quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Tempos dolorosos. De luto. De lutas. E os Bolsonaros nos brindando com interrogações de toda espécie

Luto

Chegamos ao final desse mês de outubro, marcado por uma das perdas mais significativas que o desenrolar natural da vida nos proporciona: a passagem da minha mãe, no dia dos professores.
A data é ela mesma curiosa, em razão da origem profissional de minha mãe, normalista do Instituto de Educação e professora do ensino estadual.
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Anos depois, tendo se bacharelado em Biblioteconomia, passou a trabalhar na biblioteca do Instituto de Educação, e transferiu-se para a Secretaria de Administração, onde veio a ocupar o cargo de Diretora, até sua aposentadoria.
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De forma breve, devo fazer referência ao seu trabalho de conclusão do curso de Biblioteconomia, cujo conteúdo identificava, listava e apresentava a ficha catalográfica de todos os discursos da carreira de homem público do ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Monografia que, tendo em vista o período autoritário de ditadura militar que caracterizava o país, não mereceu a atenção devida, exceto junto à Biblioteca do Congresso americano e, aqui em nossa terra, de Serafim Jardim, o incansável guardião da memória de JK.
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Vale assinalar que, em razão de dificuldades de toda ordem encontradas na tarefa de datilografia dos originais de seu TCC (trabalho de conclusão de curso), que por pouco não implicavam na temível perda de prazos, se propôs a datilografar trabalhos para amigos, colegas, e todos que lhe procuravam.
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Além de alguma remuneração, isso lhe valeu várias noites sentadas à frente da IBM elétrica, muitos novos saberes e conhecimentos e contatos pessoais, como o mantido com o professor Washington Peluso Albino de Souza, pioneiro do Direito Empresarial no Brasil, e autor de livros sobre o tema.
Um dos livros traz o agradecimento à Maria Coeli Machado, responsável pela datilografia dos originais da obra.
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De temperamento alegre, nem o Alzheimer que a acometeu nos últimos 9 anos de vida, conseguiu lhe tirar o sorriso discreto do rosto, que um tio classificou certa feita como, o sorriso enigmático de Monalisa.
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Ao longo de toda sua doença, minha mãe foi partindo dessa vida, culminando agora com sua partida física.
Mas está presente, como sempre esteve, na vida de todos nós, que tivemos o prazer e a honra de com ela termos convivido.
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Enquanto isso...

Um jovem esquizofrênico, com recente passagem policial vinculada ao tráfico, usuário de crack e ao que parece, sem fazer uso correto do medicamento recomendado por profissional da área médica, atacou e assassinou a golpes de faca uma menina inocente, de 5 anos de idade, que chegava para a aula na manhã de ontem, dia 30, em Betim.
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O fato trágico, deplorável, traz à memória outro, semelhante, acontecido no interior da Livraria Cultura em São Paulo, onde um rapaz foi golpeado com um taco de baseball, vindo a falecer em razão do golpe desferido também por um rapaz desequilibrado mental.
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A comoção que tais notícias geram, em especial, no caso de Betim, por se tratar de uma criança e por seu algoz ser um rapaz recém liberado da prisão, ainda em uso de tornozeleira eletrônica, justificam o tratamento de destaque dado pela mídia.
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Reconhecer a selvageria do ato e as circunstâncias que o cercam não deve, contudo, transformar o fato em um espetáculo, nem dar espaço para reações - naturais, a princípio - de cobrança, revolta, vingança.
Digo isso, porque não é a cadeia o lugar para pessoas portadoras de transtorno mental, o que não dá direito a que se lembre que "nossas leis não mantêm afastados do convívio social" aqueles que representam um problema potencial.
Identificado o transtorno, o correto seria o Estado ter condições de proporcionar o jovem recolhimento, do tipo de medida de segurança,  a um lugar adequado para tratamento, com acompanhamento especializado.
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Favorável que sempre fui, à luta antimanicomial, há que se debater de forma séria, e em foro apropriado, o tratamento a ser dispensado a tais pacientes, de maneira a resguardar a segurança e integridade das potenciais vítimas, que na maioria das vezes, nem conheciam ou mantinham relacionamento com os portadores dos transtornos.
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Fica meu respeito à menina, e meus sentimentos à família, e minha preocupação com o tratamento a ser dado ao jovem doente.
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Observação: o tema é delicado e merece tanto meu respeito que, apesar de tratá-lo, antecipo meus pedidos de desculpas se o tratei ou usei expressões ou externei opiniões, completamente leigas.


