terça-feira, 30 de outubro de 2018

Uma autocrítica e desculpas ao Júlio; e os eleitores de Bolsonaro, querendo ensinar como aceitar a derrota, o que não fizeram há 4 anos atrás

Autocrítica

Adotei como norma, desde o início, não comentar qualquer comentário feito às minhas postagens. Em minha avaliação era uma forma de permitir que cada manifestação, fosse qual fosse seu conteúdo, autor, ou intenção, pudesse ter espaço livre para apresentar suas ideias, discordâncias, críticas.
Posso estar enganado, mas sempre pensei que agindo assim, estaria sendo democrático, prezando por esse valor que cultivo: o respeito à opinião alheia, mesmo que divergente.
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Aliás, lembro que houve uma vez que postei algo que criticava uma atitude de torcida organizada de futebol e, ao tratar da questão, fiz referência à Fiel.
Naquela oportunidade, recebi um comentário daquela torcida organizada corintiana, e cheguei a fazer uma mensagem, em que reconhecia todo o trabalho social que desconhecia a Fiel geria.
Pois bem, a minha postagem de ontem provocou um comentário que muito me tocou.
Primeiro, por ser de um ex-aluno que, mais que aluno, sempre considerei um amigo. Por quem minha admiração é tão grande, que até citei, em outras passagens, uma história de sua vida, que ele achou por bem, me contar.
O que, na hora, percebi como uma homenagem a mim.
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O comentário de ontem, me incomoda principalmente porque apenas agora, fui informado de que, em sala de aula, no distante ano de 2012, magoei uma pessoa querida.
E, com enorme atraso, aproveito esse espaço para pedir perdão ao Júlio, pelo comportamento que o chateou.
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Em minha defesa, se é que há alguma defesa, apenas vou lembrar que sou professor de economia e, como tal, sempre apresentei o conteúdo das matérias da forma que ele gostaria, ou seja, apresentando o tema, seus conceitos e efeitos, junto com as opiniões favoráveis e também as críticas.
Isso independente de minhas opiniões pessoais, por minhas opiniões e posicionamento político.
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A essa altura, não consigo me lembrar do episódio mencionado, mas pela descrição tratava-se de assunto importante, mas que implicava opinião pessoal, sobre tema não imediatamente vinculado à questão econômica. Se estiver enganado em minha avaliação, nesse caso, confesso, a falha é da memória.
Mas gostaria de deixar registrado que, até por respeito a todos os alunos que me solicitam comentários a respeito de assuntos não vinculados diretamente ao conteúdo, sempre deixei claras minhas posições e ideias. Nunca as escondi. Nunca as soneguei a quem quer que fosse.
Sempre agi de forma a deixar perceptível a quem me escuta, que posso estar com um olhar viesado. Porque como todo ser humano, também eu como professor estou sujeito às paixões humanas.
E para não negar essa minha característica, que é de todos nós, prefiro explicitar minhas posições.
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Até aqui, honestamente, achei que essa seria a melhor forma de não tentar manipular ninguém. Não tentar vender uma imagem, sem alertar à pessoa, que ela deveria ter em relação, mesmo à minha fala, de uma visão crítica.
Não sou oráculo. Não sou, nem pretendo ser guia. Pretendo ser alguém que semeia a ideia de que, cada um tem o dever de descobrir sua verdade. E que para isso, não deve aceitar passivamente a verdade de outros.
Aproveitar para aprender com o que se conecta com nossa realidade é uma coisa. Acreditar sem questionar, é outra.
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Pelo que vi, no comentário, a crítica que fiz, e que parece não ter sido à pessoa do Júlio, mas a suas fontes, a levou a procurar novas fontes, fazer novas leituras, amadurecer opiniões através da reflexão e se tornar mais crítico.
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Mais uma vez, o Júlio se mostra digno de toda a consideração e amizade que sempre lhe tive: ele reconhece que cresceu. Não por minha atitude ou comportamento naquele dia. Mas por não ter ficado estático, ter corrido atrás, ter saído atrás de leitura e conhecimento. Ter corrido atrás do saber.
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Se alguma contribuição minha houve nesse fato, foi mínima. Ainda assim, renovando meu pedido de desculpas, fico com a sensação do dever cumprido.
E prometo ficar atento para que o cumprimento dessa função que me impus executar, não seja nunca por meio de uma atitude de desrespeito, descortesia, ou arrogância.
É isso.
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Ainda da eleição

Acho interessante que muitos eleitores de Bolsonaro, o presidente eleito do Brasil, venham agora, nas redes sociais, virem postar mensagens querendo ensinar e determinar a todos os que não votaram em seu mito, como é que eles devem se comportar.
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Da mesma maneira que achei curioso, para dizer o mínimo, que alguns postassem a frase do candidato do partido republicano nos Estados Unidos, depois de confirmada sua derrota para o presidente Obama.
É mesmo digna de respeito a posição do adversário que reconhece a derrota e afirma como McCain que daquele momento em diante, cumprimentava não apenas o adversário, mas o seu presidente.
O presidente de todos os EUA.
OK! Gesto nobre, sem dúvida.
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Mas McCain jogou o jogo da democracia. Foi aos debates, expôs suas ideias, pode se confrontar com seu adversário, com quem travou um embate que estava conformado pelas regras do convívio em alto nível.
Pode-se dizer que o político do Arizona, saiu de campo derrotado, mas enfrentou o bom combate.
E, ao que é de meu conhecimento, respeitou seu adversário. Não apenas comparecendo nos debates, mas depois, reconhecendo a derrota.
Democraticamente.
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Bem diferente do que vimos acontecer no nosso país, onde Bolsonaro fugiu ao debate. Não respeitou em nenhum momento aquilo que é um dos pilares da democracia: a troca de ideias, a busca de consensos, a demonstração clara das divergências, quanto a ideias e visões de mundo.
Mais que fugir dos debates, Bolsonaro mostrou postura agressiva, falando em redes sociais para seus iniciados. E só falou por meio das redes e só para seus iniciados.
Onde agrediu aos adversários. Chamou a todos de canalhas. Acusou a todos de agirem com desonestidade, bem ao estilo Trump de fazer política e conseguir se eleger.
Espero apenas que, diferente de Trump, não adote esse mesmo estilo de seu modelo, para governar.
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Diferente dos Estados Unidos, em que as instituições funcionam, e que existem vacinas e antídotos para impedir atitudes atabalhoadas de quem esteja no exercício do Poder Executivo, o Brasil não aguentará e nem ainda tem instituições suficientemente fortes para poder ser governado por alguém que inventa a história que deseja que o povo passe a acreditar, difundido inverdades via Twitter.
Trump faz declarações desavergonhadamente falsas todo o tempo, e a opinião pública americana já o trata como uma caricatura. Uma chacota.
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Com tanta desigualdade e problemas, o Brasil não pode ser tratado da mesma forma.
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Mas, ao agredir e acusar e caluniar, como no caso do kit gay, que continua sustentando e acusando Haddad de querer difundir para conspurcar a mentalidade ingênua das nossas crianças, por que o acusado teria de ser cavalheiro, portador de fair play e vir cumprimentar o eleito.
Se o próprio Bolsonaro afirmou que não iria cumprimentar Haddad, caso o resultado fosse diferente?
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Quantos desses que vieram criticar se omitiram quando seu mito falou essa frase, antes que voltasse atrás e falasse que não era bem assim, etc.?
Infelizmente, o próprio Bolsonaro, em entrevista ao Jornal Nacional, admitiu que tudo não passava de bravatas, de frases de efeito no calor do debate ou da discussão.
Será que era isso mesmo ou esse jogo de cena é só mais tergiversação?
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Mas nem qualquer um de seus eleitores criticou as falas duras de seu mito, dirigidas à Haddad, à oposição, às pessoas que divergissem de suas ideias, nem me lembro de ter visto, dessas mesmas pessoas, qualquer indignação há 4 anos atrás, quando o moleque do Aécio anunciou que não deixaria Dilma governar.
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Agora, acusam os derrotados de não serem patriotas, de serem maus brasileiros. De não saberem perder.
Mas há quatro anos atrás, pregaram em seus carros plásticos onde diziam não ter nada com o país, e a crise que ele começava a atravessar. O plástico dizia isso: "votei no Aécio".
O que era aquilo, reconhecimento de que votaram em corrupto e que aceitavam a corrupção desde que fosse para o lado delas?
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A desfaçatez e o cinismo apenas é que podem explicar agora quererem cobrar ou vir às redes ensinar como os derrotados deverão se comportar.
Desde logo, como eles não se comportaram no passado recente.
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Para mostrar que estão passando o Brasil a limpo, estão usando a velha frase: façam o que digo, não façam o que fiz...
Com tal equipe de faxina, melhor não reclamar da sujeira...

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Pitacos de como vi a eleição do "soldadinho de chumbo" e as reações que se seguiram

