segunda-feira, 30 de junho de 2014

A evolução de nossa sociedade e a evolução do futebol. Por que alguns evoluem e outros não são tratados da mesma forma?

Mudou muito o futebol ou, como é comum ouvirmos dos comentaristas, não existe mais time bobo.
Provas disso têm sido dadas a cada nova partida dessa Copa realizada em terras tupiniquins, seja pelo Chile contra os anfitriões, seja pela brava equipe mexicana contra os laranjas holandeses, seja pela brilhante equipe da Colômbia e sua campanha 100%, ou ainda pela surpreendente Costa Rica.
Da mesma forma que mudou o futebol e as equipes têm hoje mais malícia e melhor preparo, acredito que tem mudado muito o tipo de pessoas que compõem o eleitorado de nosso país.
Razão porque não creio que o resultado obtido por nossa seleção na competição possa, para o bem ou para o mal, influenciar o voto do cidadão.
Afinal, por mais que tenha se beneficiado das políticas sociais implementadas pelo governo de Lula e Dilma, o cidadão que enfrenta ônibus e se espreme para pegar uma, duas conduções, depois de ter se levantado às 4 horas da manhã para pegar o batente às 6, 7 horas, não vai se deixar levar pelo resultado que um grupo de homens que recebe centenas de milhares de vezes mais que ele obtiver na Copa.
Ao contrário, penso que o que esse trabalhador irá ter em vista é que, enquanto a seleção chilena treinava durante toda a semana para a partida contra o Brasil, nossos craques tinham dois dias de descanso, com direito a visita de familiares, amigos, etc. churrasco.
Enquanto o excelente treinador do Chile estudava as principais jogadas do nosso time, nossos jogadores ficavam disputando espaço no salão do Ouro Minas Hotel, para retocar e/ou descolorir seus cabelos, etc.
Tudo bem. Alguns irão dizer que o Chile jogou como nunca e perdeu como sempre, o que não é, nem de longe a verdade ou a expressão do que foi o jogo.
O Chile deu uma aula de futebol, e mereceu melhor resultado na partida. Se perdeu, não foi como sempre, já que na disputa de penalties, com Júlio César avançando até pelo menos o meio da pequena área na primeira cobrança do jogador chileno, que ele acabou defendendo.
Que todo goleiro avance e que Rogério Cenni consegue avançar ainda mais, são outros quinhentos, como se dizia antigamente...
Júlio César, por mais que tenha defendido ainda mais uma penalidade, depois de já ter feito difícil defesa durante a partida, avançou muito o que lhe deu vantagem indevida na cobrança.
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Por mais que torça, por mais que queira aproveitar mais alguns dias de meio expediente e de comemorações e farra nas ruas, por mais que queira se divertir, o que nosso trabalhador deseja é ter uma maior e melhor qualidade de vida, o que inclui, como não poderia deixar de ser ter muita diversão, como a proporcionada pelas vitórias da seleção.
Mas, qualidade de vida não significa mais a promessa de um pé de sapato antes e outro depois das eleições. Significa melhor condição de transporte público, para que ele possa chegar ao trabalho sem ser submetido às condições deprimentes e mais desumanas que as regras que regulam o transporte de animais.
Significa melhor condição de segurança para os filhos e melhor educação, melhor saúde, melhor tratamento nas filas dos postos médicos, nas UPAs, etc.
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Dentre as políticas sociais com foco universal, colocadas em prática pelo partido no poder, não há como negar um avanço e uma grande melhoria da política educacional e, principalmente, da voltada para a formação profissional do jovem.
Alguns oposicionistas inclusive reconhecem isso, quando afirmam que a taxa de desemprego tão baixa, característica de um recorde em nossa economia, só consegue se manter nesse patamar por força da opção por algumas pessoas de prosseguirem seus estudos, abdicando da busca por uma colocação e da procura de um emprego.
Ora, a ninguém passa despercebido que o cidadão que estuda, independente de qualquer que seja o nível formal de educação, tem uma melhora em seu modo de ver o mundo e a vida. Torna-se mais consciente e tanto mais difícil de ser enganado quanto de ser objeto de manipulação e demagogia.
Por isso, não há, em minha opinião, razão para o resultado da Copa influir nas eleições.
Embora haja de outro lado de espectro eleitoral, algumas pessoas que estejam esperando por isso. Torcendo mesmo para que a seleção perca, para que o povo derrube o PT.
Curiosamente, são os que mais se gabam de ter conhecimento, cultura, educação. Constituem a chamada elite cultural de nosso país, a classe média que se enfeza por estar sendo a classe explorada para que o governo de plantão possa fazer graça com chapéu alheio.
Ou seja, acham que são os únicos que pagam por toda a melhoria que o governo proporcionou à nossa sociedade, eliminando parcialmente a gritante e indecente desigualdade que sempre nos caracterizou.
Por se considerarem elite, sempre ostentaram um discurso em prol da redução de desigualdades, por que isso pegava bem... Era de bom tom... E permitia-lhes aplacar a consciência ao menos pelo discurso.
Pois bem. A máscara caiu.
Ao verem a redução da desigualdade, reclamam agora de terem de enfrentar o mesmo trânsito caótico e congestionado de nossas ruas, tomadas por milhares de novos motoristas dessa classe emergente, sem educação e sem condições mínimas de frequentarem "nossos espaços".
Sejam esses espaços os saguões de aeroportos, sejam as rodovias, ou as ruas da cidade...
Para esses sim, que perderam suas empregadas domésticas, que permitiam-lhes a tranquilidade de frequentarem academias, cursos de inglês e cerâmica ou até de defesa pessoal, ou ainda permitiam trabalhar tranquilos nos escritórios, para esses sim a redução da desigualdade incomoda.
E, curiosamente, esses é que continuam raciocinando e torcendo contra a seleção, já que com a nossa derrota esse povão derruba o PT.
Ou seja, nem capazes de verificarem que houve uma mudança de comportamente e de mentalidade, eles são capazes, já que não têm condições de enxergarem um palmo à frente do nariz.
Ou seja, quem mais deveria reconhecer que o futebol não influencia e não pode influenciar a eleição é que mais usa da torcida para que a influência se estenda, ao menos até o próximo pleito.
***
De minha parte, torço contra a seleção, não por motivo político, longe disso.
Mas para combater a arrogância nossa, do país do futebol - o que estamos longe de ser e cada vez mais nos distanciamos disso. Para combater a desfaçatez de nossa imprensa especialmente da midia especializada no chamado esporte bretão, com destaque para aquela que tem sede no Rio. Para mostrar que o futebol, longe de ser a pátria de chuteira é nosso principal valor esportivo, cultural, mas não é nem único nem deveria ter maior projeção que aquela que é dada e merece qualquer manifestação cultural, que se destina a revelar o que temos de melhor, de mais saudável, mais lúdico. Mais divertido e mais alto astral.
Coisa que passa longe de se decidir colocar como técnico, um profissional que apenas conseguiu jogar o time do Palmeiras para a segunda divisão, por força de não estar mais atualizado com o que acontece dentro das quatro linhas. Por não ter mais condições de treinar, estudar, levar a sério a competição. Por ser uma pessoa que vive das conquistas e glórias passadas, mesmo que reverenciadas por essa mídia que, querendo-se moderninha, ainda insiste em tratar a todos como se fossem incapazes, ou relativamente incapazes. Jogadores, torcedores ou pior os próprios jornalistas. Os primeiros como se fossem os filhos infantilizados da família Scolari; os últimos, desnudando-lhes a subserviência.
Ora, família ou não, o que Felipão tem e traz é a marca da arrogância. Do autoritarismo, que a imprensa deseja continuar vendendo, já que isso sim, mantém o país apático, e seu povo manipulável e cordato.
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O futebol mudou. A Holanda já percebe que não pode mais se dar ao luxo de jogar por uma bola, toda recuada, porque vai que isso torna mais difícil uma reação posterior.
Mas, ninguém cobra da Holanda o fato de que seus jogadores por serem considerados profissionais, podem ter a presença de sua família todo o tempo, e de se darem ao luxo de irem à praia, ou a eventos festivos.
O México mostrou que mais que dar trabalho no campo, é uma seleção formada por profissionais que procuram honrar a tradição de luta, guerreira de seu povo.
Costa Rica, mostra que cada vez mais, não há como vencer a competição antes de ela ter início ou chegar a seu término.
O Chile, apenas perdeu por ter ainda o complexo de inferioridade em relação ao futebol brasileiro, que sempre o acompanhou e que, a partir de agora não tem mais porque ter continuidade.
O Chile perdeu porque não quis ou temeu partir com mais volúpia para a frente. Podia ter liquidado a partida antes das penalidades, mas não teve essa percepção, de que jogava melhor e acuava a seleção brasileira.
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As outras, G(r)ana à frente, e a nossa seleção, se continuar sofrendo a péssima influência de nossa imprensa, que os coloca em um pedestal do qual é forçoso reconhecer, é difícil para qualquer um descer, vão amargar o final da competição que tinha e tem tudo para se constituir a melhor de todas as Copas e a melhor de todas as lições.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Os interesses do mercado financeiro internacional e o apoio a Aécio, seu candidato

Transcrevo o conteúdo publicado no dia de ontem, na insuspeita Folha de São Paulo, na coluna assinada por Nelson de Sá, intitulada Pra Gringo Ver.

