terça-feira, 28 de maio de 2019

Manifestações em prol de quem de mito, passou a mico. Pior: um mico que flerta com o golpe

Posso estar enganado, mas aprendi desde pequeno que se alguém pede socorro, é porque se encontra ou se sente em situação de perigo.
No caso de pedir apoio, ajuda, é um reconhecimento (nem sempre ruim!) de que não está em uma posição de força. Não está confortável.
Raras vezes o pedido de auxílio é sinal de humildade ou alguma atitude especial, visando incorporar muito maior quantidade de pessoas em projetos, ações, propostas, de forma a dar-lhes a oportunidade de se sentirem participantes, sujeitos da ação. Mesmo quando a tarefa é, reconhecidamente hercúlea.
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Por outro lado, dentre as muitas lições que tive a oportunidade de aprender com minha avó, uma lição que nunca esqueci foi a de que, quando você tem alguma queixa ou reclamação a fazer, você deve procurar direto a pessoa que tem a responsabilidade pela solução do problema enfrentado.
Por mais que todas as pessoas devam sempre ser valorizadas, qualquer que seja sua função, dirigir uma reclamação àquelas pessoas que não  têm condições ou autoridade para resolver a questão, pode soar como simples desabafo, apenas uma atitude para chamar a atenção, sem qualquer efeito senão o barulho,  além de se tornar uma perda de tempo.
Desta forma, a fazer alguma reclamação, procure quem pode ter a solução e trate direto com essa pessoa.
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Refiro-me a essas recordações em razão do instante que nosso país atravessa, marcado pelo envolvimento do próprio presidente da República em convocação de manifestações públicas de apoio a seu governo. A ponto de ter manifestado, em várias ocasiões, a vontade de ir às ruas, congratular-se com o povo.
Ora, se de fato tivesse o apoio da população, ou ainda a certeza de ter tal apoio, seria no mínimo perda de tempo patrocinar tais convocações.
Afinal, ou se tem ou não se tem o apoio ou a certeza dele. E não deveriam caber dúvidas disso.
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Exceto que o presidente esteja se sentindo fraco. O que não é o caso, por suas intervenções, comemorando o resultado das manifestações por ele convocadas.
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E, se é verdade que o presidente não foi às ruas, como manda a prudência e o aconselharam seus assessores, sabemos todos que esteve presente ao menos no mundo virtual, em que passa grande parte do tempo em que deveria estar governando o país.
E, se as manifestações não foram um fiasco, ao menos conseguiram juntar um contingente de pessoas, sempre prontas a, posteriormente, acorrerem às redes sociais e acreditarem em fotos manipuladas, para expandirem o número de participantes significativamente.
Afinal, há uma certa percepção equivocada de todos que estamos presentes em algum evento, muito por força de nosso envolvimento emocional, de que o movimento é mais poderoso e tem mais presença de público que o que a realidade fria nos indica.
Coisas da visão distorcida da paixão.
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E, embora ao pedir apoio a seu governo, o presidente mostre que não é o mito que se apregoa, estando mais próximo de ser um grande mico, impressiona-me o fato de não procurar ir direto levar suas queixas ou demandas àqueles que têm a responsabilidade e competência para ajudarem a resolver a situação.
Afinal, se Bolsonaro foi eleito (democrática e desgraçadamente!), também os deputados e senadores foram escolhidos pelo povo para representá-los. E é com os membros do Congresso que o presidente tem a obrigação de se sentar e entrar em entendimentos.
Se é de fato seu desejo promover reformas que permitam que o país possa evoluir e voltar a ser uma nação rica, de economia em crescimento, emprego e mais justiça e igualdade de oportunidades para todos.
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O problema é que alegando que isso é o jeito velho de se fazer política, através de entendimentos, negociações, acordos e soluções de compromisso, o irresponsável que ocupa a presidência aproveita para lançar sobre toda a classe política a pecha de corrupta e venal.
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Talvez por ter estado quase 30 anos no Congresso, vivendo nas sombras, nos espaços onde se realizam as negociações mais escusas e indecentes, o presidente tenha ficado tão viciado como o fumante de boca torta do cachimbo. E, a partir daí, acredite que todas as negociações sejam negociatas. Sempre abjetas.