28 de outubro de 2018. Um Brasil rachado foi às urnas para escolher um novo presidente.
Ainda no início da noite, as urnas eletrônicas indicavam que, com 55% dos votos válidos, a população brasileira elegeu para conduzir seu destino nos próximos 4 anos, o soldadinho de chumbo.
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Isso sem que qualquer um dos eleitores que, imediatamente saíram às ruas para comemorar, surgissem para fazer qualquer referência quanto à lisura do pleito, a inviolabilidade das urnas eletrônicas, tão vilipendiadas.
O que demonstra que toda as acusações, toda a denúncia de fraudes nas urnas, toda a acusação de que o jogo estava viciado e seu resultado já determinado, não passasse de ...  a menos que...
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Não vou ficar aqui, fazendo o mesmo tipo grotesco de insinuações e mostrando a mesma falta de espírito democrático e republicano dos eleitores que comemoravam.
Apenas destacar o fato: toda as acusações feitas tinham um único objetivo, longe de servir de alerta. Tratavam apenas de criar o ambiente propício para que, em caso de derrota, o golpe autoritário pudesse ser posto em movimento.
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Porque na verdade, até aqui, sempre acreditei que grande parte do eleitorado do soldadinho de chumbo fosse de pessoas democratas em sua essência, que eu considerava como iludidas em sua boa fé e esperança.
Hoje, devo confessar que a ingenuidade era minha, por acreditar que os eleitores do capitão eram autênticos democratas, dispostos a participar do jogo e aceitarem o resultado, qualquer que ele fosse.
Engano meu.
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Mas como sua escolha foi a que obteve a maioria dos votos válidos, a questão das urnas foi deixada de lado, esquecida; a ameaça de não aceitação do resultado foi abandonada, a ameaça de golpe ficou de lado.
Ao menos por hora. O que é bom e, há que se admitir, parece ser o que temos para o momento, a julgar pelo discurso cheio de platitudes e frases e juras de apego democrático ditas pelo presidente eleito, em seus pronunciamentos iniciais.
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E digo isso, com o espírito carregado de preocupação, não para passar a ideia de que estou torcendo para dar errado. Estou com medo.
E medo é algo diferente de estar querendo que algo aconteça.
Afinal, se o soldadinho de chumbo relevar-se um mandatário capaz de fazer um bom governo, para todos os brasileiros, inclusivo e de paz e justiça social, como não reconhecer e elogiar tal postura?
Mas, até para verificarmos isso, a primeira condição é a adoção de postura de alerta máximo.
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Ocorreu-me, hoje, fazer algumas considerações.
O "mito" foi eleito com 57 milhões de votos, para arredondarmos o número. Contra 45 de seu adversário e um total de mais de 30 milhões de cidadãos que se abstiveram de votar, ou votaram branco ou nulo.
Apenas brancos ou nulos, somam 8 milhões.
Então é dever nosso destacar que nosso próximo presidente, ao contrário do que tem sido apregoado, não tem a maioria do povo brasileiro. Ao menos 70 milhões de brasileiros não o apoiam incondicionalmente, nem lhe deram um cheque em branco.
O que não significa que não irá hipotecar-lhe apoio, em decisões que ele venha a tomar e que sejam, reconhecidamente capazes de beneficiar à totalidade do povo.
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Feitas as contas, para cada 3 eleitores do ungido pelas urnas, há 4 brasileiros que preferem pagar para ver. Aguardar, vigiar e cobrar. Ou opor-se.
O que é bom para obrigar o eleito a estabelecer pontes de comunicação.
Ou lançar suas cartas de uma vez.
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Em relação ao discurso de vitória, falar que vai estabelecer uma relação comercial que não seja fundada em um viés ideológico e que restabeleça parcerias com todos os países desenvolvidos, é no mínimo, não ter um compromisso com a verdade.
Primeiro porque devemos sempre visitar a história para que não saiamos difundindo asneiras que, ditas por algumas pessoas, especialmente um "mito", podem transformar-se, sem o ser, em verdades. Algumas até absolutas.
Foi Jânio quem reatou com Cuba nos idos de 60 e até condecorou o Che com a mais alta comenda do país.
Foi Geisel, depois de governos militares onde Bob Fields (o ministro Roberto Campos!) deixou seguidores, que adotou política de não alinhamento total ou de alinhamento pragmático com os Estados  Unidos.
Até então, por influência do tal ministro, dizia-se que, para onde pendessem os Estados Unidos, ali estaria o Brasil.
Pois foi Geisel com a ampliação do mar territorial para 200 milhas, e depois o acordo nucler com a Alemanha, mostrou que o Brasil tinha que ter parcerias variadas e não um comportamento dócil, servil até, em relação ao país, cuja bandeira o recém-eleito, venera.
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Ah! antes que alguns critiquem, a reaproximação do Ocidente com a China foi protagonizada por Nixon, "aquele comunista que foi presidente dos Estados Unidos".
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Foi no governo Lulla que a política externa brasileira mais angariou respeito de países como os Estados Unidos, afinal, como Obama mesmo afirmou, Lula era o seu "chegado". Ou o cara!
E foi Lula que foi recebido, sempre com honras, em todos os eventos, o que pode ser visto pela sua posição central nas fotos de eventos e encontros de líderes do planeta.
Isso, mesmo com as gafes cometidas por Lula em visita a países da África.
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Mas, vá lá. A política de comércio do Brasil, sob a gestão do PT já de há muito não tem o viés ideológico, embora tal inverdade seja repetida tantas vezes que, aqueles que não têm obrigação de entender de economia e relações internacionais passam a acreditar nisso.
Senão, como explicar que foi, justo nos governos petistas que nosso agronegócio, soja à frente, conquistou mercados internacionais.
Claro, a conjuntura ajudava, e mais ainda, os produtores nacionais fizeram por melhorar sua produção e produtividade.
Mas, havia algum empecilho comercial oposto ao crescimento de suas vendas, por parte do partido no poder?
(Ah!, pelo amor de Deus, não vale o papo de custo Brasil, cipoal de impostos, etc. falta de infraestrutura, porque isso prejudica a todos, e talvez até mais internamente).
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Ainda do discurso, afirmar que irá governar em obediência estrita à Constituição, é sinal de que haverá respeito?
A que Constituição? A atual ou aquela que poderá surgir de várias reformas que nossa Carta permite fazer?
Se nosso soldadinho de chumbo quiser alterar a forma e composição etc, da Suprema Corte, e enviar projeto de Emenda Constitucional nesse sentido, ele poderá fazê-lo?
Aprovada a emenda, por hipótese, não estará ele cumprindo a Constituição que jurou cumprir?
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Se isso for chancelado pela maioria do Legislativo e pelo povo, não é perfeitamente do jogo democrático e seu funcionamento?
Então, embora eu ache que seja um ditador de meia pataca, e completamente despreparado para o cargo, Maduro pode ser acusado de que mesmo???
Será que nosso futuro presidente tem mais discernimento que o venezuelano?
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Discursar afirmando que vai se preocupar em acabar com o déficit primário é dever de todo eleito. Mas, como fará isso?
Seu guru repetiu isso  logo depois de conhecido o resultado: via privatizações.
De que mesmo? Por que em campanha, entre idas e vindas, o candidato autorizou, deu força, desautorizou publicamente, mandou ficar calado, etc. por várias vezes e tratando de vários temas ao seu "Posto Ipiranga".
Aliás uma pergunta se impõe: sabendo-se de sua "cruzada" contra a corrupção, você raro leitor, concorda com a escolha para ministro da área econômica de alguém indiciado pela Polícia Federal por crimes na esfera econômico-financeira?
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Segurança é sua bandeira. Ok. Parece que é questão de todos nós e preocupação geral.
Mas isso significa que a população ter acesso às armas será mesmo a solução?
Quer dizer que entre a lei do feminicídio e o porte de arma em sua bolsa, a mulher prefere ambas. Ou seja, a arma passa a ganhar uma dimensão maior que a justiça e a lei?
E o que será da situação da mulher, vítima de agressões morais e não físicas, se o troglodita com quem tem relacionamento descobrir que ela comprou uma arma?
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Pelo pouco que conheço do direito, a mulher em uma discussão mais acalorada, temerosa de tomar uma surra, vai até a bolsa ou gaveta no quarto e volta para a sala com a arma.
E se o homem, mais forte, lhe desarmasse e atirasse, isso não poderia caracterizar um ato de legítima defesa? Afinal, a arma era dela. Ele era o agredido....
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Para concluir as minhas observações: fui ver no dicionário, google, e etc, o significado de mito.
Descobri e admito que meu conhecimento é superficial no assunto, que mito são narrativas que eram usadas pelos povos, principalmente o grego, para explicar aquilo que não conheciam ou não tinham capacidade de entender.
Assim, para tentarem dar respostas a suas dúvidas, justificar situações, ou valorizar pessoas reais que praticaram atos relevantes, atribuíam a essa situação a classificação de algo sobrenatural. Divino, até.
Mitos eram então os símbolos que serviam como explicação para aplacar a sede de conhecimento que a ignorância dos povos não era capaz de explicar racionalmente.
Logo, mito eram o reconhecimento de como aquele povo que neles acreditava era oco, vazio, pobre de conhecimento e espírito.
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Achavam com a criação de mitos inverossímeis que entendiam os eventos que os atemorizavam e ao endeusarem situações, pessoas, etc. acreditavam estar agradando a eles, o que lhes permitira fugir e evitar um castigo do desconhecido.
Ou seja, mito era o reconhecimento das pessoas de o quanto eram ignorantes e como precisavam de proteção.
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Bem, quem atribuiu ao soldadinho de chumbo a alcunha de mito foram seus seguidores, o que já diz muito a respeito de cada um deles e seus medos e anseios.
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Antes que me critiquem a ideia de soldadinho de chumbo vem do brinquedo de minha infância, das imagens de um militar empertigado, assim como o presidente eleito.
Nesse momento, utilizo-a, sem qualquer conotação pejorativa, embora apta a servir de outra forma no futuro.
Que espero não chegue, e que nosso soldadinho encontre, na nação a bailarina que irá fazer seu comportamento se alterar.
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Por último, muitos vizinhos comemoraram ontem com fogos, gritos, aplausos, etc.
Vários gritavam frases contra o PT e comemoravam a queda dos "petralhas".
Apenas uma vez ouvi alguém gritar o nome "Bolsonaro". De forma muito  tímida e até insegura.
Parece que a conquista ontem não era do eleito, mas da derrubada do PT.
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O que convida à reflexão de porque e como, o PT provocou tal comportamento.
Mas isso fica para outras reflexões e outros pitacos.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Comportamentos mentalmente perturbados e seu impacto na campanha; questões de religião e sua importância em um Estado laico

