terça-feira, 29 de novembro de 2016

#ForçaChape. O dia hoje é de luto.

Luto.
Apenas o pesar por tão trágico acidente, que se abate principalmente sobre o mundo esportivo, o mundo do futebol, .mas que não se esgota apenas nessa área específica de nossas atividades, atingindo todo nosso país, todo nosso povo.
Guardadas as devidas proporções, e até pelo sentimento de comoção que carrega consigo, essa tragédia me traz à lembrança, entre outros, a perda de nosso ídolo maior, Ayrton Senna, em um 1º de maio, de 1994.
Lembro-me que à epoca, o país atravessava uma fase conturbada do ponto de vista político e econômico, e que o presidente Itamar Franco tentava uma última cartada na tentativa de controlar a ameaça de hiperinflação que rondava nosso país, lançando o Plano Real.
Em maio, data do terrível acidente em Ímola, o país já havia implantado a URV, promovento a conversão dos valores dos rendimentos e preços de cruzeiros reais para a nova moeda de conta, muito contestada por vários setores da economia, especialmente aqueles ligados aos interesses dos trabalhadores, que tiveram seus salários convertidos pela média dos últimos meses, enquanto a conversão dos preços se dava pelo valor de pico.
Sim. Havia muita esperança. Talvez mais torcida para que o plano tivesse, finalmente, êxito, colocando ponto final ao fenômeno que atormentava o povo brasileiro.
Mas havia também, como seria natural, muita incerteza no ar. E um ambiente carregado de preocupações, insegurança e medo.
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A viagem trágica da Chape, realizada para disputar o maior jogo de sua história, também me traz a recordação de outro acidente aéreo, de março de 1996, que vitimou a banda de maior sucesso do país, os Mamonas Assassinas.
Com o mesmo impacto e a mesma capacidade de provocar essa sensação de estarmos toda a população meio que órfãos.
Não apenas pelo contexto de brutalidade e violência capaz de cercar esse tipo de perda. Nem somente pelo fato de serem todos os músicos muito jovens. E mais, jovens já em pleno auge.
Assim como Senna, ainda muito moço e, no caso, sempre nos lugares mais elevados do pódio.
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Em 1996, a situação do país tanto do ponto de vista econômico quanto político já era mais tranquila, com taxas declinantes de inflação que confirmavam o êxito do Plano Real.
Mas, se o ambiente interno era favorável e de alegria, muito bem expressa e aproveitada pela irreverência dos Mamonas, algumas nuvens negras já começavam a se formar no horizonte externo, mesmo que ainda não delineadas com precisão.
Nesse sentido, o acidente aéreo com a banda parecia ser um  prenúncio negativo. Envolto em tristeza imensa.
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Agora, em meio a tanta incerteza e problemas que o país atravessa, em razão da junção de vários tipos de crise, como a crise política, moral, ética, econômica, o acidente que vitima a brilhante equipe da Chapecoense, é mais um momento com a marca da tragédia e da dor a envolver a todo o povo brasileiro.
Que já estava formando, mais uma vez, aquela corrente pra frente, na torcida para o bravo e valoroso time do interior de Santa Catarina.
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Luto.
E que a família dos jogadores, dirigentes, jornalistas, e todos os tripulantes tenham forças para superar a perda terrível que sobre eles se abate.
Solidariedade. Orações. Fé.
E a nossa eterna homenagem ao time da Chape, inegável campeão da Sul Americana desse 2016, um ano que por todas as características que o cercam, torna-se cada mais um ano para cair no esquecimento.
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#ForçaChape

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Panelas; temer, o amigão e os anões com quem convive. E Fidel vira história

E, finalmente, consegui ouvir ontem o bater de panelas de algumas poucas pessoas da vizinhança, quando o Fantástico mostrava a entrevista do maior cara de pau do Brasil, o antes usurpador e golpista e agora o "amigão" temer.
Nesse mundão de meu Deus, a única pessoa que conseguiu ver problemas de conflito administrativo entre um órgão e sua reginal. O que para qualquer pessoa de pouco conhecimento em matéria de administração pública sabe que não há qualquer conflito possível.
O órgão subordinado, como deveria ser óbvio, subordina-se e deve acatar a decisão superior. Salvo se a decisão superior for flagrantemente contrária à lei, quando mesmo tendo que ser cumprido, o parecer superior deverá ser questionado em outras instâncias, senão  na própria Polícia.
Ocorre, contudo, que o parecer do órgão superior do IPHAN é que estava acobertado pela regulamentação, como o comprovam várias manifestações de órgãos da sociedade a respeito da questão, como o órgão representativo da categoria dos arquitetos.
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Se essa era a situação, não haveria qualquer motivo para se alegar a existência de um conflito entre dois ministérios, como o alegado pelo "amigão" do anão corrupto.
E, a julgar pelas versões todas apresentadas e admitidas até agora, o que deve mesmo ter acontecido é que, tendo prevalecido a decisão do órgão nacional do Instituto do Patrimônio Histórico, o anão do orçamento correu para pressionar seu colega a alterar a decisão adotada, passando por cima de órgãos, critérios e pareceres técnicos.
E tal comportamento pode ter sido, perfeitamente, inspirado no fato de que, sendo o empreendimento de alto nível de sofisticação, com uma vista para o oceano como poucas e sem qualquer possibilidade de perda da paisagem, nem no presente, nem no futuro, o ministro baiano pode até ter recebido a promessa de, caso conseguisse alterar o parecer contrário, levar um apartamento em pagamento.
Ora, se essa prática de remuneração é comum em empreendimentos imobiliários, menos ainda seria de se estranhar que acontecesse, sabendo-se que a empresa construtora é de parentes do ex-ministro.
Que pela oportunidade de ganhar um belo imóvel, ou um valioso recurso, deve ter partido com sua reconhecida disposição para o ataque e pressão.
Jogando no abafa, deve ter não apenas revelado a sua pendência com Calero, para o "amigão" e usurpador temer, como também para o resto da tropa ou bando.
Daí que, com a negativa de interferência de Calero, vieram as pressões de Eliseu Padilha (a quem, segundo as más línguas, ACM chamava de Eliseu Quadrilha, o que deve ser boato!!) e, quem diria. do próprio golpista, amigão e agora também de caráter questionável, temer.
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Mas, como Calero deixou claro, uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa.
E, sentindo-se em situação constrangedora, o ministro fez o que era o mais óbvio, para se precaver e se proteger, no futuro: passou a gravar certos tipos de conversas, inclusive com o minúsculo ocupante do Planalto, por força de um golpe.
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Agora vem essa figura obscura, dizer que a atitude de seu ex-ministro foi indigna, ao gravar, o que ele se considera, um presidente?
Ora, porque não se manifestou antes, quando das gravações feitas e divulgadas entre a presidenta eleita Dilma e seu amigo pessoal e mentor, Lula?
Quer dizer que para uns pode??? Mas para outros a mesma atitude torna-se um ato indigno???
E já que o STF já julgou e decidiu que é lícito alguém gravar conversas de que participa, mesmo sem conhecimento de seu interlocutor, porque Moro e seus aliados semideuses podem cometer o que pode ser considerado um verdadeiro crime ao divulgar as fitas de Dilma, e o minúsculo usurpador aceitou a situação passivamente?
Moro nem podia gravar, nem fazer grampo, muito menos divulgar a fita de alguém com foro privilegiado.
No caso agora, Calero podia. E o fez.
E vem o amigão dizer que isso é uma indecência???
E o que ele fez, e ainda se defende, dizendo que apenas estava arbitrando conflito???
Conflito de que ministério com o da Cultura?
O ministério de negócios escusos e falcatruas de seu amigão???? Ou daquele Eliseu, cujo nome se presta a trocadilhos vários?
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Alegar que fez sim, considerações quanto ao envio da pendência para ser solucionada pela responsável pela AGU, que já teria a solução para o problema é caso de mais grave irregularidade, por mostrar que o conflito a ser sanado era de um interesse público, do patrimônio histórico e de um ministro, e do interesse privado do anão do orçamento.
Por mostrar apenas, não. Por ter sido reconhecida a situação de pressão já que o nosso usurpador confessou que teve mesmo a conversa.
Mas, como seus aliados afirmam, isso foi coisa menor em um país com tantos problemas para resolver, de ordem mais grave.
Ou então, vamos deixar o conteúdo da conversa criminosa de lado, para passar a criticar apenas o fato da gravação insidiosa.
Ainda bem que Calero rebateu: não é uma pessoa capaz de atos indignos, nem tampouco aceita assumir o papel de cúmplice.
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Daí que, já que o menor amigão e golpista não tem estatura moral para renunciar ao cargo, depois de tudo que fez para obtê-lo, inclusive traições etc. a solução única que se apresenta é, sem dúvida, novo processo de impeachment, se o TSE não quiser facilitar a questão para todos os envolvidos e cassar a chapa Dilma-Temer.
O que seria um absurdo em relação não ao golpista, mas à presidenta Dilma. Que se veria condenada por uma, mais uma, trapaça para salvar o anão amigo.
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Fora isso, a solução seria o povo nas ruas, como já se acostumou e já deu o ponta pé inicial ontem, na Paulista.
Fora temer. Fora temer. Fora temer.
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As reações de quem tem menos caráter que temer, se é que isso é possível

