sexta-feira, 30 de agosto de 2013

PIB, Economia e o azar do mês de AGOSTO, em especial na Câmara Federal

PIB em alta, de 1,5%, no trimestre e 3,3% no ano, e dólar em queda. Inflação contida, e o COPOM elevando ainda em mais 0,5% a SELIC.
Indústria crescendo, e a agropecuária dando um show, com promessa de safra recorde de 86 milhões de toneladas da soja.
Enfim, encerramos o mês de agosto com boas notícias para o panorama econômico, o que apenas vem reforçar o estigma do mês, considerado aziago.
Afinal, foi em agosto que Getúlio se suicidou, em 1954; que Jânio cometeu a atitude inesperada da renúncia, que ajudou e apressou o mergulho do país no caos. Foi em agosto, em um dia 22 do ano de 1976 que Juscelino sofreu o acidente suspeito, responsável por sua morte.
Agosto tem uma certa tradição que, por outro lado, traz benefícios. Como agora, no caso de nossa economia. Afinal, passado o pior momento, ainda assim a economia brasileira dá sinais de recuperação, é notícia bastante positiva, para que nós brasileiros, possamos partir com novo alento, para levar avante projetos, tarefas, sonhos relativos ao último quadrimestre do ano.
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Ainda estranha apenas a preocupação do governo brasileiro em relação à reação da Bolívia, e a aparente submissão de nossos governantes aos caprichos de nosso vizinho, Evo Morales.
Estranha, por que sem entrar no mérito das questões subjacentes às acusações feitas pelo governo boliviano ao ex-senador, trata-se aqui de uma discussão que, de meu ponto de vista é mais ampla: a defesa de preceitos e acordos legais, internacionais.
Afinal, em minha opinião, da mesma forma e merecedor da mesma crítica que em relação ao comportamento do governo inglês no caso Assange, o que está em jogo é o respeito ao instituto do asilo político. O que está em jogo é o cumprimento de acordos que são a base para que todos tenham a certeza de que a figura do asilo será respeitada, como é o caso da concessão do salvo-conduto.
E, signatário de acordos que acatam a concessão do asilo, é natural que o governo brasileiro se pronunciasse com mais ênfase, muito maior que a até aqui percebida, contra atos autoritários de governos, quaisquer que sejam eles e de qualquer país que seja, que possam levantar dúvidas sobre a validade de tais institutos.
Que Dilma possa, no encontro hoje com Morales, reafirmar mais uma vez nossa soberania e que Evo perceba que, da aceitação desse nosso comportamento, quem sabe, num futuro próximo ele mesmo não possa tornar-se beneficiário.
Afinal, dadas as voltas que a política dá, nunca é demais manter as salvaguardas e proteção para aqueles que possam ser vítimas de perseguições e injustiças. Ou que tenham sua vida colocada em risco.
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Ainda o mês de agosto


E a Câmara continua a mesma. Com sua salada de siglas partidárias, todas sem qualquer conteúdo ético e seriedade, apesar da existência no interior dessa mistura de letrinhas, de pessoas de bem, sérias, e que devem ficar envergonhadas e constrangidas de serem colegas de mandato de alguém condenado pela justiça de nosso país.
Ou o Congresso está nos dando os alertas que a nossa Justiça não é merecedora de crédito e respeito e consideração por suas decisões, ou então é ele que está pútrido e fétido.
Bem, quem sabe esse não era o sinal de 2013 de que o mês de agosto continua apresentando situações estranhas e que agridem a nosso ambiente de tranquilidade?

E mais uma vez o Botafogo reduz a cinzas nossas aspirações

Uma série de atividades extras, impediram-me ontem de poder postar meus pitacos, o que pode ter gerado alguma suspeita de que a ressaca e dor de cabeça provocada pelo jogo e desclassificação do Galo na noite anterior pudesse ser a justificativa.
Não foi. Embora tenha sido sim, uma decepção para nós atleticanos, a eliminação em pleno Independência da Copa do Brasil, ainda mais para um adversário tão incômodo como tem sido o Botafogo, ao longo dos tempos.
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Não vou aqui ficar chorando e reclamando do juiz, embora acredite que o tal soprador de latinha tenha prejudicado a nosso time em pelo menos 3 lances cruciais. O primeiro, ao deixar de aplicar o cartão vermelho no beque botafoguense, em lance no primeiro tempo, em que Fernandinho entrava livre e o defensor era o último homem, em lance claro de risco de gol.
Ora, ou estou enganado, ou esse tipo de lance era característico para a aplicação do vermelho, o que poria o Atlético em vantagem numérica, ao menos durante todo o segundo tempo. Depois, ainda no mesmo lance, o juiz não teve o rigor necessário e permitiu que a barreira ficasse pelo menos um passo à frente do risco que ele mesmo havia feito no gramado.
Mas, o segundo lance foi o do segundo gol do Botafogo, em que confesso ter ficado com 2 dúvidas: uma na posição do defensor do Botafogo, que acabou sendo o autor do gol, ainda quando da cobrança da falta. Em campo, achei que sua posição fosse de impedimento, à frente da zaga atleticana. Depois, em casa, revendo o lance, fiquei realmente com dúvida quanto a ele estar ou não adiantado. Mas, aí veio o lance do enrosco na área entre dois jogadores, um atleticano e outro botafoguense, que acredito pode ter sido lance de falta.
Mas, ainda houve um terceiro lance, que pareceu-me lance claro de penalidade em Jô, empurrado pelas costas dentro da área, o que não seria suficiente para nos dar a classificação, mas ao menos decretaria nossa vitória.
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Entretanto, como foi meu comentário quando do final do jogo, um time que deseja se classificar em um mata-mata não pode se dar ao luxo de perder tanto gol como o Galo o fez. Primeiro com a cabeçada de Ronaldinho, que sabemos nunca foi um jogador que se notabilizou por esse fundamaento. Depois, ao menos dois gols com Jô, outro com o próprio Ronaldo, no segundo tempo, e praticamente um pênalty, com Réver, que isolou a bola lá no estacionamento.
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Bem, não era nossa noite e embora o grito de Eu Acredito ecoou pelo Horto, não foi dessa vez que o Galo avançou nesse torneio.
Tudo bem. É deixar a bola rolar e seguir avante.
Salvo pelo fato de que a noite ainda não terminara, e dando uma olhada nas mensagens do Facebook, fiquei muito satisfeito em receber mensagens de amigos meus que, ao contrário de nós atleticanos, postaram e postavam mensagens de muita alegria.
É certo que, de alguns, não entendi o motivo de tanta alegria, mas fiquei feliz ainda assim, por que, ao menos naquela noite em que nós torcedores do Galão da massa não estávamos alegres, eu verifiquei que amigos estavam dando gargalhada, expressa em intermináveis kkkkkkk.
E é sempre bom saber que ao menos alguém ou alguns dormiram satisfeitos naquela quarta.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Pitacos vários, vários pitacos

Dilma tem razão: não há como estabelecer qualquer relação, ou fazer qualquer comparação entre a embaixada brasileira em La Paz e suas dependências, mesmo que acanhadas ou modestas, com as dependências do DOI-CODI, para quem, como ela, foi obrigada a frequentar e foi submetida à torturas, realizadas naquelas dependências.
De fato, do ponto de vista de nossa presidenta, há uma diferença fundamental entre os dois locais, tão grande como aquela distância que separa o céu do inferno.
Mas, isso não significa que, para Eduardo Sabóia, nosso representante diplomático na Bolívia, ou ainda para o senador Pinto Molina, a situação não se revelasse, pelas circunstâncias que a cercavam, como semelhantes àquelas das salas de tortura, não pelos aparelhos de choques elétricos ou o pau-de-arara, mas pelo seu potencial de tortura psicológica.
Devemos reconhecer, que ficar confinado em uma sala ou mesmo no prédio da embaixada por 15 meses, sem poder sair, sem poder ir às ruas, sem poder ter liberdade de ir e vir, sabe-se lá sob que tipo de ameaças, até de invasão, é algo que poucos estão preparados para suportar.
No caso do nosso embaixador, piora a situação, quando se vê que sobre seus ombros estava a responsabilidade pela integridade do senador cujo pedido de asilo o governo brasileiro aceitou. E, nesse caso, apenas a possibilidade de o senador estar apresentando sinais de debilidade física ou emocional, ou ainda a possibilidade de estar apresentando quadro de depressão profunda, capaz de levá-lo desesperançado a atentar contra sua própria vida, acabaria tornando-se sim, um caso de tortura psíquica bastante importante.
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Que Dilma reagisse à comparação, é aceitável. Que o embaixador fizesse a comparação, também, no entanto. Afinal, a tortura tem muitas faces e formas, e seus efeitos ou as sensações que ela tem o poder de provocar não podem ser tornados exclusividade de quem quer que seja, por mais respeito que quem já passou por tais situações devem SEMPRE nos merecer.
O que não podemos deixar de analisar, sem qualquer intenção de crítica ao governo brasileiro, é como que nossas autoridades não adotaram medidas para pressionar, por sua importância e seu peso, ao governo boliviano, forçando-o ou exigindo mesmo, já que figura típica do direito internacional, à emissão do salvo-conduto para o senador.
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Mais curioso é o caso, já que essa mesma pressão, ao que me consta já foi feita junto ao governo inglês, que em caso bastante semelhante, recusa-se a fornecer o salvo-conduto para Assange, asilado na embaixada do Equador.
O caso é curioso, porque passa a impressão de que, por ser a Bolívia um país menor,  alinhado politicamente (ao menos em discurso) com o governo brasileiro, ela merece que algumas concessões sejam feitas, com o Brasil mantendo olhos fechados a algumas atitudes que ferem os direitos humanos que nosso país por tradição diz preservar.
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Claro, tudo isso é discurso. Nem o Brasil bate o pé firmemente em relação ao salvo-conduto para Assange, nem menciona ou critica a vergonha da existência ainda em nossos dias de Guantânamo, nem fala nada do desrespeito às normas do direito internacional pela Bolívia de Evo Morales, como também sempre fechou os olhos a certas atitudes e comportamentos do governo amigo de Cuba.
Embora, no caso e no exemplo de Cuba, não esteja eu me referindo à blogueira que passou por nosso país, recentemente, nem à situação por ela vivenciada.
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Mas, que o embaixador brasileiro tinha sim, ou podia ter elementos por estar se sentindo sob tortura psicológica, isso acho plenamente aceitável.
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Da Impunidade em relação ao desabamento em São Paulo

Como dito por algum jornalista, hoje no primeiro jornal da manhã, em relação ao desabamento da obra em São Paulo, do jogo de empurra já em curso, em que ninguém assume nenhuma responsabilidade pelo ocorrido e pelas 8 mortes até aqui contabilizadas, daqui a pouco irão responsabilizar os mortos.
O que se, não fosse piada de muito mal gosto, serviria para aplacar as cobranças feitas por tantos quanto não aceitam a impunidade em nosso país. Afinal, em se considerando culpados aqueles que foram vítimas, de alguma forma a punição já teria sido feita. Ou teriam eles obtido uma bênção?