Em entrevista concedida ontem no Rio Grande do Sul, o delegado da 1ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre,  responsável pela investigação do caso de agressão sofrido por uma jovem que teve seu corpo marcado por uma suástica revelou o resultado do laudo pericial a que a moça foi submetida.
Segundo o delegado, o laudo permite concluir que os cortes foram resultado de automutilação ou foram consentidos pela suposta vítima.
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Trato do caso nesse pitaco uma vez que, dada a hipotética agressão, a imagem dos cortes divulgados por toda a midia onde se destaca o símbolo de uma suástica, em momento em que grupos extremados no país aproveitam-se da situação política cercada de extrema e inédita intolerância, a imagem acabou sendo imediatamente utilizada pelo candidato Fernando Haddad, em sua propaganda eleitoral. 
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Sem os cuidados que um evento e uma denúncia como a feita pela jovem gaúcha merecem, entre os quais a de se aguardar algum indício mais evidente da investigação, Haddad mencionou o ataque, atrelando sua autoria a grupos apoiadores da candidatura do rival, o tiranete carioca.
A favor de Haddad deve ser dito que ele, como qualquer outra pessoa, não teria condições de supor tratar-se de qualquer forma de "fake news", uma vez que os cortes, embora parecessem superficiais, de fato existiram. 
Além disso, e reforçando os argumentos de sua propaganda, o petista não estava acusando diretamente seu oponente, senão que condenando, como grande parte da população brasileira mais ponderada, o discurso agressivo de seu adversário. Discurso capaz de incentivar ações por parte de seus mais extremados apoiadores que poderiam ser adotadas mesmo que alheias ao conhecimento e/ou aprovação do tiranete. 
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Não foram poucos os que condenaram o discurso, senão de ódio, bastante agressivo do militar da reserva, que incluíam desde a apologia do uso de armas de fogo, até a promessa de exclusão de ilicitude de qualquer ação policial, um eufemismo para a ideia de que a polícia passaria a ter, em um eventual governo seu, autorização para matar impunemente. 
Foi ainda dele frases como a que preferia ter um filho morto que homossexual, o que para mentes mais fracas pode significar a autorização para providenciar uma "limpeza" em relação a esse tipo de pessoas. 
Sem querer ficar me estendendo, o discurso de ódio contra as minorias sempre fez parte de falas do candidato, que se lamentou, inclusive, do fato de o golpe militar de 64 não ter feito o serviço completo, limitando-se a torturar, quando deveria ter liquidado uns 30 mil.
Nem vou falar aqui do banimento de todo pensamento considerado mais à esquerda, que foi a tônica de seu discurso no domingo último, na verdade, uma reedição do velho e autoritário: "Brasil: ame-o ou deixe-o.".
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Com tal ambiente de confronto, para cuja criação o ex-capitão teve grande parcela de responsabilidade, não é possível condenar Haddad, por ter criticado os seguidores do discurso da violência. 
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Mas vamos admitir aqui que, face a polarização a que chegamos, talvez fosse melhor o professor aguardar mais um pouco para levar ao ar o caso.
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Fazer essa afirmação, no entanto, não significa que o caso da menina tenha sido concluído, em função do laudo. O que significa que também o delegado agiu de forma precipitada, o que coloca já sob suspeição seu comportamento. 
E isso por dois motivos: primeiro, porque o laudo não se mostrou conclusivo, como o delegado deu a entender. 
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Segundo matéria do Correio Braziliense: 
 "As lesões verificadas apresentam, portanto, características compatíveis com as de lesões autoinflingidas, embora não haja, a partir exclusivamente dos resultados do exame de corpo de delito, elemento de convicção para se afirmar que efetivamente foram autoprovocadas", diz o documento. "Nesse sentido, pode-se afirmar que as lesões foram produzidas: ou pela própria vítima ou por outro indivíduo com o consentimento da vítima ou, pelo menos, ante alguma forma de incapacidade ou impedimento da vítima em esboçar reação", prossegue.
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Ou seja, há uma possibilidade de que as lesões tenham sido autoinfligidas, mas não há elemento de convicção para afirmar-se isso. 
Então porque o delegado não abordou essa dúvida do laudo?
Mais curioso é que o próprio delegado correu para tentar apontar alguns atenuantes para o comportamento da menina. Aliás, foi mais longe, ao declarar que:
"A menina é doente, tem problemas psiquiátricos", disse. 
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Ora se a menina tem problemas psiquiátricos, então seu caso deveria ser tratado de forma a dar-lhe a maior proteção possível, inclusive, providenciando tratamento e não uma promessa de indiciamento por falsa comunicação de crime. 
Afinal, qual a razão do comportamento do delegado?
Aparecer, aproveitando os holofotes, em razão do clima pré eleitoral? Ou tentar, ao seu modo, interferir nas eleições?
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Insisto no tema: Haddad talvez tenha se precipitado, como o fez no caso da denúncia de Geraldo Azevedo em relação ao general Mourão. 
Mas, creio que  nossa sociedade só revela o quanto sua sanidade está prejudicada, quando no caso da menina, considerada como "doente", o caso passa a ganhar a dimensão que ganhou. 
O mesmo vale para o caso de Azevedo que, inclusive, se desculpou. Mas, a psicologia dá respostas e explica a confusão que é possível um ser humano vítima de tortura fazer em relação àquela situação de violento estresse a que foi submetida. 
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A questão da reação de pessoas submetidas a estresse emocional violento é tal que, embora não conheça muito de Psicologia, já ouvi referência a que a pessoa pode, até mesmo, vir a proteger seu algoz, ou simpatizar-se com ele. Parece, inclusive que isso tem algo a ver com a chamada Síndrome de Estocolmo. 
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De toda a situação devemos extrair algumas lições: não podemos cobrar com a severidade que temos cobrado de agentes que não têm capacidade de compreender as consequências de seus atos  e seus comportamentos, por mais dolorosos ou até funestos que sejam suas consequências.
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Não podemos, sem aprofundar as informações ou confirmá-las cabalmente, vir a utilizá-las, como fez Haddad.
Nem podemos também fazer como agora seu oponente faz, dizer que tal acusação era apenas mais uma mentira, como se a  marca da suástica não tivesse sido feita ou o tivesse por responsabilidade do petista. 
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Ou seja, está tudo errado. E por isso cheira mal. E por isso, a escolha se reduz, cada vez mais, ao futuro que nós buscamos. Em meu caso, de respeito à democracia e as diferenças. 
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Como a religião tem capacidade de influenciar um Estado laico

Não se discute a importância, até mesmo para que todas as religiões possam ser respeitadas, e assegurado o direito de cada uma delas de realizar seus cultos, de um Estado laico. 
Estados dominados por questões religiosas costumam negar às bases mais profundas de sua própria crença, já que tendem a um fundamentalismo inconcebível. 
Fundamentalismo que, tendo como base uma concepção de mundo e uma certeza de que a fé que professa é a única correta e respeitável, leva o governo a perseguir e prejudicar aos outros indivíduos, com convicções religiosas diferentes ou sem qualquer convicção. 
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Seguramente, não é um Estado dominado por valores religiosos que nós brasileiros desejamos. Mas um Estado que assegure espaços para a prática de todo e qualquer culto religioso. Desde que não fira as normas básicas do direito, de todos os demais. Refiro-me aqui, à proibição de cultos religiosos que praticam ou venham a praticar sacrifícios - de animais de qualquer espécie. Inclusive, os ditos racionais. 
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Mas, curiosamente, se o Estado laico é nossa aspiração, todo o tempo a questão religiosa vem invadir o ambiente da discussão da política e das normas de comportamento social. 
E isso não é de agora.
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Foi assim, por exemplo, na Constituinte de 1946, em que o Senador Nelson Carneiro ganhou destaque e foi o único que saiu ileso, inclusive do ponto de vista da carreira política, por sua defesa da inclusão do instituto do divórcio. 
Na oportunidade, e com forte amparo da Igreja Católica, a opinião dominante é que a mera inclusão da possibilidade do divórcio iria levar à degradação da família brasileira. Servindo como estímulo para que as uniões se tornassem, não mais o sacramento divino, mas a porta aberta para todo tipo de comportamento irresponsável e repleto de taras.  
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Como se a dissolução dos laços conjugais não fosse de responsabilidade exclusiva do próprio casal e que existia, independente da aprovação ou não do divórcio. 
Curiosamente, não eram raros os casos de católicos que, não tendo sido felizes na primeira união, não encontravam um novo parceiro, com quem iriam tentar novamente a construção de uma família tida como de respeito. 
E quantos deles não iam ao Uruguai, na época, para oficializarem sua união?
Quantos deles não procuraram a Igreja Católica do Brasil, onde o Bispo de Maura se incumbia de abençoar novas uniões?
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Pois bem, isso era a posição da Igreja Católica, então a de maior poder político no país.
Mas, anos depois, na década de 70, o senador Nelson Carneiro conseguiu seu intento. A lei foi aprovada e, se a situação civil de grande parte de famílias pode ser regularizada, a Igreja Católica seguiu não aceitando promover novas uniões. 
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Em termos, já que o número de processos de anulação de casamentos, até então de hipóteses muito restritas, começou a se tornar tão comum, por motivos banais, a ponto da própria Sé condenar tanta facilitação para romper o que ainda devia ser sagrado. 
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O divórcio não desfez a sociedade e seus laços de convívio, como se imaginava e estava presente na ideia de que a família é o esteio de nossa sociedade. 
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Não me refiro aqui a outras igrejas cujo posicionamento desconheço, mas que parece-me terem sempre entendido que não se deve condenar uma pessoa a permanecer eternamente preso a uma situação que não lhe permite buscar a felicidade. 
Parece-me que, nesse ponto, as outras Igrejas Cristãs, sempre trataram a questão com mais bom senso. 
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Poderia dizer aqui da questão que sempre surge, e mais uma vez agora, relativa ao aborto. 
Como se a mudança de lei fosse uma questão de vontade ou decisão exclusiva do presidente eleito. 
Como se a apresentação de um projeto não pudesse ser patrocinada por um - qualquer um dos deputados - e, caso aprovada não estaria em sintonia com o pensamento majoritário da sociedade, expressa por seus representantes eleitos e a que a vontade do presidente deveria se submeter. 
Independente do que fosse a compreensão do Executivo e de que comportamento para estimular ou não a discussão de tal proposta, pudesse vir de quem ocupasse o cargo de presidente. 
***
No entanto, mesmo sendo laico, o lema de um candidato se apropria da figura de Deus, todo o tempo. E seus seguidores tentam, todo o tempo, levantar críticas ao comportamento de seu oponente, apenas por respeitar a opção feita por nossa sociedade, de separar Estado e negócios de governo, dos negócios divinos. 
***
Afinal, há um candidato que parece ser mais afinado com o discurso e o comportamento de Cristo na campanha. E para esse candidato: Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
Esse candidato que prega o discurso da paz e do respeito é Haddad. 