A mais curiosa para não dizer cômica, a do político de ideias tão antigas e corruptas, que poderiamos nos referir a ele, praticante da velha política, como o empoeirado Aecim...
Dizer que Calero deveria ser investigado por gravar o presidente, como se o presidente estivesse acima do bem e do mal, e para ele e situações em que ele estivesse envolvido, nada pudesse ser feito ou tornado público é, no mínimo, uma ofensa à inteligência do povo brasileiro.
Primeiro porque também ele não reagiu da mesma forma nas fitas da presidenta Dilma. Como se a regra tudo para meus amigos e a forca para meus inimigos fosse a lei única a ser adotada.
Segundo porque como um senador de ... dele mesmo, já que há muito não representa interesses do Estado que o elegeu, preferindo a defesa de seus interesses mesmo que tomados de bolor e de pó, ele deveria era cobrar, como o fez em outras oportunidades, a cabal investigação da PF. Para esclarecimento da situação e o fortalecimento da moralização de nossas instituições.
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Mas, do pequeno aecim não era mesmo de se esperar outra coisa. Apenas o império da lei de Gerson, de que o que vale é sempre levar vantagem em tudo. Embora, para registro, também eu acho que Gerson não tinha nada a ver com a situação que a propaganda criou, e da que participou sem saber no que estava se metendo.
Melhor seria mudar o nome da lei para lei do Aécio, se esse político tivesse estatura para dar nome a qualquer coisa, mesmo uma tão esdrúxula quanto essa.
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A perda de Fidel

Há pessoas que passam por toda a vida e ninguém percebe sua existência.
Seguramente não era ess o caso de Fidel Castro, o grande Comandante.
E quando essas pessoas se vão, percebe-se sua importância pela quantidade de comentários e análises, sejam de críticas ou de elogios.
É que há pessoas que saem da vida e entram na história. E isso incomoda aos que nem história de vida têm para contar.
Alegar que Fidel foi um tirano, e que matou milhares de cubanos, é ignorar que em uma luta não há lugar para confraternizações. Exceto, talvez, e parodiando Millor na briga de sexos  entre os homens e mulheres.
Dizer que Fidel não teve apoio nem de sua irmã, e apresentá-la como uma crítica de seu irmão e do regime que instaurou  na ilha, é no mínimo curioso. Afinal, ela sempre admitiu ter trabalhado ao lado da CIA e ter dado várias indicações que contribuíam para as inúmeras tentativas de assassinato de Fidel.
Quer dizer que ela pode condenar o próprio irmão à morte, mesmo que não sendo a responsável por nenhum dos atentados frustrados. Mas ele, não. Ele tinha que aceitar seus inimigos e com eles conviver harmoniosamente, mesmo que sabendo que, a menor distração lhe causaria a morte.
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Embora não sendo adepto da violência, menos ainda da institucionalizada, não tenho como entender que quando você é alvo de atentados por seus amigos, compatriotas, vizinhos, inimigos, apenas porque você não pensa como eles e não age como eles gostariam que você estivesse agindo, você não pode reagir, e matar para não morrer.
Tal como Fidel e vários outros que, mesmo com apoio de parcela significativa da população, ousaram desafiar os interesses de quem se acha mais forte e poderoso, e tanter eliminar os privilégios desses grupos, tanto acumulando inimigos internos (cujos interesses foram prejudicados), como externos, apenas para não dar espaço para o surgimento e fortalecimento do que eles não entendem, também eu acredito que agiria em prol da minha defesa e da causa que eu fui instado a liderar.
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E se houve mortes, torturas, crimes, houve também muitos benefícios para o povo cubano especialmente para o menos privilegiado, destacando-se o acesso à educação e à saúde. Simples assim: as coisas mais importantes para todos os indivíduos e para o conjunto deles.
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Quanto à situação miserável da ilha, como todos os meios de comunicação defensores dos interesses americanos fazem questão de revelar, é curioso que tal atitude, fruto e consequência do embargo comercial que aquele país experimentou por mais de 50 anos, não seja em qualquer momento colocado em questão.
Sendo uma ilha de pequenas dimensões, e pequena quantidade de recursos naturais, um embargo como o decretado pelos Estados Unidos, cumprido rigorosamente pela maioria dos países puxa-sacos ou dependentes do Tio Sam, torna-se muito mais criminoso e uma tortura de dimensões muito maiores que qualquer ato por pior que fosse decidido por Fidel.
Negar a influência do embargo é tapar o sol com a peneira. E não reconhecer que isso só acabaria tornando a situação interna mais cheia de situações de confronto em relação àqueles que eram desde sempre contrários a Fidel e à revolução, é não querer ver a realidade.
Daí então, a passar a usar o exemplo de Cuba como a ilustração do fracasso do comunismo é no mínimo risível. Ao menos para quem tem a capacidade de pensar por conta própria, o que é cada vez mais raro nos dias de hoje.
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Por que para mim, apesar de todo embargo, conseguir as vitórias em saúde e educação que Fidel obteve, é sinal justamente do contrário. Porque, caso não houvesse o interesse de outros povos em impor, de forma autoritária sua vontade e padrão de vida e costumes, e se não houvesse embargo, quanta coisa a mais e melhor para a população Fidel não teria podido fazer.
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O comandante se retira e vai ocupar um lugar nas páginas da história de um século que terá muita história para contar.
Enquanto isso, idiotas continuam comemorando a sua vitória de Pirro, porque não consideram o coletivo e suas conquistas.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

De um lado um time bem armado, de outro, um time de peladas. No meio um técnico que perdeu o bonde da evolução do futebol. Para completar as medidas contra a corrupção, inclusive, aquela corrupção decorrente de abuso de autoridade