" Na torcida
Executivo do banco americano Morgan Stanley, Ruchir Sharma escreve no "Times of India" e no "Quartz" que a Copa "vai semar a mudança de regime" no Brasil. Ele vê " raízes socialistas" na política econômica de Dilma Roussef e diz que Aécio Neves "parece Modi", oposicionista recém-eleito na Índia. No "Financial Times", Jorge Mariscal, do suíço UBS, diz que, "se você está torcendo pela seleção do Brasil, não está torcendo pelo mercado financeiro", que cairia com uma vitória brasileira porque ela ajudaria a reeleger Dilma. Na CNBC, Tony Volpon, do japonês Nomura, diz que a "eleição propriamente começa após a Copa, e penso que há uma probabilidade de a oposição vencer". Seria "uma revolução", pois Aécio "deixou bastante claro que reverterá essas políticas". O canal acrescenta que o americano Citigroup acaba de soltar nota na mesma linha. "

Curiosamente, ainda no dia de ontem conversava com o colunista Carlos Plácido do Diário do Comércio, a respeito de cenários para a economia brasileira nesse segundo semestre e o comportamento dos empresários ligados ao comércio, ao setor industrial e aos mercados financeiros quando, inevitavelmente, a conversa tomou o rumo das eleições presidenciais de outubro próximo, tendo ele me questionado a que tipo de interesse empresarial Aécio estaria mais vinculado, ou que classe empresarial teria, em minha avaliação maiores benefícios com uma eventual vitória do senador mineiro.
Diz-lhe, na oportunidade, que embora havia uma expectativa de que os grupos empresariais teriam mais a ganhar em um governo do peessedebista, com uma inflexão na política econômica e social que o Brasil experimentou nos últimos doze anos, razão do apoio das classes empresariais a Aécio, inegavelmente, por uma série de circunstâncias, o maior beneficiário seria o setor financeiro.
Tanto por uma tradição do PSDB, desde os tempos do governo FHC e sua política de juros elevados, quanto por ser um dos nomes mais cotados para integrar um possível governo Aécio, como ministro da Fazenda, Armínio Fraga, reconhecidamente um homem vinculado ao mercado financeiro.
Além desses indicativos, o discurso de Aécio ou os acenos que faz, favoráveis à adoção de uma política mais dura de combate à inflação, especialmente no tocante à política monetária, são sinais de que o sistema financeiro é o que mais tem a ganhar, se adotadas políticas de contenção da demanda e de taxas de juros elevadas.
Ainda observei que havia uma ligação mais estreita, até histórica, do candidato mineiro com os setores de capital financeiro internacional, situação que, do ponto de vista do empresariado industrial, por exemplo, poderia significar que um apoio a Aécio poderia ter o resultado de um tiro no pé.
Pois bem, não havia então, lido ainda a coluna de Nelson de Sá, que apenas vem ratificar minhas considerações e reforçar minhas suspeitas.
Esta, a razão de transcrever os comentários de todos os homens do mercado financeiro que vêm se manifestando a respeito de nossas eleições, indicando qual o candidato que mais representa seus interesses.
***
Nessa oportunidade, não poderia deixar de comentar a vinculação feita, mesmo em nível internacional, do resultado da Copa do Mundo com as expectativas eleitorais, com as quais não concordo.
Não creio que o resultado obtido por nosso selecionado tenha a influência que estão enxergando nas eleições de outubro. Ou talvez não queira crer nessa influência, o que é uma hipótese plausível. 
Afinal, em minha avaliação e sem qualquer visão de políticas de ranço socialista na gestão de Dilma, acredito muito mais que as eleições representarão sim, um embate entre uma classe média alta, que se sente prejudicada pelas políticas mais voltadas para os interesses mais populares adotadas pelos governos petistas, e essas classes menos privilegiadas, beneficiárias dos programas de distribuição de renda que, apesar dos pesares têm nos dado o reconhecimento internacional.
Como já comentei anteriormente, é minha opinião que o PT no poder, longe de fazer uma distribuição de renda mais justa, apenas promoveu uma redistribuição de salários, reduzindo os ganhos daqueles situados nas classes de salários mais elevados, em prol daqueles que viviam com salários que os faziam situar abaixo da linha da miséria. 
Claro que uma redistribuição como essa, no interior de um tipo de renda funcional específico, não atinge a questão de o PT continuar privilegiando os beneficiários dos rendimentos do capital, mas traz um desgaste muito grande do partido junto à uma camada das chamadas classes médias, que não aceita ser quem paga a conta ao final. 
A questão que se apresenta é que as classes que estão se beneficiando são compostas por maior número de pessoas e de votos que aquelas que estão reagindo, insatisfeitas. 

***

Inflação do IGP-M, em queda

Mais que estar em declínio, o número da chamada inflação do aluguel, calculado e divulgado pela FGV nessa sexta feira, indica que no mês de junho, repetindo o que já havia acontecido em maio, o índice apresentou queda de 0,74%. 
Sinal de deflação. E de que as elevações da taxa Selic postas em marcha pelo Banco Central, ao contrário do que as previsões mais pessimistas dos analistas de mercado estão sim, surtindo efeitos. Embora com uma ligeira defasagem temporal, o que não deveria surpreender a ninguém.
Importante destacar que esse resultado não é, entretanto, suficiente para que as previsões e projeções dos mercados continuem apostando na criação de um ambiente catastrofista, interessados em influir nos rumos da corrida eleitoral.



Metamorfoses

Antes
acreditava que a vida ganhava intensidade
e se acelerava no segundo semestre
Preferia os anos ímpares
e achava as noites mais divertidas que os dias
as madrugadas mais movimentadas que as noites

Hoje,
sei que o que acelera a vida
é o pedal do acelerador pressionado

Vivo os anos
a cada dia par ou ímpar
e aproveito as horas
- mesmo as mortas -
para aproveitar com sofreguidão
a cada instante
como se fosse eterno
ou como se fosse o último

quinta-feira, 26 de junho de 2014

A Copa é um bom momento para transmitir as notícias econômicas ruins

Lembro-me ainda, como se fosse hoje. Era o ano de 1982 e a inflação começava a dar sinais de ter saído do controle, de forma definitiva. Mas, estávamos no mês de junho e a seleção de Telê encantava o mundo e a todos nós, amantes do bom futebol.
Vá lá que já havíamos, também naquela ocasião, recebido a ajuda do juizão, na partida contra a Rússia. Mas o time comandando por Sócrates, Falcão, Zico, Cerezzo dava show a cada jogo, enchendo nossos olhos. Mesmo sem o ponta tão pedido por uma das personagens de Jô Soares.
E aí veio a partida contra a Itália, no Sarriá, num dia 5 de julho. Partida que  não assustava a nenhum de nós, já que a Itália tinha se classificado com uma campanha que poderia ser classificada, no mínimo, como ridícula. Três empates. Ao contrário de nossa equipe campeã. Sim, porque sempre somos campeões, desde o início da competição até o momento em que desmoronam-se nossos sonhos. O que acontece grande parte das vezes, enterrando não nossa expectativa e aspirações, mas nossa arrogância.
Talvez seja difícil reconhecer e falar a respeito disso, mas o Brasil e a torcida brasileira é de uma arrogância ímpar, quando se trata de nossa seleção e da Copa do Mundo.
Arrogância que soa, estimulada pela mídia e ao contrário do que muitos entendem, como sinal de que não perdemos ainda, nem no futebol, ou muito menos nesse esporte, o nosso complexo de vira-lata.
Tanto que nas redes de televisão, à noite, somos o país do futebol.
Comportamento que assinala certo desrespeito a todos os demais países, alguns com tanta história no futebol e nas Copas, quanto nosso time.
Mas, veio o Sarriá e nossa equipe, no embalo de toda a torcida, inclusive eu, claro, entrou de salto alto. E tão alto era o salto, que caímos do galho.
3 a 2 para a Itália. Três gols de Paolo Rossi, que abria alí, o caminho para se tornar artilheiro da Copa, e a Itália, a grande campeã do Mundo.
Com um gol nascendo de uma jogada em que Cerezzo resolveu atender a todo o pedido de nossa imprensa e de nossa torcida, no sentido de ficar segurando a bola, de ficar ganhando tempo, já que jogando com um placar que nos classificava. Situação que levou o meio campo a ficar tocando a bola, fazendo-a cruzar à frente da área, uma jogada que todos sabem, de grande grau de risco.
Mas, feito o passe que cruzou a área, o que se viu foi um Júnior esperando a bola chegar a seus pés, enquanto Luizinho a tudo assistia imóvel. O que permitiu ao atacante italiano roubar a bola e entrar livre para decretar nossa queda.
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Nem era esse o assunto dessa minha análise, mas até hoje estava engasgada em minha garganta, a jogada, e o pior, a imputação a Cerezzo, da responsabilidade por nossa derrota, especialmente em decorrência dos comentários feitos pela imprensa carioca, no que teve a ajuda muito essssperta do lateral do Flamengo.
Que eu saiba, o que Cerezzo fez, embora errado, contou com a colaboração e as falhas de toda a defesa, ou ao menos, com a ala esquerda da defesa, destacando-se Júnior, o primeiro a correr para tirar o corpo fora, deixando o meio-campista no fogo.
Gol, quando um time toma, é resultado ou de jogada muito bem tramada do adversário, ou de falha COLETIVA do time vitimado.
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O que me faz aproveitar a oportunidade para dizer como foi bom, mesmo depois de tanto tempo, ver o Lélio Gustavo tocar no assunto e distribuir a Júnior e a Luizinho a parcela de responsabilidade que tocou a cada um naquele lance.
Que teve falha de Cerezzo, de Júnior e de Luizinho.
Parabéns ao Lélio por colocar a questão na perspectiva adequada.
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Mas, o que eu queria dizer é que foi naquele dia da derrota do Sarriá, que foi anunciada a inflação de junho, que alcançava a cifra astronômica de 8%.
Professor de Economia já àquela ocasião, lembro-me de ter achado muito oportuno para o governo militar de plantão, o anúncio da perda de controle sobre o movimento dos preços exatamente em uma ocasião em que as manchetes seriam todas inundadas pelo choro derivado da desclassificação.
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Analisada retrospectivamente, aquele anúncio seria apenas o início de um processo que, em 1986 obrigou o governo a adotar o plano de congelamento de preços no mês de fevereiro, o Cruzado, por culpa de uma inflação que alcançou os 17%. Valor esdrúxulo, para uma economia que ainda iria atingir o recorde de mais de 85% em março de 1989.
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Mas, agora retomando nosso assunto original, vejo hoje que a Copa permanece dando oportunidade a que as notícias ruins sejam fornecidas à sociedade, como por exemplo, a notícia de que o Banco Central alterou para mais a sua previsão de inflação para o ano, que chega agora ao patamar de 6,4%.
Ao mesmo tempo, elevou a expectativa de elevação de preços para 2015, enquanto anunciou a manutenção da meta de 4,5% de inflação para o sistema de metas para o ano de 2016. Com a tolerância de uma variação para mais ou para menos de 2 pontos percentuais.
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Está certo que a vida não parou por conta da Copa, e que as notícias, boas ou ruins continuam sendo criadas a cada momento.
No nosso caso, apenas as notícias deixam clara a sensação de que a economia brasileira está mesmo atravessando um processo de deterioração, seja das contas públicas (cujo resultado oficial está previsto para amanhã, dia 27), seja da geração de empregos formais no mês de maio, seja no resultado da balança comercial e no resultado de nossa balança em transações correntes.
Pois bem, essa última é a que, nesse momento, merece mais minha preocupação, já que lembrando o ministro Simonsen, o câmbio mata.
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Mas que é interessante observar como que, para as autoridades de governo, a realização de um evento como o da Copa do Mundo é de muito boa valia, isso não há como negar.
O que justifica, para lá dos gastos com a Copa, a realização de eventos com a dimensão dessa competição.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Brasil nas oitavas.

