segunda-feira, 26 de junho de 2017

Um copo meio cheio ou meio vazio; e pitacos sobre as reformas econômicas e o interesse dos empresários versus as necessidades do país

Algum problema, que não consigo identificar, impede que os comentários e críticas de meu colega Tarcísio Barcelos, estejam sendo postadas, em meio a esses pitacos, permitindo, mais que o debate, que a gente possa aprender sempre mais.
O que é uma pena! E que me obriga a prometer que continuarei procurando corrigir o problema da publicação de comentários.
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Em seu último comentário, via facebook, Tarcísio classifica-me como alguém sempre disposto a ver o copo meio vazio. De acordo com seu ponto de vista, ao contrário, o copo encontra-se meio cheio.
Dúvida que não é sem importância, ao menos desde que há mais de 30 anos, quando as letras de músicas no Brasil eram mais bem elaboradas, Chico e Gil (que faz hoje 75 anos de idade!) cantavam que é sempre bom lembrar que um copo vazio está cheio... de ar. E que o ar no copo ocupa o lugar do vinho...
Então, em primeiro lugar, parabéns a você, que sempre nos deu tanta felicidade, Gilberto Gil!
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E, já que estamos em desvios do nosso conteúdo, meus sentimentos à família dos Velloso, Caetano e Bethania, pela perda da irmã que os ajudou a criar, conforme a Folha nos informa, em sua edição de hoje.
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Voltando ao colega Tarcísio, sou obrigado a concordar com ele, sem ter certeza se se trata de problema ligado a minhas idiossincrasias, minha personalidade, ou à questão de tentar cometer análises de nossa situação econômica sempre preocupado em observar os riscos, os problemas que podem advir, ao invés de ficar comemorando, qual Pollyanna ou Cândido, medidas de política ou propostas econômicas de qualquer que seja o governo.
Já disse nesses pitacos, em mais de uma oportunidade, que aprendi de um de meus mais importantes chefes de trabalho, com quem tive o prazer de conviver e aprender por muito tempo, Raul Paixão,  que a análise de política econômica, quando boa, deve sempre partir de uma pergunta: quem ganha ou quem é prejudicado com a medida em análise?
A mera resposta a essa questão, que não é, nem um pouco trivial, já serviria para mostrar-nos sua motivação, o que ela traria de vantagens e, o mais importante, o que ela traria escondido, em seu interior. Sempre, no entanto, a resposta serviria como guia importante, para perceber até as justificativas utilizadas, e as críticas a ela dirigidas.
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Pois bem, desde que me entendo por gente, devendo ainda reconhecer que bastante distante de entender-me por analista econômico, eu que continuo em constante formação, fui levado a tomar o lado dos menos poderosos, dos mais desprotegidos, dos mais sensíveis às medidas que, em sua maioria, sempre preferiu beneficiar uma parcela, minoritária de nossa sociedade. A elite e a classe média que lhe serve de sabujos.
Por isso, desde sempre, creio ter me destacado muito mais, ao longo de toda minha trajetória, por ter sempre apresentado uma visão crítica, que alguns alunos sempre insistiram em classificar como pessimista.
Isso, independente do governo ou partido no poder. Foi assim que critiquei a ideia e a implantação do Plano Cruzado, embora não pelas razões corretas na oportunidade. Foi assim que sempre critiquei as políticas de Collor, e sua abertura indiscriminada da economia brasileira e mais ainda ao seu confisco; ou ainda ao Plano Real, que acreditei que iria tolher nossa indústria e causar desemprego. Foi assim também que em várias oportunidades critiquei Lula e sua política de continuidade das políticas de FHC e Dilma, principalmente quando da guinada pró mercado que ela deu, depois de reeleita.
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Mas voltemos ao pitaco.
O que dizer, caro Tarcísio, da medida que o governo federal está estudando adotar, lá pelas bandas do Ministério da Fazenda, de parcelar o pagamento do FGTS devido ao seu legítimo e exclusivo dono, o trabalhador? E fazer isso, justamente quando esse trabalhador, dono do recurso mais se vê às voltas com problemas de perda de emprego, renda e ... dinheiro.
Tudo para poder financiar, com tal medida, o seguro desemprego, o que nos leva a perceber que o governo estuda formas de usar o dinheiro do trabalhador, para financiar o pagamento de outros direitos do mesmo pobre coitado!
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Se antes da aprovação de qualquer reforma trabalhista no Legislativo, o governo já avança contra os direitos dos trabalhadores, o que esperar depois, caso a tal reforma seja aprovada?
A volta da possibilidade de pagamento aos trabalhadores com o fornecimento de bens e serviços (como aluguel de residência) no lugar de pagar-lhes em dinheiro? O retorno de tudo que todos os historiadores econômicos do país sempre destacaram ser a forma mais básica de transformação do trabalhador no que foi chamado de "escravidão branca"?
A fragilização de toda a legislação protetiva ao trabalhador e a eliminação paulatina dos direitos sociais conquistados, ao longo de anos de lutas? A começar pelas férias, fixação de horas de jornada, décimo terceiro e benefícios sociais da previdência?
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Mudando de assunto, mas mantendo a mesma toada, o que pensar da declaração de Robson Andrade, o presidente da Confederação Nacional da Indústria, e como analisá-la e entendê-la, publicada pela Folha na sua edição de hoje, segunda, dia 26 de junho?
Sob o título de "Empresariado prefere ficar com Temer, diz CNI", o industrial não tem qualquer problema em afirmar que "Todo o empresariado prefere continuar com o presidente Michel Temer. Hoje a posição é essa: é melhor seguir e fazer a transição no país. Chega de turbulência."
É importante observar e destacar o eufemismo: é melhor fazer a transição. Ou seja, aprovar as reformas que o povo não deseja, não escolheu, não elegeu.
Mas que agrada demasiadamente ao empresariado.
Tanto que os empresários não se preocupam em que à frente do país, esteja alguém envolvido com tudo que há de pior em um agente público: corrupção, desvios, propina, jogo de interesses menores, obstrução da justiça.
A lista não é pouca, nem pequena, mas ao empresariado isso pouco importa.