Finalmente aconteceu, na noite de ontem, 23 de novembro, aquilo que todos que enxergam e não querem tapar o sol com a peneira já esperavam.
De um lado, um time de bons jogadores, vibrantes, velozes, taticamente aplicados e cumprindo um padrão de jogo previamente definido. 
De outro, a turma dos amigos da pelada, considerados como sendo a melhor formação a ser armada em um jogo de final de ano.
De um lado, um técnico considerado por muitos como fanfarrão, há muito afastado do ambiente do futebol, o que levou à imprensa a classificar sua contratação como temerária, verdadeiro tiro no escuro.
De outro, um técnico que venceu duas vezes consecutivas o principal campeonato do país e que, de quebra, ainda foi vitorioso na disputa de uma copa de mata-mata, embora bastante questionado recentemente, principalmente por seu último trabalho na equipe do Palmeiras.
Exatamennte a equipe que, por antecipação já está com as mãos na taça do campeonato brasileiro, mais longo, mais importante, JUSTAMENTE por que não aproveito NADA do péssimo trabalho de seu técnico anterior. 
Ou seja, embora campeão da Copa do Brasil no ano de 2015, com Marcelo em seu comando, o Palmeiras venceu aquele torneio não por méritos de seu técnico, mas por um acaso, ou uma questão de sorte, já que na disputa de penalidades.
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Padrão de jogo, isso toda a imprensa e a torcida do Palestra tem consciência hoje, nunca houve naquele Palmeiras campeão da Copa do Brasil. A ponto de sempre ser citada a constância de Marcelo Oliveira como técnico, especialmente em relação à fragilidade das defesas que não consegue montar. 
E que explica porque a elevada média de gols sofridos pelo Palmeiras ser muito semelhante à mesma média de gols tomada agora por aquele time que toda a imprensa considerava ser o bicho papão de todos os títulos que disputasse esse ano.
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Sem querer ficar dando desculpas ou me lamentando, o que o jogo de ontem no Mineirão mostrou foi um Renato Gaúcho dando uma aula de tática em seu adversário. E um time do Grêmio dando um passeio de futebol no seu adversário. 
O que levou comentaristas, junto aos torcedores que lotaram o estádio, a concordarem em que de um lado, havia um time bem armado e disposto a jogar bola e vencer. Custasse o que custasse. 
De outro lado, um amontoado perdido, sem saber o que fazer com a bola, que parecia queimar os pés de jogadores tão experientes quanto os do Galo.
O resultado foi que o Galo foi presa fácil e caiu como.... marreco, para lembrar o radialista gaúcho, no esquema e na proposta de jogo do time gaúcho, com a torcida toda consciente da incapacidade de o técnico alterar ou propor qualquer modificação que pudesse alterar o panorama do vareio de bola do Grêmio.
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O certo é que o placar, amplamente favorável ao time do Grêmio, que agora joga em casa podendo até perder por diferença de um gol, por sorte não foi mais elástico, já que ao menos mais uns dois gols poderiam ter sido feitos. 
E isso lembrando que o Grêmio passou praticamente metade do segundo tempo jogando apenas com 10 homens. 
O problema é que o time do Atlético embora completo em campo, parecia ter menos jogadores que o time de Renato, Douglas e Luan. 
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E o pior de tudo é que ainda vai ter gente que se acha entendido de futebol, apenas por ter sido capaz de enganar aos torcedores por muitos anos com seus comentários, que vai arranjar as desculpas tradicionais para o time do Galo.
Ao invés de admitir que Marcelo escalou mal, vão lembrar que o Galo tinha perdido jogadores lesionados, como Luan e Otero. 
O que é no mínimo curioso, já que ao menos em relação a Otero, até a pouco tempo atrás, o técnico sempre deixou pairando no ar uma indefinição em relação ao aproveitamento do venezuelano, sempre dando a entender que bastasse ter condições de jogo, Maicosuel retornaria ao time. 
Por outro lado, a recuperação de Marcos Rocha de pouco valeu já que a opção por Carlos César não resiste a qualquer análise. 
Tanto que Marcos Rocha só entrou no segundo tempo, depois de o Grêmio já estar com um jogador a menos, e de Clayton já ter substituído um Cazares que o técnico, mesmo sem ter intenção, vem ajudando a queimar a cada partida. 
Inclusive por declarações, como vem também ajudando a queimar o volante Rafael Carioca.
Mas, a verdade é que Marcelo não sabe escalar, escala mal. Mexe pior ainda, e para agravar a situação, como todo técnico covarde e medíocre, apenas a partir dos 15 minutos do segundo tempo. Pode ser que Marcelo nem seja tão covarde nem conservador, mas que age como esse perfil de técnico isso não há como questionar. 
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Para complicar o Galo, Carlos César não passa de um jogador voluntarioso, em um estilo que, às vezes lembra Patric, com um espírito de luta inversamente proporcional à sua qualidade técnica.
Erazo, tal qual Leo Silva já deu o que tinha que dar. Agora é apenas um jogador sempre lento, que sai jogando mal e errando muitos passes, tolos. 
Fábio Santos, tão endeusado por parte da crítica, em minha opinião e sem favor algum é um dos mais fracos laterais do Galo. Não há uma jogada de perigo em que ele não tivesse participado e, invariavelmente, quem tentar fazer jogada de um-dois, ou quem jogar a bola na frente e correr para a linha de fundo ou quem quiser avançar pelo lado esquerdo do time, vai criar oportunidades de gol a todo momento.
O Galo tinha ontem, três cabeças de área, Donizete, que foi transformado em nosso homem responsável pela saída de bola, ele que jogar futebol com qualidade consegue, apenas servindo para espanar o ataque contrário; Júnior Urso, perdido sem saber seu posicionamento, se jogando atrás e cobrindo Carlos César ou se jogando para cobrir Fábio Santos ou ainda se na frente, como armador, em que ele se transformava às vezes. 
O terceiro homem de meio era ou devia ser Cazares, fora de suas características, o que é sinal de que Marcelo realmente não tem interesse em aproveitá-lo. Ou Maicosuel, outro que esteve apagado na grande maioria do tempo. Na frente, Robinho muito habilidoso, mas só, sem qualquer objetividade e sem voltar para ajudar a fechar o meio e Pratto, o único que, mesmo não sendo seu papel, estava o tempo todo voltando e lutando e procurando destruir as trocas de passes rápidas, objetivas e de profundidade que o time do Grêmio estava fazendo.
Para poder fazer tal função, nosso homem gol teve que sair da área e, enquanto o jogo ainda estava indefinido, o Galo não deu um chute a gol com perigo, nem fez qualquer ataque mais incisivo, nem conseguiu prender o time gaúcho em seu campo.
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Insisto por que não é a primeira vez que estou falando desse problema. O Galo toca muito a bola, parece que a mando do Marcelo, para ter a posse de bola. Mas o faz com a troca irritante de passes dos jogadores do meio para trás. Ontem, no início, embora parecesse estar com o controle da partida, o time apenas rolava bola de Urso para Cazares, que com uma técnica monumental, dominava a bola e.... retornava para Donizete, que se não perdia o passe, rolava para Erazo, daí a Gabriel, a Carlos César, Gabriel e Victor.
Enquanto isso, três ou quatro passes rápidos punha o Grêmio no campo de ataque. 
Nas cadeiras, torcedores sem entender o que viam, perguntavam-se se o futebol sofreu alguma alteração de regras passando a ser jogado para trás. 
Supondo que Marcelo não fosse o responsável por esse jogo sem resultados, a pergunta que não quer calar é porque não gritava com o time, mantendo um comportamento totalmente displicente ao lado do campo.
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Bem, como com o Galo já aprendemos que tudo é possível, pode até ser que no sul o time consiga se engrenar e, quem sabe, fazer um placar favorável, capaz de levar a partida aos penaltes. 
Acho pouco provável, mas o Galo é o time que está aí para desafiar as probabilidades. 
De qualquer foma, com o time que tem, terminar o ano com apenas um quarto lugar no Campeonato brasileiro é muito pouco. 
O que me leva a acreditar que a única boa notícia ainda de final de ano e de temporada é que Marcelo não fica mais no comando do nosso time. 
E aproveite para ir estudar e aprender um pouco de futebol, táticas e etc.
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Medidas contra a corrupção

