segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Descanso de férias em Aracajú, com dicas e referências. E os desastres deste período, humanos (dos medíocres que nos comandam) e naturais

Desde o início da pandemia de Covid há três anos resolvemos, minha família e eu, nos submeter e adotar a todas as medidas de prevenção recomendadas pelas autoridades médico-sanitárias do país.

Assim, higienização frequente das mãos, uso de álcool em gel ou líquido a 70°, uso de máscaras em ambientes externos ou internos onde houvesse contato com outras pessoas, até a adoção desde março de 2019, da jornada de trabalho remoto foram medidas que procuramos cumprir com rigor.

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Antes de prosseguir, devo observar que, professor com 45 anos de ricas experiências, vivências e aprendizados conquistados em sala de aula, estar em “home office”, ou seja, dando aula para uma tela de computador via Zoom, com a visão de uma tela preenchida por retângulos de fotos congeladas de meus alunos foi das experiências mais desafiadoras e menos estimulantes de toda minha carreira.

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Quanto a minhas sensações, cheguei a comentar com colegas, amigos e alunos que compartilhavam comigo suas ansiedades e apreensões a dificuldade daquela forma de aula conseguir capturar e manter a atenção, o foco, a concentração, o espírito e o interesse de cada um dos participantes. Afinal, a tela fria me impedia ter a percepção do impacto causado pelo conteúdo e pela forma como eu o transmitia. Impedia aquela observação geral, das reações das fisionomias em face ao espanto, a confirmação de alguma ideia ou negação dela, ao surgimento da dúvida ou mesmo a reação atônita daquele que não entendeu nada.

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Dos alunos amigos, a confidência da interferência de ambientes os mais diversos e com muito mais obstáculos à concentração, muito mais atratividade, etc.

Se tudo aquilo valeu a pena, foi por nos permitir a oportunidade da incorporção de novas tecnologias e formas de transmissão dos conteúdos;  de novas e mais constantes formas de interação entre alunos e professores, via aplicativos;  o desenvolvimento comum de outros tipos de realização das atividades de aprendizado; tendo como objetivo maior a manutenção da saúde de todos.

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Ao longo desses três anos, em especial, minha mulher e eu, optamos pela adoção de um comportamento mais recluso, apenas saindo de casa para a realização das compras imprescindíveis à continuidade do funcionamento de nossa casa e da preservação de nosso padrão de vida.

No entanto, e a ênfase é fundamental, o cumprimento do cronograma e do esquema de vacinas deteminado pelas autoridades da área da saúde do país, inclusive com a dose de reforço foi a principal medida preventiva que adotamos, contribuindo para que chegássemos até aqui sem a contração do vírus.

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Por todo este período de sufoco, temor, ansiedade, cuidados que atravessamos e que não nos isentou dos impactos do convívio com sofrimentos e dores dos amigos contaminados, além das perdas de parentes, conhecidos e amigos de fé, resolvemos nos dar ao luxo de sair de férias.

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Hoje me questiono do acerto da decisão, tendo em vista que a ômicron, nova variante do vírus, tem provocado algo próximo a 1000 óbitos por dia.

Isso, apesar do declínio da curva de novos casos em todo mundo, inclusive em estados de nosso país, e da informação de que as novas vítimas são aqueles que desdenharam da vacina e desacreditaram as recomendações da ciência, adeptos da nova seita inaugurada pelos bolsotários cloroquínicos.

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Por medida de segurança, optamos por uma praia; pelas condições de preços de transporte e acomodações, e por ser um estado da região Nordeste que ainda não conhecíamos, decidimos ir a Aracaju.

Uma cidade planejada, construída para ser a capital do Estado, por sua condição litorânea, com a função de substituir a cidade de São Cristóvão, cujo bonito centro histórico é localização da Praça de São Francisco, considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco e situada a pouco mais de 30 km para o interior.

São Cristóvão, além de ter sido a cidade de início da vida de Irmã Dulce, a Santa Dulce dos pobres, é também terra de Nivaldo Oliveira, artista, artesão, produtor de xilogravuras com técnica própria e de peças de madeira vitrificada que impressionam pela semelhança com cerâmicas portuguesas.