Mas em um país dominado por um ataque de loucura total

Volto para o tema da vez, Bolsonaro.
Para comentar o ridículo de sua viagem e seu comportamento, que nos envergonha a todos, exceto aos que creditam a um eterno mimimi o fato de um mínimo de compostura, respeito à dignidade do cargo, às tradições do país e nossa cultura, serem cobrados de nosso representante máximo no exterior.
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Amigo de miliciano ou não, participante de rachadinhas ou não, aproveitador de verbas públicas em proveito próprio ou empregador de funcionários fantasmas ou não, o mito para todos aqueles que mostram serem portadores de imenso recalque ou falta de intelecto, ou serem mal intencionados mesmo, Bolsonaro foi eleito para ser presidente do Brasil.
Presidente macunaímico, como nossa realidade. Que não precisa a cada instante ficar nos lembrando de como somos cidadãos inviáveis, de segunda categoria...
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Ao aparecer em redes sociais comendo uma espécie de macarrão instantâneo, o nosso miojo no Japão, comentando não se adaptar ao cardápio da recepção oficial, ou ao dar declarações de que estava em visita a um país capitalista, referindo-se à China, Bolsonaro joga no lixo toda nossa tradição de diplomacia e cortesia.
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A tais comportamentos, e na mesma linha, estão as inúmeras manifestações agressivas ao povo argentino, ou ao povo chileno, o primeiro por eleger alguém de oposição ao seu corte ideológico, o segundo por protestar legitimamente contra a usurpação de seus direitos.
Diga-se de passagem que a mesma usurpação de direitos que seu posto Ipiranga, o liberalzinho Paulo Guedes, tem como receita de bolo ou proposta para adotar em nossa economia.
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Não contente com tantas aberrações de comportamento, o presidente ainda, e mais uma vez, ofende as mulheres. Mas não é apenas misoginia. Ofende a trabalhadoras, jornalistas, obrigadas a cobrirem o show de insensatez que ele protagoniza, com comentários de que todas as mulheres, em especial as ali presentes a trabalho, assinale-se, estariam dispostas a fazer tudo para poderem estar a sós com um príncipe árabe.
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O mesmo príncipe com que ele diz ter tanta afinidade quanto com um irmão, apesar das suspeitas de que tal príncipe foi quem mandou executar o jornalista crítico ao governo árabe, em prédio de embaixada do país no exterior.
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Diga-me com quem tu andas...
Bolsonaro depois não gosta quando recaem sobre ele, suspeitas de suas ligações temerárias, para não dizer mais nada, com seus vizinhos milicianos, os queirozes da vida, e outras pessoas de mesmo tipo de comportamento suspeito.
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O que me dá uma saudade de quando o país era representado por um Lula, falastrão, tolo e ingênuo, talvez em alguns momentos até inebriado pela conquista pessoal e consagradora obtida, em especial, considerando sua origem.
Que saudade dá quando Lula era o cara. Sem precisar bajular e falar gracejos infelizes a respeito daqueles com quem tinha encontros agendados.
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Que saudade quando os irmãos de Lula eram do tipo de Vavá e não do tipo de um sheik sob suspeição.
Que saudade dá quando a quadrilha do Torto em Brasília, patrocinada por D. Marisa, era apenas a reunião de caipiras em festas de São João, não a quadrilha que infesta as cercanias da residência de Bolsonaro.