Isso significa que eles estão interessados em melhorar o nosso país e suas condições políticas, sociais, ou econômicas, ou apenas que estão pensando, mais uma vez e como sempre, apenas em seus próprios interesses e objetivos?
Alegar que o processo de escolha de novo governo poderia demorar até o final do ano, é risível. Porque a chance desse governo aprovar as medidas, parece sofrer problemas exatamente por ser, cada vez mais, um governo e um Congresso que não merecem mais nenhuma credibilidade. E é essa mesma situação política indefinida, já que ninguém em sã consciência pode afirmar o que irá resultar de um provável pedido de abertura de processo contra o presidente, pelo Procurador Geral da República, que é apontada como razão para que as reformas sejam adiadas cada vez mais.
Afinal, como o próprio ex-presidente FHC publica hoje, em artigo ainda na Folha, como esperar e obter alterações de suma importância para o país, a partir de um conjunto de instituições sem qualquer legitimidade?
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Por falar no ex-presidente, é interessante observar sua posição e sua argumentação, especialmente quando se sabe que o PSDB paulista está em meio a mais uma guerra interna, mais uma vez tendo como principais combatentes, as facções que apoiam o governador Alckmim e aquelas que apoiam o senador Serra.
Guerra por cargos e controle do comando nacional do partido, que tenta desesperadamente se livrar de aecim e toda a lama que o acompanha e que tanto mal cheiro exala para as hostes tucanas.
Pois bem, nesse momento em que o partido se prepara para mais uma de suas já famosas escaramuças, o ex-presidente pede a temer um gesto de grandeza histórica, que tomaria a forma de uma remessa de proposta de emenda à Constituição decretando eleições gerais, para todos os níveis que, segundo FHC iria permitir a temer dirigir o processo de sua substituição no poder, o que lhe asseguraria, segundo o articulista, um lugar garantido e de grandeza na história do país.
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Mas, ninguém deve se iludir, pois o ex-presidente não é nenhum tolo ou ingênuo.
Depois de afirmar que é golpe tentar por fora o presidente (agora é, com Dilma não era bem assim que FHC pensava!), e questionar o resultado do julgamento do TSE, que absolveu a chapa Dilma-Temer, chegando inclusive a afirmar que tal resultado apenas assegura a temer a legalidade para estar no cargo, mas não a legitimidade, o que faz o ex-presidente?
Assim, como quem não quer nada, comenta que um processo de alteração constitucional que, de quebra, poderia ainda trazer outras questões de uma necessária reforma política, talvez levasse aí nove meses, tempo em que as reformas necessárias (e que ele, espertamente elogia, já que não pode e não quer perder o apoio do empresariado do país) poderiam ser apreciadas, já agora sob nova roupagem, sob a direção de alguém que teria recuperado sua imagem junto à opinião pública e ao eleitorado, como temer?!?!?!?
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A que serve esse tipo de posição de FHC, senão a de ganhar tempo, dourar a pílula, e propor mudanças, apenas para poder controlar a situação, para que fique tudo como antes?
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Outro pitaco, ainda em reforço ao viés de sempre olhar e enxergar o copo meio vazio.
Em artigo publicado também na Folha, no sábado, de autoria de Rodrigo Zeidan sobre a China, que faz parte de uma série de artigos sobre aquele país, com periodicidade quinzenal, vemos que a chamada diz: "É difícil de imagina, mas a corrupção na China é muito, mas muito maior que no Brasil."
De resto, o autor cita dois exemplos de corrupção do dia a dia, que mostram que o Brasil está longe de alcançar a China nesse quesito.
E o autor afirma: "assim como no Brasil, a relação de corrupção é extremamente forte entre o sistema político e empresarial. O  nosso capitalismo de compadre não é muito diferente na China."
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Ao que parece, na China, na Coréia do Sul, e em outros países como a Rússia.
Ou seja, gostemos ou não, a questão é muito menos de partidos e mais do sistema econômico que optamos por adotar: o capitalismo.
E os empresários que visam apenas e tão somente, maximização de lucros, doa a quem doer.
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E antes de terminar esse pitaco, dois comentários adicionais: o primeiro, a respeito de os projetos financiados pelo BNDES para países africanos estarem sob risco de calote.
Foi essa a matéria de capa do caderno Mercado de ontem, 25 de junho, na Folha.
Pela notícia, o financiamento feito a Moçambique e a Angola, ou melhor, para empreiteiras nacionais que foram as responsáveis por construção de obras naqueles países, estão sob risco de calote, face à grave crise que atravessam, principalmente Moçambique, desde que os Estados Unidos, Europa e outros suspenderam a ajuda financeira que davam ao país africano.
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Interessante é, para aqueles que acusam Lula e o PT de terem usado o BNDES para emprestar para países estrangeiros, a informação que consta na reportagem, e que transcrevo a seguir: "Só no ano passado o Brasil conseguiu renegociar dívidas da décadas de 1970 e 80 decorrentes de calores no financiamento de obras de empreiteiras brasileiras na África."
Só a título de lembrete: anos 70 e 80, de governos autoritários, militares, assim como é o candidato Bolsonaro. Militares com comportamento semelhante ao que os partidários de Bolsonaro tanto gostam de criticar em Lula e no PT.
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Por fim, comentar o relatório de estudo encomendado pela ABRAPP, entidade que cuida dos interesses do setor de fundos de previdência privados, a José Roberto Afonso do IBRE/FGV, em parceria com Paulo Roberto Vales, que mostra que os fundos de pensão estão fadados a ficarem sem recursos a partir de 2031.
Apenas para mostrar que a questão da Previdência não é simples, nem trivial e merece mais discussão e análise e sugestões, que o arcabouço que temos visto servir de pano de fundo à reforma de temer, em análise do Congresso.
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É isso.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Fora Roger do Galo, mas primeiramente fora temer. Pitacos do discurso de temer na Rússia, da derrota da reforma trabalhista, etc.

Enquanto na Rússia, temer, o golpista, usurpador e agora, somos informados, também considerado o "poderoso chefão do Congresso" faz bravatas, apresentando a aprovação de reformas que ele considera estruturantes e a recuperação apenas ensaiada da economia como feitos de seu governo, a realidade insiste em continuar mostrando que mentir é muito mais que um vício de seu (mínimo) caráter.
