quinta-feira, 13 de julho de 2017

Dúvidas razoáveis (para qualquer lado) e a condenação de Lula; a reforma trabalhista e a cultura da escravidão

Depois de mais um vexame do Galo, no Horto, e mais uma vitória do Corínthians, cada vez mais desgarrado e mais inalcançável na liderança do Campeonato Brasileiro assisti, no final da noite, pela enésima vez, ao excelente filme (ao menos em minha opinião) Doze Homens e uma Sentença, de 1957, com Henry Fonda (Net, Telecine Cult).
Filme que veio bem a calhar, justamente no dia em que o juiz de Curitiba, com quem felizmente não moro e por quem tampouco moro de amores, anunciou a sentença de condenação do ex-presidente Lula, no caso do tríplex do Guarujá, a 9 anos e meio de prisão.
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De imediato, uma observação: não tenho qualquer elemento para discutir a sentença em si.
Aliás, seria no mínimo estranho se, depois de ter em várias ocasiões tratado e falado em seletividade nas denúncias, nas delações e até nas provas apresentadas, eu ou outras pessoas, independente de quem sejam, pudessem ter certeza de que conhecemos todos os documentos, considerados provas do processo.
Sabemos que houve fotos de visitas ao ap do Guarujá. Sabemos que foram feitas reformas. Sabemos também de que foram encontrados contratos de promessa de compra e venda (será apenas esse contrato), até rasurado, como consta da notícia da sentença.
Sabemos que o tal contrato estava em branco, não assinado. Sabemos que houve comprovante de pagamento de pedágio na Imigrantes.
Sabemos que houve delação e declaração de Léo Pinheiro, perante o juizado, de que Lula era o proprietário a que a OAS tentava agradar.
Por outro lado, não sabemos se Léo Pinheiro mentiu ou não. Nem o que ele poderia ter negociado ou ganho em troca da citação de Lula. Não sabemos se entregou mensagens de celular ou de emails trocados com D. Marisa Letícia, ou com o ex-presidente ou outra pessoa de sua família.
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De cara, não sabemos se houve algum contato de d. Marisa ou quem quer que falasse em seu nome, com fornecedores de utensílios empregados na reforma. Porque em minha opinião, mesmo que a reforma seja feita por um RT ou uma empresa de engenharia, há detalhes como cor, dimensão, modelos, que muitas vezes levam a que o interessado na reforma, aquele que vai usar o imóvel, entre em contato com fornecedores, ao menos para se criar uma noção do que solicitar ou demandar.
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No meio de tudo isso, não vi, o que acho um absurdo, por parte da imprensa, nem mesmo o contrato feito por D. Marisa junto à Cooperativa que, inicialmente, era a responsável pelo empreendimento, em uma aquisição que a própria D. Marisa e Lula admitiram ter sido feita, antes da quebra da Bancoob(?) e da transferência do projeto para a OAS.
Ora, se a imprensa não mostrou nem divulgou nem esse contrato, admitido, porque esperar que teria divulgado tudo?
Não era essa seletividade que, vários de nós, sempre criticamos?
E olhe que, longe de mim, querer formar juízo de valor quanto a se Lula foi ou não beneficiado pela propina, e se era ou não o verdadeiro dono, oculto, do ap.
Como disse antes, faltam-me dados para formar qualquer juízo mais substancioso.
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Mas, e aí o filme de Sidney Lumet se encaixa à perfeição, há que se considerar que o comportamento midiático dos procuradores, o messiânico dallagnol à frente, e o comportamento desse juizinho de primeira instância, principalmente em eventos sociais com outros tantos indiciados de partidos políticos antagônicos ao de Lula, criam no mínimo uma Dúvida Razoável quanto à imparcialidade ou lisura mesmo do julgamento.
E digo isso sem nem mesmo ter citado ainda as inúmeras, em minha singela opinião, arbitrariedades cometidas pela turma de Curitiba, como a de manutenção de pessoas em prisão preventiva, indefinidamente, apenas como forma de quebrar-lhes o ânimo e levá-los à percepção de que sua tortura só poderia ser encerrada, caso se propusessem a fazer uma delação. Felizmente, parece que esse tipo de comportamento autoritário, abusivo e típico de tortura mental está sendo coibido agora, pelo Supremo.
Também não estou levando em consideração o fato de que algumas delações, como os rumores na imprensa e nas redes sociais o indicam, não terem sido consideradas aceitáveis, por protegerem ou deixarem de fora a citação de certos nomes, como o de Lula, que TINHAM que constar dos depoimentos, para dar-lhes validade.