Como só dá Copa do Mundo, o jeito é tratar dos jogos.
Começando do Brasil, que assegurou a classificação ontem, contra Camarões, com uma goleada onde manifestou-se, mais uma vez o gênio de Neymar e a necessidade crescente de a Fifa passar a utilizar, como ocorre em outros esportes, de recursos tecnológicos em situações de dúvida.
Assim como ocorre no tênis, em que cada jogador tem um certo número de desafios para questionar a decisão da arbitragem ou no volei.
E não me venham usar os argumentos, a essa altura pra lá de tolos, de que o que mantém a graça do futebol é a discussão dos lances polêmicos. O que mantém a graça do futebol é sua capacidade de nos surpreender, de permitir que os favoritíssimos nem sempre saiam vitoriosos, de permitir que um time como o de Camarões, cuja fragilidade todos que assistiram à Copa puderam comprovar, pudesse marcar um gol improvável no time de defesa considerada a melhor da Copa.
O que mantém a graça é descobrir, lá pela metade do primeiro tempo, que Camarões tocava a bola e fazia triangulações que envolviam e engoliam o meio-campo modorrento do Brasil que, ao contrário, vivia de chutões, a famosa ligação direta da defesa com um ataque inoperante ou inexistente.
E por ter um ataque inexistente, com um meio campo sonolento, não fosse Neymar e as bobeadas e ingenuidade ou fraqueza do time de Camarões, a partida poderia ter sido mais difícil.
E aí é que entrou, mais uma vez nessa Copa a ajuda do juizão. Que deixou de dar o impedimento de Fred, no lance do gol que ele marcou. E que a imprensa carioca toda vai ficar repetindo como golaço de oportunismo do centro-avante do Flu até o fim da Copa, como forma de tentar mascarar a completa inoperância desse jogador que já foi apontado por gente que entende como a maior derrota do esquema Fifa. Afinal, assiste ao jogo de lugar privilegiado e sem pagar nada por isso.
Então, com mais esse erro da arbitragem, em hora que Camarões voltava a tocar a bola e tentava avançar, o Brasil se tranquilizou e passou a tocar a bola apenas deixando o tempo correr. O que, em meu modo de ver, significa que o erro que um tira-teima teria corrigido, representou a pá de cal no ímpeto dos africanos.
Razão para que, em mais uma jogada infeliz dos camaroneses, nascesse o quarto gol brasileiro.
Mas, se o Brasil melhorou e mereceu vencer, foi mais pela fragilidade do adversário que por suas próprias qualidades, em minha opinião, diga a imprensa o que quiser dizer no afã de endeusar Felipão e nosso time.
Que diga-se de passagem é um time bom. Mas longe de ser o supra-sumo que a imprensa tenta nos vender.
Vendo os jogos, acho que inferior a times como do próprio Chile, nosso próximo adversário. Para não fazer referência ao adversário que nos mete mais medo, hoje: a Holanda.
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O que não significa que não possa vir a explodir e fazer uma partida impecável contra o Chile, já que essa imprevisibilidade do futebol é que dá a ele essa característica de ser o esporte mais emocionante, conforme já dito aí mais em cima.
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Logo, contando os erros dos juízes, que anularam dois gols do México e nos ajudaram no saldo de gols; o gol de ontem; o erro na marcação escandalosa do pênalte em Fred; o erro em ter anulado o gol da Croácia que significaria o empate em 2 gols; a não expulsão de Neymar na cotovelada dada na primeira partida, que lhe valeu apenas o cartão amarelo, justifica-se a desculpa de parte de nossa midia para quem a tecnologia no futebol iria só prejudicar por provocar interrupções a todo momento...
Balela, mas compreensível para quem tem que vender mentiras e manchetes.
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Nos demais jogos, a Holanda, jogando de forma feia, mas objetiva, conseguiu ultrapassar o Chile que não mereceu a derrota. Ao menos do jeito que acabou sendo.
A Espanha reabilitou-se contra a seleção da Austrália, que fez a Holanda penar para vencê-la por magros 3 a 2. E o México mostrou que é outra seleção que, embora ninguém dê nada por ela, não veio ao Brasil apenas para ser mais um figurante.
Venceu a Croácia com autoridade.
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Hoje, mais um ex-campeão decide sua sorte, enquanto outro dá adeus ao torneio. Torço para que o Uruguai permaneça, mas reconheço que a Itália é a aposta mais provável de permanecer.
E, no final da tarde, a Colômbia faz mais um apronto jogando contra o Japão.
***
Para encerrar volto ao time do Brasil. Podem dizer que Felipão mexeu bem no time, tirando Paulinho no intervalo e colocando Fernandinho em seu lugar.
Que Paulinho não entrou em campo nessa competição, é verdade. Embora seja um grande jogador, está anos luz de distância do excelente meio campo que saiu daqui para ir jogar no exterior e daquele articulador de jogadas da Copa das Confederações.
Mas, se Paulinho não merecia mesmo continuar jogando, porque Felipão não queria tirar Neymar, que tinha um cartão amarelo ou não tirou Luiz Gustavo, também amarelado, colocando em campo Ramires, outro jogador já com o amarelo?!?!
E porque deixou e tem deixado a inoperância de Fred em campo, mesmo que não quisesse colocar Jô, bastando deslocar Neymar mais para a frente, e colocando por exemplo William.
Tomara que a teimosia que caracteriza o esse badalado técnico não venha a fazer falta mais à frente.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