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

A senha mais uma vez está dada: o tiranete vai acabar com direitos de quem não é de sua turma. Enquanto em Minas, Zema age como o tiranete

Não deveria causar surpresa a fala do tiranete, de que é hora do país acabar com a cultura do coitadismo. Afinal, esse foi o tom do discurso por ele empregado em todo o tempo de sua permanência, completamente apagada e inócua, na Câmara.
Surpreendente é que ele, depois de começar o segundo turno fazendo acenos para um eleitorado menos extremista do que aquele que a ele se vinculou desde o início de sua campanha eleitoral, venha a retomar o mesmo discurso a poucos dias do segundo turno das eleições.
Surpreendente, mas muito benéfico.
Porque a nenhum de seus eleitores restará, caso ele venha a ser eleito, a desculpa de que não sabiam o que viria.
Eles nunca poderão alegar que foram ludibriados, ou que o tiranete praticou algum tipo de estelionato.
***
Assim, se em algum momento ele chegou a despontar no horizonte da política, foi justamente por conta de suas bizarrices, pela sua capacidade de aproveitar-se da democracia, do direito de livre opinião e mais ainda, pela impunidade que o mandato parlamentar lhe assegurava, para pregar coisas que não seriam apenas toscas.
O que ele destilava nas suas intervenções, sempre consideradas esdrúxulas, era intolerância, além de um saudosismo de um tempo de autoritarismo, de ditadura, de crimes de tortura, de desrespeito às opiniões e posturas contrárias às suas, de respeito ao pensamento divergente.
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A verdade é que, esse sempre obscuro deputado, destacava-se por um discurso completamente estapafúrdio, democraticida.
Sim. O tiranete nunca demonstrou apreço pelo regime de que ele se aproveitava, como qualquer traíra, para poder fazer a apologia de sua derrocada.
Democraticida. Esse seu maior crime. E isso sempre foi muito escancarado para que qualquer de seus seguidores ou simples eleitores possam alegar que não sabiam...
Justiça lhe seja feita.
***
Considerando que seu apelido no Exército seja mesmo verdadeiro, o Cavalão nunca deixou de ser alguém que procurou se omitir em relação a seus pensamentos.
Diga-se de passagem que sua basófia (característica de vaidade exacerbada, de ostentação), foi o que lhe permitiu até mesmo ir à público expor seus planos de explodir quartéis, em movimento de reivindicação de aumento de soldos.
O que lhe teria valido a passagem para a reserva, para não alongar as investigações que acabariam levando a sua expulsão.
***
Ah! poucos sabem do episódio?
Mas, quem o conhecia dentro do próprio Exército, como Geisel, imputava-lhe uma péssima reputação.
Para o general e presidente militar que foi o primeiro a enquadrar para valer a linha dura do Exército com sua gangue de torturadores (grupo de que fazia parte Sylvio Frota, Ednardo D'ávila Melo, e outros da laia de um Brilhante Ustra, o heroi do candidato a vice Mourão, e do tiranete), o tiranete era um "mau militar", portador de comportamento completamente fora do normal.
***
Nem o general Geisel, por mais linha dura que fosse, conseguia suportar pois, esse agora idolatrado, salve, salve...
***
O Cavalão sempre foi contra os direitos assegurados aos movimentos LGBT's. Sempre foi misógino, tendo declarado que fraquejou quando fez a filha que, agora na televisão o leva à comoção.
Pena que sua representação seja tão ruim, que nem para o papel de ator o tiranete serve.
Que os negros que ele tenha tratado como animais para abate, já que não servem mais para procriar; ou que pesem arrobas suficientes para justificar a ida ao corte, possam votar nele, não é difícil de justificar.
Não é que não se sentiram agredidos, mas simplesmente não acreditam que assumindo o poder pela maioria do desejo da população, o tiranete terá força política suficiente para lhes trazer prejuízos.
***
O que não levam em consideração é que o tiranete tem todo um discurso, e todo um comportamento que não assegura a ninguém que não dará um golpe, fechando o Congresso, o Supremo e outros Tribunais, para depois adequar tais instituições e poder reabri-las já adequadas ao seu perfil.
Isso já foi feito no Golpe militar de 64, que instalou uma ditadura perversa, tão perversa que não precisou passar cadeado para fechar o sistema político.
Ao contrário, espertamente até manteve as instituições, todas abertas. Apenas que em funcionamento completamente manipulado, controlado e castrado.
***
Daí que, o Congresso funciona, existe e vota. Mas se votar contra a vontade do ditador de plantão, fecha-se o Congresso. Prende-se e arrebenta. E depois de providenciar o sumiço de alguns, a cassação de direitos de outros tantos, reabre-se a Casa do Povo, sinal de que a democracia continua intacta.
***
Nordestinos, mulheres, gays e todos os demais movimentos sociais estão agora incluídos na lista dos coitados, que sofrerão o fim dessa filosofia do coitadismo.
Está dada a senha: negros não terão mais o direito de pleitear a sua entrada na Universidade. Pobres, idem. Seres trans de toda espécie, serão alvo de discriminação caso não se submetam. Nordestinos terão talvez assegurada a pitada de grama de que precisam para se alimentarem.
***
Vamos acabar com essa ideia de que meritocracia é quando as condições de partida são iguais. Mérito é tão somente saber quem é capaz de correr mais e melhor e por mais tempo. Se os subnutridos não têm essa condição, que se explodam. Se os vencedores são os que tiveram condições de largada mais satisfatórias, isso é porque Deus e os interesses do mercado, que se arvoram em deus ex machine, assim o quiseram.
***
No final, ao vencedor as batatas. O que irá apenas assegurar alimentos e segurança (alimentar, de saúde, física) apenas para os que já eram vencedores desde o início.
A pergunta que não quer calar é: porque estabelecer então a competição, a luta, a disputa, se o jogo é de cartas marcadas e todos já conhecem o resultado de antemão?
A menos que um Jesse Owens venha a ressurgir, como fênix do mundo dos deserdados.
***
Por tudo isso, votar no tiranete é acabar com o Brasil, multicultural, multiracial, paraíso tropical que encanta a todo o mundo.
E entregar nossas riquezas para um grupo de supremacistas brancos, entreguistas que não percebem que, quando forem eliminados todos os que se enquadram nas classificações que não suportam, será entre eles mesmos que terão que começar a digladiar e submeter.
***
Fora ao tiranete. Fora a essa ideia de entregar o país aos americanos, entregar nossas riquezas, a Amazônia e sua biodiversidade, o petróleo e a riqueza do pre-sal, nossas principais empresas estatais e até nossa liberdade, independência, autonomia e soberania.
Dia 28, devemos votar pela Democracia.
***

Em Minas, reproduz-se o mesmo quadro do pleito para presidente. Inclusive com a identificação de alguém que, sem muitas ideias e experiências acaba se dando mal toda vez que é entrevistado, como é o caso de Zema.
No entanto, justiça lhe seja feita, ele é alguém interessado em aprender, como demonstrou depois do vexame de, em público, mostrar que não sabia o que é a Funed.
***
Mas, para não mostrar como é repleto de vazios e desconhecimentos sua visão de Estado, da máquina da administração pública e seu desconhecimento de temas outros que não os que se refiram aos seus próprios negócios e interesses, ou de seus amigos, mais ricos e empresários, Zema resolveu fugir aos debates.
***
Torço para que isso seja uma decisão deliberada dele, para não se expor e correr o risco de ter de parar de enganar o eleitor de nosso estado, que acredita no fato de ele ser Novo.
Porque se for um comportamento apenas para se alinhar e, até justificar o de seu herói mais recente, o tiranete, então o que podemos fazer é lamentar.
Sentar e chorar, pelos 4 anos que estamos jogando pela janela.
***
O que  pode indicar que se o aroma fétido que sobe de parte do PT não pode nos impedir de votar em Haddad até pela vontade de ver prevalecer o regime democrático, muito pior é ter que admitir a possibilidade de eleger alguém que personifica essa podridão toda que exala e está entranhada no PSDB mineiro.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

A proximidade de Maluf e do tiranete; como a democracia é capaz de fazer surgir seu algoz. E como Haddad conseguiu se desvencilhar do mal caratismo do Roda Viva

Em 1989, Paulo Maluf era o candidato a presidente da República pelo PDS.
Em campanha, tratando da elevação do número de casos de crimes sexuais, alguns deles terminados em morte, cunhou uma frase que ganhou todas as midias da época e a reprovação de toda a sociedade.
Segundo ele, se o indivíduo está com desejo sexual...
“Tá bom. Tá com desejo sexual, estupra, mas não mata”.