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Nem acho que moro e seu juízo possam estar distorcidos por seu coração maior que a razão, ao não considerar culpada Cláudia Cunha, mulher do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, do crime de lavagem de dinheiro, sob a acusação de desconhecimento dos fatos. Logo dela, que assinou fichas de abertura de contas no exterior.
E não estou dizendo isso, pelo simples motivo de que quem disse do coração enorme e do espírito de compaixão do juiz foi um dos procuradores da equipe da Lava Jato. Que anunciou que iria entrar com recurso da absolvição da mulher de Cunha.
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Na verdade, moro pode ser amigo de quem quiser e pode frequentar os ambientes que bem queira, como qualquer cidadão brasileiro, em plena posse de seus direitos civis. Nada a opor.
Apenas que é curioso como ele, um magistrado afinal, tem a predileção por andar acompanhado de suspeitos de crimes tão ou mais sérios que os que ele julgou de Lula. Afinal, não se sabe de Lula ter comentado que mataria alguém antes que tal pessoa pudesse pensar em delação... numa das piadas de humor de baixo nível, mais infames dos últimos tempos.
Já de há muito dizia minha bisavó: diga-me com quem tu andas...
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Também, é estranho e, mais uma vez me desperta a chamada dúvida razoável, no caso de Lula, o fato de o juiz que tanto prendeu apenas para levar à delação, agora que formou juízo e condenou, de posse de provas documentais à larga, decidiu não dar cumprimento cabal à sentença de prisão. Ou seja, acho muito estranho que o juiz que nunca teve pudor para prender ou mesmo decretar condução coercitiva, quando ainda havia apenas suspeição, não adota a decisão de prender agora, depois de ter seu juízo de valor plenamente formado.
E não me venha com essa de que poderia colocar fogo no país.
Fatos muito mais sérios estão acontecendo à frente de nossos olhos, como o de temer estar xendo acusado de não só estar roubando e se locupletando, como também de estar escandalosamente comprando votos e apoio para paralisar uma investigação, e o país e sua população reage com uma letargia que deixa qualquer cidadão de bem, incrédulo. Difícil admitir que estejamos acordados.
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A propósito, as redes de comunicação imediatamente se preocuparam em mostrar a formação de pequenas manifestações nas principais capitais do país, de grupos contrários à condenação de Lula e outros favoráveis a sua sentença.
Como se fosse minimamente cabível, seja quem  for que estiver sendo julgada, alguém admitir ir a rua porque outrem foi condenado ou não.
O que me leva a refletir na tal história dos que não têm bandidos favoritos. Mas ganham as ruas para comemorar a condenação de uns, e se calam, nada falam ou fingem que não vêem como agem outros personagens acusados de banditismo,ou gangsterismo, nas palavras do deputado Chico Alencar, do PSOL.
Indício forte de que há sim, bandidos de estimação, de todos os lados.
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Um gangsterismo tal que, não satisfeito em emascular os partidos e os mandatos dos representantes da vontade popular, com a tal exigência de fechamento de questão pelas agremiações políticas, ainda deseja forçar que a sessão plenária da Câmara tenha início para a admissibilidade da, repito, MERA LICENÇA DE INVESTIGAÇÃO, com número de deputados que não é capaz de aprovar a concessão da licença.
E nem é para o Supremo decidir ou afastar o presidente golpista, mas apenas para que a instância maior da justiça decida se autoriza o inicio ou não do processo de investigação.
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Nesse meio tempo, de uma país de escândalos e velhacaria, o Senado aprova uma reforma trabalhista. Justo o Senado, cujos membros representam e constituem empresários de várias espécies, de várias facções do capital, industrial, de serviços, agrário etc.
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Também não li a lei aprovada, devo admitir. Estava em épocas de provas, correção de trabalhos, fechamento de notas, e li o que os jornais, todos tendenciosos anunciaram como pontos principais das alterações propostas.
Não posso falar se prejudica ou não ao trabalhador.
Mas li de um dos ignorantes que publicam posts em redes sociais, que: ... " se os trabalhadores não quiserem aceitar as condições propostas pelos patrões ou empregadores, sei lá, que rejeitem o emprego.... Tem 14 milhões de pessoas desempregadas que aceitam as tais condições... Simples assim."
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A julgar pelo tamanho do desatino e da barbárie que cerca o comentário, não posso ficar favorável à nova legislação. O que me leva, realmente, a questionar se a reforma traz mesmo tal conteúdo.
E me faz até rezar para que Deus proteja tal autor de comentário tão imbecil. Para que ele não fique desempregado nem tenha que aceitar as condições, respeitado o pagamento de um salário mínimo, ter que trabalhar horas infindáveis, em condições não consideradas salubres, com meia hora de intervalo de descanso para o almoço.