Conforme nosso Boris Karlof,  em palestra em evento com empresários e investidores daquele país, justamente no instante em que essas vitórias são conquistadas, surge essa crise política, classificada por ele como "uma ou outra observação " que "são fatos desprezíveis e desprezáveis."
Nisso, finalmente, concordo com o ilegítimo temer: de que o acusam, e do que existem "evidências" vigorosas de que ele fez, são fatos desprezíveis. E desprezáveis. Típicas de um ser abjeto, de um gangster.
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O que dá a impressão de que ele concorda com o que dele falou Joesley, quanto a ele ser o chefe da Orcrim - Organização Criminosa do Congresso, a pior de todas.
Antes, até por dever de justiça, algumas observações: primeiro, no discurso feito para os empresários, em que tenta vender a imagem positiva da agenda de seu (des)governo, sinto uma certa insinuação, típica de teorias da conspiração,  de que as acusações e a crise surgem nesse momento para prejudicar a recuperação recém-iniciada da economia brasileira. Como se as reformas, ainda em exame fossem, mais que uma aspiração da sociedade brasileira, o marco da retomada em curso.
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Como se sabe, nem as reformas de sua agenda revelam um projeto nacional, entendido este como a manifestação da vontade soberana de toda a sociedade, senão que apenas revelam o projeto de parcela da sociedade, apenas o anseio da implantação de condições de funcionamento da economia que mais se adequam ao país projetado por uma plutocracia hegemônica, nem estão sendo encaminhadas da forma e na velocidade que sua subserviência aos interesses da grande aristocracia empresarial e financeira o desejariam.
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Afinal, não há que se desprezar a derrota na Comissão de Assuntos Sociais do Senado da proposta da Reforma Trabalhista, que a título de melhorar e dar maior liberdade e maior eficiência às relações entre o capital e o trabalho, por muito pouco não propõem o retorno à época da escravidão.
Tudo bem que a malfadada reforma pode e deverá ser aprovada, até com folga, em outras Comissões que a examinam, como a CCJ de Constituição  e Justiça, dominadas por aliados do chefe da organização, mas a derrota de agora já dá sinais de que a aprovação pelo plenário da Casa nem será fácil, nem rápida.
O que prejudica a manutenção do usurpador no poder, já que ele se prontificou a ocupar o cargo, justamente para extrair de seus companheiros, os votos necessários a sua aprovação.
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Porque ou a reforma verdadeiramente corre sérios riscos, ou a parcela dos "300 picaretas" que antes de chegar ao poder Lula identificou no Congresso e que frequenta a Câmara Alta, está apenas elevando o valor da aprovação da matéria, junto aos principais grupos interessados em sua aprovação.
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De qualquer forma, a velocidade da aprovação já se encontra prejudicada e, não posso deixar de observar a ironia de que parte da demora se deve a que alguns dos congressistas não deverão estar em plenário cumprindo as funções para as quais foram eleitos, já que optam e optaram em estar participando de outras quadrilhas. Agora, de Sâo João.
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Uma segunda observação que devo fazer por dever moral, a respeito de temer,  é que assim como  no caso de Lula não havia provas, apenas indícios, e tal situação foi aqui duramente ironizada e criticada, como exemplo do que é a má prática do exercício da função pública por procuradores da República, mesmo que messiânicos, no caso de temer, a notícia é de que cada vez mais surgem evidências robustas, mas ainda não definitivas.
Claro que sei que há crimes que são muito difíceis de deixarem rastros, mas ainda assim, há que aprofundar mais as investigações quanto a fatos desprezíveis cometidos por quem devia ser o primeiro a combatê-los.
Mesmo que tais fatos cada vez mais se avolumem, como as novas declarações do empresário da carne o revelam, alguns dos quais com sua existência confirmada, embora não seu conteúdo inteiro.
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Refiro-me neste ponto, em especial, à pressão que temer teria feito junto ao BNDES, em prol de seu parceiro e de suas empresas, e que a visita da ex-presidente da Instituição, Maria Sílvia a Brasília, para encontro com temer na mesma ocasião, apenas reforça.
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Ou as novas descobertas de mensagens apagadas mas recuperadas do celular de Rodrigo Loures, o mensageiro da mala de 500 mil propinas para temer, reveladoras da proximidade e até da relação de "amizade" mantida pelo mensageiro de temer junto ao empresário.
Como o ex-executivo Saud, da empresa J&F afirmou que Loures era apenas intermediário, e que a negociação da propina (e até seu valor) foi feita com temer, fica claro que a situação de desprezáveis a que se referiu temer na Rússia, dificilmente devem se referir aos fatos criminosos criminosos em si, mas ao fato de terem sido descobertos. E divulgados.
Ainda assim, há que se continuar buscando provas, ou o caminho mais tortuoso, mas mais eficiente, de seguir o dinheiro.
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Quanto à economia a que temer fez menção em seu discurso, é verdade que as estatísticas indicam tênues sinais de melhoras, nada que possa justificar qualquer tipo de alívio, já que ainda muito restritos a situações e dados muito específicos.
Assim, por exemplo, se pela segunda vez em mais de dois anos, a geração de novos empregos formais apresentou número positivo, não devemos deixar de destacar que a geração é ainda muito preliminar, embora real, mas praticamente restrita a um setor de atividade: a agricultura.
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Ora, da mesma forma que o PIB no primeiro trimestre foi positivo e até surpreendente, pela  safra de grãos obtida no setor agrícola, inédita e recorde, situação cuja característica mais evidente é a de ser alcançada uma vez e não se repetir, o famoso "once and for all", a criação de emprego pelo setor também parece não ser motivo para tanta comemoração.
Isso por ter sido criado maior número de empregos no estado de Minas Gerais, na lavoura do café, cada vez mais mecanizada. Depois por que se as contratações têm algum tipo de justificativa ligada à colheita de safra, não devem ser duradouras, sendo revertidas ao menos parcialmente tão logo a fase de colheita se encerre.
De mais a mais, a indústria continua amargando, junto com o comércio, de número desprezível de novas contratações.
Somado a isso, o fato de que os jornais informam a redução e até interrupção de financiamentos habitacionais pela Caixa, pode-se esperar que a construção civil não venha a expandir a contratação de mão de obra no futuro imediato.