O que o faz se recusar a se reunir e discutir qualquer assunto de caráter mais nobre. Mesmo que de discutível resultado para o povo, último beneficiário das medidas.
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Porque ou é isso, ou vai ficando cada vez mais claro que a intenção do presidente é muito mais autoritária, muito mais truculenta. Ou seja, suas reformas devem passar como ele as desenhou, sem qualquer espaço para alterações, mesmo que para seu aperfeiçoamento.
Especialmente porque aperfeiçoar as medidas, no sentido do atendimento aos interesses do povo, significa muitas vezes obrigar outros setores mais poderosos, a abrirem mão de todos os benefícios e vantagens que idealizaram.
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Digo isso, mas acho que, no fundo, o que move Bolsonaro não é o desejo de fazer o Congresso se amesquinhar, se apequenar e passar, por temor, a aprovar tudo que seu mestre enviar e mandar.
Pior que isso: acho que, no fundo, o que esse presidente deseja é fechar o Congresso, com apoio da população ou parte dela. No fundo, o que ele parece desejar é fechar tudo e, como já citado por um de seus filhos, mandar um cabo e um soldado para fechar até o Supremo.
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Importa observar que nessa função de jogar a Constituição na lata de lixo, a julgar por declarações que apenas mantiveram o mesmo tom e conteúdo das emitidas pelo presidente, Bolsonaro conta com o apoio de, ao menos, seu Ministro do Gabinete da Segurança Institucional, o general linha dura Augusto Heleno.
E confesso, que fiquei surpreso ao procurar pesquisar de que se trata a tal Segurança Institucional.
Porque, ingenuamente, acreditava que era o general responsável por cuidar da Segurança das Instituições do Brasil.
Mas, qual não foi minha surpresa ao descobrir que o cargo tem a função de prestar assistência direta e imediata ao Presidente, assessorando pessoalmente em assuntos militares e de segurança.
Logo, nada a ver com respeito às Instituições. Nem, necessariamente ao livrinho.
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Para ser justo, devo admitir que muitos que foram às manifestações, provavelmente repeliriam um golpe como o prenunciado.
Como foi dito pela imprensa, apenas uma minoria de pessoas, a pior espécie delas, as ressentidas, podem ter essa ambição, ainda não escancarada totalmente.
A maioria, pode sim ter ido às ruas para aprovar a reforma da Previdência de Paulo Guedes ou melhor dizendo de seus patrões do mercado financeiro.
Ou o pacote anticorrupção de Moro, o juiz que prende e arrebenta, desde que não seja colega de ministério, ou tenha mostrado arrependimento de práticas delituosas, como nos casos dos ministros da Casa Civil ou do Turismo.
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Alguns podem até achar mesmo que o COAF, que sempre esteve ligado ao Ministério da Fazenda, onde tinha autonomia e independência até para poder fornecer subsídios à Lava Jato, deveria ir parar sob o comando de um ministro desmoralizado, que poderia interromper investigações, especialmente contra colegas, filhos e outros que tais.
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Mas, que eu gostaria de ter acesso a resultados de pesquisas com tais pessoas, bem intencionadas, para poder avaliar o quanto se deixam iludir com as propostas que defendem sem conhecer, isso é fato.
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De minha parte, afirmo que tais reformas não irão permitir o país voltar a crescer. Até mesmo as contas do governo, é discutível que possam ter melhoras imediatas ou de médio prazo.
O país vai continuar tendo corrupção, por que isso é da parte podre da nossa sociedade, aqui ou em qualquer lugar do mundo.
A Previdência, em especial a proposta de capitalização, irá apenas aumentar a desigualdade e a conflagração entre os brasileiros.
Iremos sucatear nossa educação superior, de qualidade elevada, mas não iremos nos incomodar, já que meninas continuarão usando rosa e meninos se vestirão de azul.
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Sobretudo um alerta: Bolsonaro flerta com o golpe. E tem cheiro de golpe no ar.