Importa destacar que, por essa ocasião, ainda não havia acontecido o hediondo crime,  capaz de causar a repulsa de toda a sociedade, que passou para a posteridade como o caso Caso Liana Friedenbach e Felipe Caffé, que iria ser ter lugar nos dias iniciais de novembro de 2003.
Em relação à perversidade do crime, pouco há a comentar.
Tendo se originado sob a forma de um roubo, transformou-se em sequestro quando os marginais perceberam que os estudantes não tinham valores em seu poder e, ao longo de alguns dias evoluiu para um estupro, culminando com o assassinato bárbaro do jovem casal de namorados.
***
Mais recentemente esse caso andou sendo trazido à memória, ganhando as redes sociais, sendo tratado agora fora da esfera policial para ganhar conotações políticas.
A razão?
A discussão levantada pela identificação e punição de Champinha, na ocasião menor de idade, então apontado como o chefe do bando e principal responsável pela inominável selvageria praticada.
***
Em reação mais que compreensível em um primeiro momento, a descoberta de que sua menoridade lhe colocava sob o abrigo do Estatuto da Criança e do Adolescente, acabou gerando uma forte controvérsia que foi parar no Legislativo, questionando e exigindo modificações daquele Estatuto.
Revoltou à ampla maioria da sociedade que, por ser menor, Champinha não poderia ter o julgamento devido nem a punição merecida, podendo ainda recuperar sua liberdade em alguns poucos anos.
***
Sedenta de vingança e sangue, insisto, o que é compreensível no calor dos acontecimentos, a sociedade por seus representantes no Congresso passou a discutir a redução da maioridade legal, discussão ainda não decidida.
***
Apenas a título de observação, Champinha nunca pode sair, nem irá retornar nunca ao convívio da sociedade, identificado que foi por laudo psiquiátrico como portador de doenças mentais graves como transtorno de personalidade antissocial e leve retardo mental.
Ou seja, seu quadro pode trazer riscos para a sociedade, o que justificou sua transferência para uma Unidade Experimenal de Saúde, dirigida à recuperação de jovens infratores com distúrbios mentais, onde se encontra até hoje.
***
Mas, o que me interessa não é trazer à memória um caso escabroso como esse.
Como afirmei antes, esse caso foi reavivado e ainda tem sido, por seguidores do tiranete que se pretende presidente do país, já que foi da discussão e controvérsia instalada na Câmara que se originou a agressão do tiranete autoritário à sua colega Maria do Rosário.
Foi desse bate-boca que nasceu a frase de que a deputada não merecia ser estuprada, por ser muito feia.
Frase que valeu a condenação junto ao STJ, do lobo que se fantasia de cordeiro e que se faz passar como inocente e puro.
Afinal, nada melhor que cultivar a ideia de que bandidos ou culpados são os outros.
***
A lembrança de Maluf e de sua frase não me abandona, não com o intuito de espezinhar o político já abatido pela idade e pelas condenações de que é merecedor. Mas pelo fato de haver muita proximidade entre o capitão tirano, e o político paulista.
O capitão da reserva afinal fez parte por muitos anos do partido PP, em que Maluf despontava como um dos principais, senão o principal líder.
Partido ao qual pertencia também, por um período, o ex-ministro da ditadura militar, Delfim Netto.
Também ele, suspeito de participação em vários escândalos da época, apenas que, dada a situação política, não devidamente investigados.
***
O que revela que nem o capitão pode ocupar o altar da santidade a que pretende se elevar, nem tampouco pode-se alegar que não teve escola.
Por exemplo, naquele período da ditadura militar, em que o tiranete sofria uma lavagem cerebral nos quartéis e passava a glorificar a tortura, Maluf era político vinculado ao regime até as entranhas, tendo sido, inclusive indicado prefeito de São Paulo, e Delfim era homem forte dos governos militares, situação que perdurou até o fim do governo Figueiredo.
***
Logo, não há como a figura autoritária sair por aí se passando pela vestal que nunca foi nem poderá aspirar a ser.
Especialmente por utilização de verbas públicas de maneira imoral, aética, embora legal. Ou mesmo por uso de verbas públicas de forma ilegal, ao pagar funcionários particulares, considerados fantasmas em seu próprio gabinete.
***
Dessa espécie de gente, de origem humilde e sem maiores posses ou mesmo educação, é curioso saber como conseguiu amealhar o patrimônio que hoje detém embora sempre reconhecendo que, como deputado  recebedor de penduricalhos mil, tem renda sim, para ter criado um patrimônio - independente de tal patrimônio constar ou não de sua declaração.
***
Ou seja: ladrão por ladrão, até a Bíblia ensina que é preferível apoiar e perdoar ao bom ladrão. Justo aquele que teve humildade para se arrepender e deixar de lado sua arrogância.
***
E fazendo a analogia da passagem bíblica, quem é o candidato que a cada dia mostra, por suas declarações ou por seus assessores e auxiliares que não é capaz de perder a agressividade e a empáfia?
Quem é pai do deputado capaz de incitar que basta um soldado e um cabo para fechar uma das principais instituições da manutenção em vigor do regime democrático?
Pior: ainda afirmar que atribuindo tal missão aos soldados, não estaria relegando-os a tarefas menores ou insignificantes.
O que é ato flagrante de crime tipificado na Lei de Segurança  Nacional.
***
Curioso: como reagem a mídia e a sociedade dita de bem?
De forma diversa de quando Lulla afirmou que o STF estava acovardado.
Naquela ocasião o ex-presidente tinha perdido a oportunidade para ficar calado, mostrando seu lado autoritário.
Agora, o que dizer da recepção da sociedade, muda, e certamente concordando intimamente com o ato criminoso?
***
Ah! depois pai e filho vêm dizer que foi uma brincadeira de mau gosto e pedir desculpas.
E, claro, acovardados, os ministros aceitam o pedido de desculpas, perdoam, não sem antes falarem meia dúzia de abobrinhas, louvando a preservação das instituições e do Estado de Direito.
***
Será que não perceberam que esse estado democrático já está mais que suficientemente ameaçado?
Será que não têm força ou vontade ou capacidade, ou apenas têm é muito medo mesmo, de uma possível reação de parcela dos soldados do Exército, aquela dos trogloditas torturadores, que se fazem acompanhar por trogloditas apoiadores, que são apenas bossais agressivos e seres humanos de formação incompatível com o mínimo de dignidade que um ser humano deve preservar.
***
Não nos esqueçamos, foi o próprio pai tirano, que afirmou que não iria reconhecer o resultado das urnas, a que acusou de fraudadas, ainda no hospital depois do ataque desprezível de que foi vítima.
Foi ainda ele mesmo que disse que torturar foi errado, devia era de ter matado 30 mil.
Também de sua autoria é a pérola de que, se eleito, irá matar ou expulsar a petralhada, termo que cada vez mais vem se tornando a maneira genérica de se referir a qualquer pessoa que tenha opiniões contrárias às dele.
Contrárias, antagônicas, talvez porque pensadas, racionais, fruto do uso do cérebro que parece estar embotado nele e em seus seguidores.
***
Se é montagem ou não, a verdade é que o youtube traz, até mesmo como estratégia de atemorização e para quem sabe fazer se impor pelo medo, a fala - "hangout" (?) de militares, ameaçando lotar as ruas e praças para fazer correr sangue, caso o tiranete não seja proclamado eleito.
A eles pouco importa se as regras do jogo foram ou não fraudadas. A eles como a vários admiradores do tirano, pouco importa que recursos ilegais tenham ou não sido utilizados para criminosamente, espalhar inverdades contra os adversários.
***
Depois essas pessoas que se dizem preocupadas com o país e racionais, afirmam que são o Caixa 2 ou  até 3, do capitão autoritário.
E ainda, nas redes sociais, alegam não ter bandido de estimação, quando o deles está incrustrado no seus corações. E ocupa o lugar da massa cinzenta que deveria estar ocupando o seu cérebro, vazio, oco, devidamente lavado.
***
E são esses mesmos que têm a capacidade de se afirmarem ser bobagem trazer de volta a questão da tortura. Que essa questão, dificilmente reconhecida, deveria ser esquecida, apenas para comprovar a sua indignidade enquanto ser dito humano.
Mais uma vez, curioso.
Não esquecem o Champinha. Não esquecem criminosos outros, de facções distintas daquelas a que parecem estar associados.
Para eles a máxima: não vamos nos esquecer nunca do que foi feito contra nós e que nós não gostamos, e nunca nos recordemos das atrocidades que nós patrocinamos.
De pessoas assim quero distância. Para que a mera presença delas, não venha agredir minha dignidade.
Afinal, a julgar pelo "andar da carruagem", dentro em pouco estarão pedindo para esquecer ou até negando o holocausto e a ascensão de Hitler na Alemanha dos anos 30.
***
Já que eles já esqueceram ou negam a história, ao apoiarem um filhote de Hitler e da intolerância que paira constantemente sobre nosso planeta.



No Roda Viva

Depois de assistir um Roda Viva em que Manuela foi agredida e pouco teve espaço para a entrevista em que ela era a personagem a ser inquirida, ontem o grupo de repórteres, alguns com posturas reconhecidamente mal intencionadas, tentaram espremer o professor Haddad de todas as formas.
Atitude inútil.
Primeiro porque, diferente de seu antagonista, que se esquivou mais uma vez de ir apresentar a verdade de que nada tem para apresentar, Haddad não é bobo.
Segundo porque não é autoritário ou agressivo ou mal-educado.
E porque ter obtido quarenta e tantos milhões de votos não dá a candidato nenhum o direito, democrático de fomentar a insegurança, a ruptura, e eliminar a própria democracia.
Ser democrático é justamente o oposto de se arvorar em o exterminador da democracia utilizando-se de práticas democráticas tão sagradas como o voto.

***
A verdade é que o capitão e seus seguidores fazem a gente ter que enfrentar certo cheiro acre que exala de parcela do PT, não aquela a que Haddad faz parte, seguramente; cheiro que exala, como de resto de vários outros partidos existentes,  para votar a favor da preservação da ordem institucional.
Para votar a favor da democracia.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Desrespeito não é mimimi. É apenas falta de educação mesmo. E a formação do fã de torturador explica bastante isso. Ao contrário de ser um Trump, faz dele um Duterte

Qual seria o motivo de o candidato que faz a apologia à repressão ser tão deselegante em relação ao seu adversário?
Ah! desculpem-me o mimimi. Essa questão de ser deselegante é frescura.
O cara é grosso mesmo. Bem à feição de quem passou grande parte da vida na caserna. Em meio àquela grande quantidade de meninos/rapazes/homens. Seus colegas de formação, com os quais ele deve ter aprendido que macho é macho....
***
Afinal, como nos mostrava de forma magistral uma cena do filme Filadélfia, há medo maior que você frequentar a sala de reuniões, ir aos bares tomar drinks e talvez até frequentar alguma sauna com um colega de trabalho...? Quem sabe até dar um tapinha em suas nádegas quando ele passa ao seu lado enrolado na toalha...
E depois descobrir que aquele colega é gay.
O que será que os outros - quem sabe até aqueles que os viram nesses momentos de camaradagem - vão pensar de você???
***
Mas o pitaco de hoje não é para falar de homofobia.
Nem nas bancas de direito, nem nas fileiras do Exército. Muito menos no discurso de quem quer chegar ao cargo mais elevado de nossa nação.
O pitaco é para assinalar aquilo que reconhecido mesmo por seus eleitores mais esclarecidos: o candidato fã de torturadores é bronco. Ignorante, o que não retira dele uma certa forma de inteligência, de sensibilidade que cheira ao oportunismo, muito à semelhança de Lula, a quem ele tanto critica.
***
Critica, mas cita o tempo todo, inclusive para justificar, agora, sua provável fuga - estratégica - à realização de debates e do confronto de ideias.
Porque o candidato que está na dianteira não tem ideias fundadas para apresentar ao seu público eleitor. A ele, basta o discurso composto de uma grande quantidade de chavões. De lugares comuns. A maior parte, expressão de preconceitos e falta de respeito às diferenças. Ou seja, mais mimimi...
***
O problema é que me lembrei de um curso de Sociologia que tive a oportunidade e a obrigação de participar, como aluno do mestrado da EAESP/FGV, ministrado pelo professor Sérgio Miceli Pessoa de Barros.
No curso, a turma dividida em grupos deveria compor um retrato da realidade de nosso país, a partir da leitura da autobiografia de uma série de personagens, classificados em grupos: dos intelectuais, dos políticos profissionais, acho que padres, e militares.
A mim, coube ler a autobiografia do capitão de 30, Juarez Távora, em cujas páginas, entre outras coisas pude constatar a existência de duas formas de um filho de família menos abastada ter acesso aos estudos. Uma delas, pela entrada nos Seminários. A outra, através da matrícula, sempre difícil, nos colégios militares.
***
Lembrando-me disso, e da origem de classe média de menor posses do fã de Brilhante Ustra, foi que conclui que não é possível cobrar muito mais, em termos de educação, de quem não teve a possibilidade de conhecer outra realidade.
Daí, talvez, a explicação da origem do candidato.
***
E essa a explicação para o fato de ele tratar publicamente seu adversário, professor com pós-doutorado, com o desrespeito que trata.
E não estou me referindo a fugir dos debates, mas às referências desqualificadoras que dirige ao seu oponente, como alguém que não tem qualquer conteúdo ou luz própria.
***
Curioso é que vários outros militares já frequentaram as páginas de nossa história, e neles não havia esse ranço da falta de educação e da baixaria. Muito ao contrário.
O problema talvez seja aquele indicado ontem por Elio Gaspari em sua coluna da Folha: o candidato deputado pensa ou quer se fazer passar por Trump. Mas não consegue ser mais que um arremedo de Duterte.
O que explica muito de seu jeito de ser. Infelizmente.
***
Mas antes fosse apenas um problema de falta de educação ou traquejo,  o que vem da campanha do candidato à frente na preferência popular.
Há questões mais substantivas, piores. Como a exploração das "fake news", apenas agora proibidas pelos tribunais, quando a campanha já chega à sua reta final.
Mentiras plantadas em redes sociais como a de que o candidato do PT fosse o autor de um kit gay, destinado a transformar todas as crianças de nosso país em transgêneros. Ou como a de que a candidata a vice em sua chapa tivesse desrespeitado símbolos religiosos e dado declarações que vão contra a crença do povo.
Mentiras que ganham espaço e, muitas delas se aproveitando da ignorância desse mesmo povo que, sem conhecer, não se dão ao trabalho de pesquisar, se informar. Apenas reproduzem as inverdades que lhes chegam e provam, cabalmente, aquilo que alguns mais próximos até já desconfiavam: sua estupidez e ignorância.
***
Nesse caso, está o usuário das redes sociais que alega que Haddad foi um mal ministro da Educação, devido ao lastimável estado em que se encontra nossa educação fundamental. Como se o ensino fundamental  sob a responsabilidade das prefeituras municipais - e o ensino médio, sob responsabilidade dos Estados fosse da esfera federal.
Ou que cobra planos de segurança pública, função dos Estados, de administradores da instância federal.
***
Reconhecer as "fake news" e seu papel nefasto deveria ser obrigação de todos, especialmente dos meios de comunicação. Mas fake nesse sentido amplo, de permitir ao público ter acesso a mais informação do que aquela que lhes é fornecida. Afinal, por esse motivo, os meios de comunicação são classificados como concessões de serviço público.
Papel ao qual têm descumprido.
***