A surpresa da Copa e a falta de foco e de surpresa das convenções partidárias

E aos poucos, a Copa de 2014, a nossa Copa, aquela que se propunha a ser a Copa das Copas, vai se transformando em uma das edições mais surpreendentes dos últimos anos, senão dos anos 2000.
Países sem grande tradição na prática do esporte, outros que nunca tiveram muita expressão ou resultados que os credenciassem a fazer uma boa campanha acabaram se mostrando mais surpreendentes, mais bem preparados, tanto física quanto taticamente, que outras seleções de maior fama e maior número de títulos.
Nem me refiro ao caso do Brasil, e sua chave, já que a Croácia, embora de menor tradição, já havia obtido um terceiro lugar em Copa anterior. Além de ter sido, em minha opinião, gritantemente prejudicada pela arbitragem contra a seleção dos donos da casa.
Quanto ao México, os últimos resultados sempre têm mostrado uma seleção capaz de dar muito trabalho a nossa equipe, o que tem sido suficiente para que nosso eterno favoritismo passe a ser questionado.
Tudo bem que em competições oficiais, com as equipes principais, o México continua sendo quase que um freguês, mas ninguém pode negar que a cada jogo entre as duas equipes, a equipe mexicana apresenta maiores dificuldades.
Hoje, contra Camarões, não deverá haver dificuldades maiores para o selecionado brasileiro avançar, até com a expectativa de um jogo de muitos gols. Afinal, Camarões perdeu para o México pela diferença de um gol, apenas por ter sido prejudicado pela arbitragem.
Na partida seguinte, contra a Croácia, Camarões tomou uma goleada de 4 a zero, sendo que menos importante que o placar, foi o fato de os jogadores africanos terem mostrado o grau de desentendimento que predomina no elenco, tendo protagonizado um lance constrangedor, de briga entre dois jogadores.
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Contudo, a arrogância - nunca admitida - de nossa seleção frente a Camarões, tanto quanto frente ao México pode ser nosso maior adversário essa tarde, na cidade de Brasília, que não existia sequer, na primeira edição da Copa realizada em 1950, em nosso país.
Naquela ocasião, Brasília nem sequer era um sonho, e creio eu que a imprensa toda devia - nesse caso, sim, mostrar para todo o mundo como em menos de 70 anos, nós os brasileiros fomos capazes de sonhar e construir uma cidade, e mais ainda, capazes de tornar aquele sonho uma das cidades mais sofisticadas, mais bonitas, mais corruptas, mais .... mais tudo das Américas...
Embora seja o centro do Poder e, como tal, merecedora do crédito dado em relação à corrupção e etc, ainda assim creio que termos uma cidade como Brasília deveria ser motivo de orgulho para todos nós tupiniquins.
Especialmente, sabendo-se que o jogo será no Mané Garrincha, o estádio-arena considerado mais bonito e mais caro - e como maior nível de estouro de orçamento de quantos hospedam os jogos da Copa.
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Nos outros grupos também, a zebra tem dado as caras, sem qualquer cerimônia.
Assim vimos Gana forçar a Alemanha a fazer das tripas coração, para poder arrancar um empate, notável por ter o segundo gol alemão sido o tento que permitiu a Klose tornar-se, ao lado de Ronaldo Nazário, o maior artilheiro de todas as Copas, com 15 gols.
No grupo chamado da morte, por contar com a presença de três ex-campeões, a Costa Rica ter sido a primeira a garantir sua passagem para a próxima fase, das oitavas de final, enquanto a Inglaterra despedia-se melancolicamente da Copa.
A bem da verdade, embora sempre temida a seleção inglesa nunca foi esse bicho papão, como a Itália ou a Alemanha são consideradas, tendo chegado apenas uma vez ao título, justo na Copa disputada na terra da Rainha, e com a ajuda escandalosa do juiz na partida decisiva contra a Alemanha. Isso, no ano de 1966.
Antes disso, em 62, embora temida, teve a oportunidade de enfrentar e perder de 3 a 1 para as pernas tortas infernais de Garrincha, que fez dois gols naquele jogo, se não me falha a memória.
Na verdade, ouvindo a transmissão pelo rádio, confesso que naquela tarde, minha preocupação maior era poder correr para a sacada do apartamento de minha tia, localizado na esquina de Espírito Santo com Goitacases, para poder jogar lá embaixo os baldes de jornal e papel picado que ficávamos cortando esperando o momento de nova comemoração.
Depois, em 70, a Inglaterra mais uma vez enfrentou o Brasil em jogo duro, que terminou em 1 a zero, com gol que nasceu de jogada pela esquerda, de Tostão, que serviu creio que a Pelé, para terminar nos pés de Jairzinho, de onde foi parar no fundo das redes.
Pois nessa Copa, a Inglaterra saiu sem mostrar a que veio, ou mostrando que não basta nome ou títulos para vencer um torneio que se disputa e se vence dentro dos gramados. Durante noventa minutos de jogo.
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O Chile, também classificado, é outro time que tem mostrado em campo que nome vale menos que a vontade e o bom preparo. Merece e tem merecido as vitórias e a classificação.
No mais, Portugal levando de 4 da Alemanha e suando muito e contando com a sorte para empatar com o bom time dos Estados Unidos, nos minutos finais da partida, mostram também um time que é apenas mediano, embora dele se esperasse muito exatamente por trazer aquele que é considerado na atualidade o maior jogador do mundo. Ou seja, a presença de um jogador, Cristiano Ronaldo, que nega o espírito de equipe que é a alma do futebol, é que tem sido apresentado como o grande trunfo da seleção portuguesa, cujo time é fraco.
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Quanto à Espanha, já desgastada e com um futebol que, se encantou há quatro anos, já dá sinais da passagem do tempo e de perda de objetividade, foi desclassificada de forma merecida. Embora é necessário reconhecer que perder para a Holanda fosse um resultado normal. Entretanto, perder de 5 como foi, representou uma surpresa muito grande, quase uma zebra.
Algo como a dificuldade de a Argentina superar o Irã.
Afinal, brilhou o gênio de Messi, ou melhor, a sorte. Mas afinal, Messi mostrou que uma chance que tenha já é motivo para preocupação para qualquer adversário.
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Importante, fora a sempre temida Alemanha, a França e sua surpreendente campanha, a Bélgica e seu ainda não confirmado favoritismo, é o fato de estarmos com México, Costa Rica, Colômbia, Uruguai, Chile, Argentina e o Brasil, em condições de mostrar que é nas Américas que se pratica hoje o melhor futebol, incluída aí, a própria seleção dos Estados Unidos.
É isso.
O que nos tira o foco das convenções que os partidos vêem fazendo, e as bobagens que vêem sendo ditas nos discursos, para a confirmação de seus candidatos para o torneio mais importante que teremos depois, em outubro.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Jogos da Copa, Trajano e a revista Piauí

Holanda e Alemanha 9 x Península Ibérica 1. É verdade que a seleção de Portugal não pode ser incluída no grupo de seleções de primeiro nível da Europa, podendo ser considerada do grupo intermediário. Mas, a presença em campo de Cristiano Ronaldo, eleito em janeiro desse 2014, pela segunda vez, o melhor jogador do mundo, transmitia a esperança de um futebol de melhor qualidade.
No entanto, Cristiano Ronaldo desapareceu em campo, não conseguindo acertar nem mesmo duas ou três cobranças de falta próximas à área da Alemanha, e que podiam levar algum perigo.
E lembrar que o Maracanã vaiou Messi, que jogou uma bola muito acima do gol da seleção da Bósnia, um dia antes. E que teve cronista dizendo que Messi estava tão pouco inspirado que mandou uma bola no "sovaco do Cristo Redentor".
Contudo, pouco depois Messi fez uma jogada de habilidade e marcou seu gol.
Enquanto isso o Ronaldo luso parecia mais preocupado em se olhar e se admirar com a própria imagem refletida no telão.
E como o time da Alemanha não tinha nem tem nenhum candidato a muso da Copa, Muller resolveu que ia se tornar o artilheiro da Copa e já na sua estréia, enfiou três gols na equipe portuguesa.
E mais não fez, por não ser fominha, porque chances teve, inclusive em uma jogada quando a partida estava ainda 3 a zero, e ele livre na área, preferiu servir a um colega mais bem posicionado.
Também é preciso lembrar que a Alemanha não quis ou não conseguiu, por força do calor e das condições físicas de seus jogadores, imprimir no segundo tempo, o mesmo ritmo de jogo com que começou a partida. E que se não fosse essa queda de ritmo, Portugal teria sido vítima de uma goleada ainda maior.
Culpa, em parte, é necessário que se diga do destempero de Pepe, o brasileiro naturalizado português, que perdendo o jogo, perdeu as estribeiras e partiu para a agressão pura e simples.
Além de sapecar uma cotovelada no mesmo Muller, ainda agrediu o jogador alemão com uma cabeçada, indo embora mais cedo para o chuveiro e prejudicando seu time.
Por seu comportamento, esse deveria ir mais cedo era para Portugal, banido dessa Copa.
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Por falar em Copa, em Pepe e em cotovelada, Neymar que não se cuide, ele que costuma retribuir os empurrões e chegas pra lá que recebe, com os braços abertos e o cotovelo, inevitavelmente, no rosto do adversário.
Por isso, poderia ter sido expulso no primeiro jogo, contra a Croácia, não fosse o juiz japonês, nosso mais atento defensor no gramado. Mas levou o amarelo. E na Copa, dois amarelos representam já uma suspensão.
Para um time que já vai sentir a perda de Hulk, perder Neymar será fatal, como não é difícil adivinhar.
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E finalmente, houve o primeiro zero a zero, no jogo que, a rigor, poderia ser classificado como o jogo que não aconteceu, tamanha a ruindade. Irã e Nigéria esforçaram-se para fazer a pior partida da Copa, e sem sombra de dúvidas obtiveram êxito total.