segunda-feira, 20 de maio de 2019

Aproxima-se o Caos; ele atende pelo nome de Bolsonaro e na teoria da conspiração que formulo, foi plantado ali pelos militares linha dura de outrora


A verdade é que, a cada dia mais, em minha humilde opinião, fica difícil entender nosso país. A não ser que compartilhemos da ideia, que vinha sendo difundida já desde a campanha eleitoral, como galhofa, de que a posse de Bolsonaro, no primeiro dia de 2019, nos remeteria ao Brasil dos anos .... 60´s.
Pois bem, em 1961 tivemos a posse de Jânio da Silva Quadros na presidência do país, eleito com a espetacular marca de mais de 3 milhões de votos, para o cumprimento de um dos mandatos mais breves de nossa história republicana.
Como todos sabemos, Jânio, o Breve, não passou sentado na cadeira presidencial do dia 25 de agosto daquele mesmo ano, fruto de uma tentativa esdrúxula de golpe ou auto-golpe, que incluía o fechamento do Congresso, suportado por todos os seus eleitores.
A ideia, simples e engenhosa, era de ameaçar renunciar impulsionado por forças ocultas, para que os seus eleitores saíssem às ruas exigindo sua permanência e dispostos a intimidarem o Congresso e outros Poderes.  A oportunidade ímpar, já que dia 25, comemorava-se o dia do Soldado e, sendo essa data o início de mais um fim de semana, a carta renúncia – amplamente divulgada pela mídia, não seria lida em plenário tornando-a inútil.
Curioso era ter Pedroso Horta, ministro da Justiça do tresloucado líder, ter levado a carta – de existência concreta, real – à Casa Legislativa, na certeza de encontrar a Casa vazia, com a maioria dos deputados no se acotovelando no espaço que mais apreciavam na Capital Federal: o saguão do aeroporto.
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Os fatos hoje, já passaram à história, encontrando-se com Tancredo, uma das lideranças da oposição, e ao mencionar a carta, o matreiro político das Minas Gerais, correu ao seu gabinete de onde disparou telefonemas para o Aeroporto, solicitando que os deputados fossem comunicados de que deveriam voltar ao Congresso imediatamente.
A carta renúncia foi lida. O golpe de Jânio saíra pela culatra, o que foi reconhecido por ele mesmo, em aula/palestra que proferiu na FGV São Paulo, em que estive presente, em 1977/78.
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Agora, passados quase 60 anos de tal narrativa, vemos o presidente, o tenente sem noção afastado das Forças Armadas, em um acordo para não ser excluído ( o que lhe valeu a promoção a capitão, posto que ele nunca atingiu) ir às redes sociais e, tentando repetir o gesto de Jânio, o Breve, se lamuriar em relação às forças nada ocultas das corporações, não descritas ou identificadas para mantê-las obscuras.
E, em texto que compra a ideia de teoria da conspiração que os malucos e mal-intencionados de seus filhos são porta-vozes, resolveu divulgar um texto lamentando, não sua incapacidade total, plena de governar, mas sua incapacidade, tolhido por espectros de corporações que não consegue delinear.
Tudo senão arquitetado, bastante compatível com o seu guru, o astrólogo que, em um dia de sombras, chuvas e trovoadas, viu em seu mapa astral a presença do sol em sua casa do conhecimento. O que o tornou um .... filósofo.
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Situação que, com o perdão da brincadeira infame, virou bordão e meme das redes: se o filósofo que ele conhece é esse aí, um tal de Olavo, então melhor é mesmo fechar os cursos de Filosofia.
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O que talvez ele ignore é que seu guru nunca frequentou qualquer curso formal da ciência mãe, junto com a História das ciências sociais e humanas.
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Voltando ao texto, toda a imprensa não se deixou levar pelo blefe de Bolsonaro, o que não alivia a situação política, ao contrário a agrava em minha opinião.
E digo o porque. A tentativa canhestra, como toda a ação de nosso presidente, seja ao comentar as maniffestações populares contra os cortes da Educação, seja para ser engraçado e popular com fã (ele ainda tem isso?) de origem oriental, que lhe pediu para fazer uma “selfie”.