Ninguém em sã consciência pode ser contra as medidas contrárias à corrupção. Aliás, esse é um tema, como vários outros que são na verdade um grande guarda-chuva. Cabe todo mundo debaixo. 
Mas isso não justifica as pegadinhas com os funcionários públicos para verificar a lisura de seu comportamento, que na verdade seria nada mais nada menos que o que se chama nas páginas policiais de armar o flagrante. Ou armar a casinha de caboclo. 
Tampouco não acho que seja certo manter algum cidadão preso, sem culpa real formada ou sem motivos robustos suficientes para a tal prisão preventiva, apenas para ir minando a resistência do prisioneiro, até levar-lhe a querer utilizar do instituto da delação premiada. Isso seria apenas uma forma pior de tortura, porque não física, mas moral.
Muito menos acho correto colher e aproveitar provas obtidas de forma não regular, mesmo que de boa fé. Primeiro porque depois de comprovada a existência da prova e demonstrada a culpabilidade de alguém acho uma hipocrisia, ficar discutinto se a prova foi obtida por meios legais ou não. 
Mas, e nesse mas está toda a raiz do problema, quem iria e em que circunstâncias, ou sob que condições uma prova obtida ilegalmente poderia ser considerada de boa ou de má fé?
Quem seria o juiz do comportamento de um investigador, que pudesse estar plantando provas para incriminar suspeitos até levá-los à delação ou confissão? Quem iria saber se a prova não foi conseguida sob o efeito de tortura em todas as suas faces, inclusive envolvendo a possibilidade de ameaças a familiares dos investigados?
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Ora, posso estar enganado, mas se tais situações constam do pacote de medidas que os procuradores elaboraram e em relação às quais encabeçaram o movimento de coleta de assinaturas populares, para apresentação à análise do Congresso, porque não seria a hora certa de se tentar, no mesmo âmbito de medidas tratar da questão do abuso de responsabilidade de policiais, procuradores, juízes?
Será que é apenas porque eles temem que seus meios ilegais sejam proibidos, o que sabemos ser uma tolice, já que embora não permitida em nosso país, sessões de torturas continuam sendo praticadas em todas as dependências policiais e a pena de morte continua sendo executada em todas as comunidades carentes do país?
Ou é por que assim eles teriam que trabalhar mais e melhor, o que hoje, com meios não muito recomendáveis fica muito mais facilitado, especialmente se consegue fazer surgir uma delação?
Porque jornalistas como os da Globo, que de nada sabem mas tudo entendem, são de opinião que agora não é a hora para se discutir essa questão do abuso de autoridade, condenando a atiture de Renan?
Até concordo que, vindo de Renan, temos que ter todos os cuidados do mundo, para não deixar que sua esperteza anule o combate em curso.
Mas, se todos somos contra a corrupção e contra perdão para crimes pretéritos, que já eram considerados irregularidades ou ilícitos, desde sempre,  como o caixa dois de campanhas, não é também uma espécie de corrupção, o abuso de autoridade de procuradores, magistrados, etc.?
Está lá no dicionário: corrupção é 
  1. 1.
    deterioração, decomposição física de algo; putrefação.
    "c. dos alimentos"
  2. 2.
    modificação, adulteração das características originais de algo.
    "c. de um texto"

Não caberia nesse entendimento a questão que a imprensa vem intensamente tentando insuflar o povo contra? Ou seja, a que é completamente permissiva com atitudes autoritárias e que possam não respeitar o direito das pessoas?
Porque a sociedade toda erra, os políticos, os empresários, os padres e pastores, mas procuradores e juízes não são passíveis de cometer falhas?
Seria por infabilidade divina?
Ou porque são deuses e aos deuses tudo é permitido, já que apenas ao final, as linhas tortas poderão formar o texto correto?
***
Procuradores, mesmo de Curitiba, nem mesmo juízes como esse aprendiz de tirano que é a imagem que o Moro parece transmitir em algumas situações, não são deuses. Podem ser até honestos e bem intencionados, mas são apenas isso. Homens. 
Sujeitos a crimes de responsabilidade, se não quisermos que os fins justifiquem os meios, quaisquer que eles sejam.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Ainda a respeito dos abusos do juiz supremo e da República de Curitiba e seus congêneres. A permanência do anão Geddel engrandecendo o governo do usurpador e a economia de temer: justo de seu tamanho.