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Já a partida entre Estados Unidos e Gana foi uma partida interessante de se ver. Primeiro pelo gol mais rápido dessa edição da Copa, de Dempsey, ainda no primeiro minuto do jogo.
Depois porque a seleção americana começou a jogar atrás, recuando cada vez mais, esperando a oportunidade de contra-atacar.
E cada contra-ataque levava muito perigo ao gol de Gana. O que não impedia de o time africano começar a dominar as ações e mandar no jogo, apenas não tendo qualquer objetividade. No segundo tempo, contudo, Gana foi absoluta no jogo e com as substituições feitas o resultado indicado no placar cada vez mais não fazia justiça ao melhor futebol dos africanos.
Até sair o gol de Gana e, mais uma vez, no final, o time americano levar sorte em um lance de bola parada, e conseguir uma vitória que a mim pareceu injusta.
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Mas se o futebol de EUA x Gana era modorrento, pior, muito pior foi a transmissão no canal FoxSports2, que mereceu meus maiores elogios nas partidas até aqui.
Devo dizer que elogiei as transmissões diferentes, alegres e divertidas de Paulo Bonfá e seus convidados. Mas a transmissão de ontem, foi uma vergonha para dizer o mínimo.
Primeiro porque com convidados que incluíam um americano, deixou toda e qualquer isenção para transformar-se apenas em uma torcida rasgada pela seleção dos Estados Unidos, a ponto de mesmo quando Gana dominava, mandava no jogo, criava as melhores e mais perigosas oportunidades, eles continuavam falando do "maravilhoso espetáculo" da seleção americana.
Pior, nem graça conseguiam fazer, transformando a transmissão em algo insuportável.
Ao contrário da transmissão mais sóbria do Fox Sports 1, para desfazer qualquer impressão de que por ser de uma rede americana, o canal estava apenas sendo puxa saco dos patrões.
Na FoxSports 1, não. Os comentários e transmissão foram de nível elevado.
Pena que o padrão de puxa-saquismo predominou em quem queria ser diferente. E bem humorado.


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E continuam rendendo as vaias à presidenta Dilma e a reação do jornalista considerado pau mandado da Veja.
Repercussão que ganhou o Youtube, graças aos comentários de Trajano, da ESPN, e que constitui um dos mais respeitáveis jornalistas ou cronistas esportivos da tv brasileira.
Trajano falou tudo, quando se referiu aos quatro mosquitinhos que empesteiam a imprensa nacional, o principal deles o "jornalista filósofo", pretenso filhote ou herdeiro de Paulo Francis, mas sem a competência e/ou a qualidade daquele saudoso jornalista.
O outro, do mesmo grupo, o tal de Diogo Mainardi, que se acha. E ponto.
Ainda bem que Trajano falou e disse.
São as maçãs podres de nossa midia.

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Não vi, a reportagem da revista Piauí, a respeito de Aécio Neves o presidenciável do PSDB, elencando prós e contras do homem. Mas é interessante a referência feita à reportagem por Ricardo Melo, colunista da Folha, em sua coluna de ontem naquele jornal.
Aécio para quem o conhece, foi um governador autoritário e que sufocou a imprensa mineira. Para aqueles que não o bajularam e que por qualquer motivo o criticaram, como por exemplo aconteceu com Jorge Kajuru, no jogo Brasil x Argentina que terminou 3 a zero para o Brasil no Mineirão, todos os gols feitos por quem agora faz campanha para o Menino do Rio, perderam seus empregos e não encontraram mais meios de sobreviverem nas Minas Gerais.
Eu não sabia era da discussão de uma verba que foi contabilizada por seu governo, como gasto realizado, e que desapareceu. Coisa de alguns bilhões.
Mas, isso nem investigado foi, tendo sido devidamente arquivado, como costuma acontecer com tudo de desmandos que costuma envolver ao pessoal do PSDB.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Copa do Mundo e o que o torneio revela. E o que também serve para esconder.

Creio que tudo que podia já foi dito sobre a goleada histórica da Holanda massacrando a Espanha, com show de Robben, até agora, em minha opinião, disparado o melhor jogador da Copa.
Também, à essa altura, tudo que tinha que ser criticado dos erros de arbitragem no jogo do Brasil já deve ter sido dito, inclusive a desfaçatez de Fred, ao dizer que foi puxado. Pela mão de Deus, porque a mão do croata não teve esse efeito, qualquer que seja o ângulo que as câmeras de tevê mostrem.
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Também já foi falado muito da surpresa da vitória no sábado, de Costa Rica sobre o Uruguai. Tanto pela vitória em si, quanto pelo placar elástico.
O que se vê é que os sul-americanos começam muito bem esta Copa, em condições muito mais favoráveis a eles que aos europeus.
Chile, ganhando de 3 a 1 da Austrália, não chega a ser uma surpresa. Nem uma vantagem.
Colômbia vencendo a Grécia aqui em pleno Mineirão, e a Argentina, vencendo a muito boa equipe da Bósnia- Herzegóvina por 2 a 1, em jogo que valeu para mostrar o talento de Messi.
Vi todo o jogo dos hermanos, e confesso que não concordo com as manchetes dos jornais de hoje, que consideram a atuação de Messi muito discreta.
Discreta sim, para não dizer completamente apática foi a atuação de Di Maria, considerado hoje, o argentino em atividade que vem praticando o melhor futebol. Mais eficiente, mais produtivo.
Lembro-me de ter lido ou ouvido de alguém que Di Maria e, claro, Messi fariam a diferença ontem.
Pois, Di Maria errou praticamente tudo que tentou fazer. E Messi, muito marcado, além de um golaço, ao seu estilo, jogou muito. Pena que não teve algum companheiro para aproveitar as bolas que ele sempre conseguia enfiar para um colega mais bem colocado e em condições de arrematar.
No primeiro tempo, com Aguero, no segundo com a companhia também de Higuaín, Messi comandou as jogadas ofensivas mais perigosas da Argentina, embora elas não fossem nem em quantidade avassaladora, nem bem aproveitadas.
Mas, é  bom frisar em especial considerando-se aqueles que falaram que Messi fez um primeiro tempo muito ruim, que ele foi acompanhado, durante toda a primeira etapa por um sombra que não o deixava nem quando ele estava sem a bola. E vale destacar mais ainda, que Messi não fez como o nosso Neymar em situação semelhante, ou seja, Messi nem ficou nervosinho, nem apelou como nosso maior jogador costuma fazer, distribuindo cotoveladas.
Poucos observam mas tanto batem em Neymar, quanto ele bate nos adversários, o que mostra apenas que ele é um ser humano como outro qualquer, e que reage e bate. E como bate.
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Então, lembrei-me de que se fosse outro o juiz da partida Brasil e Croácia, Neymar poderia ter sido expulso por jogada desleal, visível, logo no ínicio do jogo e que o juizão contemporizou.
Àquela altura, tudo bem, o juiz estava tentando por panos quentes e acalmar os ânimos. Deu apenas o cartão amarelo para nosso camisa 10.
Depois é que ele mostrou a que veio, marcando um pênalti Gasparzinho em Fred, e marcando uma falta inexistente em Júlio César, no que resultou em gol que seria o empate da Croácia.
E ainda tem gente que fala que o gol de Oscar mostrou que não precisamos de ajuda do juiz para vencer.
Faz-me rir.
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Mas, não era minha intenção ficar tratando do futebol que todos estão acompanhando e fazendo suas análises e juízos por conta própria.
Preferia tratar de outro assunto, que seria hilário, não fosse tema sério. Ou pior. Temas.
Como por exemplo, a vaia dirigida à Dilma. Que não foi vaia, mas um insulto de nível tão rasteiro que acabou fazendo o mundo inteiro comentar a agressão que a classe mais privilegiada de nosso país, dedicou à nossa maior mandatária.
Acostumados com fanfarronices de nosso presidente do STF e suas seguidas demonstrações de falta de equilíbrio e educação, para dizer o mínimo, essa turma de ricos e cidadãos bem-de-vida que mandou Dilma tomar no c...., apenas mostra porque escolheu o Barbosão para ídolo. Por sentirem-se representados pelo magistrado, inclusive na falta de preparo e educação.
Ou seja, como se viu ou ouviu, os ricos e privilegiados, inclusive classe média alta, mostraram que conseguiram êxito, sucesso, dinheiro, bens, mas não tiveram, talvez por isso mesmo, tempo para aprimorarem sua educação.
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Pior é que, tendo dito que Dilma colhia o que plantou, até mesmo Aécio teve de voltar atrás e reconhecer a agressão, talvez porque algum de seus companheiros tenha conseguido mostrar ao candidato de cima do muro, que não pegava bem baixar tanto o nível quanto ficar ao lado de quem não mostrou nível algum.
Como por exemplo, aquele que em minha opinião representa tudo de pior e mais mesquinho e mais perverso que tem em nosso país. Refiro-me a esse pretenso filósofo, que se pretende o Paulo Francis dos tempos atuais, e que não tem nem a inteligência, nem a educação e humor, ou ironia daquele jornalista.
Refiro-me a esse tal de Reinaldo Azevedo, que representa a excrecência do pensamento naquilo que ele tem de pior.
Esse senhor, que pelo visto teve educação formal, mas não teve aquilo que meus avós chamavam de educação de berço, em comentário na Folha, ficou ao lado da elite rica e mal educada de nosso país. E concordando, ao que parece, com o tipo de protesto/agressão.
Porque ninguém pode discordar do protesto em si. Mas da agressão, isso são outros quinhentos.
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A respeito ainda da agressão à Dilma, liderada por uma minoria privilegiada, lembrei-me da excelente entrevista do programa Millenium da GloboNews, com Thom Hartmann, que disse que aconteceu nos Estados Unidos e iria se repetir aqui, essa reação de quem se achava por cima de tudo e de todos. E que viram políticas serem adotadas, não para tirar seus privilégios, mas para reduzir a distância entre o povão da rua, e o Olimpo, onde de cima de seus altares, observavam e exploravam os passantes.
Ora, se foi assim nos Estados Unidos, quando o programa de distribuição de renda e inclusão social começou a tomar corpo, o que seria de se esperar aqui no Brasil, quando esse programa começou com grande ímpeto e velocidade, não poderia ser diferente.
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Embora aqui no Brasil só tenhamos dado início aos programas de inclusão social, já que distribuição de renda de assalariado mais privilegiado para os menos privilegiados não mexe na pirâmide de renda, nem muda nada na distribuição funcional da renda. Quem ganha lucros continuou e até aumentou seus ganhos com essa política do PT. Esse partido que ajuda aos desesperados tanto ou pouco menos que se preocupa em ajudar aos banqueiros.
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Mas, perdida nas notícias da Copa, a Folha trouxe uma análise muito interessante, para mostrar que esse decreto que a Dilma assinou sobre a formação de Conselhos Sociais, no que tange à formulação de Políticas Sociais, não tem metade dos males que a ele são atribuídos pela oposição.
Aliás, sem destaque, já tinha antes, trazido artigo assinado pelo professor Luiz Carlos Bresser Pereira, mostrando que, ao contrário das acusações de tentativa de aparelhamento do Estado, o Decreto era sim, democrático, e de democracia participativa, como tantos democratas sempre pregaram que o Brasil buscasse alcançar.
É isso. Para não ser acusada de não ter feito uma análise séria de qualquer tema, a imprensa (especificamente a Folha, no caso do tal decreto) reúne pessoas com contribuição a dar e promovem um excelente material para alimentar o debate da questão.
Pena que quando a coisa é para elogiar, a matéria fica escondida no meio do noticiário da Copa do Mundo.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Estréia na Copa, resultado roubado e vaias contra a Dilma e a falta de ética que ela representa?!?!

