que não havia vagas para todos nas faculdades e o número de excedentes era muito elevado.
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Por tudo isso que descrevi, algumas passagens até para resgatar e registrar minha memória, é que entendo que para alguns, que depois foram cuidar de sua própria vida, dando pouca importância ao que acontecia à sua volta, o período militar não deve ter sido tão prejudicial e tudo de ruim que ele proporcionou, como mortes, torturas, etc. deve ter passado ao largo.
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De minha parte, eu mudei, estudando e aprendendo. Vendo que os golpistas militares de 64 eram, em geral, os mesmos que já tentavam desde a Revolta do Forte de Copacabana, conquistarem o poder, caso por exemplo, de Virgílio Távora. Vendo que os mesmos nomes, dos mesmos militares aparecerão depois, por ocasião de outros movimentos como o de Castelo Branco, Geisel, para citar apenas alguns, o que revela que os políticos ou vivandeiras que foram aos quartéis pedirem apoio para o golpe não sabiam com quem estavam lidando, nem as intenções de que os iria ajudar.
Depois que acompanhei a queda de Allende no Chile e, anos mais tarde, depois que assisti ao filme Missing de Costa Gravas, mostrando a participação do governo americano na implantação das ditaduras do continente, fui mudando minha opinião, até que não conseguisse que nada de positivo do regime pudesse ser argumento para que a ruptura institucional pudesse ser justificada, em qualquer tempo.
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Entretanto, pior para mim, pessoalmente, foi ter caído na lábia de um Chatô, o dono dos Associados, que para evitar a quebra de seu grupo, inventou uma Campanha "Doe Ouro para o Bem do Brasil".
Perdi ali uma figa de ouro. E nem queria financiar ao país ou à ditadura, ou ao Estado de Minas.
Queria apenas, naquela oportunidade, poder falar na rádio que entrevistava aos que estavam no Peps (ali na Bahia entre Augusto de Lima e Goitacases) fazendo suas doações.