Tempos esquisitos esses que o país vive, sob o silêncio ensurdecedor que vem das janelas dos prédios das áreas nobres das cidades, denotando a satisfação de nossas classes mais privilegiadas com a volta do país aos eixos, o que significa o fim da corrupção que assola nosso país, a adoção de medidas punitivas e regras severas para impedit que a impunidade continue a prevalecer, o fim dos desmandos e absurdos das autoridades do governo e as medidas adotadas que vêm, finalmente debelando a crise econômica, herança maldita da presidenta Dilma.
Tempos estranhos, com gente esquisita, a quem parece ser natural que um empreiteiro preso na operação Lava Jato se proponha a fazer delação premiada que, a princípio e até ser aceita pela justiça, deveria ser mantida em sigilo, mas cujas declarações incriminadoras vão estampar as páginas dos principais jornais do país.
Evento que não pode, claro, ser atribuído nem ao empreiteiro, nem aos seus advogados, sob risco de tal vazamento de informações poder por a perder o acordo destinado a beneficiá-lo.
Assim, podemos acreditar que o vazamento só pode ter origem no outro lado do acordo, aquele integrado por delegados, procuradores, juízes, assistentes, etc.
Todos funcionários que sabem que, no cumprimento de seu dever de ofício, não podem e nem poderiam quebrar o sigilo das infornações recolhidas, já que ainda sujeitas a verificação, investigação, busca de documentos probatórios, etc. etc.
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Não é demais lembrar que o vazamento de uma informação, qualquer que seja, falsa ou não, pode colocar em situação constrangedora todo o rol de pessoas citadas e até mesmo afetar-lhes definitivamente a reputação. O que é muito grave se depois, os fatos não se confirmam, nem se comprovam.
Apenas a título de ilustração dos males que podem advir de tal comportamento inadequado, cito aqui o estardalhaço feito pela imprensa no caso da Escola de Base, em São Paulo, ou mesmo o caso, na esfera política da denúncia contra Ibsen Pinheiro.
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Mas, o mais estranho em minha opinião é que o vazamento de delação do diretor principal da OAS, Léo Pinheiro levou, imediatamente a que Rodrigo Janot, se não me falha a memória, ameaçasse não fechar o acordo de delação, o que serviria como forma de punição ao menos interessado em fazer vazar qualquer tipo de informação dada.
O que levanta a suspeição de que o problema não era do vazamento, cuja origem o próprio Janot já deu a entender saber identificar. Na verdade, o problema era de outra natureza e, provavelmente mais relacionado à lista de nomes de pessoas envolvidas nas acusações do empreiteiro.
Nomes que ainda não tinham sido lançados à mesa, pelo menos não umas cinco vezes no mínimo, de obras que não estavam no horizonte de investigação dos procuradores, e que se acatados, apenas aumentariam a carga de trabalho de policiais e investigadores, e procuradores, etc.
De minha parte, prefiro pensar que era essa a explicação, a perda do foco principal representado pela Petrobras, que levou Janot à decisão de anular a delação.
Ao menos, acho essa hipótese mais aceitável que ficar imaginando que a decisão de Janot se devia a blindar ou proteger as obras da Cidade Administrativa de Belo Horizonte, ou o senador mineiroca, o golpista aecim.
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Curioso e estapafúrdio, no entanto, foi o caso análogo protagonizado pelo diretor da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, cuja delação também vazou, trazendo a informação de que havia sido dado a título de contribuição de campanha, com propina cuja fonte era o esquema do petrolão, o valor nada irrisório de um milhão de reais.
Pago em cheque dado ao PT, fato que o partido mais que rápido tratou de desmentir.
Para meu espanto, não vi, no dia da exposição da notícia na midia, nem nos dias que lhe seguiram, qualquer decisão de Janot, de cancelar ou tentar melar o acordo.
Afinal, não sei os critérios adotados pelo PGR, mas deve ser por que Azevedo seja mais crível que Leo Pinheiro. Ou porque então apenas porque era o PT, o único antro de corrupção do país que estava sendo citado.
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Pouco importa. Sei por ler nos jornais que o benefício da delação é imediatamente afastado, se o delator mentir ou for constatado que mentiu.
Sei que o delator perde qualquer benefício se o que afirmar não puder ser comprovado, sendo essa a penalidade que sofrerá, mesmo que tenha já feito um grande estrago em reputações de terceiros.
Ou era assim que funcionava o esquema da delação premiada, tão bem aproveitado por essa espécie nefasta de magistrado, que se supõe acima do bem e do mal, e até das leis, como esse Sérgio Moro.
Um dia, dentro de alguns anos, tal qual foi feito com a sessão do Senado que declarou a vacância da presidência no episódio de João Goulart, por força da canalhice de Auro de Moura Andrade, conforme transcrição dos gritos de Tancredo Neves, veremos a história ter que voltar atrás e, mesmo que simbolicamente, admitir que houve erro suficiente para se tentar anular o passado. Nesse dia, a história terá ao lado de Moura Andrade, a figura impoluta desse juiz que se acha portador da verdade absoluta.
Por isso, espero. Para isso torço.
E, se era assim que funcionava a delação premiada, foi esse juiz de Curitiba, que a classe média escolheu para ser seu novo herói, que alterou os procedimentos desse instituto, desde que concedeu a Youssef os benefícios legais por força do caso nunca suficientemente esclarecido do Banestado no Paraná.
E sabemos hoje que Youssef mentiu naquela oportunidade, o que não permitiria mais que aproveitasse qualquer benefício da espécie, a não ser que, passando por cima das leis, o juiz assim o determinasse.
No entanto, foi isso que Moro fez.
***
No caso de Azevedo e sua delação, ocorreu que o Partido dos Trabalhadores conseguiu apresentar uma cópia de um cheque, de um milhão, dado nas circunstâncias descritas pelo empreiteiro, nominal a temer, o usurpador.
E, se antes era dinheiro cuja origem estava nos maus feitos da operação Lava Jato, quando foi divulgado que o cheque fora dado a temer, a história mudou de curso. O cheque passou a ser lícito, nem mais de esquema de caixa dois, nem de pagamento de propinas, como se o dinheiro que entrou no caixa da Andrade Gutierrez pudesse mesmo ser marcado em uma parte lícita e outra vinda de golpes contra a nossa maior empresa.
***
Mas, não apenas a imprensa aceitou o caso, como os procuradores, juiz, etc. aceitou a nova versão, justificada como um engano ou esquecimento do delator, cuja delação segue sendo analisada.
Apenas que agora, com todos sabendo que não era dinheiro sujo, não causa mais nenhuma reação de nossos batedores de panela. De nossa população dedicada a vestira a camisa amarela da CBF como uniforme do combate à toda e qualquer corrupção.
***
temer escapou dessa. Em silêncio. Como também irá se safar, o nosso anão do Orçamento, Geddel.
É tudo apenas questão de tempo, ou de que outro caso de corrupção no interior do governo surja, tirando esse caso de Geddel do foco.
Simples assim.
Já que a população está mais preocupada, agora que a corrupção petista acabou, em garantir aos procuradores e juízes que continuem agindo acima da lei, e contrário a ela.
***
O que nos leva a outro motivo de estranhamento de minha parte: o juiz Moro perdendo a calma e adotando um comportamento mais agressivo, ele que sempre posa de tão fleumático, apenas por que em audiência em que se tratava de uma denúncia simples, se Lula era ou não o dono do triplex do Guarujá, outras questões estavam sendo apresentadas e respondidas pelo bom caráter do Delcídio Amaral.
O que levou, com razão, à reação da defesa e a uma atitude rara do juiz, de perda de equilíbrio.
O que apenas confirma que o juiz tem agido sim, de forma parcial. Como ainda, um dia no futuro, aqueles que o aplaudem hoje, irão admitir e espero que não sob forma de arrependimento amargo.
Não necessariamente todos que o aplaudem. Mas os que tiverem, com algum distanciamento do calor dos acontecimentos, capacidade para julgar as consequências maléficas do autoritarismo e, no caso, o que é pior, do personalismo mais puro e cristalino.
***
Mas, tudo bem. Geddel fica, mesmo que o Comitê de Ética instaure processo investigativo quanto ao seu comportamento.
Tudo tranquilo e já esquematizado: o baiano já disse que não obteve o que desejava, sinal de que não temf força alguma para pressionar, ou de que não fez qualquer pressão.
Como se sabe de sua força junto ao usurpador, então já está pronta a defesa. O ministro anão apenas fez ponderações. E nada mais.
A confusão entre o público e privado que o levou a fazer ponderações; a questão de seu interesse pessoal no caso; as ponderações apresentadas em foro inadequado, já que o ministro Calero não poderia se sobrepor a um parecer técnico de órgão de sua pasta, tudo isso é normal e assim deve ser encarado, pelo que percebo da reação da midia, muito contida e da nossa população que luta contra a corrupção.
***
E depois de tudo isso, temos que assistir nos jornais, o PGR Janot, fazendo a defesa de instrumentos de combate à corrupção que, em seu bojo, trazem o mais explícito autoritarismo e desrespeito às leis e ao Estado democrático de Direito, já que eximem de crime de responsabilidade os procuradores, os juízes, até policiais que se tornam superiores a qualquer instância.
Afinal, crime de responsabilidade foi o que se acusou Dilma de ter cometido. Até juízes do Supremo podem ser acusados de tal comportamento. Mas procuradores e juízes da Lava Jato, não. Afinal, tudo pelo bem do fim da corrupção.
E vem Janot dizer que a grande maioria da população deseja a aprovação da lei.
Deslavada Mentira.
O que todos querem é que as leis sejam cumpridas e sejam rigorosamente observadas. Por todos e qualquer um.
Ninguém quer o fim das liberdades individuais, como a possibilidade de se obter provas por qualquer meio, desde que, depois alegado que toda a ação foi inspirada por boa fé.
Isso é transformar atos criminosos em atos lícitos, mesmo que completamente contrários a tudo que os direitos humanos prega.
***
Nesse meio tempo, o usurpador temer, fala em reunião do Conselhão político, ao qual Geddel evitou comparecer, que primeiro tem que fazer o ajuste fiscal para combater a recessão. Depois sim, com a casa em ordem, adotar medidas para o país voltar a crescer, como cobravam os empresários, Nizam Guanaes à frente.
Ora, tal discurso revela aquilo que todos do meio mais crítico, temos apresentado: o governo acredita que apenas medidas de contenção de gastos e corte de despesas, que irão derrubar ainda mais a demanda agregada, servirão como a varinha mágica capaz de levar o país a voltar a crescer.
Como se apenas por ter menos governo o empresariado, que sempre aproveitou-se das caronas provocadas pelos gastos do governo fossem, de repente, assumirem a função social que seus discursos tanto pregam, e começar a investir, mesmo que sem qualquer possibilidade de obtenção de retornos e lucros, móvil  último de sua existência.
***
Não é a toa que as previsões oficiais feitas ontem, vão na direção contrária ao que a Globo e sua patética Miriam Leitão e Sardenbergs ou a Band e suas reportagens mostrando a recuperação econômica tentam vender ao povo.
E apenas, dão força aos que argumentam que longe do que a imprensa tenta nos empurrar goela abaixo, a economia está definhando cada vez mais.
E nem é de se comemorar o êxito da inflação em queda. Porque isso apenas representa a figura que o doente terminal ilustra muito bem: é a febre que está cedendo, sem dúvida, já que os sinais vitais do organismo já não mostram qualquer reação.
É isso.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Faxina no ministério; luta contra a corrupção e medidas autoritárias que apenas promovem o fim do Estado de Direito