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Torcidas organizadas

Mais uma vez, o espetáculo triste protagonizado por marginais integrantes das torcidas organizadas, se repete.
Uma vez, há mais tempo atrás, comentei sobre as tais organizadas nesse blog, apoiando seu banimento do futebol.
Obtive, na oportunidade, um comentário de alguém vinculado à própria Gaviões da Fiel, que apresentou dados relativos a todo trabalho de assistência social desenvolvido pelos filiados da organizada.
Cheguei a comentar, depois, de meu desconhecimento desse outro lado das torcidas.
Mas, independente do fato de terem obras dignas de nossos respeitos, o fato de mais uma vez promoverem e protagonizarem lances explícitos de baixaria - e nem estavam em meio à guerra de cusparadas de A Fazenda - é, no mínimo, situação que demanda uma reflexão mais séria e medidas punitivas mais firmes. Não estando afastada a eliminação de tais torcidas do futebol, ou dos campos de futebol, o que também não impede que as brigas continuem acontecendo nas estações de metrôs ou no meio das ruas.
Pior no caso de Brasília, é a presença de um vereador, em meio ao tumulto, agredindo a um policial, e de um daqueles torcedores presos em Oruro.
A quem a Bandeirantes tanto apoiou, ao contrário das autoridades diplomáticas brasileiras!!!, na conquista do direito à liberdade, e com quem nos solidarizamos sempre.
Com sua atitude agora, o risco desse torcedor, é que ele comece a provar a todos nós, que o governo boliviano talvez não estivesse de todo errado em mantê-lo afastado dos estádios....

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COPOM

Hoje, com a promessa de subida dos juros da Selic em mais 0,5%, encerra-se a reunião do COPOM.
Agora, justificado não pela necessidade de se conter o processo de subida dos preços, já em franca tendência de queda, mas de impedir que, possível elevação dos juros nos Estados Unidos, promovam fuga de capitais de nosso país.
Ou a queda nos ingressos, em momento em que nossas transações em conta corrente apresentam sinais evidentes de debilidade.
Ou seja: precisamos de capitais externos para financiar nosso déficit e desequilíbrio nas relações com o exterior, provenientes, exatamente de termos adotado, no passado e de forma exagerada, juros elevados.
Naquela oportunidade, veneno. Hoje, remédio.
Desses sobre os quais, a ANS ou ANVISA não pode atuar, mas que minam a saúde de nosso organismo social e político.





Galo não pode esperar vantagens pela ausência de Vitinho, mas tem de continuar acreditando

Que a saída de Vitinho possa ter sido tumultuada e possa ter gerado mal-estar junto ao grupo de jogadores do Botafogo pela forma e pressa com que aconteceu, é um fato.
Mas, a partir daí, inferir que essa ocorrência irá provocar uma desestruturação do time carioca e que, por esse motivo, o Botafogo torna-se presa fácil para o jogo de hoje à noite, contra o Galo, no Horto, vai uma distância enorme, em minha opinião.
Porque exatamente nessas horas e nesse tipo de situações, é comum acontecer o contrário daquilo que as pessoas esperavam, com os jogadores que permaneceram no time se unindo e, a partir daí, adquirindo uma força nova, extra, para dar sequência a sua jornada.
Exemplos desse tipo de reação de grupo, logo após a ocorrência de algum trauma, tem sido registrados ao longo do tempo, o que não permite a nós, atleticanos, contar com facilidades na difícil missão que temos hoje, de vencer por uma diferença de no mínimo dois gols, desde que essa diferença não seja por placar a partir de 4 a 2.
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Motivos que justificassem uma possível má atuação da equipe carioca, até em situações anteriores à saída de sua principal revelação, já vieram a público, e não alteraram o espírito de união demonstrado pelo grupo, incluído aí, seu comandante Oswaldo de Oliveira.
Afinal, já se tornaram públicas notícias de salários atrasados e da insatisfação daí decorrente, inclusive por meio de mensagens postadas em redes sociais pela esposa de Oswaldo de Oliveira, o que não foi suficiente para provocar alguma reação do grupo, que continuou apresentando o mesmo futebol de boa qualidade, que o conduziu ao segundo lugar na tabela do Brasileirão.
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Entretanto, o jogo de hoje tem um elemento novo, a ser considerado. É que, embora o Botafogo conte com jogadores de frente bastante perigosos, como o uruguaio Lodeiro, e Rafael Marques além do excelente Seedorf, perde seu atacante mais perigoso, em um jogo em que um a marcação de um único gol pode definir sua passagem para a fase seguinte.
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Mas, já falei demais do time carioca, e meu assunto aqui é o Galo e a esperança de todos nós atleticanos de que se repita, nessa Copa do Brasil, a mesma corrente positiva que permitiu ao Galo se superar a cada jogo, para se sagrar o grande campeão da Libertadores.
E se falei do Botafogo, foi apenas para servir de alerta para que nosso time empurrado pelo entusiasmo de nossa torcida, espere um jogo fácil essa noite.
Será, mais uma vez, como é característica de nosso time, uma partida dura e difícil. Com uma classificação, que ACREDITO, será conquistada com sofrimento como é nossa tradição.
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O importante, no entanto, é que com a volta de Pierre, e com a defesa jogando mais focada, o Atlético pode fazer uma grande partida, relembrando partidas memoráveis disputadas nesse ano, como aquela contra o São Paulo, a contra o Arsenal, etc.
E isso não é impossível, claro.
Basta que o time inicie o jogo sufocando o Botafogo, marcando sob pressão a saída de bola do Botafogo, explorando a velocidade de Luan, a mobilidade desconcertante de Tardelli, a genialidade de Ronaldinho Gaúcho e a disposição que vem sendo demonstrada por Jô, que já está passando da hora de voltar a balançar as redes, como ele próprio admite.
É certo que Jô tem dado assistências e compensado com outras importantes participações e contribuições, os gols que não tem assinalado, mas já está na hora de o artilheiro do Galo na temporada voltar a marcar fazendo as pazes com o gol.
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Por ser um jogo no Horto, por ter o apoio da torcida, por saber que é um jogo em que o coração tem de estar colocado na ponta de cada chuteira, por saber da mística do Galo, e por acreditar que o nosso time aprendeu, finalmente a jogar partidas no formato de mata-mata, acredito que o Galo consegue hoje a sua classificação para as quartas de final.
O único senão, e não é pequeno, é o horário, completamente na contra-mão do que recomendaria o bom-senso, se fosse o bom senso que guiasse a fixação desses horários esdrúxulos, e não os interesses comerciais, da programação da rede Globo e suas afiliadas ou associadas, tipo o canal Sportv.
Em grandes centros urbanos, em que o horário de saída dos funcionários públicos, o encerramento de horário de aulas, a saída de vários empregados é exatamente o das 18 horas, marcar uma partida para as 19:30, é só por mais combustível na fogueira do trânsito sempre caótico do horário.
O que é uma pena, já que afasta a possibilidade de grande parte da torcida chegar ao estádio a tempo de poder acompanhar o início do jogo, o que, não raras vezes, desestimula a própria ida ao campo para dar a necessária força a nossos jogadores.
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Mas, enquanto a Globo mandar em nosso futebol e tratá-lo como vem fazendo, submetendo o esporte mais popular de nosso país e que deveria ser tratado, justamente por esse motivo, de forma mais séria, a seus caprichos, vamos continuar vendo jogos, sem público, nos horários de 19 horas, 19:30, ou ainda nos horários a partir das 22 horas, restando-nos apenas torcer para que a emissora não cisme de marcar jogos para o horário do Corujão da madrugada.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Homenagens a jogadores que se vão

Como tudo na vida, e como também ocorre em outros setores de atividade, também o futebol vai sofrendo a ação do tempo.  E das perdas.
Ainda há alguns dias, o futebol perdeu Djalma Santos, o grande lateral direito da Seleção Brasileira.
Agora, foi a vez de De Sordi, o lateral titular, a quem coube a Djalma Santos substituir, no final da Copa da Suécia em 58.
Pouco ouvi falar de De Sordi, exceto de que foi um dos heróis da conquista de 58.
Mas, por coincidência, no mesmo dia e hora, também veio a notícia da morte de Gylmar dos Santos Neves, o goleiraço titular da seleção campeã de 58 e bicampeã de 62.
De Gylmar, guardo maiores recordações, em especial por sua passagem pelo Santos Futebol Clube, aquele invejável time de Pelé, Coutinho, e companhia.
Sim, porque naquela época, independente do time para o que nós meninos torcíamos, todos éramos santistas, em São Paulo, e botafoguenses no Rio, com raras exceções. Ou melhor, todos éramos torcedores de Pelé e de Garrincha.
A esse propósito, lembro-me que lá pelos idos dos anos 60, talvez entre 66 e 68, D. Serafim Fernandes de Araújo, o então arcebispo auxiliar de D. João Resende Costa junto à arquidiocese de Belo Horizonte, e atleticano fanático, promoveu um concurso de votação para avaliar qual o clube mais querido do Brasil.
Curiosamente, os votos eram dados para o mais querido de BH, de São Paulo e do Rio. A apuração ia sendo divulgada por um placar montado ali no estacionamento da igreja de São José, próximo à saída da R. Tamoios com Tupis.
Como não poderia deixar de ser, ganharam o Atlético, em Belo Horizonte, o Santos e o Botafogo.
Acho que, muito disso, por influência das transmissões de futebol que nas tardes de domingo, proibidas que foram de transmitirem jogos do Mineirão, para não atrapalharem a renda,  optavam por passar as partidas do Rio, com transmissão de Mauro Montalvão, entre outros.
Poucos jogos eram transmitidos direto, de São Paulo. Para acompanhar a essas partidas, devíamos nos valer do famoso Canal 100, que antecedia a apresentação dos filmes, no cine Jacques (antes Tupis), ou Palladium ou Metrópole, ou ainda Guarani, na R. da Bahia.
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Mas, se todos os meninos de minha época recitavam de cor e salteado o famoso ataque santista, que fechava com Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe, muitos de nós também se lembram de Orlando; Rildo,  o lateral esquerdo:, de Zito, Lima e Mengálvio no meio campo. 
Claro, havia outros, cujo nome ficaria gravado para a história pelas conquistas internacionais do time praiano, como Toninho Guerreiro e até o pernambucaninho Almir, o endiabrado e já falecido maluquinho a quem o Santos deve muito da conquista do bicampeonato do título mundial interclubes, no Maracanã, contra o Milan, em partida em que Pelé contundido, não pode jogar.
Mas, lembro-me dos nomes desses jogadores, para manifestar minha homenagem ao goleiro.
Independente de quem fosse participar na zaga, ou que jogasse no meio de campo, a certeza de que Gylmar estaria debaixo das traves, era uma tranquilidade e dava confiança de que o Santos dificilmente sairia derrotado.
Curiosamente, no Santos, Gylmar nem tanto brilho parecia ter, quanto quando envergava o uniforme da seleção canarinha. Ao contrário de seu substituto, Castilho, sempre fechando o gol no Fluminense, onde era o dono da leiteria, mas parecia sentir toda a responsabilidade da camisa da seleção, quando acionado.