Porque nesse dia, caso isso acontecesse, talvez ele iria estar vivendo cultura e aprendendo alguma coisa, se é que é capaz de aprender algo: o que era o regime da escravidão em nosso país.
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Mas, tal qual aconteceu em 1967, com a lei que acabou com a estabilidade de emprego no país, e criou o Fundo de Garantia, fundo que em 1988 já era considerado um direito do trabalhador, não dá para afirmar se a nova legislação irá prejudicar, muito ou pouco, ao trabalhador.
Afinal, sempre há que se esperar para que comecemos a perceber onde a lei não conseguiu se antecipar à realidade, e por isso, onde falhou.
Inclusive na Ciência Política, alguns autores americanos deixam muito claro que qualquer mudança que seja feita deve ser analisada apenas depois de sua implantação, já que a implementação de decisões políticas pode sempre sofrer desvios, em relação ao que era objetivo do "decision maker".
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Não era minha intenção que a condenação de Lula fosse o conteúdo principal do pitaco de hoje. Mas, há dúvida razoável para que a gente aguarde e que torça para que a justiça seja feita, realmente no caso do ex-presidente.
Apenas gostaria de lembrar que, mesmo que seja confirmada sua condenação, impossibilitando-o de se candidatar, a ninguém passa despercebido que, dada sua condição e os atuais níveis de popularidade, ainda existe muito espaço para que um poste indicado por ele tenha grande vantagem na eleição de 2018.
Em especial, tal vantagem apenas se amplia, tal qual a do Corínthians, caso o ex-presidente escolha alguém que seja mais que um simples poste, e que tenha alguma tradição política.
Nesse caso, embora não seja meu candidato, não há como não tratar de dar mais atenção aos movimentos de políticos como Ciro Gomes.
Afinal, em um segundo turno contra Bossalnato, qualquer opção deve ser considerada.


terça-feira, 11 de julho de 2017

A compra de votos, o mensalão de temer e a corrupção que cresce aos nossos olhos. E a tragédia da classe média que queria combater a tudo isso

Lido ontem, na Comissão de Constituição e Justiça, o parecer do relator Sérgio Zveiter do PMDB do Rio de Janeiro, favorável à que o plenário da Câmara aprove a autorização para que o Supremo investigue a denúncia apresentada pela Procuradoria Geral contra temer, o usurpador, confesso que minha maior curiosidade se volta para o comportamento de todos aqueles que foram às ruas pedir o impedimento da presidenta Dilma, de modo a recolocar o país nos trilhos.
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Isso porque a grande maioria das pessoas que foram às ruas se manifestar, e na hipótese de que não estavam apenas participando de um "happening", um evento patrocinado e incentivado pelas grandes redes de comunicação do país, apresentavam duas bandeiras principais como justificativa para sua luta, diga-se de passagem que duas razões do tipo guarda-chuva, que a tudo acolhe e protege, e contra as quais ninguém em sã consciência pode se opor: o combate à corrupção instalada no poder e institucionalizada pelo PT e a retomada da economia, representada não  apenas pelo combate à inflação e corte do tamanho do Estado e de sua ganância arrecadadora, mas pela implantação de reformas julgadas estruturantes do ambiente econômico.
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Pois bem, em relação ao combate à corrupção, não é necessário continuar insistindo nas teses de que era apenas e tão somente uma desculpa esfarrapada, quem sabe para se ver livre não de um governo completamente corrompido, senão de um governo que focou menos nos interesses e na manutenção de privilégios - poucos - de uma classe média tacanha e medíocre em suas aspirações, desviando sua preocupação para os extremos da nossa pirâmide social, os menos favorecidos e os mais abastados.
Como não é possível se voltar completamente contra os estratos mais abastados, de que depende inclusive o funcionamento de nossa economia e do mundo dos negócios, alcançando até nossa própria sobrevivência, poucos iriam se rebelar contra a série de benesses, concessões, incentivos e outros que tais concedidos à essa classe parasita que constitui nossa elite, a Fiesp e seus Skafs à frente.
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Afinal de contas, dentro de seu mundinho medíocre e limitado, nossa classe média, não aquela emergente inventada por Lula e seu bolsa família, não iria nunca conseguir descortinar horizontes maiores o que implicaria em, tal qual na França da revolução e da queda da Bastilha, tão citada nos dias de hoje, por parte dessa mesma classe pequeno burguesa, se insurgirem contra os privilégios dos mais ricos.
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Seria mais que um sonho, uma tolice, esperar que pessoas que aprenderam a viver nas franjas (como já o disse certa vez Fernando Henrique Cardoso) e das migalhas deixadas no caminho pelos mais ricos, o que inclui a possibilidade de estudarem, de terem educação formal, e de serem espectadores de manifestações culturais pensadas sobre medida para reforçar-lhes o poder, pudessem se voltar contra a classe a que, desde pequenos, aprenderam a aspirar de poderem fazer parte um dia.