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Em Aracajú (Cajueiro dos Papagaios), cujo nome de origem indígena deve-se à grande quantidade de papagaios nas menores quantidade de cajueiros, nos hospedamos no excelente hotel Aquarius, de serviço impecável, além de excelente localização, na orla.

Além de atendimento simpático, o hotel impressiona pelo café da manhã de primeiríssima qualidade e, nestes momentos de pandemia, com rigorosos procedimentos de serviço: máscara e luvas.

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De Aracajú, para não abusar da paciência de alguns leitores, cito sem comentários estendidos, os Arcos da Orla da Atalaia, a orla da Costa do Sol,  o agradável bar-restaurante Duna Beach, o passeio pelo mercado da cidade integrado por três mercados, entre os quais o de artesanato. Também o Museu da Gente Sergipana, interativo vale o passeio.

Outros passeios imperdíveis são a aventura da ida ao Canion do Xingó, de beleza natural rara, sem contar o passeio pela maravilha da grandiosidade da represa do Rio São Francisco, gerida pela Chesf.

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A menção à aventura aqui, é mais em função da estrada, que corta o interior do estado, em direção a Alagoas, e que se caracteriza por ser estreita, sem muitos pontos de ultrapassagem, com intenso trânsito de caminhões, e especialmente motos, utilizadas pelos habitantes das localidades para o trânsito entre as mesmas. Para agravar a situação, e para a proteção dos habitantes de tais municípios, vilarejos, a estrada é dotada de mais de 300 quebra-molas, alguns elevados o suficiente para raspar o fundo do carro.

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Outros passeios recomendados são a visita ao Parque Lagoa dos Tambaquis, onde se pode alimentar os peixes, ali lançados para povoarem a lagoa; o passeio às dunas da região da Praia do Saco, onde contamos com a perícia e simpatia dos bugreiros Ramon e Lenilson, que nos levaram, ainda, para assistir a um bonito pôr de sol na ponta da praia.

O passeio à simpática Mangue Seco e à ilha de Tieta, com direito à visita aos bancos de areia que formaram a Ilha da Sogra, do Sogro, contando com a simpatia do Wallace, e podendo aproveitar da presença de Astro, o peixe boi que frequenta o local.

Finalmente, a ida a Crôa do Goré, em lancha alugada por “Dona Gil e Paulo” e um piloto de primeira qualidade.

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Importante destacar que, tanto o passeio de bugre às dunas quanto o passeio de lancha a Mangue Seco, foram combinados com a Carolina, da Cooperativa que reúne os bugreiros e donos de lanchas da região, o que é transmite um sinal de segurança e tranquilidade.

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Assim, em meio a tanta diversão, restou pouco tempo para manifestações quanto a questões de maior importância, como a nova rodada de ataques do miliciano que nos desgoverna às eleições e a autoridades do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral.

Tal retomada típica do gangsterismo que ocupa o Executivo do país, põe fogo no parquinho, para usar expressão da moda, e dá cada vez mais razão ao temor de que venhamos a viver no país os transtornos antidemocráticos expressos anteriormente por frase de Carlos Lacerda, em relação à candidatura de Getúlio em 1950.

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Adaptando a frase golpista ao momento presente, parece que nossa ultradireita acredita que ‘Lula não deve se candidatar. Candidato, não deve ser eleito. Eleito não deverá tomar posse’.

Razão para admitir que os temores de Sakamoto venham a se concretizar e o país seja banhado por um rio de sangue, nas ruas e praças do país, na falta de um Capitólio para ser invadido.

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Dos desastres do capitão miliciano, expulso pelo Exército, seja em em viagens nacionais (de férias) ou internacionais (achando ter selado a paz, o que lhe daria um prêmio Ignobil de consagração a sua total incapacidade mental);  dos desastres causados pela exploração irracional dos recursos ambientais de que a crise climática é exemplo pavoroso; bem como a visão míope de sempre em relação à exploração da  ‘nossa Amazônia’, mantida por militares tão ultrapassados e tacanhos que ainda são capazes de idolatrarem um golpista insano trataremos nos próximos pitacos.

Estamos de volta, atentos.