Pois bem, só nessa postagem foram citados Garrincha, Castilho, Djalma Santos e De Sordi, Almir e Gylmar. Vários nomes que engrandeceram nosso futebol e que já não se encontram mais entre nós, o que indica que seja onde estiverem, deve estar sendo organizada uma “pelada” das mais agradáveis de se ver. 

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Por pouco a Lusa não encaçapa o Galo. O que está faltando em nossa defesa?

Em meu último comentário, comentei da péssima atuação, a meu modo de ver, do grande pilar da segurança de nossa defesa, Pierre. Tão importante para nossa estabilidade, que quando joga mal, ou falha, costuma ser o responsável por nossa derrota.
Foi assim contra o Botafogo.
E, embora seja um absurdo colocar sobre os ombros de apenas um jogador, a responsabilidade que acabo de imputar a Pierre, essa tem sido a verdade de nosso sistema defensivo, em especial, por força das subidas de Marcos Rocha, e da dificuldade de nossa zaga, Leo Silva e Réver, em jogar contra adversários mais rápidos, mais novos, mais velozes, mais ágeis...
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De Marcos Rocha, vou apenas comentar que, suas subidas, fora os chutões, são uma das poucas formas lúcidas da bola chegar a nossos jogadores de frente. Por isso não o culpo por ser mais um meia que o lateral que, originariamente ele estava escalado para ser.
Tanto que melhora infinitamente o time, e as jogadas de Marcos Rocha têm muito mais resultado quando Tardelli está em campo. Comentário perfeitamente dispensável, concordo, já que a categoria de Tardelli e sua condição superior já foi reconhecida por tantos quantos acompanham os jogos do Galo.,
Mas, ainda não consigo entender nossa torcida, que suporta 10, 12 erros de passes cometideos por qualquer jogador, por exemplo, Josué, no jogo de ontem, antes de começar a vaiá-lo e é incapaz de ter a mesma tolerância em relação a nosso bom lateral direito.
Marcos Rocha já começa a ser vaiado a partir do segundo erro, mesmo que antes tenha feito um gol, ou dado a assistência para outro...
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Pois bem, Josué ontem esteve ridículo, nos passes. O que estava matando nossa defesa. Não fosse Giovani estar em tarde inspirada, a Portuguesa teria saído com um resultado elástico do Independência.
Especialmente em um lance no segundo tempo, em que Josué errou feio.
Mas, se não estava bem nos passes, também não dava conta de, sozinho, dar o primeiro combate ao ataque da Lusa, que deu trabalho.
E Tardelli, com felicidade é que expressou aquilo que acontecia: a Lusa poderia e teve condições de sair com, no mínimo, 3 a zero, no primeiro tempo.
E creio eu que por Josué não estar dando conta de marcar, Réver e Léo Silva, estarem sendo facilmente envolvidos nas jogadas de velocidade (continuo achando que os dois gigantes são muito bons pelo alto, mas pesadões para parar um ataque mais ligeiro, com um contra-ataque muito bem treinado).
Quanto a Rosinei, não há o que falar, já que entrou para marcar e não conseguiu fazer a sua função em campo. Pior: também não conseguiu fazer nada à frente.
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Por isso insisto: Cuca tem que voltar suas atenções para nosso sistema defensivo, embora Jô mais uma vez tenha passado em branco, aumentando o número de jogos em que não cumpre o papel que o levou à seleção.
Tudo bem que, ontem, deu assistência para o gol de Dátolo, com grande inteligência na jogada.
Mas, e os gols que não saem e o colocam em companhia do Alecsandro, só na expectativa... e na vontade.
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Quarta tem o Botafogo, no péssimo horário das 19:30 hs, por culpa da Globo e seu monopólio...
E o time do Bota tem um ataque rápido, ágil, com um jogador da qualidade de Vitinho...
O time carioca não é nenhum bicho-papão. Mas não podemos levar nenhum gol.
E, de quebra, ainda fazer dois lá na frente.
De qualquer forma, ainda e mais uma vez: EU ACREDITO!!
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Para corrigir uma injustiça que fiz semana passada e que nenhum amante do futebol poderia deixar de comentar: que golaço do Everton Ribeiro. Digno de placa em qualquer estádio e, principalmente de uma placa na memória  de todos que gostam de futebol, sejam atleticanos ou não.
Gol semelhante ao de Pelé no Corinthians de Ditão. Ou de Pelé na final contra a Suécia.
Mas, pela beleza do chute de finalização, e pela violência do chute, acho que o de Everton, ainda é mais bonito.
Parabéns!

Asilo, Fuga da Bolívia e a reação brasileira: me engana que mi gusta mucho!!!

Vá lá. Pelo bem da diplomacia de nosso país e da manutenção das boas e cordiais relações com nossos vizinhos, vamos concordar que o governo brasileiro, incluído aí o Itamaraty, não sabia do plano - exitoso- de fuga do senador Roger Pinto Molina.
Mas, se concordamos que entre rapapés e salamaleques nos salões festivos e iluminados de Brasília, nossos funcionários portadores de punhos de seda não sabiam de nada, nós, a plebe rude e ignara dessa Pindorama não podemos nos furtar a reconhecer a coragem e o bom senso, além da capacidade demonstrada no planejamento e execução da operação por Eduardo Sabóia.
Apenas questionar o porquê da demora de mais de 450 dias para que essa solução fosse tramada: afinal, há mais de um ano Roger Molina já havia solicitado e visto aprovado seu pedido de asilo junto ao governo brasileiro.
E durante todo esse tempo, preso no interior da representação brasileira em La Paz, o governo boliviano não se dignou a conceder o salvo-conduto necessário para sua transferência para nosso país.
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E tudo isso acontecendo justo com o presidente Evo Morales, cujo vôo foi intercept dado e retido em viagem à Europa, proibido que estava de cruzar espaços aéreos de países daquele continente, tão somente por haver a suspeita de que estivesse dando uma carona a Edward Snowden, o ex-agente da Cia, responsável por denúncia de espionagem feita pelo governo americano junto às redes sociais e emails trocados pela rede mundial de computadores.
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Acertadamente e de acordo com a suas tradições, imediatamente o governo brasileiro manifestou sua indignação com o tratamento discriminatório contra um legítimo e democraticamente eleito mandatário de um governo amigo.
Isso, no que se refere diretamente ao presidente boliviano. Porque antes, já havia dado demonstrações claras de sua posição contrária à atitude e comportamento que o governo britânico vem adotando, em assunto exatamente semelhante, recusando-se a conceder salvo-conduto a Julian Assange, o responsável pela divulgação de documentos secretos via Wikileaks.
Recorde-se que Assange teve seu pedido de asilo concedido pelo governo do Equador, cuja embaixada já chegou, inclusive, a receber ameaça de ser invadida por forças britânicas.
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Dessa forma, pelo visto, as relações diplomáticas internacionais chegaram a um momento de exaustão, já não conseguindo resolverem qualquer dos problemas que estariam afetos sua alçada.
Mas, se rápido em manifestar-se em situações para as quais não haveria  outro comportamento a ser adotado, especialmente, em relação à defesa da dignidade de seus parceiros e vizinhos, agindo, inclusive, no papel que se espera de uma nação que se deseja líder mundial, o mesmo não se pode dizer do governo brasileiro e do Itamaraty, quando ou o povo e o cidadão brasileiro é que é vítima de desmandos dos governos aliados.
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Assim, é que durante todo o tempo em que esteve asilado na embaixada brasileira em La Paz, não se ouviu, ou a imprensa não noticiou qualquer que seja a atitude de nossas autoridades, no sentido de resolver a pendência, exigindo o respeito a normas internacionais de proteção aos asilados políticos e a acordos entre os dois países.
Convenhamos que, de fato, seria mais difícil a imprensa ficar repercutindo atos do nosso governo nessa área, onde as negociações devem ser encaminhadas com certo sigilo e cuidado. Até pelo fato de que implica em se estar protegendo aquele que, em tese, teria sido considerado persona non grata exatamente por quem deveria estar autorizando a medida protetora.
Mas, a imprensa tem acesso a agendas e poderia sim, caso pesquisasse mais a fundo, pelo menos levantar indícios de que o governo brasileiro estaria dando alguma atenção ao problema diplomático.
E isso não aconteceu, nem mesmo quando 12 cidadãos brasileiros foram presos na Bolívia, apenas por estarem próximo, ou no local em que um irresponsável acendeu um sinalizador, que foi direcionado para a torcida boliviana, indo acertar em cheio e causar a morte infeliz sob toda a análise, de Kevin Spada. Jovem vítima da irresponsabilidade que se alastra por nossos estádios dando vazão à violência.
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Na oportunidade, os doze paulistas presos em Oruro não tiveram, ao menos com o destaque que o caso impunha, grande apoio do governo brasileiro, que parece agir sendo mais solidário quando uma autoridade amiga é atacada, e se transforma em vítima, que quando essa mesma autoridade muda de lado e torna-se o algoz, e brasileiros é que se tornam as vítimas.
Curioso é que, já naquele momento, a filha do senador foi à midia para declarar para quem quisesse ouvir, que o comportamento do governo boliviano tratava-se no fundo, de uma chantagem, e que o objetivo era a troca dos torcedores do Corinthians, pelo senador sob nossa proteção.
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Depois do caso dos 12 torcedores, já houve o caso do presidente Evo e seu vôo conturbado de regresso para seu país. E já houve o caso da prisão de David Miranda, pelas mesmas autoridades britânicas que negam salvo conduto a Assange, no caso do brasileiro, apenas pelo fato de ser namorado do divulgador dos documentos secretos do caso da espionagem da internet.
Reconheçamos que o governo brasileiro fez sua parte: adotar o jus sperneandi, e que não resta mesmo muito mais que isso.
Ainda mais se considerarmos que os países envolvidos, seja Inglaterra ( nesse último caso), seja a Bolívia, são países com quem mantemos e devemos manter relações comerciais e que... cada vez mais, em nosso mundo, o dinheiro vale e manda mais que a dignidade pessoal... e até de toda uma nação.
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Bem, no caso de Molina, o salvo-conduto não é mais necessário e em ação espetacular, foi empreendida a transferência do ex-senador para nosso país. Fosse com cidadão norte-americano ou israelense, fosse em países da antiga cortina de ferro ou vinculados de alguma forma à países considerados como apoiadores de ações terroristas, a história com final feliz já estaria tendo seus direitos negociados com Hollywood, para aparecer nas telas dos cinemas.
Mas no Brasil, conforme nota do Itamaraty, o embaixador será chamado, para dar explicações, já que ninguém sabia de nada. Até a ameaça de punição com a instauração de um processo administrativo já foi divulgada.
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Quanto à Bolívia, está mais que em seu direito de reclamar e fazer as bravatas julgar necessárias, para resgatar, perante sua população e seu público interno, seu prestígio. Embora, seja difícil que uma viagem de 22 horas, cortando grande extensão do território e, inclusive cruzando fronteiras, não tivesse sido percebida. Ou até mesmo autorizada, embora essa parte da história, nunca nós pobres mortais iremos tomar conhecimento.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Mais uma vez, sofrimento. É o Galo nos mata-matas. Agora, contra o ligeiro e bom time do Botafogo