Essa a banalidade de nossa classe média, e sua pouca capacidade de discernimento e análise: ter como aspiração o modelo que lhes foi permitido, aliás o único, ter como objetivo a ser conquistado na vida.
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Sem poder se insurgir contra os mais favorecidos, a classe média cada vez mais desidratada, só teria como voltar-se contra a outra ponta da sociedade a lhe reduzir benefícios (alguns dos quais a que teria merecimento, sem dúvida!).
E como essa classe obtinha cada vez maiores porções da repartição da riqueza gerada, por força de Lula e sua tropa, seria muito fácil, como foi, manipular os interesses desse contingente de pessoas, para levá-los a  desejarem a derrocada do poder de um governo legitimamente eleito.
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O problema é que a opção legal e natural para a sequência do golpe seria colocar no poder alguém como temer, que de outra forma nunca teria saído das sombras da insignificância a que ele mesmo reconhecia estar destinado.
E, para atender aos anseios, não da população brasileira, nem dessa classe média de viés autoritário, até por sua passividade, mas dos grandes e verdadeiros donos do poder, os grandes e mais tradicionais empresários nacionais, temer aceitou subservientemente, como é de seu feitio e caráter, por em execução as reformas ditas necessárias à modernização da nossa economia.
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Aqui abro um parênteses: gostaria sinceramente, que algum desses inocentes úteis que foram às praças combater o governo petista e sua corrupção me apresentassem as razões porque, em sua opinião, reformas como a trabalhista, que longe de modernizar, pode nos condenar ao atraso da época da escravidão, ou outras como a reforma da previdência, não discutida, mas feita a toque de caixa, e com requintes de crueldade, poderiam ser positivas. Isso para não falar de uma reforma tributária ou política, tantas vezes ensaiada, e sempre visando avançar em direção ao passado.
Antes que alguém cometa o erro de achar o contrário, ACHO QUE A PREVIDÊNCIA NECESSITA SIM, DE UMA REFORMA.  Em letras garrafais, para não deixar margens a dúvidas.
Sou contrário a que não se discuta mais detalhadamente, exatamente, que reforma precisamos ter. E mais ainda, como estabelecer regras para automaticamente, do tipo de gatilhos, promover mudanças quando fatores como condições de vida e longevidade se alterarem.
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Mas temer mostrou-se pior ainda que aqueles a quem veio substituir, se não pela ação, pela inação (lembrem-se das confissões ouvidas de seu amigo, o gangster mor Joesley, contra as quais não quis agir, o que ele mesmo admitiu!).
E se o combate à corrupção era o motivo da insatisfação de nossa classe média, em pouco tempo as preocupações com a economia e a queda da inflação, ou seja, em pouco tempo interesses individualistas, tão comezinhos, substituíram, aos olhos desses manifestantes, os interesses mais dignos, de construção de uma sociedade mais justa e melhor, menos corrupta.
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Os inocentes úteis até tentaram seguir em frente, com afirmações entre sorrisos amarelos, de que não tinham bandidos de estimação. Mas se não têm bandidos de estimação, o que parece ser verdade, não se preocupam em que eles estejam presos atrás das grades.
Por que a ênfase na frase marota não devia ser no termo estimação. Mas no termo bandido. E sem bandido, não há necessidade de cadeias, certo?
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Agora o que falar do comportamento de temer e seus bons companheiros, ao partirem para o vale tudo mais despudorado?
Como continuar criticando o mensalão petistas quando o que temer anda comprando de deputados e votos por sua permanência é muito mais visível e até admitido?
E pior, para um governo que visava reequilibrar as contas públicas, com legislações impondo teto de limites a gastos, como justificar a orgia, a gastança com emendas parlamentares, com concessão de cargos e pequenas obras, e seja mais o que estiver à disposição para poder paralisar a investigação. Veja bem: não é condenação. É simples investigação!!!
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E tudo isso com dinheiros que faltam à saúde. À Polícia Federal ou Rodoviária Federal. À Educação e à formação de nossos cidadãos de classe média do futuro.
O que, no caso de nosso ministro da Educação mendonça filho, talvez até seja algo justo. Afinal trata-se de um ministro sem qualquer condição de ter a sua disposição recursos para lidar com algo que ele desconhece.
Mas para o país e para a Educação, ou seja, para o futuro de nosso país, é uma lástima. Uma perda, mais uma vez irreparável.
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E ninguém sai às ruas para protestar, mesmo que com a camisa amarela da seleção do vexame e da corrupção do futebol e da CBF.