Feita a foto, com sua elegância o paspalhão foi falar do tamanho “pequenininho” do órgão sexual de seu admirador. Brincadeira que, sem mimimi e fugindo dessa postura de politicamente correto, cai muito bem para um presidente de um país onde se encontra a maior colônia de japoneses, depois do Japão.
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Mas o quadro é mais grave porque se sabe que o presidente está enfraquecido, não aprova nada na Câmara, além de agora estar vendo a própria Câmara derrubar seu projeto de reforma da Previdência para apresentar outro, de autoria do legislativo.  Um projeto que terá mais respaldo, mais votos, e o que temo sinceramente: maior rigor até, com certas questões, já que o BPC e o benefício do trabalhador rural são pontos de honra de toda a Casa.
Custo a crer que irão mexer mais fundo com os militares, mas com outras questões e categorias, é algo bastante provável.
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Já sem demononstrar qualquer apoio no Congresso, o presidente caricato presta-se a isso mesmo, tonar-se personagem de tirinhas, enquanto procura se desvencilhar das atrapalhadas de seus filhos, especialmente do Flávio, cujos laços com as milícias vão se tornando cada vez mais evidentes.
Afinal, não foram poucas as homenagens a policiais que envergonham a corporação e a farda que vestiam, e que Flávio tinha como amigos, heróis e ídolos.
Mas, porque citar Flávio?
Porque deixar passar de liso o pai, o “capitão”, que tinha como ídolo e ainda o tem, um Brilhante Ustra e outros torturadores; e que, como bem lembrado por Jânio de Freitas na Folha de ontem, foi que passou ao filho a votação, o gabinete, e os funcionários todos que estão envolvidos hoje com Flávio.
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Com uma chance muito grande de estar certo no palpite, não é difícil perceber que Flávio apenas saiu, herdou e vem mantendo a situação que, como filho, recebeu do pai.
O que atemoriza e enfraquece ainda mais o (des)governo de Jair. Aquele que, em tom de brincadeira lembrou que também era Messias.
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Nesse meio tempo, agiganta-se meu receio, já que ao publicar o texto em que alega ser refém da ingovernabilidade, o próprio presidente deve admitir ser verdadeiro o trecho do artigo, que diz que ele nada fez, e que seu governo é um não-governo, até aqui.
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Mas o texto, a difusão, a repercussão, tudo em como propósito fortalecer o movimento de apoio ao seu desgoverno, já convocado para domingo próximo, dia 26.
Uma manifestação em desagravo do capitão caricato.  Que, a julgar por áudios que já foram objeto de comentário da imprensa, pode se tornar algo muito mais agressivo e sério e violento.
Afinal, o caminhoneiro que já se manifestou, e foi citado pela midia, a julgar por sua educação, conhecimento e cultura, palavreado e mensagem, já está pintado com todas as cores da guerra.
Que pode se transformar em um grande divisor de águas no nosso país, pouco afeito a lutas fraticidas (peo que las hay, nos morros, nas comunidades, nos confrontos com a polícia, e até dentro dos lares, entre maridos e mulheres).
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Engano comparar a situação atual com o pedido de Collor nos anos 90, para o povo ocupar as praças vestidos de verde e amarelo! ( O povo saiu e foi às ruas no 7 de setembro, de preto!!! Pacificamente, para por a pá de cal no então presidente).
Embora esse seja outro espelho de Bolsonaro,  a verdade é que agora a cisão é mais pronunciada e o lado que apóia o presidente, está mais armado, tanto nos espíritos quanto nos preparativos para a luta.
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Em tudo isso, assusta-me o comportamento dos militares, já identificado por alguém (que me esqueci, como o silêncio de rádio, que antecipa o início da luta.
Quietos, silenciosos, parece que eles estão à espreita, para que, ao primeiro sinal de radicalização mais evidente ou de maior gravidade, as FsAs (forças armadas) cumpram as suas funções constitucionais e assumam o poder.
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O que me faz até ter pensado em se as Forças não terem planejado tudo isso, estrategicamente, como uma forma de vingar e restaurar a imagem tão arranhada que deixaram da última vez que frequentaram o poder.