Não a gangue de filhos herdeiros de Bozó.
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Hoje, temos de ver o ex-futuro e fracassado indicado para embaixada nos EUA, postando retrato ao lado do filho do presidente argentino eleito, o nosso herdeiro com macho, com fuzil no colo.
Aliás, a fixação de Eduardo por fuzil e armas, pistolas, sempre em sua mão, são mais interessantes e, quem sabe, reveladoras de seus instintos, que o comportamento de seu irmão Carlucho.
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E a vergonha de estar se expondo ao lado de alguém que, independente de qualquer outra postura, é capaz de se assumir, como o filho de Fernadez.
Rapaz cuja resposta sábia e alto astral mostra que, de filhos e educação, temos muito a aprender com nossos hermanos e vizinhos.
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Isso tudo, depois de, da tribuna da Câmara, Eduardo ter feito um discurso de que, se as manifestações orquestradas pela esquerda internacional que hoje assolam o Chile, chegarem ao nosso país, tais movimentos serão repelidos como machos: à força de tropas militares.
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Para concluir a lista de comentários de desatinos, Bolsonaro já estando ciente há mais dias, até semanas de que houve quebra de sigilo por parte do governador do Rio, ao ser informado que fora citado no processo de investigação da morte de Marielle, preferiu se calar por que razão?
Afinal, se foi informado, como garantiu em seu discurso raivoso em rede social, não houve ali, já naquele instante a descoberta de que Witzel cometeu uma irregularidade?
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Ou Bolsonaro preferiu se calar para ter tempo para buscar, ou no limite, fosse outra pessoa, até forjar provas e documentos que pudessem lhe fornecer um álibi?
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Ora, o tal livro existe de fato ou não, com a letra do porteiro?
O que ganharia o porteiro ao citar, por engano, em mais de uma oportunidade, algo que em tese consta no livro?
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Porque Carlos conseguiu acesso à fita de áudio, que a Polícia parece não ter encontrado, ou visto, ou analisado?
Ok, em se tratando da Polícia do Rio, que não consegue encontrar e interrogar Queiroz. Aquele da fita de áudio com empregos e muita grana, junto à Câmara.
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Se foi enviado à Procuradoria Geral, porque, baseado em que documentação oficial, o Procurador mandou arquivar o processo com a citação do porteiro como improcedente?
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Vivemos, como diz o Ministro Marco Aurélio, tempos difíceis, malucos. Diria, tempos bicudos...
A Globo e parte da imprensa ameaçada, acovardada, os Tribunais como Juízos de Exceção, também acovardados.
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A PF, ao que parece agindo apenas sob ordens de Bolsonaro e seu moro predileto.
O Coaf sendo impedido de fazer seu papel, que cumpriu sem interferências em todo o período em que fomos governados por corruptos petistas, e agora, sob censura, a pedido do filho e interesses daquele que foi eleito para combater a corrupção...
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Nesse meio tempo, nossas praias têm mais óleo, piche, etc.
E na Esplanada em Brasília, nossos ministros têm mais ligações com laranjais, embora façam turismo em praias, uns; enquanto outros passeiam sua ignorância contra o Meio Ambiente, que deveriam preservar.
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Tempos de fato, dolorosos. De luto. De lutas