Sem dúvidas, Cuca terá muitas dificuldades para conseguir montar o time do Galo, de forma a que ele volte a praticar o mesmo futebol que jogou no campeonato brasileiro do ano passado, ou ainda com mais brilho, o vistoso futebol praticado na primeira fase da Taça Libertadores da América.
E, embora admitamos que o Atlético tem entrado em campo a cada partida com um time diferente, impedido por uma série de razões de repetir a mesma escalação, a verdade é que a grande maioria das vezes, as contusões, expulsões, suspensões, convocações para a seleção têm afetado os jogadores de frente.
Mas, em minha opinião, não é na frente que está o maior problema da equipe e, para mim a causa da sua instabilidade.
É certo, e não se discute,que o ataque perdeu aquela força ofensiva que caracterizou o time, mais uma vez, na primeira e espetacular fase da Libertadores, quando aplicou goleadas históricas e inesquecíveis nos adversários da fase de grupos.
De lá para cá, Jô parou de fazer gols e já acumula um bom número de partidas passando em branco.
Também houve a saída do time de Bernard, vendido à Ucrânia, e a contusão de Tardelli.
Entretanto, não é aí na frente que o time tem demonstrado sua maior fraqueza.
O problema maior, que tem tirado o time de seu equilíbrio situa-se atrás. E nem diria na defesa, embora acredite que os gigantes Réver e Léo Silva estão passando dos limites toleráveis de cometer falhas.
Na verdade, ambos parecem muito mais preocupados em irem à frente, e tentarem fazer os gols que seus colegas atacantes não têm tido êxito em fazer.
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E, embora pudesse listar várias falhas da dupla de zaga do Galo, como por exemplo as cometidas por Réver na partida contra o Atlético Paranaense, que nos custou a invencibilidade na Arena Independência, cada vez mais acredito que o problema maior nem é do miolo da defesa.
Tampouco acredito que a principal deficiência de nosso time esteja nas laterais como muitos torcedores parecem crer. Mesmo sabendo que há uma intolerância da torcida de maneira geral em relação a Marcos Rocha, na minha opinião injustificável e incompreensível.
A esse respeito, acho até que, por força dessa marcação e, provavelmente de alguma orientação de Cuca, para que o lateral direito não fique muito exposto, Marcos Rocha perdeu parte de seu ímpeto e da alegria de jogar futebol.
Tenho reparado, já há algum tempo, que ele não parte mais, como antes, para cima da defesa adversária, entrando em diagonal pela defesa adversária, nem se apresentando como autêntico ala para as jogadas de linha de fundo, lá na frente.
Ao contrário, tenho percebido que, em muitas situações, ao receber a bola sua primeira preocupação é rolar a bola para trás, seja para Josué, seja para Léo Silva ou Réver.
Para mim, inclusive, foi uma grata surpresa vê-lo surgir ontem, completamente livre no meio do ataque, em condições de receber o passe adocicado de Ronaldinho e de partir em direção ao gol, abrindo o placar contra o Botafogo.
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E, vá lá. Embora não me passe muita tranquilidade, não há o que ficar culpando seja Júnior César, seja Richarlyson, embora o primeiro tenha dado mais segurança à defesa.
Quanto a Victor, embora uma ou outra falha de colocação, como acho que foi o caso ontem, no gol de empate do Botafogo, em que acho que ele estava adiantado, é inegável que ele tem sido o grande salvador do time, evitando derrotas e garantindo muito de nossos resultados.
Mesmo ontem, contra o Botafogo, é inegável que mesmo que tenha estado mal colocado no primeiro gol, ainda assim não teve culpa nos demais gols que tomou, e ainda foi responsável por defesas importantes, que poderiam ter causado um desastre ainda maior.
Ou seja: mesmo falhando como todo goleiro, ainda assim, há sempre tempo suficiente nos jogos para que ele se recupere, e acabe, com suas defesas, reabilitando-se e apagando de nossa memória o gol tomado por sua falha.
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Então, onde está a falha crucial de nosso time, que está nos matando?
Em minha opinião, no meio campo, onde Josué tem mostrado uma capacidade de marcação mais acanhada e onde Pierre tem cada vez mais dado a impressão de não estar no melhor de sua condição física, na maioria das jogadas chegando atrasado e tendo de cometer faltas para parar as jogadas.
Talvez seja uma questão de colocação, não sei.
Mas, que caiu o futebol de Pierre, depois da saída de Donizete, isso não há dúvida.
E que Josué seja um jogador mais dedicado à armação que à destruição de jogadas, também parece ser inquestionável.
Entretanto, o que temos visto é que caiu o nível de proteção que a zaga tinha no início desse ano. O que, muitas vezes, tem como consequência a obrigação de que Marcos Rocha saia de sua posição, para aparecer cobrindo seus companheiros de defesa, no meio da área. Às vezes, até na marca de pênalte.
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O que está acontecendo com Pierre, cuja cobertura e proteção permitia se não impedir, ao menos disfarçar as falhas do miolo de área, quando confrontados com atacantes velozes, rápidos, leves e tecnicamente melhores?
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Tome-se o exemplo do futebol praticado ontem, contra o Botafogo, em que por muito pouco não jogamos fora qualquer possibilidade de avançarmos para a próxima etapa de mata-mata da Copa do Brasil.
Ressalte-se que o início do primeiro tempo foi avassalador, com o Galo partindo para cima e encurralando o Botafogo e dando um verdadeiro sufoco.
O que resultou em uma série de lances de ataque perigosos, com Fernandinho, Ronaldinho Gaúcho, até culminar no contra-ataque mortal, em que Victor serviu de soco a Luan, que acreditou na jogada - que para muitos teria dado a impressão de estar perdida, tendo este passado a Ronaldinho Gaúcho, que deu uma assistência magistral a Marcos Rocha. Este com categoria, entrou na área e tocou sem qualquer chance de defesa para o goleiro do time carioca.
Mas, daí para a frente, o Galo se retraiu. Parou de jogar, parece que esperando sair apenas em contra-ataques. E, com isso, chamou o Bota para cima e o time carioca começou a gostar do jogo, com Vitinho se soltando mais, e os atacantes do time da estrela solitária encontrando espaços para partir para cima, invertendo o sufoco.
Também é verdade que o time do Galo deu muito azar, seja com Josué, interceptando e errando um lance na entrada da área, talvez até tirando Victor do lance, o que o deixou fora do gol, situação que facilitou o empate do Botafogo.
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Mas, já que a presença de Ronaldinho em campo não é para que ele fique preocupado em marcar, com ele apenas limitando-se a ficar cercando os jogadores contrários, nessa hora, ou talvez até antes do gol de empate, Pierre e Josué já deveriam ter ficado mais atentos, e Fernandinho, que sumiu por um bom tempo do jogo, deveria estar ali atrás, ajudando os volantes a fecharem o meio.
Pierre, também pouco apareceu, no entanto.
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No segundo tempo, logo no início, uma infelicidade de Léo Silva, decretou a virada. Mas, daí para a frente, o Galo recuou tanto, que levou um verdadeiro sufoco do time carioca, que foi cada vez mais se aproximando de nos aplicar uma sonora goleada.
Chegar ao quarto gol, que proporcionava uma vantagem ao Botafogo que só foi diminuída com o gol salvador de Guilherme (novamente passe magistral de Ronaldinho), no finzinho do jogo, foi consequência natural de nossa fragilidade no meio campo.
E aqui é que reside meu receio.
Que Cuca tem condições de dar maior proteção ao nosso miolo de defesa e tornar o time mais fechado e seguro atrás, é um fato.
E que o Galão tem condições, tal qual na Libertadores, de tirar a diferença de dois gols, no Independência, também é fato.
O problema é o medo que a defesa e sua fragilidade têm nos transmitido. O que faz com que ao menos eu alimente muito medo de que nossa defesa não dê conta da responsabilidade de não levar gols, que pesará sobre seus ombros.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Uma volta pelo centro da cidade

A cidade suspira
Inspira
Respira          
Aflita
E sob o trânsito pesado
Agita-se
E se em alguns locais
Fede a urina
Em outros
Passa a impressão
De ser bonita
A cidade pulsa
E em seu pulsar
A realidade explode
Sem limites
Criando vida

Que se revela infinita

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O Supremo, o mensalão e o julgamento dos embargos