Começou a Copa. Com vaias para a presidenta Dilma e o coro normalmente dirigido aos árbitros ou aos adversários, "ei, Dilma, vai tomar no.....".
Com o Brasil jogando mal e o goleiro Júlio César mostrando que nenhum torcedor pode mesmo ter qualquer confiança em sua presença no gol brasileiro.
Com o juizão japonês fazendo uma lambança, para não dizermos que inventou um pênalti para o time da casa, capaz de interferir no resultado do jogo, muito embora ao final a seleção brasileira ainda conseguiu arrancar mais um golzinho. Gol da justiça ao melhor jogador da partida, embora não tenha sido ele, Oscar, eleito pela Fifa como o melhor jogador em campo.
Aliás, o que não é surpresa, já que Neymar Jr. foi o autor de dois dos gols brasileiros: um, o primeiro deles, em que ele errou o chute, que saiu mascado, razão de ter conseguido tirar a bola do alcance do goleiro croata; o outro fruto do pênalti roubado contra a Croácia.
Mas, isso não nos causa surpresa, já que apenas repete o que aconteceu na Copa de 2002, quando Rivaldo foi o maior jogador disparado de nossa equipe, mas como Ronaldo Nazário tinha o patrocinador mais importante, além de ter sido o nosso goleador, foi o premiado.
Mas, deixando de lado essa questão, acho importante constatar que o pênalti inventado foi no momento em que a Croácia mais gostava do jogo, trocando passes e levando o jogo em um ritmo que era tudo que mais os interessava e lhes assegurava no mínimo um empate.
Nessa hora, o centro-avante que nada fez em campo, aliás, nem se ouvia seu nome, se atirou fingindo ter sido tocado dentro da área no melhor estilo Neymar e, ao invés de o japonês da latinha apitar a falta de Fred aplicando-lhe o cartão devido pela encenação, inventou o pênalti.
Que tirou a Croácia da zona de conforto e, a partir daí, obrigou a equipe estrangeira se abrir e partir para a frente, modificando todo o desenho do jogo e tornando o Brasil um time muito melhor em campo. O que não tinha acontecido até aquele momento.
Tudo bem, para nós que temos mais tempo de acompanhamento de Copas, são vários os exemplos de ajudas que os juízes nos deram, ao longo do tempo. Alguns modificando não apenas o placar, mas todo o próprio resultado da Copa. Foi assim, por exemplo, em 62, no Chile, quando fomos bicampeões, e Nilton Santos, espertamente deu dois passos para fora área, no pênalti que cometeu no jogo contra a Espanha, e que permitiu ao Brasil vencer por 2 a 1, com gols de Amarildo, o substituto de Pelé.
Foi assim depois, em 82, quando a Rússia foi garfada contra o time do Brasil que encantava o mundo, até ser derrotado pela Itália de Paolo Rossi.
Foi assim contra a Costa Rica ou Turquia, mais recentemente, já na campanha do penta.
E não iria ser muito diferente, ontem, na abertura da Copa em nossa casa.
Mas, quando a Croácia teve de se abrir e partir para o ataque, ainda teve outro lance que poucos trataram com a atenção merecida, a saber o gol anulado pelo juiz, alegando falta em Júlio César, em jogada que não vi qualquer toque.
Alegar que na pequena área é proibido pular com o goleiro, como alguns justificam a anulação do gol não me parece ser correto, ao menos, a julgar por comentários de ex-árbitros comentando os lances discutíveis para as redes de tevês, em outras oportunidades.
Muito bem. Ao final, com falha clara do goleirão croata, em minha opinião, veio o terceiro gol da nossa equipe.
O que não serve para nada, muito menos para permitir que um jornalista que respeito, como Boechat, afirmar que esse gol mostrou que nós não precisamos da ajuda do juiz e que, por isso, podíamos comemorar à vontade.
Rematada tolice, em minha opinião.
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Mas, se o Brasil jogou mal,  a defesa mostrando insegurança, especialmente com Daniel Alves jogando muito mal, Paulinho inseguro, Marcelo abalado pelo gol contra, e um inexistente Fred no comando do ataque, a verdade é que passamos pela primeira partida e o público comemorou.
Curioso, que comemorou e vaiou a presidenta com mais disposição, talvez por estarem condenando na figura de nossa autoridade toda a corrupção que domina nossa política e nosso país.
Sem querer defender Dilma, que nem apareceu com tanta frequência no telão, o que achei mais curioso é que quem vaia a corrupção e tanta coisa que o PT anda representando, é a mesma platéia que comemorou a vitória roubada, numa situação meio nonsense.
Porque esse comportamento aético condenado na nossa vida cotidiana, não é considerado aético, por exemplo, quando nós nos tornamos beneficiados dele, como no caso de nos sagrarmos vitoriosos em dia que não merecemos sair com a vitória.
Enfim, essa é só mais uma das contradições nossas e de nosso povo.
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Por fim, cansado de tanta "seriedade" com que as mesmas bobagens de sempre são repetidas nos canais de televisão e rádio, assisti ao jogo ontem na FoxSports 2, com o humorista Paulo Bonfá.
O que fez valer a transmissão, mesmo quando o desenrolar da partida dava sono.
É isso.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Farinha do mesmo saco