Embora ilegítimo, o governo temer cumpre a mesma sina do primeiro mandato de sua antecessora Dilma, que tanto encantou uma parcela da mesma população que, depois, acorreu às ruas para pedir por seu impeachment.
Naquela oportunidade, Dilma passou a impressão de que não toleraria fossem maus feitos, fossem meras insinuações ou suposições sobre o comportamento de seus principais ajudantes, o que a levou a promover a troca, entre outros, de nomes de peso de sua equipe, como a do poderoso Palocci.
Pois bem, depois de toda a campanha arquitetada e posta em prática pelo que há de pior e mais corrupto na classe política brasileira, e de todo o apoio dos meios de comunicação do país, justamente sob o signo do combate à corrupção, a presidenta foi afastada e o usurpador que ocupa ilegitimamente a cadeira da presidência, vive a mesma experiência de ter de trocar seus homens de confiança.
***
Situação que, havemos de convir, não é nem um pouco surpreendente, a julgar pela figura e pelo que representa e sempre representou a figura do usurpador, ao longo de toda sua vida pública, especialmente como presidente do partido mais oportunista e mais repleto de acusações de corrupção e obtenção de benefícios indevidos dos últimos anos.
A esse propósito, basta lembrar do ex-deputado Roberto Cardoso Alves, o Robertão que, na época da Constituinte de 1997 e 98, ganhou destaque como líder do Centrão e responsável por trazer à lembrança a frase célebre da oração não menos célebre de São Francisco de Assis: a de que é dando que se recebe.
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Ora, tendo ao longo de tantos anos conseguido aglutinar um partido que tem em seus quadros, de anões de orçamento a políticos de escândalos como o dos financiamentos para ranários, concedidos pela Sudam; de Eunícios a Sarneys; de Jucás a Renans, isso para não citar a figura sempre de projeção de Eduardo Cunha, e agora Cabral, e tantos outros que seria uma verdadeira injustiça mencionar apenas alguns, deixando de lado, por esquecimento e falta de espaço, tantos outros sobejamente conhecidos, não seria surpresa que o time de amigos de confiança do obscuro usurpador não fosse composto de pessoas dessa espécie.
O que me leva a questionar apenas a título de desabafo, o que foi feito da expressão e sabedoria popular, do diga-me com quem andas...
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Mas, a luta da população em prol do combate à corrupção, finalmente vitoriosa, a julgar pelo fim de tanta manifestação ruidosa e de tanto apoio que o novo governo recebe de amplos segmentos de nossa sociedade, como os setores mais abastados, talvez mais educados, mais cultos, mais capazes de não se deixarem manipular pelas redes de notícias, etc., e mais preocupados com o país e sua população como um todo conduziu, curiosamente, à mesma necessidade de faxina que tanto encanta nossa população.
E no papel de mordomo, a quem a faxina não é de todo uma tarefa estranha, assistimos a substituição de Jucá, do Advogado Geral da União, de Henrique Eduardo Alves, e agora, quem sabe, do anão do Orçamento: Geddel.
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Tudo por que o todo poderoso ministro Chefe da Secretaria de Governo, pressionou o ministro da Cultura para que alterasse ou fizesse por onde, alterar um parecer técnico que limita a construção de um empreendimento imobiliário onde o ministro anão teria adquirido um imóvel.
Algo como um valor que gira pela casa de 2,5 milhões de reais.
E que fontes que sempre merecem ressalvas, alegam que talvez nem tivesse sido adquirido efetivamente pelo ministro, mas quem sabe não fosse um pequeno mimo.
Aliás, em um país em que a esposa de um governador, por ocasião da passagem de seu aniversário recebe como presente um anel de perto de 800 mil dólares de um dos principais empreiteiros de obras para o Estado, e em que ela mesma consegue graças a seu escritório de advocacia auferir ganhos capazes de multiplicarem por dez seu patrimônio, não deve ser nada anormal que tal apartamento fosse mesmo um mimo apenas.
***
Claro, desde que não fosse de Lula ou de qualquer de seus amigos. Nem que o empreendimento pudesse ser frequentado pelo ex-presidente.
Porque é Lula e não Geddel o inimigo que a frente de pessoas de bem do país, comandada pela turma dos irresponsabilizáveis de Curitiba, elegeram como a expressão do Mal e, por isso, aquele que deverá padecer nas profundas do inferno.
***
Nada a favor de Lula e de seus sempre suspeitos empreendimentos. Muito ao contrário.
Mas, menos ainda a favor de um tratamento completamente discriminatório que para uns faz pesar a mão da justiça, enquanto para outros ignora, desconsidera, ou deixa o tempo fazer o seu papel de gerar esquecimento.
***
Todo esse discurso vem a propósito da convocação e da realização de novas manifestações da população, ávida por combater a corrupção, a favor da proposta de medidas apresentada pelos  procuradores de Curitiba e em análise no Congresso.
Mais uma vez, para ratificar a minha posição de que, pouco talvez seria necessário para punir a corrupção em nosso país, caso aplicássemos a enorme quantidade de leis que existem, e que tal punição fosse conduzida com a celeridade que os processos judiciais merecem respeitar, caso a justiça fosse mesmo para ser feita, doa a quem doer, de forma imparcial e cega a tudo que fugir às regras do convívio social.
E não é isso a que assistimos. A começar pelo discurso sempre suspeito, de que incluir procuradores e magistrados em certos crimes de responsabilidade, por abuso de autoridade, o que se deseja é impedir a investigação, é interromper ou esvaziar a operação Lava Jato.
Como se essa operação e qualquer outra que torçamos para que continuem sendo realizadas, só pudesse ser feita sob a forma da arbirtrariedade, do autoritarismo que a cada dia mais se percebe ser a arma preferencial da República de Curitiba.
***
Daí que as medidas anti-corrupção trazem pegadinhas para funcionários públicos, cuja idoneidade, a princípio é tão aceita quanto a de qualquer dos procuradores que se acreditam acima do bem e do mal. Além desse absurdo de permitir que alguns funcionários públicos, que é o que os procuradores ou juízes também são, possam criar situações de embaraço e desconfiança para outros seus colegas, o que cria duas categorias no lugar de apenas uma, há ainda a questão das provas e sua obtenção.
A ninguém passa despercebido que a coleta de provas é, sempre, o mais complicado e difícil momento de qualquer investigação. Mas, daí permitir que provas possam ser forjadas, ou obtidas de forma ilegal, apenas para ao final, em encontrando o material que se buscava, alegar do acerto da busca é ir contra o que é a essência mesmo da Justiça e do Direito.
Porque trata-se de abandonar as regras que devem pautar o comportamento social, e adotar o princípio de que os fins justificam os meios. Que nega o direito, embora sirva para curvar-se magistralmente à força.
O que vale rediscutir a velha questão entre a primazia do direito ou da força.
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Um absurdo o comportamento de toda a classe de advogados, bacharéis, juízes e procuradores, etc, que silenciosamente, assistem o desfilar de tais medidas bizarras, propostas por egos autoritários e fascitóides como aquele de alguns procuradores que, infelizmente, ocupam as manchetes de jornais e revistas, como os heróis da Lava Jato. Heróis ou semideuses, a poucos passos do Olimpo.
***
E a propósito de tal questão da força ou do direito, vamos ao último pitaco de hoje.
Para mencionar a campanha que invadiu as redes sociais, de selfies de pessoas com cartazes que anunciam que elas escolhem os policiais.
Pelo que entendo, todos os que têm um mínimo de senso de justiça e que carregam os princípios da legalidade deveriam ser favoráveis, ou escolherem o lado certo da questão. Independente de vestir ou não farda.
Não são poucos os casos de policiais que foram abusivos, arbitrários e que foram mais violentos ou animalescos que os criminosos. Às vezes, pessoas que nem criminosos eram de fato. Apenas suspeitos.
E tais policiais, apenas por usaram fardas e terem o monopólio institucionalizado da violência, a eles atribuído pelo Estado, não podem ter apoio de quem acredita no estado de Direito e na máxima de que ningúem é culpado ou pode ser condenado, sem que se prove sua culpa em ambiente em que lhe são asseguradas todas as chances de defesa.
Felizmente, a grande maioria dos policiais é composta de pessoas de bem. Que não agem de forma autoritária ou selvagem apenas para mostrarem seu poder ou importância.
Felizmente esse comportamento é de uma minoria, uma exceção que compõem os bandidos que existem na corporação, como existem em qualquer área de negócios da vida social.
Desnecessário é dizer que o policial, estando a serviço da sociedade, não pode e não merece ser vítima de qualquer tipo de violência, ainda mais de ataques de criminosos, alguns que terminam em morte.
A esses criminosos que matam os agentes responsáveis por nossa proteção, as penas deveriam ser muito mais pesadas. Sem qualquer regalia ou afroxamentos.
***
Mas, daí a antecipadamente se colocar a favor do policial, em qualquer circunstância, apenas por ele ser quem nos defende é, em minha opinião, dar a qualquer pessoa que usa farda, um cheque em branco; o direito de atirar primeiro e conversar depois. Uma autoridade que me assusta, como assustava ao grande mineiro Miltom Campos.
Diz a lenda que para o ex-governador de Minas, essa era a pior característica da ditadura militar: o poder que o guarda da esquina acreditava passar a deter.
É isso. Bons soldados, policiais, merecem como qualquer cidadão o nosso apoio. E em relação aos suspeitos, o tratamento que todo ser humano merece, mesmo que sua culpa seja reconhecida. Até por que o tratamento adequado à suspeição pode também valer para o mau policial arbitrário e autoritário.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Pitacos de perplexidades