Mais uma vez, no dia de hoje, o Supremo se reúne para dar sequência ao julgamento dos recursos interpostos pelos advogados dos envolvidos, e condenados, no julgamento do mensalão.
O que se espera é que o julgamento transcorra sem os destemperos que marcaram a sessão da última semana, e que seu resultado possa honrar, não necessariamente as tradições da casa, mas aquele bem intangível maior que a Casa deveria representar, e possa fazer Justiça.
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Quando menciono as tradições da casa, não há qualquer intenção em diminuir a Corte maior de nosso país. Na verdade, penso apenas em situações e julgamentos anteriores, em que a Justiça ficou a reboque dos interesses digamos mais pedestres do próprio governo. Refiro-me aqui, ao julgamento, por exemplo, do confisco praticado pelo governo Collor, analisado e aprovado pela Corte, embora nitidamente contrário à nossas tradições e legislação.
E ficamos apenas nesse caso, embora esteja longe de ser caso único em nosso passado recente.
Mas não é interesse aqui ficar criticando as razões e o comportamento do Supremo.
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A questão aqui é que há em nossa tradição, para o bem ou para o mal, inclusive inscrito no Regimento ou regulamento do Supremo, embora não constando da legislação, o instituto dos embargos infringentes, pelos quais o julgamento cujo resultado tenha sido tão apertado, que revele a existência de uma dúvida razoável em relação ao tema tratado e objeto da condenação.
Trocando em miúdos: quando a Corte decide pela condenação por um resultado apertado, com apenas um voto de diferença, eis aí uma clara manifestação de que parte importante dos julgadores não estava suficientemente convencida da culpabilidade do réu.
O que, para dirimir qualquer dúvida, seria decidido a partir de um novo julgamento.
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Traduzindo de forma mais prática: caso estes embargos fossem aceitos, conforme o costume mas não a legislação brasileira, haveria a necessidade de que um José Dirceu, João Paulo Cunha e o Bispo Rodrigues, se não me engano, tivessem um novo julgamento em relação tão somente, à acusação de formação de quadrilha.
Entendo, caso não esteja errado, que no caso de uma possível - mas não necessariamente provável - absolvição, o resultado final não seria outro senão a redução da pena, o que implicaria na possibilidade de os condenados não terem de pagar suas penas em regime fechado. Ou seja: não haveria prisão e cadeia.
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Muitos poderão alegar do absurdo dessa situação, já que livraria a cara do ex-ministro da Casa Civil de Lula, que não iria para trás das grades.
Alguns mencionariam a injustiça de um novo julgamento se dar sem que os mesmos juízes do primeiro momento pudessem participar, já que alguns ministros se aposentaram e novos juízes compõem a Corte maior.
Haveria até aqueles que iriam lembrar que a indicação ao Supremo, sendo feita pelo presidente poderia implicar em indicações de cartas marcadas, com os novos juízes sendo indicados apenas por serem considerados amigos ou partidários ou favoráveis ao partido ou posição do presidente, no caso a presidenta Dilma e o PT.
Esquecem-se esses que além da questão da carreira e da própria honra dos juízes envolvidos, há que se considerar que os ministros indicados devem ser aprovados por outras instâncias de poder, o que envolveria então, necessariamente a aprovação de várias pessoas, de  vários e distintos partidos.
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Outros poderiam aferrar-se à questão de nosso direito positivista, ao contrário daquele do tipo americano, consuetudinário, em que costumes e tradições valem mais que a letra fria e congelada  no tempo das leis.
Esses, estariam revelando,  no mínimo um comportamento curioso, já que alguns deles, muitas vezes tecem críticas exatamente ao fato de nosso Direito não se atualizar, não dando conta de acompanhar a evolução dos costumes sociais.
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Mas, vá lá. É inegável que a opinião pública no nosso país chegou a um limite. A um ponto em que não interessa mais, necessariamente, fazer justiça. Aparentemente, o que ela deseja, nesse momento, é aplacar toda sua ira, com sangue.
Mesmo que sob argumentos de que, mesmo forçando nossos costumes e tradições, afinal de contas estaria sendo feita a justiça devida.
Pode ser.
Como pode ser também que, mesmo com novo julgamento, os ministros ainda mantivessem suas opiniões e votos anteriores e até que os novos julgadores mantivessem os votos condenatórios.
Tudo é possível, como diz o ditado quando se trata de cabeça de juíz e do fundo das fraldas das crianças...
Mas, sabemos todos que isso seria um prato especialíssimo a ser servido à midia, também sedenta de matérias de grande evidência.
E que partidos de oposição e várias pessoas e interesses raivosos com os rumos que o governo do PT deu em nossa trajetória vão se aproveitar para fazer um grande estardalhaço. Num instante em que a situação política inspira um mínimo de cuidado e ... juízo e serenidade.
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De qualquer forma, independente de o que seja o resultado do julgamento dos tais embargos, o que tem sido mais destacado é que a Corte Suprema tem hoje, como seu presidente, um ministro que, por mais que tenha sólida formação intelectual - e parece que o Ministro Joaquim Barbosa é de fato dos ministros de maior cultura e conhecimento jurídico, por méritos exclusivamente de seus esforços, diga-se de passagem- mostra um grau de autoritarismo e uma arrogância que beira à soberba.
Talvez por ter sido tão comemorado na primeira fase do julgamento do mensalão, em que era o ministro relator do processo, e ter adotado posições que o tornaram ídolo da imprensa e da grande maioria da classe média (seja lá o que isso possa significar) o ministro parece, às vezes, se tornar a expressão única e absoluta da verdade e da defesa do direito e da justiça.
O que se não faz dele um julgador menor, o torna, ao menos uma pessoa que, por demonstrar tradição de comportamento não democrática, o faz um péssimo candidato a qualquer cargo político, em especial, no Executivo, como parte da sociedade - a parcela mais autoritária, parece desejar transformá-lo.
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Em minha opinião, mais que o Messias, o nosso ministro parece às vezes, arvorar-se no papel da própria divindade, o que o transforma em um perigo para nossas tradições, mais que um salvador.
Aliás, como disse Marina Silva, em sua entrevista na Folha de São Paulo dessa semana, não precisamos de Messias, e o povo que precisa de um é aquele que não está maduro para exercer sua cidadania.
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Aguardemos o espetáculo no STF no dia de hoje.
E, por favor, se algum juízo de valor aqui exposto contiver erros de interpretação jurídico (se eu tiver postado alguma bobagem para falar mais claro), gostaria que os que tivessem acesso a esses comentários se manifestassem para que eu pudesse extrair algo de positivo de toda essa situação, ao menos do ponto de vista pessoal.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Elitização do futebol: preço dos ingressos e outros fatores

Enquanto prossegue a escalada do dólar, provocada pelas expectativas em torno de alterações na política monetária frouxa que vinha sendo adotada pelo FED com o objetivo de impedir a economia americana de se aprofundar na recessão, a FIFA começa nesse dia 20 de agosto a venda dos ingressos para a Copa do Mundo de 2014 aqui no Brasil.
Embora já definidos os preços dos ingressos em reais, é inegável que para sua definição foi considerado o preço dos ingressos em dólar. Claro que, à época, o dólar ainda não estava no patamar que se encontra na atualidade, rompendo o patamar dos R$ 2,40.
O que significa que os interessados na compra dos ingressos, ao menos em relação à questão do câmbio, estão obtendo algum ganho.
E isso tem de ser comemorado, uma vez que o preço dos ingressos pode ser considerado bem salgado.
É certo que trata-se de um evento único, uma Copa do Mundo. Com a presença das melhores seleções de todo o planeta, etc. etc.
Ainda assim, o preço dos ingressos pode ser considerado bastante elevado, mesmo com a Fifa afirmando ter feito concessões especiais ao definir tais valores para nosso país.
E em minha opinião, em relação à essa questão do preço dos ingressos, nem é exatamente a Copa do Mundo que merece nossa atenção.
Pior, muito pior, é o preço dos ingressos que estão sendo praticados para jogos do nosso Campeonato Brasileiro, que estão gerando um verdadeiro processo de elitização de nosso futebol. Logo ele, o esporte mais popular de nosso país.
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Aliás, esse fenômeno de elitização já vem, na verdade, se desenrolando há muito tempo. Desde quando a especulação imobiliária nos grandes centros urbanos e suas proximidades levou, paulatinamente, ao desaparecimento dos campos de várzea, dos campos de terra batida, em que gerações e gerações de atletas foram forjadas.
O mesmo motivo do avanço do processo de urbanização e suas consequências, levou ao desaparecimento das peladas de rua, nos bairros mais tranquilos próximos ao centro, em que a meninada marcava os gols com tijolos e passava as tardes de fim de semana disputando peladas, interrompidas quando em vez pela passagem de um carro qualquer.
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E o processo de elitização teve sequência com a disparada dos preços dos ingressos, percebido especialmente em função da remodelação e reforma ou reconstrução de novos estádios, mais confortáveis visando a Copa do Mundo, todos transformados de estádios em arenas, e em conformidade com o famoso padrão FIFA.
Padrão tão elevado para níveis brasileiros, que foi elevado à condição de paradigma ou lema de vários outros tipos de serviços, como pode ser visto nas manifestações de rua ocorridas em junho, em meio à realização da Copa das Confederações, que reivindicavam um padrão Fifa também para a Saúde, a Educação, a Segurança.
Ora, nada contra o brasileiro ter direito e acesso a serviços de qualidade, até mesmo em se tratando de conforto nos estádios de futebol.
Mas, em função das tais arenas modernas houve uma disparada dos preços das partidas de futebol, que chamaram a atenção para a tal elitização.
Indistintamente, sem fazer qualquer diferença entre a partida e os times envolvidos, o preço dos ingressos têm sido objeto de comentários e críticas.
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Assim, em programa de televisão na noite de ontem, jornalistas comentavam do absurdo que é cobrar para um jogo entre Atlético e Portuguesa - no próximo domingo, dia 25 aqui em BH, o mesmo valor que se cobra por um Atlético e Botafogo, por exemplo, ou seja R$ 70,00.
Confesso que não tenho ideia dos preços corretos dos jogos, acreditando que os valores sejam aproximadamente esses citados, talvez mais próximos aos 60 reais, para o ingresso em pior local do campo.
E, considerando-se que, em média, o preço dos ingressos, assim como o preços dos cinemas girava em torno dos 10% do valor do salário mínimo, que encontra-se hoje fixado nos R$ 678 reais, chegamos à conclusão de que o valor de 60 ou 70 reais não é tão fora de propósito, como a gente pensa.
Então, porque essa impressão de que o preço está exorbitante e afastando os torcedores mais simples e de nível de renda mais baixo dos estádios e de sua grande paixão?
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Tenho várias hipóteses para tal sentimento. A primeira delas, ligada ao fato de que há nos dias de hoje um número muito maior de campeonatos e partidas, que acabam obrigando os times a jogarem às quartas e domingos, o que significa que os torcedores têm que desembolsar, por semana, um valor de R$ 120 a R$ 140 reais, o que é, sem nenhuma dúvida um sacrifício que não dá para suportar.
Afinal, mesmo com a proibição da venda de bebidas alcoólicas nos campos, se somarmos o preço dos ingressos ao preço do transporte e de um ou outro lanche ou mero copo d'água, a conta fica proibitiva, o que se agrava se se trata de um pai de família desejoso de ir com seu filho ao campo.
Também contribui com o processo de esvaziamento dos campos a fixação de horários para os jogos, muito menos preocupados - os horários - com o público e até mesmo com o que é melhor para a prática do exercício físico e muito mais voltado para as preocupações da grade de programação da televisão. Para ser mais exato da tevê Globo, monopolista das transmissões, e que não demonstra qualquer respeito aos problemas dos torcedores que têm de se levantar cedo no dia seguinte, o que significa sacrifícios à própria saúde caso queiram comparecer ao campo para apoiar seu time do coração.
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O desrespeito torna-se tão sério que, por força de sua grade de horários, assistimos agora à marcação de partidas de futebol, no meio da semana, para o horário das 19:30 horas, exatamente no horário de rush ou seja quando o trânsito está mais caótico, com milhões de trabalhadores deixando seus trabalhos e literalmente desesperados para poderem acessar suas residências, para um justo e merecido descanso.
Ora, nesse momento de trânsito naturalmente caótico, por força do horário de interesse da Globo, ainda se obriga milhares de torcedores a enfrentarem esse caos, para irem ver seu time jogar. Milhares de torcedores que trabalham até as 18 horas, em geral, e que não têm qualquer alternativa, salvo a de enfrentarem o trânsito caótico.
A questão chega a um absurdo tal que, a título de exemplo, a inteligências da tal Globo e da CBF foram capazes de marcarem um jogo do Atlético contra o Bahia para o tal horário das 19: 30, em plena véspera de um feriado que, por força de decretação de ponto facultativo por parte do governador do Estado, anunciava-se como um feriadão prolongado, momento em que muitos aproveitam para ganhar as estradas, abandonando a correria dos centros urbanos.
Que o trânsito não fluía e que, por conta disso,  a partida começou com grande parte dos lugares da arena completamente vazios é apenas mais um detalhe que mostra o desrespeito ao torcedor-consumidor do espetáculo futebolístico.
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Já é chegada a hora, inclusive, de o Ministério Público, ou os órgãos de defesa dos direitos do consumidor e do torcedor se manifestarem no sentido de impedirem que o desrespeito prossiga de forma impune.
Bem, no dia seguinte, em São Paulo, para a partida do São Paulo contra o Atlético Paranaense, o mesmo fenômeno de estádio completamente vazio e torcedores presos em pleno engarrafamento voltou a se repetir.
E os repórteres comentando do estádio vazio, imputando tal fato ao péssimo futebol e ao mau humor da torcida do clube paulistano.
A culpa da tevê ninguém comenta, por óbvio. E o futebol é quem perde com isso. O futebol e o público.
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A única desculpa não aceitável é aquela que responsabiliza o padrão mais sofisticado cobrado pela Fifa, pela fuga dos torcedores.
Porque operários ou não, pobres ou não, letrados ou não, a verdade é que todos merecem indistintamente um tratamento adequado, de conforto e respeito humano.
E todos merecem assistirem ao seu time de forma a poderem estar presentes, torcerem e terem um mínimo de conforto, como banheiros limpos, água nos bebedouros, bares higiênicos, salgados de melhor espécie e assentos numerados e direito de virem o jogo assentados, ou em pé, mas com a opção de como acompanharem o jogo sendo somente sua.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Falhas do processo orçamentário no Brasil e o absurdo da PEC do caráter impositivo para emendas parlamentares