O assunto dominante é o futebol e a Copa que se aproxima, faltando já três dias para a abertura do evento.
As seleções vão chegando ao Brasil, outras vão ultimando os preparativos e todos começam a se deixar contagiar pelo ambiente de patriotismo que faz as bandeirolas verde-amarelas invadirem as ruas e tomarem conta das janelas dos apartamentos e das fachadas dos prédios.
Sob esse espírito de festa, fica muito difícil tratar de outros assuntos considerados mais sérios e que, para não destoarem do ambiente, acabam sendo tratados de forma mais "light".
Nesse caso, enquadra-se a discussão dos nomes de possíveis membros da equipe de governo de Aécio Neves, por exemplo, caso eleito.
O que é no mínimo curioso, já que o mineiro será ungido candidato do PSDB em convenção realizada agora em junho, sem estar ainda confirmado o nome de seu vice ou seja, sem a chapa estar formada.
Situação que vale também para que todos reflitamos sobre o significado dessa figura do vice, de tanta importância na história recente do nosso país, para não dizer de toda história republicana. Afinal, não foram poucas as ocasiões que vices acabaram tendo que ocupar o cargo para o qual não foram escolhidos, valendo lembrar de forma rápida, apenas para refrescar a memória dos casos de Nereu Ramos, de João Goulart, o Jango, ou mais recentemente ainda, de Sarney, que tomou posse por força da doença e falecimento de Tancredo, ou de Itamar, por força do impeachment de Collor.
Mas, não é apenas em relação ao cargo principal do Executivo que a questão do vice mostra sua importância. No Legislativo, por exemplo, a questão é muito mais complexa, já que o suplente de um deputado ou pior, de um senador, não precisa aparecer na chapa, nem ser votado.
Consequência: Minas Gerais tem hoje, por exemplo, dois senadores que não foram votados para estarem representando os interesses do Estado no Senado Federal. São eles os senadores Clésio Andrade, que ocupou a vaga com o passamento de Elizeu Rezende, e Zezé Perrela, que ocupou a vaga deixada por Itamar Franco.
Não posso dizer que não seriam eleitos para os mandatos, especialmente o segundo dos citados, que elegeu seu filho como deputado estadual em Minas, já que ocupou por muito tempo o cargo de presidente do Cruzeiro, mas o caminho mais fácil para chegarem ao poder era sem dúvida, esperar a poeira descer, levando de volta ao pó, os representantes eleitos.
Pois bem, sem vice, como levar a sério a discussão de prováveis nomes para comporem a equipe de governo, já que pelo visto, do cargo principal para baixo, todos os cargos podem ser objeto de negociação?
De qualquer forma, ouvi o nome de Armínio Fraga para provável ministro da Fazenda, ele que se notabilizou por ser o presidente do Banco Central responsável pela implantação do Sistema de Metas de Inflação e que deu sequência à medida que os presidentes que o antecederam já haviam sido obrigados a adotar, do câmbio flutuante.
Tendo assumido o cargo de presidente do Banco Central, que na época ainda não tinha o status de Ministro, já que isso foi um prêmio dado a Henrique Meirelles para que seus processos de crime contra o sistema financeiro fossem  tivessem seu andamento paralisado em instâncias que não o STF, Armínio conseguiu dois fatos importantes: o primeiro de conseguir recolocar a economia brasileira nos trilhos, ela que tinha entrado em colapso com o câmbio fixo, e déficits em conta corrente tão elevados que alimentou um processo de corrida contra nossa moeda.
Janeiro de 99, e Chico Lopes no Banco Central, e a economia brasileira perdendo tantos recursos que foi obrigada a deixar o câmbio flutuar, indo na contra-mão das recomendações do Plano Real e de seu mentor, o FMI.
Interessante realizar a leitura de tais fatos hoje, passados já mais de 15 anos, já que muitos parecem esquecer, mas o Brasil se antecipou à Argentina, quebrando primeiro, embora isso já tenha caído no esquecimento há muito.
Armínio Fraga veio dos Estados Unidos e desembarcou aqui com a orientação de promover o tema que mais era o objeto de debate na época, a transformação da economia brasileira em um sistema de currency board.
No Banco Central onde trabalhava naquela ocasião, fomos os funcionários brindados com palavras do novo presidente, por circuito interno de TV. Não sei se a memória me trai, mas das palavras que ouvi, e interpretação que fiz, Armínio foi convencido a dar mais uma oportunidade ao sistema de câmbio flutuante, antes de adotar a dolarização da economia, sua tarefa principal.
Armínio não dolarizou a economia e a economia voltou a se recuperar, com apagões e empréstimos cada vez mais significativos de nosso mentor mor, o FMI.
A segunda participação importante de Armínio, se deu em 2002, quando como representante dos defensores da ideia de um Banco Central independente, ele agiu para criar o ambiente de terrorismo cujo objetivo era o de derrotar o líder nas pesquisas eleitorais, Lula.
Agiu politicamente tanto para a manutenção de seu partido no poder, quanto agora alguns da imprensa acusam o partido no poder de estar fazendo. Embora naquela época não se chamasse de aparelhamento do Estado...
Curioso, que Serjão foi o ministro das Comunicações que primeiro pregou os 20 anos no poder do PSDB; que foi Armínio quem fez o terrorismo que elevou a inflação no chamado efeito Lula, que perdeu as rédeas que Henrique Meirelles teve de correr atrás para controlar depois; que foi Armínio que antecipou medidas necessárias e corretas do Banco Central, como a de marcação a mercado dos bancos e fundos, antecipando datas anteriormente previstas, mas que geraram perdas em todas as carteiras de títulos e aplicações, prejuízo calculado para gerar o medo, quase temor da chegada de Lula ao poder, foi o PSDB que em seu discurso de Banco Central independente, transformou a política econômica em instrumento de disputa eleitoral e a imprensa só fala do que o partido hoje no poder está fazendo.
Talvez porque o PT não cria nada e age como o Chacrinha pregava: tudo se copia. E o PT deve mesmo ser combatido por estar copiando um partido como o PSDB.
Esse partido que foi o lançador da ideia do mensalão, da compra dos votos e Ronivaldos, da ideia do apagão agora redivivo na possibilidade de rodízio de água em São Paulo, na corrupção dos metros e da Allstom, etc.
E é o PSDB que vem agora para uma convenção sem apresentar o seu candidato a vice, para ter a oportunidade de prosseguir negociando cargos, ele que critica a transformação do governo em balcão de negócios...
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Seria tudo motivo de riso, se não fosse sério e se isso não fosse o Brasil, com Copa e eleições logo à frente.
Copa que acho que não iremos vencer, e torço para que Kajuru esteja errado em sua afirmação de que a Copa já está decidida a favor de nossa seleção. O que seria uma pena, já que o esporte seria o maior derrotado de todo esse evento que é feito exatamente para elevar seu conceito.
Também acho que vencida ou não a Copa, pouco efeito isso trará para as eleições. Trará mais efeito e terá mais importância o fato de fazermos ou não uma copa digna de elogios, se não pelas obras, pela festa.
E pelo calor humano que o brasileiro tem, reconhecidamente, no trato com turistas e visitantes de fora.
Ou seja, se formos elogiados e, no fim de todos os percalços formos capazes de fazer um torneio que seja reconhecido como tendo ocorrido sem problemas maiores, então, esse reconhecimento poderá afetar o humor de nossos eleitores. Caso contrário, o eleitor poderá vir a se manifestar, como já está fazendo e as pesquisas têm mostrado isso, como tendo chegado a seu limite. Ou seja, não dá mais para continuar achando que simpatia, sorriso e jeitinho irão consertar nossa situação e melhorar nossas vidas.
Temos que fazer alguma coisa, e isso passa pela mudança de política, de políticos e de nomes e maneiras de pensar.
Daí os resultados das pesquisas indicarem que cai Dilma, mas ninguém sobe em seu lugar. Afinal, tudo é farinha do mesmo saco...

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Duro não vai ser ver os jogos do Brasil na Copa. Mas acompanhar as patriotadas de narradores do Sportv e Globo e cia.

Está certo. Somos todos brasileiros e, no final das contas, acabaremos torcendo para a seleção de nosso país conquistar a Copa do Mundo.
Temos já experiência com isso. Pelo menos desde a Copa de 70, em que, aos poucos, a seleção foi dobrando um a um daqueles que começaram torcendo contra, ou nem se importando com os jogos no México.
Como já suficientemente abordado, ao final, até mesmo aqueles que participavam dos movimentos considerados subversivos, ou de guerrilha, etc. acabaram postados em frente à televisão, assistindo aos jogos e às vitórias do time de Pelé, Tostão, Gérson e Rivelino, para citar apenas alguns.
Naquela época, éramos 70 milhões em ação, e o refrão de pra frente Brasil, de tantas e distintas conotações, acabou nos envolvendo a todos, ligados na mesma emoção e no mesmo desejo e objetivo: salve a seleção.
***
De lá para cá, por uma série de razões, e para alguns de nós, a forma de encarar a disputa ou a própria conquista foi se alterando ao longo do tempo, a cada quatro anos, o que afetou a nossa forma de torcer, de participar, de comemorar as vitórias.
Para alguns, a razão principal estaria no fato de que a seleção não representa mais, como antes, o futebol que se pratica no país, já que integrada em sua maioria por atletas que jogam em outros centros, fruto da globalização que alcançou o futebol e do poder e da força da grana. Ou da organização do esporte lá fora.
Assim, não é raro ouvirmos algum torcedor manifestar mais orgulho e prazer e dor, ao ver seu time em uma competição que a seleção brasileira.
Algo como se a seleção brasileira não tivesse mais a capacidade de nos representar ou nos sentirmos representados.
Mas nessa hora, nada disso importa. O futebol continua sendo o esporte da preferência e da paixão nacional, como o demonstra a confusão provocada pela venda de ingressos - sem qualquer padrão FIFA, especialmente dos últimos lotes disponíveis.
Sinal de que teremos casas cheias. Pelo menos no período da disputa, já que finda a Copa vai ser difícil encontrar utilidade para alguns dos elefantes brancos erguidos para sediar os jogos.
***
Mas o tema que eu queria tratar, hoje, é outro. E diz respeito ao fato de que, independente de todo o natural ufanismo que o sentimento de ver e torcer pela seleção desperta, vai ser muito difícil acompanhar as transmissões de jogos da Copa, para os que não conseguiram ou não tiveram condições de adquirir ingressos.
Foi o que pude perceber ontem, no dia em que a seleção enfrentou o poderoso e fortíssimo esquadrão do Panamá.
Desculpem a ironia, mas diante do que vi e ouvi de comentários na transmissão do SportTV, fico me perguntando se a ironia não foi do locutor.
Que começou acompanhando a entrada dos jogadores brasileiros no gramado e dos jogadores reservas que se posicionavam no banco, quando então veio a pérola. Uma das muitas que se seguiram. Ao ver passar o goleiro Victor, o locutor comentou, da passagem do atleta e soltou algo como que entrou na última hora, no lugar de Diego Cavalieri.
Ora, faça-me o favor, carioquismo e bairrismo deveriam ter limites. Ou a relação de nosso locutor, que graças a Deus não quis nem saber o nome, com Felipão é tão íntima que ele sabia que Felipão pensava em convocar o goleiro do Fluminense, no lugar do goleiro que atua em Minas.
Daí para a frente, foi um show de ufanismo, como se o destino da pátria dependesse do jogo e da vitória, reeditando o pior do famoso bordão da seleção ser a pátria de chuteiras.
Jogando mal, sem qualquer objetividade e poder de penetração que fosse capaz de furar o bloqueio da seleção panamenha, o locutor se esforçava em mostrar que o Panamá era sim, um adversário duríssimo, já que ficou em quarto lugar no torneio classificatório, perdendo nos dois últimos minutos, já da fase de descontos da portentosa seleção dos Estados Unidos.
Eu não era vivo, mas quantas vezes não ouvi a história de que o maior feito da seleção americana foi a surpreendente vitória por um a zero da seleção inglesa, no Independência, aqui mesmo em BH, na Copa de 50?!!
Alguém vai lembrar que os americanos passaram às oitavas de final e fizeram um jogo duríssimo contra o Brasil, em 94, mas com o time retranqueiro de Parreira, que conquistou uma Copa nos penalties, qualquer jogo era duríssimo.
Pois bem, é a essa seleção americana que o locutor se referia para mostrar a dificuldade de jogar contra a seleção panamenha... que ficou fora da Copa...
E ainda assim a temida seleção da América Central ainda tentava alguma jogada de ataque, o que obrigou David Luiz a dar uma espanada geral, para limpar o terreno.
Quando a seleção já recebia as primeiras vaias da torcida goiana, Neymar fez uma jogada em que deixou de tocar para Fred livre, em verdadeira demonstração de individualismo, criticado pelo pessoal da transmissão. Como recebeu falta em seguida, próxima à área, e bateu sem chance de defesa para o goleiro, o locutor se sentiu à vontade para voltar a infernizar os telespectadores com comentários completamente desprovidos de um mínimo de senso de oportunidade.
A ponto de em determinado momento, brindar-nos com outra pérola, a respeito da boa pontaria da seleção de Felipão que acertou metade dos quatro chutes dados ao gol adversário.
Nessa altura, o jogo estava em dois a zero e o gol de Daniel Alves apenas mostrou como o goleiro da equipe panamenha era fraco, o que valeu até uma observação do comentarista.
E o locutor então se preocupou em mostrar como o lateral direito havia mirado na toalhinha jogada dentro do gol, o que permitiu a ele acertar o chute, etc.
Ainda bem que Edinho, creio eu, não embarcou nesse papel ridículo, observando que a toalhinha nem poderia ter sido vista por Daniel Alves, já que vários jogadores o impediam de ter essa visão. Aproveitou para dizer que o goleiro também pode ter sido prejudicado, chegando tarde na bola, por força dessa visão encoberta.
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Ou seja, vai ser insuportável acompanhar a transmissão de quem está querendo nos impingir uma coisa que todos nós estamos podendo acompanhar sem tanta patriotada.
Será que "esses pessoais" das empresas Globo não se tocam, que não há necessidade de forçar tanto a barra e que esse tipo de comportamento ao contrário até afasta àqueles que gostam e entendem de futebol?