Deixo de lado a questão da campanha presidencial, por ora. Para comentar a questão das eleições nos Estados, especialmente Minas.
Onde o partido Novo, com um candidato que classifico como oportunista da pior espécie, é o favorito para conquistar o Palácio da Liberdade.
E justifico minha opinião sobre a espécie de político que é Zema, a quem não conheço, por seu comportamento no último debate antes do primeiro turno quando, para atrelar seu nome ao da onda conservadora, pediu votos para outro candidato, diferente do indicado por seu partido.
***
O que lhe valeu uma reprimenda, uma desautorização por parte da Diretoria Nacional da agremiação pela qual era candidato.
Em minha avaliação, tal comportamento serviu apenas para mostrar que de Novo, o partido tem apenas o nome, já que suas práticas são as velhas conhecidas de sempre.
Aliás, esse comportamento é conhecido como fenômeno cristianização. Nada a ver com o sofrimento de Cristo.
Mas com o político Cristiano Machado, abandonado por seu partido, o PSD, em 1950.
***
Zema pode ser apontado como um neófito em política. Mas em sua chapa consta o nome de Paulo Brant, que concorre como vice, cuja experiência em administração pública não pode ser questionada. Afinal, o professor Brant fez sua carreira profissional, em grande medida, como um quadro técnico importante do BDMG.
***
Mas Zema tem menos experiência em política e administração pública que seu oponente.
E como tal, comete falhas que poderiam ser chamadas de primárias.
Como exemplo, pode ser citada a cometida na sua entrevista a uma rádio em que fez referência, sem qualquer comentário crítico ou ressalva, à remuneração da doméstica na região Norte/Nordeste de Minas.
Ora, considerando que depois da lei das domésticas, quem paga 300 reais de remuneração está agindo contra a lei, o fato de reconhecer a realidade, sem qualquer discordância, é uma imagem bastante útil, de que ele não condena tal comportamento.
***
Cito esse fato apenas como exemplo do que a falta de traquejo pode acarretar.
Entretanto isso não significa que o seu oponente, que se apresenta como gestor público de larga e comprovada experiência, seja melhor candidato.
Afinal sobre seus ombros pesa, entre outros, o fato de ser uma criação - um poste? - de Aécio, aquele incorruptível político carioqueiro, responsável por ter jogado o país nesse turbilhão que estamos atravessando desde 2014.
Ah! Diga-se com o apoio de Anastasia.


quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Nem toda onda é renovação; mas todo tsunami é destruição. Está na hora de as rosas serem chamadas de rosas, de rosas, de rosas...

O que é que há, pois, num nome? Aquilo a que chamamos rosa, mesmo com outro nome, cheiraria igualmente bem. (Shakespeare)

A rose is a rose is a rose. (Gertrude Stein)
***
Iniciamos hoje, com duas citações famosas, a primeira de Romeu e Julieta, a outra, uma variação de frase da mesma autora.
A razão? Buscar inspiração.
***
Seguindo pela mesma trilha, nos perguntamos: O que é uma onda?
  1.  uma das elevações formadas nos mares, rios, lagos etc. pelos movimentos de vento, marés etc.; vaga.
  2. POR EXTENSÃO
     água que se agita e se eleva, lembrando a onda; vaga.


Uma consulta a vários outros significados trazidos pelo Google, nos lembra que a 

onda simboliza a potência da natureza, poder e mudança. A onda simboliza também renovação devido a uma ruptura e mudança de ideias, ...

Ou ainda uma moda, uma tendência.
***

Inspirado talvez no significado, Dennis Gansel dirigiu, escreveu e atuou no filme Die Welle, cujo título traduzido para o português é A ONDA.
E de que trata o filme, para os que não tiveram a oportunidade de assisti-lo?
Também da internet podemos extrair uma breve descrição. Ali, percebemos que o filme conta uma fábula que tem lugar em uma Escola alemã, de Ensino Médio, quando um professor resolve adotar uma dessas metodologias ativas de ensino, quem sabe uma dessas modernidades que a Pedagogia tanto exalta, e identifica como "a sala de aula reversa".
Pois bem, melhor ler a síntese da internet:

Rainer é um professor a quem foi designada a tarefa de instruir seus estudantes de Ensino Médio sobre o Estado Autocrático durante uma sessão às lições longas. Um professor favorito entre as crianças, Rainer decide deixar seus alunos desenvolver o assunto e pede a eles que construam sua própria autocracia. No entanto, quando as crianças formam um Estado-nação similar com o da Alemanha nazista, os professores não sabem o que fazer.

***
Não consegui me conter. De uma crítica, retirei mais esse pequeno trecho:

A Onda é um filme alemão lançado em 2008 onde um professor, escalado para lecionar sobre autocracia, resolve apresentar na prática a formação de um sistema ditatorial em suas aulas. Durante este processo, vemos o impacto nos alunos, em suas relações internas e com outras pessoas da escola, família e cidade, incluindo o próprio professor.
O primeiro tópico a levantar é como o filme mostra o quão sedutor é pertencer a um grupo, mesmo que isso acabe reduzindo a força individual de cada um e distanciando a relação com quem não o pertence. Ainda mais tratando-se de jovens e adolescentes, período onde é muito fácil nos acharmos diferentes e rejeitados.
***

Mas, voltando às questões de nosso pitaco hoje, o que é um tsunami?
Mais uma vez, o dicionário da web nos revela que trata-se de 
vaga marinha volumosa, provocada por movimento de terra submarino ou erupção vulcânica.

Mantendo o mesmo padrão da definição anterior, ficamos sabendo que essa expressão japonesa, formada por tsu = porto e nami = onda, significa:

Tsunami ou maremoto é uma série de ondas gigantes, que se formam principalmente através de abalos sísmicos. Os tsunamis têm um enorme poder destrutivo, pois ganham muita força quando chegam nas regiões costeiras, formando ondas com mais de 30 metros de altura.
***
E qual a razão de estamos nos referindo a tais palavras, expressões e significados?
Por que o país parece estar sendo varrido por uma onda. A onda ultra-direitista, representada pela ascensão, no plano político nacional, de um personagem que até aqui, passados mais de 27 anos de atuação na arena política, conseguiu protagonizar, apenas, situações e cenas de um ridículo capaz de corar até mesmo uma Marianne Le Pen, a líder ultra direitista da França.
***
Como são exemplo as fanfarronices, entre as quais se inclui sua proposta ou intenção de fechar o Congresso, quando fazia um discurso da tribuna da Câmara; ou a sua declaração de que o mal da ditadura foi ter torturado ao invés de matar; ou ainda a de que o presidente da República merecia ser fuzilado.
Não precisamos nos estender mais no assunto. 
Nem lembrar de suas frases gentis, em relação a uma colega, a deputada Maria do Rosário, feia demais, em sua opinião, para ser estuprada. Ou então os quilombolas, de mais de 7 arrobas, para poderem ser produtivos...
***
Pois não é que, ainda assim, esse candidato que acaba de ser classificado como alguém que "soa como nós", por liderança da Ku Klux Klan consegue fazer a cabeça e arrastar como uma vaga de renovação e mudança de ideias a grande parte da sociedade brasileira?
E olhe que, a julgar resultados de recortes de pesquisas como a do IBOPE, atraindo a maioria dos mais ricos, dos de maior renda salarial (acima de 5 salários), dos que moram nas regiões geográficas de maior desenvolvimento do país e conseguindo cativar grande parte dos que contam com curso superior?
***
Qual a razão de tal fenômeno, desse tsunami?
Uma certa fadiga de material em relação à propostas, governos e estilo de vida que, desde o final da segunda guerra, veio criando o que se convencionou chamar de Estado do Bem Estar Social?
Fadiga, talvez, porque depois de promovida a reconstrução da Europa e dos países destruídos pela Guerra; concluída a formação de um mercado de consumo de massas, e finda a etapa de inclusão dos estratos da população com padrões inferiores de renda, esse projeto de social democracia atingiu aos seus limites, sem mais espaço para avançar?
***
Quem sabe a questão, que não é apenas do nosso país, não passa por aquilo que Marcos Coimbra, diretor do instituto de pesquisas Vox Populi, sugeriu como hipótese explicativa no programa Entre Vistas, de Juca Kfouri (canal 20, TV Minas, apresentado na noite de ontem): a hipótese de que, agora, a grande maioria das pessoas, tendo acesso a padrões mínimos de vida, não começam a se questionar da validade de os frutos de seu trabalho se destinarem a um Estado que irá, através de políticas compensatórias, ou políticas ativas, destinar a quem preferiu se tornar eterno beneficiário da ação afirmativa estatal?
***
A única questão é que essa sociedade mais igualitária nunca se constituiu em nosso país? A miséria nunca foi combatida e a inclusão social, aqui, não passa de uma miragem distante.
Entretanto, no mundo estreitado da comunicação de Mcluhan, transformado em uma aldeia global, ou no dizer de Thomas Friedman, nesse mundo aplainado que vivemos, não há necessidade de estarmos vivendo essa fadiga de material ou de ideias. 
Afinal, estamos vivos no mundo e, só por isso, somos capazes de sentir e reagir como se estivéssemos em um país de elevado grau de democracia europeu.
***
Talvez a esses que não se dão conta de como o nosso país é atrasado em relação a seu posicionamento frente a tais limites, é que o discurso da ultra direita representada pelo militar da reserva encontre ecos e tenha algum significado.
***
Mas, como uma rosa é uma rosa, e seu nome não lhe retira o cheiro, qualquer que seja, melhor darmos os nomes aos bois, como os bois devem ser chamados, servindo ou não como animal de tração.
O candidato que fala em combater a corrupção é o mesmo que sempre conviveu muito bem no meio em que ela sempre foi presente. 
O candidato que fala em renovar o modo de fazer política é apenas um fascista, autoritário, que vai trair, como já traiu antes, a suas promessas, destinado a transformar esse país, em um estado autocrático, de supremacistas brancos, por mais que dê, agora, declarações tentando se descolar de tais rotulações. 
***
Por que, se a onda é renovação, e o tsunami, a energia acumulada por tais movimentos que brotam, quando em vez da terra, é importante lembrar que, os casos mais conhecidos são de devastação. 
E fazem tsunamis rimarem devastação com destruição.
***
Como observou Marcos Coimbra, o capitão deputado é um homem popular, vindo da mesma classe social que a grande maioria que compõe o eleitorado do pais, sem privilégios, sem cultura, sem nível intelectual para ser o líder que toda essa parcela da população espera encontrar.
Tal perfil é o que o transforma em carismático, e que permite a ele fazer besteiras, falar bobagens, mostrar total incapacidade para assumir o papel que se espera de um mandatário de um país com tamanha responsabilidade, inclusive continental. 
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Mas, como todos erramos, todos erram, seu lado agressivo, bronco, é apenas mais um elemento que auxilia na sua identificação com parcela do povo. 
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No entanto, é bom lembrar, mesmo com ataques de fogo amigo, "pero no mucho", como o de Cid Gomes, falando quem sabe em nome de seu irmão, o sempre despeitado Ciro, ainda há tempo para que a democracia possa prevalecer.
Que Haddad possa se mostrar mais digno do voto de quem até aqui criticava líderes políticos sem instrução, sem conhecimento, sem experiência, sem um mínimo de capacidade de convívio com contrários e um mínimo de educação. 
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A pesquisa IBOPE mostrou uma onda. Uma moda. Uma tendência. 
Está na hora de os que lutam e têm apreço pela manutenção da democracia, não esmorecerem. E lutarem para que essa onda de destruição seja apenas um alarme falso. 
É isso. 