Nos manuais de Finanças Públicas, no capítulo destinado à abordagem do Orçamento e ao processo de sua elaboração, é comum definir-se o orçamento público como a expressão financeira de um plano de ação. Integra, pois, o processo de planejamento governamental, sendo o documento onde a Administração Pública apresenta à sociedade as suas diversas propostas de ação, os custos envolvidos na execução de cada uma delas e de onde virão os recursos para que elas possam ser executadas. Transforma-se em um documento onde o governo reúne as receitas arrecadadas e aloca ou distribui esses recursos.
Sendo o Executivo a instância  responsável pela fixação e cumprimento da agenda demandada pela sociedade, o que significa a identificação e hierarquização das necessidades sociais, a proposição das soluções desses problemas e a implantação das ações destinadas a alcançar tal resultado, é ponto pacífico que cabe ao Executivo a responsabilidade por planejar, orçar e executar tais ações.
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Em nosso país, por força de preceito constitucional, essa responsabilidade pela manutenção de um Sistema de Planejamento e Orçamento é atribuída ao Poder Executivo, que também detém a exclusividade da iniciativa dos seguintes projetos de lei, que integram aquele sistema:  Plano Plurianual (PPA) ; Diretrizes Orçamentárias (LDO); Orçamento Anual (LOA).
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Fica claro assim que, sendo o Executivo a instância que tem a responsabilidade de atender aos reclamos da sociedade, compete a este Poder definir as propostas que se julga em condições de cumprir em um dado horizonte de tempo e, considerando os recursos com que conta para tanto, que ações está em condições de desenvolver em um ano, por exemplo.
Em outras palavras: é atribuição exclusiva do Executivo listar as ações que deverá desenvolver em prol da sociedade que lhe atribuiu o mandato para cumprir exatamente esse compromisso. E ao Executivo cabe ainda, com exclusividade, apontar o montante de recursos de que dispõe e a distribuição desses recursos entre as várias ações a serem implementadas, de forma a atender da melhor forma ao vasto elenco de problemas e demandas a serem atacados.
Nesse processo, como representante da sociedade cujos interesses é que devem ser atendidos, e mais especificamente para discutir as prioridades, os valores a serem alocados em função das reais necessidades, e principalmente para aprovar a proposta apresentada pelo Executivo e poder, num momento seguinte, exercer o controle necessário a todo processo de planejamento, do cumprimento das execução das ações autorizadas, é que destaca-se o papel fundamental do Poder Legislativo.
Ou seja: além de ser o porta-voz dos interesses da sociedade que foi eleito para representar, e dessa forma, de aprovar as ações que atendam a esses interesses, o poder Legislativo tem o papel fundamental de exercer o acompanhamento e o controle, necessário, das atividades realizadas pelo Executivo e de sua direção, além da fiscalização do emprego dos recursos orçamentários previstos.
Isso significa que não é competência do Congresso propor ações e definir atividades e gastos para serem realizados por outra instância, atendendo o que recomenda o bom senso, ou seja, só se deve cobrar de quem quer que seja, o cumprimento daquilo com que aquele a ser cobrado se comprometeu.
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Por isso, considero uma incoerência, embora também tenha previsão legal, o instituto do contingenciamento, ou seja o retardamento ou a inexecução de parte da programação de despesa prevista e autorizada na Lei Orçamentária, explicada em função da insuficiência de receitas.
No mínimo, a figura do contingenciamento revela uma má elaboração do plano e dos vários documentos que lhe dão suporte, apresentados pelo Executivo ao Legislativo e à sociedade,  ou seja uma falha.
Erro fruto, na maioria das vezes, de uma previsão de receita superior àquela  parcela de  recursos factível de ser extraída da sociedade em função de sua situação econômica ou financeira, ou da listagem de uma série de ações cujos valores são irrealisticamente  projetados, e cuja finalidade é ludibriar a sociedade, por meio da proposta demagógica de se propor a atender a suas necessidades, sem condições reais para tanto.
Em outras palavras, a mim, cheira mais como um espécie de engodo, mera medida politiqueira que visa agradar aos eleitores que acreditam que suas demandas serão atendidas.
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Por força desse contingenciamento, que ocorre normalmente no início de cada ano, pela emissão pelo Governo Federal de um  Decreto limitando os valores autorizados na LOA, relativos às despesas discricionárias ou não legalmente obrigatórias (investimentos e custeio em geral), o nosso orçamento é classificado como sendo de caráter meramente autorizativo, ao contrário do orçamento impositivo, onde o Congresso, como representante e agindo em nome da sociedade, aprova o que o Executivo compromete-se a fazer, o que obriga o governante a fazer o que prometeu sujeitando-se a penalidades no caso de descumprimento.
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Claro, tratamos aqui de uma situação hipotética, em que o Congresso representa efetivamente os interesses dos eleitores da sociedade, mais que seus próprios interesses, e de um Executivo que não se preocupa em manter recursos reservados para negociar e comprar apoios para suas propostas e planos, muitas vezes alheios à vontade da sociedade.
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Por tudo o que foi dito, é que sempre fui favorável a que o Orçamento Público no Brasil passasse a ser elaborado e tratado com a seriedade que merece, mesmo se sabendo que todo o planejamento está sim, sujeito a falhas e correções de rumo posteriores, já que no fundo trata-se de projeções, previsões e as incertezas inerentes ao desconhecimento do futuro. E, imbuído desse espírito, sempre fui favorável a que o Orçamento no Brasil passasse a ser de caráter impositivo e não autorizativo, que é a forma de antecipadamente fornecer a quem se propôs a desempenhar certas atividades, a desculpa para cumprir apenas algumas de maior interesse, em geral politiqueiro, quando não escuso
Entretanto, não posso concordar, e acho que merece muito maior discussão por toda a sociedade, com a aprovação, ainda em primeiro turno, pela Câmara de Deputados à PEC - Proposta de Emenda Constitucional que atribui caráter impositivo, tão somente ao conjunto de emendas parlamentares, essa outra excrecência do processo orçamentário no nosso país.
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Nitidamente, o que os deputados estão aprovando é a autorização para que o Executivo reserve a eles, recursos subtraídos da resolução de problemas da sociedade para que eles possam exercer livremente, a definição de gastos cujos interesses são ou apenas eleitoreiros, de "compra de apoios políticos" junto a seus eleitores, ou no mínimo, gastos que beneficiam apenas a parte minoritária de uma população muito mais ampla a ser atendida, ou ainda gastos com interesses reais, mas de menor prioridade e relevância social.
Dessa forma, a PEC institucionaliza o erro de obrigar e responsabilizar a outra instância pelo cumprimento de metas com as quais ele não está comprometido. Além disso dá a decisão do gasto a quem não tem qualquer responsabilidade posterior de prestação de contas do que foi feito com os recursos utilizados, o que abre caminho e facilita a malversação de fundos.
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Medida de cunho politiqueiro, defendida sob o argumento de que torna os deputados imunes a serem tratados a reboque dos interesses do Executivo, que transforma a Câmara e a negociação da aprovação de projetos de interesse do mandatário em um verdadeiro balcão de negócios e negociatas, na verdade, o que deveria ser discutido e aprovado, para acabar com esse comércio de interesses vergonhoso,  cuja existência todos admitem e  ninguém nega, é a adoção do caráter impositivo de forma ampla e geral.
Com o estabelecimento de penalidades para as situações em que o Executivo não cumprisse ou entregasse aquilo com que se comprometeu perante a sociedade.
Mas, sem essa outra excrecência que privilegia os deputados e mantém o poder que eles já detêm junto ao grupo de eleitores que, em tese, visam representar.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