terça-feira, 3 de junho de 2014

Frango de Giovanni em homenagem ao GALO, Dilma e a bagagem dos turistas na volta, e a flexibilização das leis trabalhistas

Meu avô dizia que nada depois de um dia atrás do outro, com uma noite bem grande no meio.
Pois foi só elogiar o nosso goleirão Giovanni que pegou muito e salvou nosso time no jogo contra o Fluminense que, na partida seguinte, no sábado, quando o Galo jogava contra o São Paulo, nosso número 1 resolveu homenagear nosso timão engolindo um frango histórico.
O mesmo que já havia acontecido uma semana antes com o goleiro estrelado, Fábio, e que valeu uma série de brincadeiras nas redes sociais, com o mão de alface...
Agora, no caso de Giovanni, não houve mão de alface. O que vi foi um ancinho, aquela ferramenta que tem, entre seus dentes, uma série de espaços vagos...
Reconhecendo o fato de que todo goleiro falha, todos os companheiros do goleiro correrão a lhe dar apoio, lembrando de que fora ele quem garantiu e assegurou a vitória em outras oportunidades. Contra o Fluminense mesmo, foi ele o grande responsável por terminarmos vitoriosos.
Também o amigo Pieroni, a quem encontrei no domingo pela manhã, me disse cheio de razão, que não podemos sacrificar nosso goleiro. Falhas acontecem.
E é importante lembrar que acontecem apenas com quem está em campo, jogando, tentando. 
Até brinquei com Pieroni da importância desse frango, capaz de não nos deixar esquecer a razão de termos contratado o goleirão da seleção Victor.
Que, curiosamente, na mesma semana comemorou um ano de sua defesa espetacular contra o time do Tijuana, que lhe valeu, no coração dos atleticanos a canonização e transformação em São Victor.
A defesa responsável por termos levantado o caneco naquela competição de 2013.
Vida que segue, agora vem um recesso de quarenta de tantos dias, antes de o Galão da massa voltar a nos encantar. 
De agora em diante é só Copa do Mundo o que não impede de que um comentário adicional seja feito. Não sei quantas vezes escrevi o nome de Giovanni. Independente disso, fui consultar o Google para verificar a grafia correta.
Pois achei de Giovane, a Giovanne, ou Giovani, etc.
A grafia que estou usando hoje está no site Galo digital, talvez o mais correto deles. Mas fica a dica: que tal aprendermos todos, inclusive a imprensa a grafar corretamente o nome dos jogadores. Coisa que exige apenas uma perguntinha ao próprio atleta.

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Declaração de Dilma é interessante: turista não leva na bagagem de volta as obras aqui realizadas

Em relação à Copa, mais que à política, achei digna de comentário a declaração de nossa presidenta Dilma, de que aqueles que cobram a ausência de obras que trarão benefícios para a população brasileira não se recordam de todas as obras já construídas e prontas, já que turistas não levam tais obras na bagagem de volta.
Então esse seria o legado da Copa: vários estádios caros e luxuosos, como o da Arena Recife, com assentos mais caros do país, ou outros estádios como aquele de Manaus, cujo tamanho e capacidade apenas será ocupada no jogo da Inglaterra contra a Itália, se o for, e depois levará ao menos dez anos de campeonatos amazonenses para, somados todo o público, justificar tal elefante branco.
Em São Paulo, sonho de muitos anos de todo corinthiano, foi construída a Arena do bairro Itaquera. A pergunta é o que será feito do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, o charmoso Pacaembu, ou com o estádio do Canindé, na marginal, ou com o da Rua Javari, já sem utilização. Isso para não falar da Arena do Palmeiras e ainda e sempre do Morumbi.
Não mencionarei o elefante branco de Brasília, que sabemos, atendeu muito bem à sua finalidade: elevar o custo e valor da obra, sustentando a existência de supostos caixa dois. 
Mas, claro que a presidenta não estava se referindo apenas a tais obras de estádios, mas também pensava em todas as obras destinadas a promoverem a melhoria de mobilidade urbana, tão necessárias.
Ou as obras de melhorias, ampliação e reformas de aeroportos, que estão em curso.
É verdade. Todas essas obras estão aí, e os turistas não as transportarão.
O problema é que o brasileiro está decepcionado com nossa capacidade de planejamento e execução de obras de engenharia civil e outras. E sabe que o que qualquer equipe de engenharia de qualquer país faz em alguns meses, como o centro de treinamento construído em alguns meses pela Alemanha na Bahia, aqui no nosso país demora alguns anos, atrasa e necessita por esses contratempos, de negociar os reajustes de preços. 
E se a declaração da presidenta está correta, não leva em conta o medo de que todos nós brasileiros conscientes somos tomados: acabada a Copa, será que as obras não serão interrompidas e entrarão no ritmo normal de nosso país, do finge que está trabalhando para que a gente possa ter sempre uma obra para repactuar termos e cláusulas de pagamentos e renovar contratos e novas oportunidades de hipotéticas caixas dois?
Pois é. Nosso medo é que fiquemos com obras pela metade, o que significa que os turistas levarão sim, em sua bagagem, ao menos os sonhos de termos algumas obras em funcionamento.


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Declaração de Aécio a respeito de nossa competitividade

Não li mais a fundo e vou me limitar a comentar a breve nota do comentário de Fernando Mitre, ontem, no Jornal da Noite da Band.
Pelo que entendi, para enfrentar a maior competitividade da produção oriunda da China, Aécio propôs que fosse feita uma reforma na legislação trabalhista, propondo a famigerada realização da flexibilização das leis trabalhistas.
Ao que parece, concordando com a necessidade de aumentar nossa competitividade, Mitre se referiu à CLT como uma velha anciã, de mais de 70 anos de idade, como se a experiência da maturidade não fosse algo positivo, quando comparada à maior fogosidade de periguetes moderninhas. 
Também pelo que ouvi e entendi, sob críticas de vários setores ligados aos trabalhadores, Aécio já estaria começando a voltar atrás, afirmando que não irá alterar os direitos assegurados aos trabalhadores. 
O que convenhamos é típico de Aécio, como de qualquer político. Fala e desfala como se não tivesse falando de nada importante. 
De minha parte, não há como fazer flexibilização de qualquer legislação trabalhista, mantendo os mesmos direitos considerados sagrados. Da mesma forma, aumentar nossa competitividade, admitindo passar o padrão de vida duramente conquistado pelo brasileiro, promovendo o downgrade para o padrão chinês, é um perigo constante. Que talvez tenhamos que enfrentar em algum momento, caso não consigamos defendendo a ideia de a China promover o vergonhoso dumping social.
Mas, em um país em que só agora estamos promovendo a inclusão de grande parcela da população antes abandonada no mercado de consumo, graças ao aumento do emprego, da lei salarial, do controle da inflação, dos programas de assistência social como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, etc. ao aumento da disponibilidade de crédito, abordar o tema espinhoso é no mínimo para funcionar como alerta. 
E nos deixar mais atentos com o menino do Rio, candidato dos interesses dos mais ricos e poderosos. Afinal, alguém já disse que o preço da liberdade é a eterna vigilância.