Ninguém sai às ruas para tentar mostrar que não dá mais para continuar com alguém tão medíocre quanto temer e seus colegas de equipe. Não dá mais para tolerar as compras de votos, as substituições de deputados na CCJ, as distribuições de dinheiro seja em malas com 500 mil ou em emendas, verdadeiras vergonhas.
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E ninguém se dispõe a sair não por concordar com a corrupção. Nem por apoio ao bandido querido, seja temer ou outro nome qualquer.
Mas por preferirem, dentro de seu caráter de formação autoritária, não criativa nem libertária, nem inovadora, apenas capaz de passar adiante as lições antigas a que foram submetidos e expostos desde há muito tempo, em sua formação de base, como pessoas e como cidadãos, apoiar a solução militar.
Apoiar políticos da linha e da tradição de um Bolsonaro. Transformado em Bolsomito.
De formação de caserna, sob a égide da disciplina (que ele mesmo nunca parece ter primado por respeitar) e da voz da autoridade.
Quem sabe, para ser o governante da liberdade e do desenvolvimento econômico e sócio-cultural, de nosso país. (E nem vou rir dessa afirmação desprovida de qualquer sentido!!!)
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Mas como dizem os aparvalhados e conservadores: ou é Bolsonaro ou Lula.
E realmente, não há como negar que o país encontra-se com opções muito acanhadas e limitadas.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

O inexpressivo temer em Hamburgo e a deflação da economia

Inexpressiva, para dizer o mínimo, a passagem do golpista temer pela Alemanha, para participar(?) da reunião do G-20.
Até porque mais preocupado com sua permanência no cargo que usurpou do que com a agenda do país, a figura insignificante que ocupa o executivo hoje, no Brasil, depois de haver decidido não comparecer à reunião, voltando atrás na última hora, acabou antecipando seu retorno a Brasília, como quem sai fugido de algum compromisso.
E é justamente a esse ser minúsculo que compete a tarefa de representar-nos internacionalmente, o que mostra a que ponto chegou o grau de degradação em nosso país.
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Situação vexatória, que se complementa pelo papel exercido pelo ministro das Relações Exteriores que, sem qualquer traquejo, nem mesmo educação e grau de cultura para lidar com seus congêneres, ganhou destaque no evento, pela gravação saudando o presidente golpista e prometendo o que não pode entregar: apoio a sua manutenção no cargo.
Especialmente quando o presidente interino de seu partido já deu a senha do desembarque dos tucanos dessa temeridade que é um governo com governantes sem condições morais de comandar nem mesmo uma casa de tolerância, para sermos elegantes.
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Por outro lado, outro oportunista, o senador Cássio Cunha Lima, um personagem importante do golpe contra a presidenta legitimamente eleita pela maioria do povo brasileiro, já deu claro sinal de que está em marcha, mais uma vez com sua prestimosa colaboração, o golpe dentro do golpe.
Segundo o paraibano, o governo não dura mais 15 dias.
E olhe que ainda nem vazaram detalhes da delação prometida e em negociação de Eduardo Cunha.
Ou talvez, a pressa em derrubar o anão temer, seja justamente para esvaziar parte do conteúdo explosivo da delação do ex-presidente da Câmara, o que livraria uma grande quantidade de políticos graúdos de uma exposição perante a opinião pública, capaz de interromper de vez suas trajetórias políticas.
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Enquanto esses fatos são o destaque no cenário político, no ambiente econômico, comemora-se, ainda que timidamente, o anúncio do IBGE, dos dados da inflação em junho, na verdade, uma deflação de 0,23%.
Resultado que, ao contrário do que poderia parecer, revela o pior dos mundos. Porque ao contrário do que afirmam os economistas que acreditam ainda no funcionamento do livre jogo das forças de mercado, a queda de preços não é algo trivial, fruto de uma demanda inferior à oferta.
Em primeiro lugar, porque a oferta já de há muito tempo não é aquela decorrente do pleno uso ou pleno emprego dos recursos produtivos e das capacidades instaladas pelas empresas.
Razão pois, para não considerar a queda da demanda como algo passageiro, de curta duração, o que se revela pelo crescimento do número de desempregados no país, apenas nesse curto espaço de tempo, de um ano de temer. Aliás, que em entrevista na Alemanha, gabou-se de ter conseguido fazer cair a inflação, crescer a economia, e o nível de desemprego...
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Segundo porque, levando-se em conta que o país é dominado por uma estrutura econômica que se caracteriza pelo poder de grandes corporações e grupos oligopolizados, que têm controle sobre os preços que praticam, admitir-se que estamos em um instante de deflação apenas expressa que, em função da crise, não há mais onde cortar. Já foram feitos cortes na produção, nos estoques, no nível de emprego, nas margens e agora, no osso, já que a gordura e a carne já foram retalhadas.