terça-feira, 15 de outubro de 2019

Homenagem aos professores, esses mestres da provocação em um país em que a Lei da Mordaça tenta voltar nas Escolas, sem partido

Terça feira, 15 de outubro, dia do professor.

Não poderia deixar de usar esse espaço para prestar minhas homenagens a todos os colegas que, dentro de sala de aula, nas bibliotecas, nos corredores, nos pátios, em qualquer espaço disponível nas escolas, colégios, faculdades, nos materiais e laboratórios da Educação à Distância, atendem à sugestão de Rubem Alves que atribui ao professor o papel de criar a alegria de pensar.
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Ser professor de espantos, mais que das matérias tradicionais em que o ensino se apresenta por motivações didáticas.
E atender àquilo que o Padre Geraldo Magela Teixeira, ex-reitor da PUC-MG e do Centro Universitário UNA, costumava afirmar, de forma a evitar que se perdesse o foco: nas escolas, até as paredes ensinam.
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É verdade. E, por ser verdade, importa destacar que se as coisas já estão todas à nossa volta, à nossa disposição, na Internet ou nas paredes das escolas, em todos os lugares, ou nos livros. o papel do educador é o de se tornar um provocador.
Não o dono das soluções acabadas e da palavra final. Mas aquele que provoca. Que aguça. Que estimula a curiosidade. Que questiona as verdades estabelecidas. E que ensina a pensar.
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Papel e comportamento bastante diferentes do que está sendo proposto hoje, em nosso país e em algumas de nossas instituições de ensino, para ser o padrão de comportamento do professor, e que atende pelo eufemístico nome de Escola sem partido.
Projeto que, aprovado em primeira votação na Câmara Municipal de Belo Horizonte, na data de ontem, procura, na verdade, servir como um tipo de censura. Feita justamente na intenção de não permitir que a apresentação de conteúdos de ensino deem espaço a questionamentos, contrapontos, debates, opiniões divergentes.
E eliminando aquilo que o senso comum e a sabedoria popular sempre destacaram, a ponto de transformar em um provérbio: Da discussão nasce a luz.
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O problema é que tal tipo de escola, capaz de levar a pensar, capaz de respeitar a divergência, capaz de entender a importância da provocação para aguçar o interesse do ser humano em aprender cria um cidadão mais consciente. Mais difícil de ser ludibriado. Mais difícil de ser manipulado.
E tal tipo de pessoa não se satisfaz com qualquer tipo de explicação simplista para os problemas e as dificuldades rotineiras da vida.
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Dessa forma, esse objetivo de criação do homem por inteiro, completo, íntegro, não combina com uma proposta de educação e transmissão do conhecimento que se pretende doutrinária. Dogmática.
Daí a proposição de que o professor em sala de aula seja apenas um conteudista, transmissor impassível e inerte de "verdades" que já existem e são apresentadas de forma muito mais divertida, muito mais agradável, muito mais fácil até, nas redes sociais, nos sites da internet.
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No fundo, a proposta de transformar o professor em um robô segue apenas a lógica de utilização dos programas de disparo automático de mensagens, de uso já bastante difundido, para entupir, entulhar, caixas de mensagem e correio eletrônico com material de interesse de grupos que buscam a dominação autoritária.
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Ao procurar limitar qualquer manifestação do professor, exceto a narrativa do conteúdo incluído nos livros, apostilas e outros materiais, impede que o conhecimento aproveite, para ser útil e se tornar uma ferramenta de desenvolvimento pessoal e social, a realidade de cada aluno. Impossibilita que cada aprendiz possa ter sua atenção despertada para a relação que existe entre aquilo que é o objeto de conhecimento e sua realidade. Dificulta que o aprendizado possa se tornar útil para sua vida e, como tal, venha a despertar-lhe a curiosidade e o desejo genuíno de aprender e questionar e aprofundar em sua busca de saber.
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A questão é que, para chegar a esse nível de estimulação, de vinculação do conteúdo com a realidade experimentada por aluno, a escola teria que ter espaço para discutir as realidades e os ambientes sociais completamente distintos. e as carências e necessidades e demandas totalmente estranhas de cada aluno individualmente. E de cada grupo social em que o aluno estivesse inserido.