Isso tudo, sem levar em conta as incertezas naturais que o mercado de trabalho deverá apresentar, em razão do trâmite cada vez mais dificultado da reforma trabalhista.
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Quanto à arrecadação, embora revelando um ritmo de queda menor no acumulado do ano, comparado com o mesmo período do ano anterior, há que se observar que apresentou o pior resultado para o mês de maio. E, mais uma vez, se o resultado não foi tão ruim, deveu-se a fatores como a agricultura, que puxa todos os indicadores para o alto, nesse início de ano, e a receitas não administradas pela Receita, como royalties por petróleo, justificadas por eventos que ocorreram no início do ano, mas que não têm razão para se manterem no resto do período, como a elevação internacional dos preços do petróleo.
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De resto, mais uma vez, a arrecadação de Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas - IRPJ, bem como o CSLL - Contribuição sobre o Lucro apresentaram queda, sinal revelador da sequência da crise recessiva que o país atravessa.
Interessante a observação de que houve significativa redução do Imposto pago pelos Bancos em razão de uma série de problemas com que o sistema financeiro vem se defrontando, como a redução das operações de crédito, por força de redução da demanda, e até pela maior inadimplência, que obriga a maiores provisões e provoca queda do lucro. Mas mais interessante a queda de arrecadação nesse segmento econômico, especialmente por que na divulgação do resultado, o representante da Receita afirmou que não há previsão de elevação de recolhimento por parte dos Bancos no restante do ano, ou por queda de sua atividade, ou por força de estarem já com créditos suficientes para manterem uma arrecadação estável.
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Quanto aos impostos vinculados ao consumo, também eles não dão sinais da reação que a equipe econômica tanto sonha em ver conquistada.
Sendo assim, temer mais uma vez mente. Ou exagera, o que tem efeito semelhante.
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Em toda a história de temer e a corrupção em que está metido até o pescoço, fico me perguntando como uma pessoa com fortes evidências da prática de crimes em curso, pode continuar tendo autoridade para comandar a Polícia Federal que está denunciando tais crimes.
Afinal como respeitar seu chefe, depois de descobrir no cumprimento de sua missão institucional, que ele é um criminoso, daqueles que justificam sua própria existência como instituição?
temer terá algum prestígio ou seu governo, para continuar comandando a estrutura da qual a PF faz parte?
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E em relação ao Exército e às Forças Armadas, tão ciosas da disciplina e do respeito à hierarquia e à autoridade, a ponto de justificarem muitas vezes sua atitude e postura autoritária e anti-democrática pela observância do princípio da voz de comando ou da linha de comando, como ficará servir a uma autoridade e manter a disciplina, quando se sabe que o Chefe Supremo é um meliante comum?
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Tudo muito interessante para a reflexão a respeito de um governo de um morto vivo, que já era múmia quando chegou por um golpe ao poder, e que apenas continuou apodrecendo fora das trevas em que, reconhecidamente, se mantinha.
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Ainda a comentar nesse pitaco a reunião em que o STF discute se a delação de Joesley deve ou não ser premiada com a generosidade que a caracterizou. Como já afirmei na última postagem, acho que não pelo criminoso em si, mas pela própria instituição da delação, aquilo que foi prometido deve ser cumprido. Aceitemos ou não. Achemos ou não que houve excesso de generosidade.
Acho até que, depois, pode-se discutir e analisar as razões, se se justificam ou se trouxeram os benefícios concretos imaginados para a evolução da identificação dos crimes; se houve ou não algum tipo de abuso na decisão de conceder tantas benesses, e em caso positivo, suas razões.
Mas, anular o prometido é deixar claro que o Estado brasileiro não é confiável, nem crível. O que desmoraliza mais o Estado que a premiação tão exagerada que ele é capaz de conceder, por intermédio de seus agentes.
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Por fim, um pitaco para falar da tragédia do Atlético do Roger. Muito bom para ficar com a posse de bola, brincando com ela lá atrás, sem qualquer preocupação em evoluir com velocidade, em atacar, em penetrar a defesa adversária, em direção ao gol, objetivo maior do jogo.
De que vale um Rafael Carioca que pouco erra passes, se são sempre passes laterais, quando não para traz?
Melhor, nesse caso, seria dar uma bola para cada jogador ficar brincando com ela, em seu pé, ao longo do jogo, ou enquanto alguns jogadores preferissem ficar assistindo o outro time evoluir e cada adversário, penetrar como o desejar na nossa defesa para marcar os gols que desejarem.
Porque já venho falando de algum tempo, nossa defesa não defende a nada e a ninguém. Nosso meio campo não combate nada nem coisa alguma.
E quem quiser pode entrar em nossa área e marcar gols que o desejar, seja pela avenida Felipe Santana, ou pela avenida Fábio Santos, esse cada vez mais ridículo, ou pelas alamedas centrais, onde se destacam os Cariocas da vida, e mais Elias e outros que não têm qualquer cacoete de marcação.
Nunca esperei falar isso, mas que saudade do Donizete.
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E fora Roger.
Mas primeiramente fora temer.

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Delação, entrevista, pessoas e funções e organograma da Organização criminosa do país e a delação premiada dos irmãos Batista

Em semana caracterizada por feriado religioso na quinta feira, o que é sempre motivo para que se "enforque" também a sexta feira, apenas a entrevista de Joesley Batista à revista Época, em que classifica o anão moral e golpista temer como o líder da organização criminosa que tomou conta da Câmara, bem como sua repercussão se destacaram. 
Vendo sua situação cada vez mais complicada, a ponto de FHC vir a público, mais uma vez, para pedir um gesto de grandeza de temer, o usurpador reagiu como é praxe em tais circunstâncias, negando as delações, ameaçando entrar com processo contra o empresário e, ao invés de se defender apresentando explicações mais coerentes e consistentes para suas relações com Joesley, partindo para o ataque ao megabandido, premiado pelas regras da lei da delação.
O que, convenhamos, é muito pouco e nada explica, nem acrescenta à situação grave do usurpador, também envolvido com as acusações de que dinheiros escusos, sob guarda de seu amigo e coronel da PM paulista, foram utilizados em reforma da casa de propriedade de sua filha. 