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Em minha opinião, salva-nos e à nossa economia, apenas o fato de que as causas principais da deflação anunciada são causas de mesma natureza que as causas apontadas nesses pitacos, para justificar a elevação dos preços em 2014, 2015.
Naquela oportunidade, a crise hídrica, o problema com a perda de safras na lavoura, a elevação de preços de alimentos, eram parte importante da aceleração dos preços. Ao lado de tais razões, a correção de preços administrados, com seus efeitos sobre os outros preços industriais, principalmente o preço da energia elétrica, a correção de preços dos combustíveis, alimentavam a inflação.
Agora não. A safra agrícola e o clima e índices de pluviometria ajudaram na queda do preço dos alimentos. Os efeitos de correção de preços já se diluíram. Os preços internacionais de nossas commodities estão em alta e, também por esse motivo, nossa balança comercial apresenta resultados positivos, com consequências sobre o valor do dólar.
Dessa forma, os combustíveis também podem ser beneficiados, com queda de preços da gasolina, por exemplo.
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Então, há motivos que justifiquem a deflação, sem que isso se transforme em um transtorno, já que tal resultado não tem porque se repetir por período prolongado.
Período em que há, inclusive, oportunidade para que o COPOM possa tomar decisões mais agudas em relação à redução das taxas de juros, sem que isso possa trazer algum tipo de temor quanto à possibilidade de, no ano que vem, ano eleitoral, os preços voltarem a manifestar comportamento que inspire cuidados do ponto de vista da política monetária.
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Mas, daí a esperar que a queda dos juros possa induzir a elevação dos níveis de investimento na economia brasileira, único fator real capaz de expressar a recuperação de nossa economia, vai uma grande distância.
Distância que passa pela discussão da resolução da crise política, dos golpes e contragolpes, dos temeres e maias que infestam Brasília e os noticiários.
Quanto a maia, apenas a lembrança do ditado de que golpista que derruba golpista deve ter algum perdão. Mesmo que não seja de cem anos.
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Por hoje é só. Pitacos mais comportados, enquanto a economia, o país, a midia, Brasília, e parece que toda a vida, fica como que paralisada, à espera das decisões da Câmara quanto a autorização para abertura ou não das investigações contra esse governante, que cria o teto dos gastos, e depois tira dinheiros da educação, entre outras áreas, para comprar apoio dos parlamentares, e os votos para continuar no cargo que ocupa ilegitimamente.
E pensar que só com isso, nenhuma pedalada, apenas o mesmo comportamento que gerou o mensalão em 2005, foram gastos mais de 500 milhões.
Sinal de que nossos deputados estão ficando mais valorizados. Ou mais caros...

terça-feira, 4 de julho de 2017

Pitacos de um julho que chega, ao menos aqui em BH, com ventos agosto

Começo esse pitaco tendo de reconhecer que, em minha opinião, sempre expressa nesse espaço digital, grande parte das prisões preventivas efetuadas no âmbito da Operação Lava Jato, eram apenas um subterfúgio destinado a induzir o prisioneiro a fechar um acordo de delação premiada com a autoridade pública. 
Dessa forma, o que a turma de procuradores de Curitiba anda promovendo, com a aprovação desse juiz que o Brasil passou a conhecer e admirar, e que a mim só traz preocupação e medo por seu caráter autoritário e até messiânico, em minha opinião nada mais é que uma forma de tortura. 
Tortura psicológica, como muitos advogados e juristas já tiveram a oportunidade de discutir e criticar, por deixar o preso "mofando" nos fundos da cela de uma cadeia até que ele tenha sua resistência quebrada e, informado que outros companheiros seus gozam já de liberdade parcial ou vigiada, opte por denunciar o que sabe, às vezes, até o que apenas o que intui que tenha acontecido.
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Não raras vezes, muitos dos delatores inclusive parece terem de se submeter a várias sessões de interrogatórios, para que passem a delatar e denunciar certos nomes que os procuradores desejam ouvir ardorosamente, nomes que, se não citados entravam o processo de negociação em relação aos benefícios da delação.
Ou seja, não é apenas uma tortura para levar o prisioneiro a confessar a prática de crimes e o nome de cúmplices, de preferência com a apresentação de algum conjunto de evidências capazes de permitirem a confirmação do conteúdo tornado público. 
Como a midia mesma insinua, há que se chegar em um nome, de preferência o nome de Lula, considerado, antecipadamente, a liderança da gangue que tomou de assalto os cofres públicos de nosso país.
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Nesse sentido, e até para reforçar a hipótese, assistimos a uma série de atitudes adotadas por esse juiz que se considera mais que um super herói, o verdadeiro salvador da pátria, quem sabe a entidade responsável por transformar o país eliminando todos os seus males e toda a corrupção.