É o câmbio, imbecil! parafraseando Clinton

De um lado, inflação. De outro lado, elevação do déficit das contas externas, expresso no resultado negativo das contas de transações correntes do país. Somado a isso, um crescimento pífio da economia e uma política econômica alvo de cada vez maiores críticas pelo apoio à setores selecionados da indústria brasileira, aqueles setores - e empresas, consideradas campeãs nacionais.
Por trás de todos os problemas, como bem demonstrado pelo professor Luiz Carlos Bresser Pereira, como bem demonstrado em sua coluna de ontem para a Folha de São Paulo, a questão do câmbio. Ou melhor: a supervalorização do câmbio, que o professor atribui a duas causas principais: a uma política deliberada para promover a elevação do valor do real, em parte decorrente da atração de somas cada vez mais vultosas de dólares, a chamada poupança externa, com o objetivo de se manter a inflação sob controle; por outro lado, o professor insiste na tese da hipótese da reprodução do fenômeno, em nosso pais, da doença holandesa.
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É bom recordar que por doença holandesa, entende-se a situação daquele país cujas exportações de produtos naturais ou bens primários é tão elevada e em níveis tão significativos, que possibilita a entrada de montantes vultosos de moeda estrangeira, em geral o dólar, o que acaba por promover a apreciação da moeda doméstica.
Com a moeda nacional valorizada e o dólar em baixa, a economia passaria a expandir suas importações, já que produtos externos, com preços em dólares estariam relativamente mais baratos que os nacionais.
O efeito desse comportamento seria um sucateamento da indústria doméstica que, com preços elevados em razão do valor da moeda, acabaria perdendo competitividade, vendas resultando no fenômeno da desindustrialização.
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O professor Bresser, que já há algum tempo vem criticando a manutenção da apreciação intencional do real, considera estar ocorrendo no nosso país o fenômeno da doença holandesa, mesmo com o declínio de nossas exportações de produtos primários, minério de ferro, por exemplo, para a China e outros grandes compradores.
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Entretanto o professor não considera que a depreciação do dólar teve início no período em que o PSDB ocupava o governo, no início do lançamento e consolidação do Plano Real, quando FHC era o mandatário maior do país e ele, Bresser, ocupava a função de ministro do governo.
Afinal, foi a âncora cambial, ou seja, a depreciação da moeda americana uma das principais medidas que permitiram, aproveitando a enorme liquidez internacional que havia no período, manter a inflação sob controle e, portanto, razão do êxito do plano de estabilização brasileiro.
E, é bom que se lembre, todo esse processo contando com o apoio da política monetária de juros elevados, exatamente para incentivar o influxo de capitais para financiamento de nossa economia.
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O plano Real teve sucesso na interrupção da escalada de preços, o dólar ficou depreciado muito tempo e o Brasil atraiu um montante de poupança externa significativo, situação que não se interrompeu  nem quando Lula tornou-se presidente do país em 2003, já que a política de juros elevados, atração de dólares e apreciação do real continuou sendo adotada mesmo pelo petista.
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Importante é notar que, do ponto de vista da estabilidade, também contribuiu muito para o sucesso das políticas implementadas a abertura comercial patrocinada pelo governo, seja de forma intencional, para permitir o aumento da concorrência com produtos e produtores brasileiros, eliminando a força e o poder de mercado e a capacidade de impor preços desses empresários, seja como a contrapartida para atender aos às exigências de agências e órgãos internacionais ou dos investidores dos capitais que para cá se dirigiam.
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Pois bem, a lógica do Real desde sempre passou pela apreciação do real e elevação das importações, com ampliação do déficit em contas correntes, o que gerou a crise cambial do início de 99, que quase pôs todo o sacrifício feito pelo plano a perder.
Lembre-se que o pior não aconteceu, especialmente por força de o governo ter alterado seus instrumentos de política, passando a adotar o câmbio flutuante.
A mesma lógica continuou a prevalecer com Lula em seu primeiro mandato, e seu ministro da Fazenda, o médico Antônio Palocci, que viria a se consagrar como o maior defensor dos interesses do capital financeiro no governo petista. Razão que é sempre reverenciado pelos setores empresariais, até os dias de hoje.
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Mas, ao adotar essa lógica de juros altos, atração de poupança externa, sinal da confiança que os capitais internacionais manifestavam na estabilidade e crescimento da economia brasileira, os resultados obtidos de forma resumida podem ser apontados como:
- balança comercial fortemente superavitária por força da elevação dos preços de minério de ferro e pela expansão descomunal de nossas exportações de produtos primários, especialmente destinados à China, naquele instante apresentando taxas espetaculares de crescimento da produção.
Essa balança comercial positiva, resultado não da elevação das exportações físicas necessariamente, mas por força da elevação dos preços dos produtos exportados por nosso país, mais que compensava a elevação de nossas importações, tanto de bens de consumo, quanto e principalmente de peças, partes, componentes, matérias primas, bens e insumos intermediários, e máquinas e equipamentos.
Além disso, reduzia o impacto das contas de transferências onde despontavam os gastos com remessas de lucros e juros, e o impacto das contas de serviços, com gastos de viagens internacionais, entre outros.
Ou seja: o déficit de contas correntes não cresceu de forma explosiva, por força da elevação de nossas exportações de produtos primários, o que levou o professor Bresser e outros economistas a identificarem o problema da doença holandesa.
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Com juros elevados, para atrair capitais externos, ocorreu uma desvalorização do dólar que, permitindo baratear os custos dos produtos estrangeiros, levou a nossa indústria a importar seus insumos, mais baratos, que dar preferência a comprá-los nas suas cadeias de fornecedores tradicionais. O resultado foi o sucateamento de grande parte das cadeias de fornecedores, o que nos levou, nesse mesmo blog, a comentar que, no futuro, caso o dólar se valorizasse, teríamos dois problemas sérios a enfrentar: a elevação dos custos de produção, e a questão do endividamento externo.
Não foram poucas as vezes que o IEDI - Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, chamou a atenção para o fato de nossa indústria estar sendo sucateada, enquanto se ampliava cada vez mais a dependência de fornecimento de insumos estrangeiros.
Configurava-se assim, o temor de nossa economia encontrar-se às voltas com o mesmo resultado da doença holandesa: a desindustrialização.
Com isso, a indústria deixou de apresentar o crescimento dela esperado e derrubando com ela as taxas de crescimento da economia como um todo.
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Com uma política de juros elevados as decisões empresariais que em termos microeconômicos recomendavam exatamente a troca do fornecedor nacional pelo externo, cujo produto era mais barato, ainda tiveram outra consequência, também lastreada na teoria e no comportamento racional apontado para os agentes econômicos, do ponto de vista microeconômico: tornou-se mais rentável aplicar o capital em aplicações financeiras, que em inversões produtivas.
De um lado, essa maior rentabilidade assegurada aos papéis do mercado financeiro, essa geração de riqueza fictícia implicava em maior endividamento do governo, ou seja, o aumento da dívida mobiliária interna, já que na base da política de juros elevados, estava a taxa básica da economia, aquela que remunera aos títulos de menor risco, os títulos públicos: a SELIC.
Ou seja, quanto mais ganhavam os aplicadores, mais aumentava a dívida pública interna, com o pagamento de juros crescendo a taxas maiores que a capacidade do governo de geração de superavits primários.
Por outro lado, a economia brasileira não investia e, como consequência suas taxas de crescimento patinavam em valores bem abaixo de outras economias parceiras e até economias vizinhas.
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Depois da crise de 2007/2008, da recessão experimentada por nossa economia em 2009 e das políticas de sustentação da demanda, de corte keynesiano (vulgar!) adotadas em 2010, responsáveis por nosso crescimento de mais de 7%, mudaram as condições que nos cercam.
Mais recentemente, entre essas mudanças percebe-se um movimento, que não afeta apenas a nosso país, de valorização do dólar.
Com isso, e por força de nossas novas cadeias de fornecedores cujos preços são expressos em dólares, eleva-se o custo de nossa produção e a inflação começa a mostrar sinais de crescimento. Nada que não esteja sob controle, mas o suficiente para a mídia aproveitar para criar o caos, junto aos analistas do mercado financeiro, sempre dispostos a tudo para que o governo eleve, cada vez mais os juros.
Esse efeito da valorização do dólar provoca, então, dois problemas de uma só vez: a elevação de custos e preços, ou inflação; a elevação do valor de nossas importações. Some-se a isso o fato de que, em função da recessão mundial, com destaque para os problemas vividos pela zona do euro, também a China e outros países clientes reduziram suas compras, o que afeta nossas exportações.
A consequência é o surgimento de déficits comerciais o que agrava a elevação dos déficits em conta corrente.
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Sem a indústria poder crescer, já que seus custos se elevam, a economia patina e, mesmo com o apoio do BNDES, os campeões nacionais não deslancham. E a economia emperra e cresce pouco.
E a expectativa de novos pibinhos permanece.
Por fim, a elevação de juros para contenção do fenômeno da alta de preços, cuja origem não está vinculada direta e imediatamente à elevação da demanda interna, acaba dificultando ainda mais a decisão empresarial de cunho macroeconômico de investir produtivamente (vender para quem, se a demanda está sendo contida? Investir por que, se o retorno previsto é baixo e inferior ao que os juros no mercado financeiro podem proporcionar?)
Mas é bom lembrar, esse juro alto alimenta a expansão da dívida do governo, em momento em que a população está nas ruas, cobrando melhorias em uma série de serviços públicos, o que implica em elevação de alguns gastos e redução do superávit primário.
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Em síntese: a economia não cresce, a inflação recrudesce ( na verdade, não é isso, mas eu me vi tentado a fazer a rima), a dívida interna se eleva e a situação fiscal do país se agrava, e a indústria patina, enquanto nossa dependência do exterior vai se configurando cada vez mais.
E tudo isso por força da questão bem lembrada pelo Professor Bresser: o câmbio e a política cambial que vem sendo adotada em nosso país.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Texto de despedida


Atendendo a solicitações de amigos, posto hoje a nota em que me despedi de todos os colegas com quem tive a oportunidade e o prazer de trabalhar nos últimos 18 anos e 9 meses, no Banco Central do Brasil.

Já cheguei velho a essa casa, embolorado, e à medida que caminhava ia percebendo que mudava. A cada passo, ia tornando-me cada vez mais arejado. Ia rejuvenescendo. E a cada momento, tal qual uma criança, fui percebendo que era apenas uma folha em branco. Pronta para ir deixando gravadas as marcas indeléveis do aprendizado.
Aqui aprendi. A cada dia. A cada instante. À medida que o tempo passava e eu me sentia cada vez mais remoçado.
Por entre as pedras que margeavam o caminho, foi descobrindo atalhos. Em cada atalho, um amigo. Em cada amigo, uma experiência. Em cada vivência, uma lição.
E, prestes a completar a maioridade, percebi estar apto a sair de casa e ganhar o mundo. A renovar as esperanças e sonhos. Pronto pra recomeçar. Pronto para sair disseminando o que aprendi e semear as alegrias e vitórias que conquistei.

Os amigos e companheiros que fui fazendo ao longo do trajeto, em agradecimento, levo-os comigo.  Certo de sua infinita capacidade de se multiplicarem e se desdobrarem,  recriando-se e renovando-se para permanecerem como guias e referências para outros calouros, sem nunca se afastarem de sua característica de batedores. Marchando à frente. Desbravando novos caminhos. Anunciando novas e duradouras conquistas. Ao arrastá-los comigo, em novas empreitadas, sei que também me multiplico e, assim facetado, alegro-me em sentir invadir-me o sentimento da dúvida, alimento dos que buscam continuar procurando crescer e se aprimorar. Afinal, esse é o caminho da evolução. E é nesse caminho, que gostaria de prosseguir minha jornada. 

Finalmente, a todos com quem tive a honra de conviver e com quem pude trabalhar, aprender, me divertir, sorrir, brincar, conversar durante todo esse período, meus agradecimentos.
Desde já, a certeza de que, de todos, levo muitas saudades.