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Ameaçar abrir um processo contra Joesley pelas novas acusações feitas a sua pessoa, desta vez mais contundentes porque de forma a rotular os membros da citada orcrim e seus postos na organização é no mínimo jogo de cena, de quem está desesperado. Tentar desqualificar adjetivando de megabandido, um empresário com quem conviveu por muito tempo, frequentou, e até recebia fora da agenda, à noite, em casa, passando ao tal gangster até os meios e canais que deveria utilizar-se para resolver das coisas de seu interesse, então criminosos, só pode mostrar que o usurpador agarra-se ao cargo com tanta veemência, tão somente para não sair preso direto do Jaburu para a Papuda. 
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Mas o mais importante é que o usurpador não consegue ludibriar mais a ninguém como mostram os índices cada vez menores de popularidade de seu desgoverno e sua tentativa de tentar se manter no poder apenas por aceitar se tornar capacho de empresários e banqueiros do país, os únicos a quem interessa a aprovação das reformas que tramitam no Legislativo, todas sob a égide de um projeto de retirada dos direitos sociais duramente conquistado pela população brasileira, ao longo dos anos. 
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Da grande maioria do empresariado nacional, considerada a elite dessas terras tupiniquins,  já tachados por estudos realizados em universidades de prestígio dos Estados Unidos como o pior problema a empestear nosso país, e sua postura, como a causa primeira do atraso a que estivemos e estamos condenados a amargar, não há muito a comentar. Nada a acrescentar a inúmeros artigos e comentários de analistas de política e economia, como Jânio de Freitas, Laura Carvalho e até Gregório Duvivier. 
Afinal, para quem tem em vista apenas o lucro a curto prazo, sem qualquer visão estratégica voltada para a preservação de sua sobrevivência e capacidade de longo prazo de maximizar lucros, não seria um mero discurso, utilizado para atrair o apoio de uma parcela da população facilmente manipulável e impressionável que seria motivo para indicar alguma mudança de atitude, ou um mínimo de consideração com algo como a melhoria de nossas condições políticas, econômivas e sociais. 
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Dessa forma, unirem-se contra o governo petista sob a alegação de combater a corrupção, de que eles são agentes e principais participantes, foi apenas a forma mais cômoda de, com o apoio da grande midia, também ela constituída de grandes empresas e jogadas milionárias, acabar criando na população um ambiente favorável ao golpe que desferiram para tirar Dilma do poder.
Na verdade, além de deixarem claro que não queriam bancar o pato, financiando as conquistas que a maioria da população conseguia obter, em cumprimento tão somente do que determinava a Constituição de 88, os empresários sabiam, como sabem, que atrelar aumento de impostos, sempre uma ameaça a todos os segmentos da sociedade, a desmandos e enriquecimentos e favorecimentos de grupos de privilegiados, é sempre uma mistura capaz de sensibilizar a quem trabalha dia e noite em condições muitas vezes degradante para conseguirem apenas manter sua sobrevivência limitada.
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Aproveitando-se a manipulação e dos interesses não confessos das redes de televisão, manipularam a quem, por cansaço, por falta de interesse, e por falta de educação e conhecimento, não têm condições e tempo, para prestar atenção em quem está de fato, na origem da tal gastança de recursos públicos e dos favorecimentos e benesses. 
Muitos desses trabalhadores, contudo, desejosos de expressarem sua cidadania, e de participarem ativamente da construção de um projeto de algo novo e, principalmente, honesto e justo, acabaram se deixando ludibriar pelos interesses das elites medíocres; de quem de fato exerce o poder em nosso país, desde que Cabral aportou em nossas terras com sua esquadra.
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Cada vez mais fica claro que o golpe tramado contra Dilma, de longe uma figura politicamente incompetente, talvez um "elefante passeando em loja de cristais", e urdido pelas costas por seu vice, esse ser sem qualificação que é o usurpador, nada tinha de interesse em combater corrupção alguma. Essa, pelo que temos visto de gravações e outras denúncias, como a de Calero, mostram apenas que a corrupção não só prosseguiu, mas que parece ter se tornado mais trivial, mais tranquila, mais corrente.
E, nessa hora, o que faz o tal empresariado que tanto queria combater os desmandos, de que eles são os principais mentores, participantes e beneficiários?
Simplesmente, nada. Até ao contrário, asseguram seu apoio total à manutenção de seu capacho no Planalto, de vez que contam com a falta de um mínimo de brio e amor próprio de temer, para poderem impor sua agenda e a aprovação de suas propostas políticas que, sabem, não seriam aprovadas nunca nas urnas, pela grande maioria da população.
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Por isso temer, mesmo cada vez menor, exceto no ridículo e no espaço que conquista no noticiário internacional, justamente por conseguir ser cada vez mais ridículo, é o nome certo para que o empresariado conquiste suas pretensões, de recriar uma economia de trabalho assalariado onde o salário não precise mais ser negociado, respeitado, e quem sabe, nem mesmo pago!!
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E vai temer nos fazer passar mais situações vexatórias, agora em viagem à Rússia e Noruega, enquanto o país vê ser discutida os benefícios negociados e aprovados, sob o respaldo de lei, para os irmãos Batista. O que seria o fim da lei, embora não completamente ilegal, já que a negociação é prevista em documento legal. A PGR, envolvida com a delação e suas condições representava o Estado e não um ou outro procurador de sua equipe e portanto, o que ficou acertado naquela oportunidade, não pode voltar atrás. 
Caso seja julgado um abuso o acordo que houve e a premiação negociada, que se apure e se puna a quem participou do acordo. Começando, como é obvio, por analisar se o acordo seguiu o que determina a lei que regulamenta esse instrumento. 
Instrumento, curiosamente, defendido por tantos justiceiros, como Moro em sua primeira instância, e outros procuradores, mas para não fugir do padrão do Brasil, elogiado quando nos atende e repelido ou criticado, quando cumprido sob certas condições. 
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Não sou favorável ao instrumento da delação, exceto em casos em que, diferente do que a turma de Curitiba vem fazendo, o prisioneiro, já julgado e condenado, consiga esclarecer melhor algum tipo de crime, e que sua delação possa servir apenas para reduzir sua pena. Depois de já apenado e não antes. Servindo para que o Estado possa agir na eliminação do crime, e não como um instrumento de ameaça, quase tortura, ao criminoso ou suspeito.