terça-feira, 16 de outubro de 2018

Análise da história e de passagens do candidato que se arvora em combatente da corrupção; ideia que nada mais é que uma "fake news"

Em sã consciência, ninguém pode afirmar que uma possível eleição do capitão da reserva é o primeiro passo para o fim da nossa "tenra" democracia.
Afinal, como nos ensina a sabedoria popular, o futuro a Deus pertence, e como nos ensinava Collor, por meio de suas camisetas nos idos de 1990, o "tempo é o senhor da razão".
Mas, embora não quisesse fazer um pitaco cheio de platitudes e lugares comuns, o passado nos ensina.
Está aí a estatística e o estudo das séries temporais, tão ao gosto de muitos colegas e analistas celebrados, para nos ensinar o conceito de tendência, e seus impactos, inclusive, quanto à previsibilidades.
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Por esse passado, e as tendências que ele permite extrair, vemos que o ex-deputado federal, que hoje se apresenta como avesso a e combatente de toda a corrupção em nosso país, foi filiado e conviveu por longos anos, no PP, o partido que desde seu nascimento já indicava prestar-se a qualquer coisa.
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Apenas a título de respeito aos registros históricos, o PP nada mais é que uma invenção de Magalhães Pinto e de Tancredo Neves e outros liberais, até então considerados opositores, unidos em reação à reforma política adotada por Figueiredo nos anos 80.
De lá para cá, já mudou de fisionomia, de integrantes e de postura, para mais recentemente, ser o partido dirigido pelo Dr. Paulo Maluf, esse nosso paladino na luta contra a corrupção.
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Interessante assinalar essa peculiaridade do PP, de um de suas eminências, e do deputado que hoje assume o papel que um dia foi de Collor, apenas que aquele caçava marajás, e esse de hoje, caça corruptos.
Antes de prosseguir, não posso me furtar a uma observação: o caçador de corruptos de agora, ou aprimorou durante seu convívio com a sua agremiação e seu líder, as técnicas de identificação e punição aos corruptos, ou então era já naquela época, como talvez sempre tenha sido, uma pessoa de visão prejudicada.
Completamente cego, sem conseguir ver um palmo à frente do nariz. Nunca viu ou criticou qualquer corrupto com quem convivia.
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Mas até essa conclusão de que o capitão nada via, é "fake".
Está lá na Carta Maior, em matéria postada em 20/12/2006, por Nelson Breve, para quem quiser se dar ao trabalho de ir consultar com o oráculo, o Google:

Com Maluf e Bolsonaro, PP pleiteia espaço na coalizão de Lula




Deixei da mesma forma, letras garrafais e cor, a chamada da matéria.
Porque, por aí pode se ver que o autoritário capitão deputado, mais que aliado de Maluf, também manifestou interesse em participar de coalizão encabeçada pelo suposto "chefe da quadrilha dos petralhas" a que ele poderia dar apoio.
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Pois bem, a matéria ainda trazia, em benefício do militar da reserva o seguinte parágrafo, que reproduzo abaixo:

O deputado Jair Bolsonaro (RJ) chegou avisando que não tinha sido cooptado. Permaneceria com o mesmo comportamento oposicionista que teve nos últimos 16 anos. “Só vou ouvir o que o presidente quer falar. Não vou apoiar ninguém. Meu voto e minha retaguarda não negocio com ninguém”, assegurou. Mas deixou aberta uma porta de interlocução dizendo que aceitaria negociar o aumento do soldo para os militares. 
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Aqui uma questão de justiça, em defesa do discípulo do torturador Ustra: esse capitão da reserva, sempre fez de tudo, legal ou não, real ou apenas sob a forma de ameaça, para obter aumentos para  seus colegas, e para si, enquanto envergava a farda.
Foi esse comportamento que acabou obrigando o atual líder da ordem e do respeito a ter que pedir para passar a reserva, antes que uma expulsão manchasse definitivamente sua carreira.
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De todo o pitaco até aqui, lembremos com Jânio de Freitas que o tal caçador de corruptos  de hoje, ao que parece, só se insurge contra a corrupção quando essa não é de seus "chegados". Talvez quando ele não tenha como participar.
E nem mencionei, aqui, que de seu partido PP, também fazia parte o deputado Severino Cavalcanti.
Embora o capitão tenha deixado o PP e se filiado ao PFL, de vários corruptos de renome, uma história deve ser resgatada, dos registros do Congresso em foco.
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É que, esse mesmo Severino, poderia ter recebido a alcunha de "O Célere" uma vez que, em pouco tempo, descobriu-se que participava da história do "mensalinho" da Câmara, quando achacava os proprietários de restaurantes que tinham a concessão para operar na Casa.
Mas o fato a ser recuperado é que Severino só não foi eleito presidente da Câmara com o voto do capitão da reserva, porque conforme confissão do próprio capitão, ele pensou em votar em Severino, mas lembrou-se que iria pegar mal não votar em si mesmo.
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Sim, leitores desse pitaco, se algum.
O capitão da reserva já nessa altura era candidato a presidente da Câmara, tendo obtido 2 votos, um a mais que o seu.
Ainda assim comemorou a façanha de Severino, do baixo clero da Casa, ter imposto uma derrota contundente ao governo, então de Lula.
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Mas, a tendência estatística  serve ainda para mostrar quem é esse apaixonado por torturadores, que prega Jesus e Deus acima de tudo e de todos.
Também reproduzo na íntegra um trecho de reportagem:

"O deputado Jair Bolsonaro (PPB-RJ) deverá ser punido por ter pregado o "fuzilamento" do presidente Fernando Henrique Cardoso. O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), vai reunir a Mesa Diretora em janeiro para discutir que tipo de punição poderá ser adotado.
A Folha apurou que não está descartado o pedido de cassação do mandato de Bolsonaro, maior pena prevista por falta de decoro parlamentar. Anteontem, em solenidade no Clube de Aeronáutica no Rio de Janeiro, Bolsonaro disse que "para o crime que ele (FHC) está cometendo contra o país, sua pena deveria ser o fuzilamento".
"Todas essas manifestações (no Clube de Aeronáutica) são na verdade tentativas de rompimento constitucional. Falar em fuzilamento é uma irresponsabilidade", afirmou Temer."
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Até Temer, o golpista traidor, atualmente em recesso, manifestou-se contra o absurdo que o deputado, defensor dos humanos direitos, foi capaz de pronunciar.
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Olha, não fui eu quem disse a frase do fuzilamento, contra uma autoridade constituída.
Para esse candidato que, ao que parece, tem uma caso de amor com a agressão e os crimes de tortura e fuzilamento, é interessante lembrar seu comportamento, por mais que não tenha sido punido, foi criminoso.
O que revela que ele mesmo não é um humano direito.
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Fatos, "fakes", existem muitos, mas o registro de falas do candidato não deixam margem a dúvidas.
Esse militar de segunda categoria - ele, não os militares da reserva, que dedicaram sua vida ao país e ao Exército brasileiro - foi quem, como deputado em primeiro mandato, declarou em entrevista ao New York Times que o Congresso deveria ser fechado.
Como foi ele que se referiu à necessidade de armar as crianças e ensiná-las a atirar; para que uma criança birrenta seja amanhã, protagonista de crimes que ele, em sua pregação deseja fazer desaparecer na sociedade.
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O que esse militar de reserva, que ainda teve a cara de pau de se apresentar, ontem, como professor de Educação Física apenas por ser a data de comemoração do dia do Professor, deseja, na verdade, é transformar cada criança naquilo em que a nossa sociedade já conseguiu transformar as crianças do morro, ou das comunidades, ou simplesmente favelas dos núcleos urbanos de nosso país.
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E nem vou me alongar aqui, para tratar de outras de suas propostas, todas merecedoras de críticas várias. Ao menos não no pitaco de hoje.
Refiro-me ao absurdo que é ouvir o deputado defensor da tortura, falar em cursos de EAD, para educação fundamental.
Em termos de educação, apenas lembrar de suas afirmações, destinadas a prestar elogios (merecidos!) aos Colégios Militares.
Apenas que, para o candidato, esses colégios são dignos de elogios, não pela seriedade com que tratam os conteúdos e disciplinas ministradas, em sala de aula. Mas pela disciplina que impõem.
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Também não vou tratar hoje do absurdo da proposta de seu guru em economia, de estabelecer como alíquota máxima de IR, o percentual de 20%.
Isso quando, em todo o mundo, esse imposto é progressivo, e níveis de renda mais elevadas são tributadas em valores cada vez maiores.
Aqui, na contramão do resto dos países desenvolvidos, a proposta nos leva ao aniquilamento dos mais pobres, o que parece ser a intenção do candidato, para quem um jeito de eliminar a pobreza talvez fosse apenas, e mais simples e economicamente, simplesmente, metralhar as comunidades em que esse estrato da população sobrevive.
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Enfim, vários conhecidos parecem tão descrentes e desanimados de nosso país que fazem questão de não se incomodarem com o que as tendências insistem em nos mostrar de forma até agressiva.
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Mas, o coiso não. Essa cria do pior tipo de autoritarismo fascistóide, com a corrupção para os amigos íntimos, não pode ser o escolhido por quem estudou, teve família, tem como se informar.
Sobretudo por todos os que defendem a democracia. Mesmo que reconhecendo o acerto da citação de Churchill, para quem a democracia é a pior de todas as formas de governo, excetuando-se todas as demais.
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Não à volta dos tempos de repressão, tortura e autoritarismo obscurantista.