Abraços,

Até breve

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Galo, Botafogo, decisão na cara ou coroa; roubalheira dos juízes e inflação em queda: vários pitacos em um só

Mais uma vez, de forma escandalosa e, por uma estranha coincidência contra o Botafogo, o Galo foi garfado pela arbitragem, no Horto, no último dia 7.
Mais uma vez, porque já vem de longe, as críticas às arbitragens e a favorecimentos a um time, que as partidas entre ambos enfrentam. No mínimo desde a palhaçada praticada pelo Botafogo em 1967, quando derrotado em Minas, em jogo de volta  pela então Taça Brasil, desceu no Galeão com o volante Carlos Alberto de perna gessada, reclamando das agressões sofridas por seus atletas em campo e às quais o juiz assistiu passivamente.
Diga-se de passagem que, na verdade, não houve a agressão que a imprensa carioca, bairrista como sempre, arquitetou com a direção do clube carioca, como forma de tentar se justificar perante sua torcida.
Bem o final dessa história é que, na ocasião, o clima criado pelo Botafogo e imprensa foi tal que o jogo decisivo da "negra" ou o terceiro jogo da melhor de três, que constava do regulamento naquela época, foi adiado, face à recusa do time carioca de voltar a Minas para disputá-la.
A jogada do Botafogo foi derrotada e o time carioca voltou a Minas onde se deu nova partida, terminada com o empate de zero a zero.
O Galo, no sorteio de cara ou coroa, representado por seu capital Décio Teixeira, foi vitorioso. Deu coroa.
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Mas, não podemos esquecer de outra, no Rio, quando Tchô foi calçado dentro da área, de forma inequívoca, com o juiz não marcando a penalidade que, sendo convertida, classificaria o Galão para a final. O juiz, Carlos Eugênio Simon, hoje comentarista de arbitragens da Fox Sports, prestou um grande serviço ao time carioca. E, como sempre, prejudicou ao Galo.
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Agora, foi em Minas, Belo Horizonte, dentro do Horto, e mais uma vez, dois penalties não foram dados, ambos sobre Luan. O segundo tão vexatório que nem compensa ficar discutindo. Depois de uma furada do defensor do Bota.
E com isso, a reação do Galo foi frustrada,  com o Atlético conquistando apenas um empate.
Empate com o próprio Luan, no minuto final, o que permitiu um sabor de vitória, mas...
Que Kalil possa brigar pelos direitos do Galo, apresentando algum tipo de reclamação formal contra os árbitros, e pedindo sua punição, embora, se sabe que a CBF, como restou comprovado no ano passado, não é muito de punir juízes que prejudiquem aos times que com ela não mantêm relações de compadrio.
Especialmente se o time prejudicado é o Galão da massa, como o campeonato do Flu no ano passado deixou claro.

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E a inflação caiu, para o patamar mais baixo de um mês de julho, em anos.
Com a baixa dos preços de alimentos e a queda nos preços de ônibus urbanos, sendo os argumentos utilizados para justificar o índice de 0,03% alcançados.
O que nos dá razão nos comentários sobre o tema que fizemos ao longo de todo esse ano, quando afirmávamos que a inflação era de choque de alimentos e, portanto, não havia necessidade de se elevar os juros, como o mercado financeiro e seus analistas de plantão demandavam e até exigiam.
Tudo bem, de choque de oferta de alimentos ou não, temos de reconhecer que a elevação da Selic tem, ao menos o efeito de se evitar sua propagação por outros produtos e setores da economia brasileira. A custo, claro, de maior restrição a um possível e necessário crescimento. Mas, o fato é que a Selic subiu e todos, de forma unânime não responsabilizaram a política monetária pelo êxito do resultado. O que já é algo positivo.
Dizer que os preços dos alimentos se reduziram é, apenas, reconhecer que nova safra está entrando no mercado, especialmente para os produtos considerados vilões do aumento anterior.
O que é resultado comum e previsível na atividade agrícola ou agropecuária.
Quanto às passagens de ônibus urbanos, que muitos atribuem sua redução às manifestações de junho, há que se tomar algum cuidado.
Afinal, em uma cidade como São Paulo, por exemplo, as passagens não teriam qualquer explicação na queda da inflação, uma vez que o início das manifestações se atribui à tentativa de impedir o aumento de entrar em vigor.
Ora, se o aumento não chegou a entrar em vigor, não poderia ter elevado os índices. E a decisão de anular tais aumentos também não poderia, agora, ser usada como argumento para justificar a queda.
E, só a título de lembrete: as passagens caíram, na maioria das cidades, porque foi feito o repasse da redução da carga de tributos incidentes sobre o preço das tarifas para a população. Redução determinada pelo governo federal, Dilma à frente, e que as empresas de ônibus, com a conivência de prefeitos e outros mandatários políticos estavam embolsando.
É isso.

A chacina de São Paulo e o que as buscas da internet revelam e os pais não sabem...

Um recesso rápido, para ter tempo de colocar as coisas no lugar, nesse início de semestre letivo e.... estamos de volta. Com a promessa de maior constância, agora que estamos com mais tempo disponível durante o dia.
Entretanto, ainda estamos vivendo um período de adaptação à nova vida, de aposentado do Banco Central, onde vivemos experiências e emoções significativas e que ficarão marcadas para todo o sempre.
Mas, voltando aos pitacos, algumas observações rápidas. Primeiro sobre o caso que vem chamando a atenção de todo o país, e até do exterior, da tragédia que envolveu a família de policiais militares em São Paulo.
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E começo dizendo que, embora sempre tenha sido contrário à facilitação do acesso à posse de armas pela população, por acreditar que a liberação dessa posse seria uma das principais causas de vários acidentes e situações que poderiam terminar de forma desastrosa, não acho nada anormal que, no caso de uma família de policiais, mais que acesso facilitado, os filhos fossem treinados no manuseio dessas armas .
Afinal, ciente de ataques vários feitos por organizações criminosas de toda espécie e origem aos policiais militares, seria uma medida de segurança dos próprios filhos e familiares, ensiná-los a se defenderem, no caso da eventualidade de um ataque.
Como se sabe, a existência da arma causa, muitas vezes, acidentes com consequências funestas, em função do desconhecimento e da falta de experiência em sua manipulação. Logo, ensinar aos filhos, que por dever de ofício do pai ou pais teriam acesso e contato constante com as armas, a melhor maneira de lidar com elas, seria plenamente justificável e até prudente.
Por outro lado, a possibilidade de toda a família e de sua residência ser vítima de uma ataque de criminosos, em minha opinião também seria motivo suficiente para ensinar os filhos, a partir de certa idade e da verificação de os filhos demonstrarem certo grau de discernimento e maturidade, a se defenderem, treinando-os para atirarem.
Creio que isso se encaixaria plenamente à noção de se permitir aos filhos a sua legítima defesa. E até a defesa de entes queridos.
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O mesmo raciocínio serve para justificar a preocupação desses pais em ensinar aos filhos como, no caso de uma necessidade ou urgência - caso de um ataque, por exemplo, ter condições de tentar alcançar um socorro médico, ou se deslocar até o hospital ou pronto-socorro mais próximo.
Afinal, quem nunca ouviu o comentário de que, um atendimento no momento oportuno poderia ter evitado um óbito?
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Mas, tudo isso que abordo acima, achando muito natural esses dois elementos presentes na chacina dos policiais militares de São Paulo, não me impede de uma constatação curiosa e de levantar uma questão, não sobre o crime em si, mas sobre as circunstância todas que o envolvem.
Trata-se de entender como uma família, descrita como tão unida e feliz pelos vizinhos, apresentando uma aparência de tanta normalidade independente do drama familiar expresso pela doença congênita do menino, onde o filho era tão apegado ao pai, seu herói, à avó, que ajudava a criá-lo desde novo, repito, como entender que esse adolescente acessasse sites da internet, sem que seus pais se preocupassem em verificar o conteúdo desses sites acessados.
***
Ou seja: minha maior preocupação aqui, já que não sou  nem da polícia civil encarregada da investigação, nem da perícia técnica, nem tenho a vocação mórbida para ficar escarafunchando detalhes ligados a situações de gosto tão duvidoso é, para além do caso em si, o que podemos extrair do caso.
E o que salta a meus olhos é algo trivial: não conhecemos ninguém, de fato. Nem a nós mesmos. E nem àqueles com que convivemos, sejam parceiros, cônjuges, e até filhos ou amigos.
E esse desconhecimento ainda é ampliado pelo fato de que, por vários motivos, também não nos preocupamos em procurar aprofundar o nosso conhecimento sobre o que as pessoas que nos cercam fazem, o que as interessa, o que pensam, como encaram o mundo, quais seus sonhos, suas decepções...
No caso de pais, até entendo a necessidade de se dar maior liberdade para os filhos, para que eles possam aprender a viver por sua própria conta, uma vez que não somos eternos e os cuidados acabam tendo de ser encerrados em um momento. Especialmente, o momento que são os filhos que devem assumir as rédeas de sua própria vida, com todas as consequências daí advindas.
Mas, temos evitado de fazer isso. Em nome dessa liberdade que não se deseja invadir, vários pais se descuidam dos filhos e, sentindo-se sem função, passam a se dedicar, cada vez mais a si mesmos. Processo que, em minha opinião, Rosely Sayão, na Folha tem abordado com frequência.
Contudo, nosso tema aqui é outro: pais que não têm ideia de o que os filhos fazem, quando sentados à frente da telinha do computador. Com quem trocam mensagens, com quem se comunicam, o que falam, o que expressam, o que sentem.
***
É no mínimo curioso que o jovem Marcelo - e não estou aqui querendo acusá-lo, num caso ainda com tantos detalhes desconhecidos e obscuros - tivesse trocado a sua foto no perfil do Facebook, por outra de um assassino profissional, mesmo que de ficção, ou virtual.
É também curioso que tivesse pesquisado situações tão bizarras como a de chacinas familiares, como agora descoberto e constatado em seu computador. Ou que tivesse feito pesquisas, no mínimo estranhas sobre como ou que substâncias usar para proceder à atos de dopagem.
Nem vou me referir a conversas com amigos, ou convites para fugirem de casa depois de matarem os pais, porque essas conversas eu as considero como meras "viagens", coisas completamente inconcebíveis, à primeira vista, mas que em alguns momentos os jovens protagonizam, até como forma de chamarem a atenção.
Mas, vá la. Caso tais conversas fossem avante, chegando ao conhecimento de pais ou professores, o que acho que também não aconteceria, normalmente, e caso se juntasse as peças do quebra-cabeças que estava ainda sendo armado, juntando essa informação à outras das consultas via internet, provavelmente o que se suspeita que aconteceu poderia ter sido evitado.
Ou não: já que, na verdade, estamos todos atônitos e tentando buscar explicações para o que não tem mais solução.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Além das Vidraças



Foi-se o tempo
A preguiça e a necessidade de levantar cedo
E sair, mesmo com frio
Ou o sol nascendo no interior de nossos olhos
Atrás do para-brisa do carro
Foi-se o tempo de chegar à janela
E do oitavo andar
Ou de outro andar mais elevado qualquer
Olhar para a praça em frente
Para ver pretensos atletas correndo
Exercitando-se
Aproveitando o sol
Enquanto os velhinhos
Empurrados por seus cuidadores
Podiam curtir a quaresmeira florida
A pata de vaca
Ou o ipê imponente,
Tornando a paisagem colorida e amiga
Foi-se o tempo de ficar contando os minutos
Para ganhar a garagem e atravessar os portais
Que permitiam ganhar o mundo e a liberdade
Da rua.