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Tirar como querem alguns as benesses é mais uma vez mostrar que em nosso país o direito nada vale, e nem é sério. 
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quarta-feira, 7 de junho de 2017

Pitacos necessários (ou não) enquanto o país espera a decisão do TSE

Enquanto todo o país aguarda o resultado do julgamento da chapa Dilma-temer, em compasso de espera como era previsível, a vida não para e alguns fatos relevantes vão ocorrendo, prejudicados alguns deles, pela pouca repercussão alcançada.
O que é compreensível, já que mídia, opinião pública, e principalmente "OS MERCADOS", têm olhos apenas para o que ocorre no TSE.
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Dessa forma, e para não perder o costume de dar alguns pitacos sobre os variados assuntos de nossa realidade, trato em tópicos ligeiros alguns eventos que me chamaram a atenção, nessa última semana.
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Começo pelo curioso e, ao mesmo tempo, bastante revelador pedido encaminhado pelos advogados de Rodrigo Loures, o assessor muito íntimo de temer, o golpista, junto ao ministro Fachin, do Supremo, para que se evite, no caso de sua transferência para o presídio da Papuda, do tratamento "desumano e cruel" ilustrado "especialmente" pela raspagem de seu cabelo.
Situação que mais que peculiar, para mostrar o que o homem da mala do presidente (golpista) tem na cabeça, com o perdão do trocadilho (que, confesso, não consegui deixar de postar aqui!).
Afinal, sendo flagrado correndo por ruas da capital paulista com uma mala recheada com 500 mil reais, o intermediário de temer, deveria estar mais preocupado com sua situação, principalmente depois de ter se prontificado a devolver tão logo que solicitado aquela pequena fortuna à Polícia Federal ou à justiça.
Mesmo que faltando alguns milhares de reais do conteúdo da mala.
Embora pouco comentada, tal situação deveria merecer maior análise da mídia, já que tamanha docilidade e pressa na devolução da mala e seu conteúdo revelam, em minha opinião, apenas que o dinheiro não era dele, Loures. E que ao devolvê-lo, ele se esqueceu de devolver a parcela correspondente a sua comissão de transportador.
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Por seus advogados, os jornais informavam, ontem, que ele estava tranquilo, e ainda avesso a se aproveitar das benesses de uma delação premiada.
Também pelos jornais ficamos sabendo que ele não recebeu qualquer parente, nem mesmo sua esposa, então no oitavo mês de gestação e, ao que tudo indica, favorável a que ele pudesse acompanhar o parto em liberdade, beneficiado por uma delação.
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Agora, sabemos que Loures se preocupa mais em não ficar careca, em sua aparência ou na forma que vai aparecer na foto, que em dar carinho e assistência a sua mulher. O que é, no mínimo, sintomático para quem, ao que se sabe notabilizou-se recentemente, por lamber as botas, como sabujo, de ocupantes de posições de poder.
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Um segundo pitaco, esse talvez o mais importante de todos, trata da aprovação ontem, na Comissão do Senado, da reforma trabalhista, ainda que por pequena margem.
No caso, menos que a pressão para a aprovação das medidas, de interesse em particular, e diria exclusivo,  do grande capital, o que chama a atenção são as manobras feitas pelo governo subserviente desse medíocre presidente golpista, na tentativa e sucesso em comprar os votos e consciência dos senadores votantes.
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Como o Valor Econômico destaca em sua edição de hoje, a distribuição de cargos e outras vantagens ficou evidenciada ontem, levando um senador do Amazonas a se ausentar da reunião da Comissão, enquanto o senador de Roraima, Telmário, mais uma vez se escondia e não cumpria a promessa de votar contra a reforma.
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E pensar que por muito menos, ou para sermos exatos, por comportamento semelhante, o país assistiu à investigação e depois ao julgamento da AP 70, a famigerada ação do mensalão, que condenou políticos até sob a acusação de domínio do fato.
Ou seja, no caso, José Dirceu que, mesmo não havendo provas que o vinculassem diretamente com a compra de votos pelo governo, não poderia, pela posição que ocupava, deixar de ter conhecimento desse verdadeiro crime contra a democracia.
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E toda a população acreditava que aquela ação e as condenações dela resultantes seria suficiente para passar o país a limpo, acabando com os comportamentos escusos.
Para nem mesmo passados 10 anos, o golpista temer repetir os mesmos comportamentos de compra de votos condenáveis. Ressalte-se, com pagamento feito em outras espécies de moedas, que não o real. Detalhe que não deveria permitir que se desse tratamento diferente ao mesmo tipo de delito. Afinal, o crime não deixa de ser o mesmo, por ter sido pago no dinheiro sonante ou em outras formas de liquidação da dívida.
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Mas, como agora as medidas que se tenta fazer avançar no Senado são de interesse dos verdadeiros donos do poder, os empresários, eles fecham os olhos e não fazem qualquer crítica ao comportamento de seu serviçal no comando do país. Aceitam com a maior naturalidade e até com um riso de vitória, que seu intento esteja tendo êxito.
Mesmo que tal feito seja o retrocesso aos tempos da escravidão no país, aliás, explicitamente reconhecida pela proposta de pagamento aos trabalhadores no campo, sob a forma de concessão de habitação, de alimentos etc.
Do que é prova a matéria da Folha de hoje, caderno Mercado, intitulada "Incertezas não podem paralisar mudanças, diz entidade de bancos".
Na matéria, noticia-se que o presidente da Febraban, Murilo Portugal declarou na abertura do 27º Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras) que "... tenho certeza de que o Brasil vai estar mais forte ao fim desse momento desafiador."
Claro, seu otimismo tendo tudo a ver com a aprovação das reformas cujo andamento não pode ser atrapalhado pela crise política.
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Por justiça, devo fazer aqui um elogio ao magistral conteúdo da coluna de segunda feira, de Gregório Duvivier, também na Folha, em que ele propõe que se instaure a democracia definitiva e de forma direta no nosso país, deixando de se tentar promover a democracia e escolha dos mandatários por via indireta, através da consulta a 140 milhões de brasileiros, para que o mercado, de forma direta, mais sábia, mais rápida e mais democrática se reúna e eleja quem deve nos guiar.