Um juiz autoritário, capaz de querer impedir manifestações que não são de seu agrado, como aquelas de testemunhas que, ao invés de atacar, preferiram elogiar aqueles a quem interessava incriminar de qualquer forma. Um juiz capaz de definir que as perguntas a serem encaminhadas a uma testemunha, no caso o golpista que ocupa ilegitimamente o cargo maior do Executivo do país, não poderiam ser feitas por trazerem a possibilidade de ameaça ou constrangimento à testemunha. 
Logo que, que ameaça e constrange não apenas a testemunhas, mas a advogados, donos de prerrogativas estipuladas em lei.
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Mas, não é para falar das arbitrariedades e da falta compostura de moro que esse pitaco deseja tratar. Nem de suas animadas reuniões com tantos indiciados com quem convive alegremente pelas fotos que os jornais insistem em publicar. 
Afinal, já não é de agora que vigora a ideia de que os companheiros e amigos revelam muito da personalidade e caráter das pessoas com quem convivem. E dando maior amplitude ao ditado que diz que quem sai aos seus - não necessariamente familiares, mas também amigos, companheiros, colegas e até comparsas, todos os que contribuem no ambiente de convívio para a formação do caráter de uma pessoa - não degenera. Ou melhor não regenera, no caso em análise. 
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Toda essa digressão para tratar da decisão do ministro Fachin de mandar soltar Rocha Loures, o homem de estrita confiança do golpista temer e talvez, por isso mesmo, considerado o único homem que poderia sair correndo pelas ruas de São Paulo, portando uma mala recheada de dinheiro, cuja destinação é um segredo mal conservado e que, de concreto, sabe-se apenas que já havia reservado para si, sua comissão no transporte. 
Por mais estranha que fosse a soltura, justo no momento em que Loures parecia começar a fraquejar na prisão, e que seu espírito alquebrado pudesse levá-lo a querer fechar um  acordo de delação premiada, como a grande midia noticiava.
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Ainda assim, se verdadeira a notícia do estado de ânimo do assessor especial de temer, isso apenas viria a confirmar o caráter de tortura a que estava sendo submetido, não em Curitiba, onde apenas os simpatizantes ou os ditos investigados ligados ao PT são mantidos em cárcere, mas em Brasília. 
O que não muda o fato de que era tortura e que o objetivo era, em Brasília, quem sabe de alcançar o verdadeiro dono da fortuna da mala, quem sabe, temer?
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Logo, em sã consciência não posso admitir que Loures passasse pela tortura, como passaram os Odebrecht, Eduardo Cunha, Leo Pinheiro, ou os Palocci ou Vaccari da vida. 
Pelo princípio. Não pelo resultado a ser obtido com a decisão que, infelizmente, transforma-se em alívio para temer. 
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Fachin agiu corretamente, então. Mesmo que em hora errada, ou que não dotado das chamadas melhores intenções. 
Fazer o que? Quem sabe aguardar que Loures, em um arroubo de consciência não queira delatar o que sabe, da forma que o instrumento da delação deveria ter sido utilizado desde sempre: antes de ser preso, mas já indiciado, o suspeito se propor a reduzir sua possível pena. Mas não sob a forma de tortura que estamos assistindo acontecer, sob o silêncio constrangedor da grande maioria da população. 
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Quanto ao comportamento de Marco Aurélio, não é de se estranhar. Há muito o ministro adota um comportamento de estrito cumprimento da lei, especialmente da lei maior que resguarda e respeita a autonomia e soberania dos poderes, e portanto, ao pé da letra, deveria tratar a decisão judicial de afastamento de um senador da República como algo completamente impensável. 
E não há nem que exigir-se de Marco Aurélio que mantivesse coerência, por que foi justamente coerência o que ele manteve todo o tempo. 
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Explico: muitos acham que ele não poderia tomar a decisão que tomou, mandando aecim de volta ao Senado, depois de nada ter feito para livrar Dilma e seus 54 milhões de votos, contra apenas os 7 milhões de votos do senador por Minas. 
Ocorre que Dilma e sua defesa entraram com recursos junto ao STF, questionando a adoção de uma série de atitudes e comportamentos adotados pelo Legislativo, com que não concordavam. 
Ora, se seguido os trâmites da Lei antiga e desatualizada que regia o processo de impeachment, não havia porque o STF se arvorar em o poder Supremo, para ditar o que o outro poder da República deveria ou não fazer ou como deveria ou não se portar. 
Em outras palavras: o golpe contra Dilma foi da Câmara, seguido depois por seus pares no Senado. 
Para mim foi golpe, mas dado sob o manto da legislação, golpe político, golpe parlamentar. 