Feriado prolongado. Chuvas. Fim de ano. E, de minha parte, uma completa e total perplexidade.
Não sem razão. Senão vejamos.
Às vezes, esperando o jornal da noite da Band, assisto algum trecho do programa Brasil Urgente, do Datena.
Claro que sei que era melhor esperar o início da edição do nosso estado com o aparelho desligado, ou rodando o controle por canais da teve fechada. Mas, fico no Datena mesmo.
Onde, invariavelmente, vejo o apresentador apresentando os crimes mais bárbaros, mais estúpidos, os quais atribui à nossa impunidade, à nossa legislação extremamente benevolente.
***
Claro, nenhum de nós irá negar que nossa legislação, mais que benevolente, não funciona graças a uma série de problemas e falhas do sistema judiciário, mais que da ausência da lei. A lei existe, todos sabemos. Se há algo que não falta no Brasil são leis. Algumas não apenas existem, como em vários casos podem ser consideradas até rigorosas, e aí reside, em minha opinião, um problema: ela seria adequada, precisando talvez alguns pequenos ajustes, caso fosse aplicada.
E a morosidade da justiça, nosso sistema prisional, completamente deteriorado. Nossa polícia muitas vezes mal preparada e equipada, a falta de recursos, tudo acaba contribuindo para que a sensação de impunidade se imponha.
***
Mas, meu espanto maior não decorre das queixas de Datena, atrás de IBOPE fácil, a partir da exploração e da sede de vingança de seu público de caráter conservador e menor condição cultural, capaz de justificar um comportamento mais voltado à aplicação da lei de Talião.
Porque, em minha opinião, o que acontece no país é, muitas vezes, uma punição excessiva.
Justifico: vejamos o caso recente dos 5 rapazes de São Paulo, cujos corpos foram encontrados em cova rasa, depois de atraídos para uma festa (melhor seria dizer, uma orgia?), por um integrante de Polícia Municipal. Justamente essa Polícia que Dória prometia armar mais, lá em São Paulo, mesma promessa de nosso prefeito Kalil.
Pois bem. No caso, que chocou parte da população do estado e do país, o que houve não pode de forma alguma ser considerado impunidade. Ao contrário, o que houve foi um julgamento sumário. Sem protelações e recursos de defesa para ganhar tempo. Sem até mesmo defesa.
Isso porque um dos cinco executados, o mais velho, apenas dirigia seu carro, contratado que foi para levar os demais jovens para uma suposta festa. As notícias não deixam claro se ele conhecia, tinha amizade com os demais rapazes. Apenas prestava um serviço, na hora errada, para o grupo de pessoas errado.
Um outro dos jovens era cadeirante. Com problemas de mobilidade, o que indica que não deve ter tido nem mesmo a chance que, em geral, filmes de terror costumam apresentar para as vítimas. A de poder correr o quanto aguentar, antes de, como caça, ser abatido.
***
E tudo isso, por que? Porque dois jovens do grupo eram considerados suspeitos de participação em assalto que terminou com a morte de um colega da corporação municipal.
Simples assim. Apenas a possibilidade, ou suspeita. E, sem provas, sem defesa, sem nada, os jovens foram punidos.
***
Em outra notícia de jornais ou portais da internet, lê-se que, no Rio, uma senhora, filha de policial militar não deseja mais ver, nem de longe, a farda que aprendeu a respeitar em função de seu pai.
Pela simples razão que seu filho foi assassinado, sem razão aparente, por policiais militares.
Em mais uma ação que não deu qualquer chance a que houvesse defesa, protelações, nada. Apenas o cumprimento sumário da pena ... de MORTE.
Pena que, ainda, não existe no nosso país (e seria o caso de colocar caracteres representativos de risadas, não fosse o assunto lamentável e vergonhoso!).
***
Nem bem os corpos dos jovens em São Paulo foram reconhecidos e liberados para o enterro, chega-nos ao conhecimento a prisão de um militar em Goias, ocupante de algum ato cargo de comando na corporação da capital.
Esse, já inocentado e absolvido por acusações de homicídio em ano anterior, foi preso por ter participado ou liderado um grupo de extermínio de mais de 100 bandidos naquele estado.
Pelas notícias, veementemente contestadas por autoridades públicas do Estado, tudo em função de um grupo de comerciantes que, cansados de serem assaltados, contratavam pessoas para fazerem justiça com as próprias mãos.
Nas notícias não consta que os bandidos fossem identificados, perseguidos, capturados e conduzidos a julgamento pelos policiais. Apenas que eram eliminados em uma espécie de operação de limpeza.
E mais de cem, parece, encontraram e agora estão cumprindo suas penas. De forma inapelável.
***
Então minha perplexidade refere-se a onde anda a impunidade tão falada por Datena?
Claro. Sempre vem a nossa lembrança o caso do jornalista diretor do Estadão, que asssassinou sua ex-namorada a sangue frio, e confessou o crime. E que, por sua influência, poder, dinheiro e advogados competentes,  etc. levou anos para ir parar na cadeia.
Sempre nos lembramos do caso de pessoas de maior nível cultural, social, econômico, seja lá como sejam classificados, que conseguem contratar batalhões de advogados para que seus julgamentos sejam sempre estendidos ao máximo. Alguns casos, até, que não são passíveis de qualquer ação da justiça, tão somente porque passado muito tempo, o crime torna-se prescrito.
***
Entre esses casos, claro, os que envolvem outros tipos de crimes, alguns dos quais com muito maior potencial de provocação de males, como os crimes cometidos por políticos que, por terem foro privilegiado, conseguem que a prescrição de seus casos aconteça por força de pequenos descuidos, ou até esquecimentos, por parte dos nossos eminentes integrantes do Supremo Federal.
Em reportagem que deve ter interesses inconfessáveis por trás, já que cada vez mais a força da imprensa como quarto poder constituído se faz presente, a Folha trás informações a cerca da quantidade de políticos cujos crimes acabaram perdendo o prazo de validade.
Situações que, ao que parece, beneficiam pessoas da espécie de um Jucá, um Maluf, e vários outros.
Pessoas que, embora não tivessem manipulado qualquer arma de fogo, em uma canetada conseguiram fazer mais mal, e talvez causar mais mortes que os supostos assassinos que a Polícia Municipal de São Paulo tratou de punir exemplarmente.
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Penso em situações como a dos prefeitos da região serrana do Rio, acusados de desvio de dinheiro que foi enviado aos seus municípios para que pudessem minimamente resolver as situações das áreas de encosta e de risco das populações daqueles municípios, afetadas pela força da natureza e das chuvas de 2011.
Prefeitos que, ao contrário de usarem os recursos para retirar as famílias dos locais de risco, ou de tentarem reconstruir as casas derrubadas, com maior proteção à vida, usaram o dinheiro em proveito próprio.
O que os torna cúmplices de mais dois crimes ao menos: as mortes desse último fim de semana, ainda causada pelo desabamento de encostas e muros, nas mesmas cidades.
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Ora, ficar reclamando das leis em nosso país e ficar fazendo apologia de maior rigor nas punições, inclusive apoiando movimentos que possam culminar com maior liberdade para o uso de armamentos, ou com a implantação da pena de morte, eu considero uma desfaçatez.
Porque a pena de morte já existe na prática, para o bandido pobre, jovem, negro, favelado. Enquanto a justiça não consegue funcionar para os ricos, brancos, poderosos, de olhos claros, ou mesmo para os nem tão ricos assim, mas que detenham algum poder pessoal. O que explica a diferença de tratamento entre um Fernandinho Beira Mar e de um Amarildo, ou de um grupo de jovens da periferia paulistana.
***
E isso para não falar das várias acusações e suspeições que se levantam contra políticos de maior plumagem, de maior visibilidade, de maior relacionamento com a mídia, que lhes permite escapar ilesos de qualquer investigação ou mesmo referência nas páginas de jornais.
Entre esses, para não perder a oportunidade e contribuir para o seu ostracismo, as acusações de desvio de dinheiro em obras públicas, de falcatruas em processos de licitação fraudadas, ou mesmo de uso de recursos de origem duvidosa em campanhas eleitorais e para o enriquecimento pessoal, nunca investigados sequer, em que surgem os nomes dos senhores Alckmim, Aécio, Serra, Caiado, Temer (o anão), Jucá, Fernando Pimentel, Caiado, Gleisi, Lindbergh, Garotinho, Sérgio Cabral, e tantos outros.
Senhores a quem, injustamente, nem mesmo é dada a oportunidade de mostrarem as provas, não os indícios apenas,  de que de fato são aquilo que sempre fizeram crer: cidadãos honrados.
***
Bem Garotinho, Sérgio Cabral têm agora a oportunidade, para seu benefício.
E, antes que me acusem de não falar de Lula, apenas deixo-o de fora, em razão de estar sob a mira e a investigação de todas as instâncias de nosso país, MP federal e estadual, Polícia Federal, etc.já há algum tempo, chegando mesmo a monopolizar a atenção das autoridades policiais em nosso país, o que talvez explique o porquê de não haver pessoal suficiente para investigar os demais citados.
***