Brilhante texto, que reflete muito bem o que estamos atravessando no país.
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Outro pitaco é quanto à publicação da ata do Copom, avaliando as incertezas do momento político nacional, e seus respingos na esfera econômica.
Conforme a ata, a crise política deve frear a queda do juro em julho, o que já era esperado e justamente precificado pelo mercado.
A ponto de a entrada de novos investimentos externos estar sendo reduzida, também como era de se esperar.
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Com relação ainda à divulgação da Ata, apenas gostaria de perguntar onde que o Jornal da Globo, ao final da noite,  encontra alguns economistas (no caso de ontem, uma mulher economista) para declarar que o país está voltando a crescer puxado pelo consumo que se eleva.
Porque ainda ontem, reportagem da Folha ontem anunciava que as famílias brasileiras, sobreendividadas e com medo do desemprego, estavam reduzido seu consumo. E tal comportamento não foi alterado nem mesmo com a liberação de recursos do FGTS.
Mas para a economista mostrada na Globo, a economia começa a dar sinais de recuperação.
Que bom! Falta apenas informar para todos nós, brasileiros.
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E, com relação à recuperação da economia, vemos hoje que Roberto Olinto, novo presidente do IBGE defendeu a mudança de metodologia e de critérios para mensurar a Pesquisa Mensal de Comércio- PMC e a Pesquisa Mensal de Serviços - PMS, cujas revisões permitiram que o PIB do primeiro trimestre apresentasse resultado positivo, de 1%.
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Não se duvida nem se questiona a seriedade do IBGE e de seu corpo técnico, mas até os analistas de mercado reclamaram - segundo Olinto, de forma exagerada, das revisões, que permitiram que de queda de 0,7% em janeiro sobre dezembro, a atividade de comércio apresentasse crescimento de 5,5% no período.
Mais tarde nova revisão passou o valor para 6%.
Para analistas, tal salto, significativo, turva a visão sobre a realidade dos fatos e, muito embora o presidente do Instituto declare que o IBGE não segue um calendário político, mas técnico, é infeliz a escolha de se publicizar as revisões e seus novos resultados em período que, sem dúvida nenhuma, tem peso e importância indiscutíveis do ponto de vista político.
Afinal, trata-se de dar força a um governo espúrio, ilegítimo e corrupto, que se sustenta apenas por procurar, afoitamente, agradar a empresários, vendendo-lhes imagens turvadas de uma recuperação econômica que é apenas miragem.
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E já que a vida segue, o IPEA traz a conhecimento público o que é a instituição informal da pena de morte em nosso país, tão cobrada por setores autoritários de nossa sociedade, como forma de reduzir a impunibilidade e a violência e insegurança públicas.
Divulgado ontem, o país toma conhecimento, em notícias que se perderão rapidamente em meio a tanto crime de ordem política, de que o país tem um número de crimes absurdo, especialmente recaindo sobre jovens, negros, pouco escolarizados e moradores de periferia.
Algo que os apoiadores de Bolsonaro, não todos, mas alguns certamente, aceitariam com parte de uma limpeza social necessária.
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Bem, por hoje é só. Resta-nos acompanhar o andamento da julgamento de Dilma e do golpista e traidor que foi seu companheiro de chapa.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Ansiedade e expectativa no país para o julgamento do TSE e a importância das diretas, cada vez mais necessária

Trocada a tela de cristal líquido, quebrada em razão da forma incorreta por mim utilizada em carregar e transportar o notebook, estamos de volta com nossos pitacos.
Justo em um instante em que todo o país vive aqueles momentos de tensão da véspera das grandes decisões, seja em função de algum evento esportivo de importância, como uma final de Copa do Mundo, seja em razões outras, como o dia que antecede a realização de eleições gerais.
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Desta feita, é também política a razão da ansiedade, da expectativa, com todos os olhos postados no Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília, e seu julgamento, amanhã, da ação que pode cassar a chapa Dilma-Temer, vitoriosa nas eleições presidenciais de 2014.
Apenas a título de registro, ressalte-se que a ação, proposta pelo PSDB tinha como principal fundamento e objetivo, encurralar o governo petista, cumprindo a promessa do candidato derrotado, Aécio Neves que, comportando-se com menino mimado que não sabe perder e aceitar a derrota, prometeu não dar tréguas à candidatura escolhida por 54,5 milhões de brasileiros.
Mostrando toda a sua mesquinharia e pequenez, inconformado com a derrota nas urnas, Aécio e sua claque resolveram impedir o governo eleito pelo povo de governar, ameaçando e travando no Legislativo todas as medidas encaminhadas pelo Poder Executivo.
Além da adoção desse tipo de comportamento que impedia a aprovação de qualquer medida julgada necessária à superar a crise econômica que o país vivia e que se tornava mais aguda a cada dia que passava, sob o comando do "menino mimado, do Rio", a oposição ainda apresentava e aprovava medidas que ela mesma, anos antes criticara como contrárias ao interesse do país.
Da tribuna do Senado, o que é pior, embora risível, o senador aecim ainda fazia discursos carregado de lições de moral, dando exemplos de correção de comportamento e criticando atos de corrupção e roubalheira, atribuídos a seus oponentes.
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A história todos sabemos. Veio o impechment, mal disfarçando a ocorrência do golpe institucional que derrotou os votos da maioria absoluta dos eleitores brasileiros e, no lugar da presidenta assumiu o poder aquele que, meses antes, já havia se autoproclamado um governante decorativo, sem qualquer expressão.
Junto a temer e sua insignificância, o PSDB de aecim, de FHC e José Serra, de Aloysio Nunes, secundados por políticos da envergadura de um Moreirinha, o Angorá; um anão como Geddel Vieira LIma; um Jucá e sua confessada suruba; um Alexandre de Moraes, e sua capacidade de apropriar-se de cargos e teses e ideias capazes de o levarem a ser indicado para ocupar uma vaga na mais alta corte do país. E com eles, um eliseu padilha (carinhosamente chamado por Antônio Carlos Magalhães de eliseu quadrilha!).