Assim, em minhas viagens, fico pensando se não teria sido tudo programado. A descoberta de alguém que tendo origem militar, guarda algum carisma. Uma pessoa que fala bobagens sem qualquer pudor, por seu destempero. Que além disso, e por suas posturas junto ao povo e na Câmara, já se mostrou contra a liberdade e a democracia. Contra as esquerdas e os movimentos sociais. Contra a ordem e a justiça, já que tem como ídolos generais torturadores. Por acaso, colegas de nossos generais que o cercam e o vigiam para terem a certeza de que ele estará confinado a limites aceitáveis.
Esse militares, sabem ainda de que os pés de Jair são de barro, e que o discurso de corrupção, tanto quanto em Collor era só uma falseta.
Então, a hora que for necessário, tais militares estimulam guerras intestinas, entre os apoiadores do Jair, agora vítima de sua estupidez. E enquanto o Bolsonaro se mostra um trapalhão, os militares aguardam. Em silêncio. Sorvendo o prazer de ver seu plano funcionando como idealizado.
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Ao fim, para evitar o mal maior, assumem.
E terão apoio e atenderão a chamados até da esquerda pouco atenta.
E os Mourões e Helenos e Villas Boas irão poder mostrar toda sua competência e genialidade, que de fato são detentores. E irão finalmente, vingar seus amigos, generais linha dura, tão vilipendiados pela história.
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O que permite que a história possa ser reescrita, com as mesmas tintas ou mais graves. As tintas da vingança.
Em um “1984” vermelho.

terça-feira, 14 de maio de 2019

Governo fake, criador de mentiras e fatos pitorescos cômicos. No fundo, o uso da comédia como arma de desconstrução

Ausente por dois meses deste espaço, admito que várias são as explicações para tal afastamento. Desde uma sensação de desalento, de descrença na capacidade de minhas postagens contribuírem para a formação de uma mentalidade mais crítica de análise do ambiente e da sociedade em que vivemos, até uma autocrítica tão aguda, que chega a doer.
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Afinal, reconheço várias de minhas limitações, de várias espécies, inclusive intelectuais, e não me sinto nem  um pouco apto a me tornar um crítico de arte. Arte, de qualidade duvidosa, mas ainda assim, arte. Do tipo da realidade paralela tratada no filme Matrix, mas que, em nossa realidade, destacam uma competência avassaladora, dos atores, de desempenharem papéis tão nonsense.
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Ou pior: do tipo mais arrasador da comédia,  do pastelão escrachado, cuja capacidade de fazer rir da situação absurda em que a realidade é capaz de se transformar, acaba tendo o efeito mais corrosivo, da desconstrução do mundo. Da desconstrução do real.
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Tal situação de desconstrução pela crítica aguda que o humor permite pode ser ilustrada, por exemplo, pelo lamentável episódio protagonizado pela toda poderosa Rede Globo, e sua equipe de esportes, no jogo realizado no Maracanã, entre Santos e Vasco.
Premiar, por julgamento popular via redes sociais o atleta Sidão, goleiro do Vasco derrotado, como melhor em campo é, antes de mais nada um achincalhe. Uma piada de mau gosto, agressiva, desnecessária. Mais infame ainda, pelo fato de o goleiro ter, nitidamente sido o grande responsável pela derrota de seu time, determinante de ao menos dois gols do adversário.
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Pior em minha opinião, foi não apenas ir até o fim na gozação, entregando o prêmio ao aturdido jogador. Pior foi o fato que o ser humano Sidão, ainda nos trajes de goleiro, mostrou uma elegância e uma dignidade tão elevada, tão superior que reduziu a Globo, a repórter constrangida, e toda a equipe de esportes daquela estação de televisão a um bando de comediantes tão descartáveis e tão dignos de compaixão quanto o apresentador do programa que se pretende de humor nas noites do SBT.
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Constrangimento que não passou de fake, dadas as repetição desnecessária de toda a história no programa Fantástico, com gozações divertidas???, por parte do engraçadinho??? Tadeu Schmidt.