E o STF não tinha como impedir o golpe tramado dentro da legalidade, embora não dentro da legitimidade. 
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Situação semelhante a de agora, aecim não poderia ser afastado do exercício de seu mandato, salvo se perdesse o mandato por julgamento de seus pares. O que não aconteceu, mesmo que por falta de estatura moral do Legislativo para qualquer medida destinada a sanear o ambiente. 
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Marco Aurélio apenas não precisava de emitir, em sua sentença, juizo de valor, quanto às qualidades de político de quem ele acabava de beneficiar, o que levantou dúvidas e suspeição sob o ato de devolução do mandato ao senador. 
Fora esse descuido, que não pode ser analisado de forma ingênua, não há o que atacar ou criticar o Ministro. 
Talvez ele apenas quisesse com seu comentário, mostrar a que ponto chegaram nossas instituições, e nossa democracia, capaz de eleger - e se elege é por considerar digno de representar-nos - um político com a tradição e carreira de aecim... mesmo que não entremos no mérito daquilo que compõe sua carreira. 
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E mais um dos amigos vai em cana

A notícia de que o anão (do orçamento) Geddel Vieira Lima foi preso, ele que foi ex-ministro de temer apenas mostra que o golpista e usurpador do poder, sempre se cercou da fina flor da ralé humana. 
O que mostra que tipo de ambiente ele, o golpista sempre fez questão de frequentar. Afinal, é dele mesmo o reconhecimento de que Joesley era um bandido, da pior espécie.
O que não o impedia de recebê-lo à noite, em sua casa, fora da agenda. 
Também não por acaso, o nome de Geddel surge nas gravações feitas pelo dono da Friboi. Como emissário e representante de temer, nas negociatas. 
Um nome queimado como ambos admitem nas conversas. O que faz temer indicar para falar em seu nome, Rodrigo Rocha Loures...
Geddel está preso, preventivamente, por sua gestão na Caixa Econômica Federal. Mas poderia estar preso a muito tempo, inclusive por usar de seu cargo para pressionar colegas do Ministério a aprovarem, ao arrepio da lei, matérias de interesse privado. 


Econômicas

Do ponto de vista da economia, continuamos comemorando sucessos devidos a nossos fracassos mais rotundos. 
Agora mesmo é o resultado da balança comercial do país, de superávit de mais de 36,2 bilhões, obtido no primeiro semestre, que ocupa os destaques das manchetes. 
Resultado digno de comemoração, um recorde, sem dúvida. 
O problema é que tal resultado deve-se a fatores sobre os quais não temos controle, como a alta de preços das commodities, ou a supersafra que estamos colhendo no país. 
Importante salientar, nesse caso, que também Lula surfou no bom momento das commodities no mercado mundial, e que muitos analistas que hoje comemoram o resultado agora alcançado sempre fizeram questão de indicar que, nada daqueles resultados se deviam ao governo Lula. 
Agora nenhum deles usa do mesmo argumento em relação ao governo golpista.
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Pior é que tal resultado revela também a péssima performance de nosso mercado interno, o que se traduz em continuidade de vendas em queda, crédito em queda, desemprego em alta. 
Com relação ao crédito, as informações do mercado mostram que a inadimplência se elevou. Com isso, os bancos aumentaram suas taxas de juros de operações de crédito pessoal, exceto as taxas vinculadas a uso de cartão de crédito. 
Ou seja, vamos bem lá fora, porque estamos ainda muito mal internamente. 
Situação que já foi reconhecida pelo próprio ministro da Fazenda, Meirelles. 
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Na Folha de ontem, o ex-ministro Delfim Netto, deu entrevista para lamentar que no nosso país, o poder econômico destruiu e dominou o único freio que as sociedades democráticas podem utilizar para controle do capital: o Congresso. 
Sua conclusão de que, eleito com apoio financeiro pela primeira vez, o representante do povo irá ficar na expectativa de receber mais aportes financeiros em eleições seguintes, o que o faz não ir contra os interesses do financiador é perfeita. 
Tardia, mas interessante e perfeita. E revela que não há necessariamente a compra do deputado eleito pelo empresário. Apenas o deputado passa a alterar sua forma de comportar-se, deixando de ser mais combativo e até de zelar pelo interesse dos que ele representa, para não perder a possibilidade de continuar no exercício, até eterno, de seu mandato. 
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O pitaco final é para lamentar, a tragédia que se abate sobre o Rio de Janeiro e seus tiroteios constantes, cujas balas perdidas foram achar um bebezinho que nem mesmo encontrava-se fora do útero de sua mãe. 
O que mostra o grau de barbarismo que estamos atingindo em nosso país. 
Terrível.