Nesse meio tempo, surgiram também os Loures, os Joesleys, e tantos que permitiram que a sociedade pudesse conhecer o verdadeiro caráter, se algum, de aecim, perrela, anastasia, serra e seus milhões da Odebrecht, de Andrea Neves e sua capacidade de blindar o irmão, essa última, responsável por censura pouco vista em nosso Estado, tudo em prol da democracia.
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Na verdade, nem vale mais a pena ficar gastando tempo tratando de gente como aecim, ou perrela, que se afundaram na lama que eles mesmos criaram.
Dessa forma, melhor voltarmos para a expectativa do julgamento de amanhã no TSE, já por si transformado em algo completamente surreal.
Afinal, é importante lembrarmos da delação feita pelo dono da Andrade Gutierrez, responsável pela doação ilegal de R$ 1 milhão para a campanha da presidenta Dilma, e que todos da oposição comemoravam como uma prova robusta até que a defesa de Dilma mostrou cópia do documento que, na realidade, teria sido emitido em nome de temer, o golpista.
Se a memória da imprensa é seletiva, e a de nossos cidadãos é falha, alguns de nós conseguem se lembrar de que o resultado de tal delação foi, ao final do caso, tratada como apenas um caso de engano do delator, o que permitiu, em prazo recorde, ao que eu saiba, tornar legal um recurso que todos acusaram de ilícito.
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E aí vieram as delações da Odebrecht, dos marqueteiros do PT, João Santana e sua Mônica, e tudo o que eles contaram, mesmo que ainda sujeito a comprovação, passou a ser incluído no processo, para assegurar-lhe mais elementos de crimes e ilícitos, já que, como reconhecido por aecim, a peça inicial era apenas para "encher o saco", já que não trazia elementos suficientes para prosperar.
Com as delações de Odebrecht e dos marqueteiros, prosperou, embora com muita gente alegando que nenhuma das delações poderia ser aceita e incluída no julgamento já em andamento. Afinal, ao TSE competiria julgar a ação proposta, tal como ela foi inicialmente encaminhada, em sua insignificância.
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E aí, mais uma vez, a roda da fortuna girou a esmo provocando novas mudanças importantes.
Respaldado pelo empresariado que impunha uma agenda de reformas a serem realizadas em nosso aparato institucional, todas elas visando a construir um país novo e mais avançado, pelo menos na visão e no ângulo de análise apenas dos tais empresários, os advogados do presidente golpista começaram a divulgar a tese da separação de chapas, de forma a que Dilma fosse punida mais uma vez, agora com a decretação de sua inelegibilidade. Já temer, aquele que vive e age nas sombras, seria absolvido, para dar continuidade à implantação das políticas contrárias ao povo e aos seus interesses, mas tão a gosto da elite canhestra que o país possui.
E, para que essa manobra pudesse ter êxito, era importante que as delações já referidas fossem incluídas na ação, mesmo que isso não fosse, do ponto de vista jurídico muito correto ou justo.
Até que veio a público a delação de Joesley, citando o golpista e sua mala de dinheiro. E mostrando o silêncio cúmplice de temer ao ter conhecimento de uma infinidade de crimes confessados pelo seu interlocutor, aos quais quando se manifestou foi tão somente para afirmar que "tem que manter isso aí".
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E, mais uma vez, a situação se transforma. Agora a defesa desse ser subalterno e sombrio que é temer alega que nenhuma delação poderia ser considerada na ação, tendo em vista que agora, somente agora, a situação de temer está completamente deteriorada e, com isso, sua situação é insustentável.
E seu amigo do peito e da mala ainda não começou a falar, o que é explicado pelo golpista por sua (do amigo) boa índole.
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De tudo acima descrito, creio que o TSE, do alto de seu senso de justiça e oportunidade irá, amanhã, inocentar a chapa. Não creio que qualquer juiz pedirá vista, adiando e arrastando mais um tempo, essa situação de insegurança.
E teremos um presidente usurpador, suspeito de uma série de crimes, mantido no cargo apenas por se dispor a ser servil aos interesses empresariais, dos grandes empresários, do capital financeiro.
E os empresários nem se incomodam de manterem e sustentarem tal figura, já que a ética e o comportamento moral são pouco significativos no país que eles almejam construir, onde os lucros irão ser potencializados às custas do sacrifício maior do povo.
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Mas, que todos ficaremos sabendo que o governo é corrupto, que temer não vale uma nota de três reais, e que mesmo sua política nada tem de contribuição positiva para o país ou os próprios empresários, isso será indiscutível.
Mesmo que ele, do alto de seu cinismo, comemore o crescimento da economia, de 1% no trimestre, em consequência da mudança de critérios e da metodologia de mensuração do IBGE, e mesmo sabendo-se que o principal resultado do aumento da produção deve-se ao agronegócio, que não assegura resultados sustentáveis ao longo do tempo (dada todas as questões que têm impacto nos plantios, colheitas, e nas safras), além da elevação das exportações.
Lembrando que, no caso das exportações, é complexo, para dizer o mínimo se comemorar qualquer resultado, já que, a elevação das vendas no exterior é, exatamente a consequência e a confirmação do fracasso das políticas de recuperação econômica no ambiente interno.
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O jeito será, então, aguardar o julgamento amanhã, que deverá, depois de tanta excitação, ser a típica situação de a montanha parir um rato. O que apenas aumentará o sentimento de frustração do país.
E aguardar que Loures não se contente em ficar distante de sua esposa na hora do parto, procurando o quanto antes delatar para quem ele corria, com tanto empenho, com a mala cheia de dinheiro.
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Quanto ao povo, na expectativa de que temer seja banido, de preferência até dos livros de história, cada vez fica mais clara sua indignação com a possibilidade - desejada pelo mundo empresarial e seu pouco interesse com as questões nacionais de relevo - de termos eleição indireta para a eventual vacância do cargo. Afinal, como acreditar que pode sair algo de aproveitável de uma eleição em um colégio eleitoral em que mais de 300 eleitores têm sobre si a mesma suspeição de crimes capazes de derrubarem o golpista.
A situação é ruim?
Mas ficará pior se não aprovarmos uma emenda constitucional que assegure a realização de diretas já. Com a presidência, interinamente ocupada pela ministra presidente do STF, com a missão explícita de organizar e dar posse ao novo eleito. Pelo povo.