Aliás, fazendo um parênteses, que desserviço para a própria Globo, o Tiago Leifert prestou, ao introduzir, um novo jeito de apresentação de programas esportivos, desde 2009. Programas mais leves, mais divertidos??? e cheios de brincadeiras e gozações.
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Mas tudo que aconteceu com Sidão, teve como objeto o de desconstrução, pelo grande público, de uma promoção interativa da Globo.
Desconstrução tão exitosa que a própria Globo já se desculpou e mais ainda, já alertou que irá mudar o formato da premiação.
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A esse propósito, de interatividade e participação constante do telespectador, é preciso lembrar e criticar sempre a ideia. Não por ser contra a maior participação democrática, popular, etc.
Mas por que a eleição via redes sociais é, dado o volume de participações, uma situação que permite que o anonimato se estabeleça e prevaleça.
O que permite que situações protegidas por esse "não deixar pistas", possa causar problemas muito mais sérios.
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Estamos vivendo pois, uma situação de desconstrução. Processo tão grande e avassalador, que muitas vezes, imperceptível. E capaz de levar de roldão pessoas com um mínimo de capacidade intelectiva, crítica e racional.
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Daí a razão de à nossa volta vivermos situações cada vez mais kafkianas.
Tão despropositadas que o ministro da Educação, intelectual sobejamente reconhecido, ao querer ironizar e classificar a situação que o país atravessa em sua área de atuação, afirmar que vivemos em mundo como o descrito por Kafta.
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O que nos leva a registrar o lapso do ministro como apenas uma galhofa. Ou como uma mentira.
O ministro mente. E sabe que mente. E por mentir tanto, não se permite, classificar a realidade como Kafkiana, já que sabe que tal classificação não se aplica.
E ao mentir com consciência, traído por seu inconsciente, o ministro comete um ato falho. O que vivemos é uma situação de kafta. De alimentação. Pela ausência ou pela miséria. Ou porque a gente não quer só comida...
E ao mentir como o faz o ministro mente, consciente mente.
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Razão por que, também para desconstruir as universidades e o ensino público de qualidade reconhecida internacionalmente, com suas equipes de pesquisa e publicações, resolveu punir algumas Universidades.
Pelo fato de, naqueles espaços, os alunos e equipe de professores e funcionários em respeito à autonomia que lhes é assegurada pela Carta maior, procurarem exercer o direito legítimo de se reunirem, pesquisarem, questionarem, criticarem e chegarem a conclusões construtivas. Na contramão da desconstrução do grupo no governo.
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E como mente o ministro, para fugir às críticas, ele estende o corte. E mente que não era um corte generalizado, linear, mas um contingenciamento. E mente quando afirma que a partir de setembro, com a reforma da previdência aprovada, os gastos serão autorizados e retomados.
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Mais uma vez, como mente o ministro, sua consciência lhe trai. E desconstrói o saco de maldades que ele preparava. Afinal, o ministro de Educação pode ser tolo, ou parecer tolo. Pode ser divertido.
Mas obrigatoriamente, economista que é, deve saber fazer conta de chocolates.
Mesmo que tenha errado propositadamente, para que o presidente ao seu lado tivesse mais barrinhas para poder ir, com toda o recato que a situação exigia, comer o objeto da ilustração.
Um fato pândego!!!
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E é essa a conclusão a que chego, e que me faz ter dificuldades para analisar a situação que estamos vivenciando.
O presidente mente, ao dizer que prometeu ao ministro fazer dele membro do STF. O ministro, por quem cada vez menos moro de amores, mente descaradamente, ao dizer que não houve o acordo que o presidente afirma ter havido.
O presidente mente para contentar o ministro mentiroso, como quem mente para a criança mal comportada na festa de aniversário, visando constrangê-la a se comportar bem, já que terá um presente surpresinha ao final da festa.
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O presidente, antes, já tinha mentido ao convocar esse juizinho para sua equipe, mentindo e vendendo à população a ideia de que iria fazer um governo sério, justo, de combate, por exemplo, ao grave problema da corrupção no país.
O ministro já tinha mentido antes, quando transformou sua perseguição a um político específico, em combate geral a toda a classe política corrupta.