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No fundo, isso seria despertar justo o tipo de discussão, de viés social, culturalmente marxista, que os defensores da Escola sem partido desejam evitar a qualquer custo. Por que isso significaria tocar o dedo na ferida. Identificar as raízes da desigualdade vergonhosa que deveria nos envergonhar e que  assombra a todo o mundo. Significa questionar as razões de tanta diferença de tratamento entre os mais privilegiados e os desfavorecidos, em um país pródigo em riquezas de toda espécie.
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Talvez manter toda essa questão debaixo do tapete seja o mais importante, em uma sociedade em que políticos que nunca fizeram absolutamente nada pela sociedade, além de discursos de ódio e desrespeito possam se passar por mitos.
Uma sociedade que abusa dos privilégios e que não quer perder nenhuma fatia de qualquer um deles.
Afinal, perder direitos significa cada vez mais desgarrar-se do pelotão que vai à frente, aproximando-se perigosamente do grupo que segue na traseira.
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Entende-se por isso, a luta de pais de um Colégio tradicional, de classe média alta, como o Loyola de Belo Horizonte, para impedir que qualquer material que leve a questionar seu mito e todo o status quo possa ser utilizado em sala de aula, ou como material para questão de prova.
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Pouco importa que as tradições do Colégio e da Companhia de Jesus que o mantém se proponham a formar o ser humano compassivo, humanista, democrático, solidário. Pouco importa que o texto se encaixasse à perfeição no conteúdo sendo tratado naquele instante, a saber, a estrutura e a forma de apresentação do texto de HUMOR.
Seria trágico, não fosse cômico, se já não houvesse em nossa literatura toda a discussão do temor que a possível existência de um livro sobre a Comédia,  de Aristóteles tivesse de fato existido.
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Embora, mais uma vez, o texto do blog acabe ficando longo, não resisti a citar trecho de artigo de Sérgio Medeiros, sobre a teoria do riso, do filósofo grego.
Porque, segundo o artigo, "para Aristóteles, segundo seus historiadores, o riso seria "próprio do homem", sinal de racionalidade humana, a necessária ligação do homem com os deuses através das ideias que elevam o espírito - (teoria da felicidade)..." (Teoria do Riso - o livro perdido de Aristóteles, por Sérgio Medeiros - da internet).
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Pois bem, para os críticos do filósofo, o riso rebaixava o homem, destruía a solenidade ou quebrava o dogma da fé e do respeito devido à.... divindade.
Razão porque Jesus não ria.
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O que temos então é um grupo de pais que não podem ver qualquer texto caricaturizando seu mito. Ainda e mais uma vez, dentro da concepção do fundamentalismo e do sagrado, que torna um texto de Duvivier profano.
Independente de tal texto servir para discutir questão de colocação pronomial e estrutura de textos de humor.
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Os pais e famílias do Loyola que se insurgiram contra o texto, e censuraram a sua utilização, tanto quanto a direção do Colégio que anulou a prova, submetido à vontade de tal grupo de pais apenas revelam que a censura está de volta. Velada. Mas íntegra.
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Mas, lembrando texto que li outro dia, de uma brasileira que mora na Suécia, a respeito de Greta Thunberg, visando demonstrar o que é uma sociedade mais igualitária, e as razões para tanto, quando comparada com uma sociedade em que cada um pensa apenas em seu próprio interesse, como a brasileira.
Dizia o texto que a professora pediu que os alunos fizessem experiência com um bambolê, para ver quantos poderiam caber no interior de um.
Ao final da experiência, as crianças perceberam que, se abraçadas, poderiam muitas delas caberem em um jogado no chão.
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Abraço de afeto, de solidariedade. De sensação de sermos todos um só.
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Diferente de nosso sinistro da Educação, que nem em Português tem dado demonstrações de saber se expressar, talvez por não ter estudo no Loyola.
Também ele favorável à Escola sem Partido, a nova forma de fazer valer a  Lei da Mordaça.
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Isso para não falar de Eduardo, o chapeiro de hamburguer, ex-futuro e, tomara, fracassado representante de nosso país no Trumpistão e seu evento ou Convenção de Direita no Brasil, realizado no último fim-de-semana, em São Paulo.
Onde teve a oportunidade de mais uma vez, mostrar total desprezo por democracia e respeito e dignidade, ao vestir a camiseta com ironias à sigla LGBT, traduzida para Liberdade, Guns de Armas, Bolsonaro e Trump.
Como as redes sociais perceberam, esqueceu-se do Q, de Queiroz.
Mas esse é assunto para outro pitaco.
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É isso.