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

O capitão da reserva, aqui como lá, na Venezuela, quer aumentar o numero de juízes da Corte Suprema. Aqui como lá no Chile de Pinochet, quer implantar um modelo liberal extremado (???) ou prefere confiscar poupanças como no Brasil do autoritário Collor?

Não faltaram críticas ao programa que, em cumprimento da legislação eleitoral, o PT registrou junto a TSE.
Em especial, foi dado grande destaque à proposta constante naquele documento, que previa a convocação de uma nova assembleia constituinte, destinada a promover mudanças na Constituição Cidadã, que recém completou 30 anos, em 5 de outubro.
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Importante deixar claro que  Fernando Haddad já declarou que não iria promover tal medida, preferindo propor alterações na Constituição respeitando os trâmites previstos no documento original, ou seja, por meio de Emendas Constitucionais.
Emendas que só são aprovadas por quorum qualificado do Legislativo.
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As declarações do candidato petista, contudo, não são suficientes para aplacar parte das críticas à ideia, feitas pelos eleitores da outra chapa. 
O que é, no mínimo, estranho.
Isso porque tais grupos preferem, imediatamente, lembrar dos fatos que aconteceram na Venezuela de Maduro (sempre ela!), onde após as eleições, o autoritário personagem convocou adotou comportamento idêntico, alterando a Constituição de forma a perpetuar-se em no governo, agora com poderes ampliados. 
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Logo, os apoiadores da chapa do ex-capitão, imediatamente passaram a divulgar por redes sociais, estar em marcha um golpe no país, caso Haddad fosse eleito.
O que se não é uma mentira, é no mínimo curioso. 
Isso não só porque Haddad, insisto, imediatamente manifestou-se contrário à tal proposta comprometendo-se em não cumpri-la.
Segundo, porque o próprio candidato a quem prestam seu apoio, também viu-se na obrigação de comprometer-se a não vir a procurar alterar a Constituição em vigor, ou propor uma nova Constituinte, ou coisa semelhante.
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E porque essa reação do militar da reserva?
Porque seu vice, o general Mourão, em mais de uma oportunidade manifestou expressamente que a ideia de uma revisão de nossa Carta não era alheia aos grupo que cerca o candidato de viés autoritário. 
Viés que, também aqui se revelou patente, uma vez que, ao contrário da proposta do PT, para o general Mourão, uma nova Constituição poderia ser feita por um Conselho de notáveis, seja lá o que isso pudesse significar, com um referendo posterior da população.
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Uma simples comparação das duas propostas, a do PT, constante do programa de governo, a do outro grupo, explicitada pelo vice na chapa, mostra uma abordagem muito mais democrática do PT, já que a tal nova Constituinte seria escolhida pela vontade popular. Não por  um grupo de pessoas, ditas notáveis. Ou notórias? O que impede que a turma do capitão não considere um Alexandre Frota notável?
Isso mesmo: o deputado eleito, que já afirmou estar preparado para Brasília, por estar acostumado com putaria... Bem, tendo em vista que o partido dele foi o que mais cresceu e elegeu um número grande de deputados, melhor que ninguém ele deve saber ao que está se referindo...
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Mas, os apoiadores do capitão, que criticam Haddad, não se manifestam em relação ao que poderia estar contido na pretensa Carta nova, proposta por seu candidato.
O que revela uma postura que eu definiria como fruto de uma lavagem cerebral inédita e inexplicável. 
Ou não: basta que eles tenham interesse em assistir ao documentário "Driblando a Democracia" que mostra como se deu a vitória do "fake" Trump (melhor seria "fuck"...) . O documentário está no Now, por exemplo.
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Uma coisa é certa, e já foi abordada por pessoas insuspeitas (???) como Samuel Pessôa, desde as eleições de 2014, nossa Constituição consagrou uma série de direitos para nossa população que, se forem todos implementados e cumpridos, irão trazer sérias dificuldades de financiamento para o Estado. 
Isso não é de todo mal. Mas exigiria a adoção de uma nova postura de todos em relação à questão tributária em nosso país. Com elevada carga de tributos, que poucos aprovam.
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Mas não é essa a única questão que mostra os eleitores do militar da reserva como completamente dominados em sua capacidade analítica, de pensamento e decisão. 
Porque foi seu candidato que propôs aumentar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal para 21 membros. Com o intuito claro de poder nomear a maioria da Corte suprema. 
Medida que nenhum dos apoiadores do autoritário candidato criticam, e que nada mais é que uma reforma na Corte, ao feitio de medidas adotadas por Maduro (sempre ele!), na Venezuela.
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Não é interessante que os eleitores dessa direita vingativa e rancorosa, não se manifestem, ou estejam tão cegos a ponto de não perceberem onde tal tipo de proposta pode nos levar, caso aprovada ao final?
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Em resumo o que temos é: eleitores da chapa que atende a toda os quesitos para ser classificada como fascista, autoritária acusam o PT de querer montar uma nova Constituinte, democraticamente eleita, para poder alterar a Carta e ampliar seu poder e privilégios. E fazem vista grossa ao seu candidato e sua chapa, onde o vice deixa claro que pode dar um auto-golpe, se necessário. E depois, em regime de exceção, no qual não prevalece mais qualquer regulamentação do regime eliminado, elaborar nova Carta, a partir de um grupo de "amigos do ditador de plantão".
Cegos pelo ódio ao PT, partido que lhes mostrou que existe um país que pode ser construído e dar certo, pensando na população em geral, e não apenas nos grupos de privilegiados tradicionais no Brasil, e nos que vivem nas franjas desse poder corrompido, aceitam passivamente a ideia de que uma nova Corte Suprema pode ser aprovada, apenas para que o  poder de seu ditador de estimação possa ser preservado. 
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E toda essa discussão sem considerar que nossa Constituição cidadã, tão elogiada, chegou à idade balzaquiana sem ter vários de seus artigos sequer regulamentados. Vide o art. 192, que trata do funcionamento do Sistema Financeiro Nacional, ainda hoje sem regulamentação. O que obriga que continue em vigor a Lei 4595, de 1964.
Ora, apenas isso já seria motivo suficiente para nos indicar a necessidade séria e não passional de se tentar fazer uma análise da Constituição, para moldá-la à nossa realidade. Sem qualquer intenção de ampliar poder de quem quer que seja. 
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E não seria uma questão mais complexa para ser entendida. Porque uma revisão geral, por mais custosa e sempre capaz de atingir interesses, seria melhor que a todo instante termos que ficar votando Emendas Constitucionais. E olhe o número de emendas ou remendos já feitos, sem ainda termos o documento que nos atenderia a todos. 
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Mas se as questões da organização política de nossa sociedade causam tanto alvoroço, uma questão ninguém discute. Ninguém sabe ou conhece. 
A pauta econômica do candidato autoritário. Esse mesmo que, em debate na Band (o único de que participou! para ficar fugindo e se escondendo depois) afirmou que os trabalhadores podem optar entre ter direitos e não ter empregos ou ter empregos sem direitos.
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Não fui eu quem disse isso. Foi ele. Saiu da boca do candidato. 
Cujo vice falou contra o 13º salário, definido como uma jabuticaba. Ou seja, algo que é exótico. 
Também não foi outro quem defendeu que é compreensível que mulheres recebam menos que os homens, em cargos iguais. Note bem: ele não defendeu que elas devam receber menos. E nem foi isso que escrevi.
Mas, a quem almeja o cargo que ele tem em vista, afirmar que entende porque mulheres sejam remuneradas de forma diferenciada, recebam salários menores, é apenas a senha para que todos os empresários possam adotar a diferença de salários que a Constituição veda, e ainda assim continua ocorrendo sob disfarces os mais variados. 
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E, embora ele esteja declarando que seu guru seja o Paulo Guedes, é difícil que um analista sério não preveja dificuldades grandes para conciliar  ideia de um liberal visceral (desculpe a rima) com um homem formado na caserna, dominada por um nacionalismo autoritário e intervencionista.
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Entre a suposta ideia extremada de Paulo Guedes, de privatizar tudo para poder liquidar a dívida pública do país, e a ideia autoritária de um confisco da riqueza financeira, à semelhança do que fez Collor, com a mesma finalidade, em são consciência, onde botar as fichas de aposta?
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Paulo Guedes e sua suposta ideia de privatização total, inclusive de saúde, educação, e previdência, pode agradar aos ouvidos de empresários. Não necessariamente de capitais apenas nacionais. E muito de capital financeiro. 
O que me lembra de outro economista famoso, Jeffrey Sachs, consultor de economia do governo "liberal" de Pinochet no Chile. 
Aquele governo do ditador sanguinário que curvou-se aos interesses do mercado, e depois constatou-se estar envolvido em corrupção até o talo. 
Pois bem, foi Sachs quem em algum momento afirmou que a classe média chilena estava muito satisfeita e nada tinha a reclamar do governo Pinochet. Daí hipotecar solidariedade ao regime do general. 
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Passados mais de 30 anos, que análise podemos fazer do Chile hoje, e da política tão aplaudida de Pinochet?
Sei que muita gente não gosta e nem se interessa por história, mas seria interessante, muito, procurar conhecer um pouco do que ocorreu no Chile. 
E que podemos estar próximos de experimentar em nosso país, com o apoio dessa classe média, sempre preocupada em sobreviver e, para tanto, batalhar para ganhar a vida. A ponto de não conseguir enxergar, em muitas ocasiões, um palmo a frente do nariz.