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O ministro mentiu quando assumiu um cargo para poder se projetar no Executivo, quem sabe almejando uma candidatura baseada em sua popularidade até ao cargo máximo.?
Paladino da mentira, teve suas asas cortadas em pleno voo pelo presidente mentiroso, cuja família percebeu o cheiro da traição no ar.
Por isso a desconstrução da figura do ministro da Justiça e o afago para manter o menino mentiroso quietinho em seu canto, até o fim da festa.
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Mas no atual governo, mente a ministra Damares, que quer ser a mamãe dos índios, e flagrante atitude de alienação parental, já que os índios não terão a visita de papai Moro.
E todos no governo mentem, ao brincar de casinha com a ministra Damares, de forma tão lúdica e divertida. E sadia.
Tão sadia quanto a população brasileira, alimentada pelos frutos que as cidades lhes proporcionam, como as mangas das árvores nos centros urbanos.
A ministra da Agricultura, autora da tirada divertida, não sabe, talvez, é que também há jacas plantadas, ao menos aqui, em certas regiões de Belo Horizonte.
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Mas, divertidamente, desconstrói a necessidade de se adotar políticas públicas voltadas à alimentação da população. Porque, afinal, seu interesse é a agricultura para exportação e divisas e lucros para fazendeiros que não se preocupam com sustentabilidade.
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Por fim, para não ficar muito extenso esse texto, o ministro Paulo Guedes mente. E mente descaradamente, ao afirmar que a Reforma da Previdência irá permitir ao governo  uma economia e uma poupança que lhe permitirá realizar investimentos que o país precisa para criar empregos e voltar a crescer.
Homem do mercado financeiro, ele começou mentindo em relação à cifra que seu projeto irá economizar. De 1 trilhão, saltou para 1,2 trilhão.
Depois mentiu, ao deixar claro que por menos de 700 bilhões de economia, não implanta a sua proposta principal, de previdência por capitalização.
Aqui sim, ele não apenas mente, como torna-se hilário. Logo sua principal meta está ameaçada???
Por fim, mente com o discurso de que irá utilizar os recursos poupados da previdência, para fazer investimentos.
Logo ele, um liberal, cuja filosofia é não interferir na economia.
Exceto se, comicamente, não quiser interferir diretamente, mas optar por auxiliar com subsídios, aos empresários a realizarem tais inversões tão necessárias.
Mas toda mentira do senhor Guedes o conduz a uma maior, que é também uma desconstrução. A desconstrução da Previdência Brasileira.
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No futuro, a desconstrução da nação e do povo.
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E nem precisamos falar das mentiras e desconstruções do guru do presidente e seus filhos. Aquele autoproclamado filósofo, Olavo de Carvalho e suas guerras mentirosas de tuítes com militares e outros parceiros do presidente, que insistem em não obedecer a suas maquinações.
Mas, parece-me que os militares, engolindo em seco, estão também mentindo. Ou só se divertindo. Vendo a desconstrução que o regime civil consegue protagonizar.
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E para encerrar, falando sério: os assassinos de Marielle ainda não foram todos identificados. Os mandantes continuam invisíveis. Mesmo após o oba oba de uma identificação de executores. E hoje, comemoram-se 14 meses de sua execução.
Por vários interesses que incluem o das milícias, de quem os filhos do presidente - e o próprio - são tão amigos.
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Enquanto isso, Queiroz mente e ganha dinheiro espertamente. E mente o Flávio, o senador, o que faz como mente.
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E o presidente vai a Dallas, Texas, receber um prêmio fake. Mentiroso e de desconstrução. Dado pela Câmara de Comércio Brasil - Estados Unidos, a um presidente que ainda não fez nada para melhorar o comércio entre nosso país e os Estados Unidos.
Mas, vale o puxa-saquismo, como já lembrava Aldemar Vigário - personagem inesquecível do grande ator cômico (esse autêntico e verdadeiro) Lúcio Mauro.
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E o presidente vai para a região berço da KKK (a região Sul, não o Texas!) que se notabilizou no cinema por ser a terra dos ranchos e do bangue-bangue.
A terra da arminha...
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É isso. Difícil escrever em meio a tanto desatino.