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Hoje é dia de aniversário. São 9 anos de pitacos

7 de outubro. Completam-se, hoje, 9 anos deste blog, que eu gostaria fosse um espaço para registro de um pouco da história que vínhamos construindo, em conjunto com toda nossa sociedade, segundo minha ótica.
Criado com a proposta de permitir que comentássemos a situação econômica de nosso país, esse blog, desde seu primeiro pitaco, se propunha também a trazer alguma abordagem relativa à situação política, social, de artes, curiosidades, futebol, discursos, referências bibliográficas e até alguns poemas que costumo arriscar a deixar fluir.
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Se esse 7 de outubro é uma data festiva desse ponto de vista, é necessário comentar que tem ficado cada vez mais difícil fazer qualquer postagem.
Afinal, nossa economia, presa em  uma armadilha de falta de crescimento, apenas fica patinando.
As propostas de nossas autoridades econômicas, sempre privilegiando o corte de gastos, ao contrário do que a propaganda oficial difunde, serve apenas para aprofundar o corte de demanda, em nossa opinião, a principal variável para levar a uma melhoria das expectativas empresariais. Sem perspectiva de poder vender sua produção, o empresário não produz.
Corretamente do ponto de vista da racionalidade do capital, prefere utilizar seu capital monetário na aquisição de títulos e instrumentos financeiros, mais que na compra de insumos, matérias primas, força de trabalho.
Insumos, matérias primas, quando não se deterioram nos estoques, representam sempre um custo além de seu tradicional preço. Para sua manutenção, é necessário pagar seguros, há o custo de estocagem, de vigilância, etc.
Utilizá-los para produzir, sem a confiança em conseguir vender a produção, ou até pior, com o medo de vendê-la para depois não receber o valor da operação, não compensa a ninguém o risco que, nos mercados financeiros, embora semelhantes, trazem sempre a possibilidade de retorno maior.
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Sem utilizar seu capital no processo de produção, o empresário opta por desligar suas máquinas e não gerar emprego.
Assim, não admira que o número de desempregados se amplie, embora como o IBGE o demonstra, cresce o número de trabalhadores na informalidade.
Se positivo o fato de que o povo esteja começando a tentar "se virar" por conta própria, começando a empreender e sem ficar esperando a ajuda do Estado ou de alguma outra instituição de apoio, é importante também tratar do outro lado da história: afinal, o problema talvez não seja de empreender, mas de sobreviver, custe o que custar, seja no exercício de atividades degradantes, seja em atividades à margem da lei.
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No entanto, o governo só menciona políticas e medidas de cortes de gastos, o que deteriora a própria capacidade futura de geração de receitas tributárias. Como não escapa a ninguém, o corte de gastos da máquina pública prejudica, principalmente às classes sociais que mais dependem de funcionamento dos serviços públicos, seja na educação, seja na saúde.
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Assim, enquanto esperam a reforma da previdência, que atenta contra todos os direitos de trabalhadores em nosso país, e que transformou-se na reforma mãe de todas as reformas nos planos do governo, os trabalhadores perdem a qualidade de serviços e vêem agravar as condições de sua reprodução, até mesmo econômica.
O que talvez não seja um problema muito sério: afinal, a revolução tecnológica, da indústria 5.0 já vai dificultar a reprodução dessa mão de obra, em especial, quando desqualificada e sem educação básica, o que dirá da cientifica e tecnológica.
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Se no campo econômico a situação então rasteja, no campo político, temos um desgoverno cuja única preocupação é beneficiar os familiares, prejudicar e perseguir aqueles que têm opiniões divergentes, e apoiar medidas destinadas a ampliar o poder de matar por parte de todos os agentes do Estado, desde que fardados.
Difícil falar de política, quando o governo é de desconstrução, e o presidente, mesmo que suspeito de corrupção ainda é encarado como mito.
O que persiste, por força da manutenção de moro, esse ministro que mostra a cada dia mais, o tamanho de seu caráter, agora invisível até sob as lentes de microscópios eletrônicos de última geração.
Agindo sem respeito às leis, que deveria fazer cumprir, moro é o retrato acabado de um governo de farsantes.
Que continuam enganando parte importante da população por força de seu discurso sempre conservador e falso.
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Bolsonaro, Guedes, Ônyx, agora Marcelo Álvaro Antônio, são todos suspeitos de crimes, são todos investigados, assim como o Queiroz e Flávio, o filho, e os amigos e companheiros da família do presidente, os milicianos, os matadores de aluguel.
Mas as falas e discursos do presidente, completamente descabidas, falaciosas e tolas, além de chulas, prestam-se a criar uma cortina de fumaça, que a tudo esconde.
E permite que a Polícia Federal de seu moro, fique apenas na penumbra.
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De futebol, está difícil falar, dado que o Galo está quase chegando ao nível do Cruzeiro.
Não fosse o América, o futebol mineiro poderia estar em completo ostracismo.
Embora os dirigentes, como os do nosso rival, continuem agindo para não deixar o nome do Clube sair das páginas de jornal. Ao menos as policiais.
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Ou seja, o país mudou nesses últimos 9 anos.
E está trazendo desânimo ver a direção da mudança, o que se reflete no menor número de pitacos que temos postado.
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Mas estamos aí.
E como tomamos a decisão de não desistir, vamos tentar seguir em frente.
Quem sabe, assim procedendo, não contribuamos para que a racionalidade volte a prevalecer em nosso país, e não possamos voltar a ter uma sociedade com mais positivas fatos a serem comentados.
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É isso.
Que venham outros 9 anos.