O projeto contra impunidade

No pitaco acima, disse em certo momento, não entender a razão da Folha estar fazendo reportagens mostrando a morosidade dos julgamentos no STF.
Na verdade, a razão é suficientemente clara. A Folha está de corpo inteiro na campanha e na defesa do projeto que visa dar fim ao foro privilegiado.
Uma aberração de nosso sistema político e penal.
Afinal, que o político possa ter algumas regalias enquanto no exercício de seu mandato legal, é uma coisa. Prevalecer-se de sua condição de representante popular, para poder escapar de outras situações que, muitas vezes não têm nenhuma relação com o comportamento de representante do povo, é diferente.
***
Acho um absurdo que crimes comuns sejam tratados de forma diferenciada por que seu autor tenha algum tipo de imunidade ou preferência.
Acho um absurdo que crimes cometidos antes do cumprimento do mandato não possam ser levados avante nas investigações, apenas por que seu responsável adquiriu um status novo.
Acho absurdo que no exercício alegado de seus deveres, a lei possa ser desrespeitada por quem quer que seja. Exceto, como já disse, da tribuna, o que vale mais para o caso de crimes cometidos em discursos. Claro que não me refiro a crimes como o de algum político, da tribuna, descarregar sua arma, em algum desafeto. Caso que já aconteceu, certa feita, no Congresso...
***
E é exatamente por esse motivo, que também me invade a perplexidade quando o relator de um projeto destinado a tentar coibir a corrupção, deixa de fora, por pressão dos interessados, magistrados, procuradores, e agentes policiais.
Como se essa casta não pudesse cometer crimes de responsabilidade. Melhor dizendo, de irresponsabilidade.
Entendo as razões de Deltan, o semideus, ou de Moro, para querer escapar das garras da lei, eles que, por serem e se considerarem o que se acham, propõem que passemos a viver em um país onde as liberdades democráticas, e o respeito aos princípios consagrados na nossa Carta maior não possam vigorar integralmente. Tais direitos que a Constituição reconhece a qualquer cidadão, na opinião deles, deve passar pelo crivo deles mesmos, o que os torna maior que a lei.
Entre os absurdos do tal projeto anticorrupção, que nos querem engolir a todo custo, garganta abaixo e a seco, estão, como já comentado aqui: as restrições ditatoriais ao uso do habeas corpus; a possibilidade da pegadinha ou teste de fidelidade do funcionário público ao seu dever ético e moral; a possibilidade de que a obtenção de provas possa ser feita pelas formas mais ilegais, bastando que as provas que a investigação não conseguiu identificar sejam comprovadas, e que se alegue depois que foram obtidas de boa fé.
Isso, se não fosse de nosso conhecimento a quantidade de provas plantadas que são noticiadas nos nossos jornais.
***
Mas, não há qualquer problema maior, ou ao menos a imprensa se cala, quando os paladinos de nossa moralidade se reunem e achacam ou constrangem o relator do projeto para que fiquem de fora de qualquer ação destinada a caracterizar crimes de responsabilidade, o que involve autoridades e comportamentos autoritários.
***


Programa de Entrevistas

Não entendi muito bem porque não perdi meu tempo assistindo, ao programa de entrevistas com temer, o anão golpista, no outrora respeitado Roda Viva.
Pelo que soube, jornalistas como Noblat se apaixonaram com a personalidade de nosso Boris Karloff. Mais, em momento em que um cheque de 1 milhão de reais, nominal a um tal de Michel Temer surge, a pergunta que não quer calar é como um homem tão maravilhoso conhece, conquista uma prenda, recatada e do lar, como Marcela.
Realmente, assuntos muito importantes para que nosso usurpador se confundisse (ou foi ato falho?) e chamasse o programa de propaganda. (se é que isso ocorreu mesmo!)
***
Melhor ver o filme que obteve o Oscar de melhor roteiro adaptado, a Grande Aposta, aproveitando o fim de semana e feriado de chuva incessante.
Filme que todo mundo que gosta dos mercados e de seu funcionamento ou das opiniões desinteressadas de seus analistas deveria assistir. Ao menos uma vez por mês.
***

E Trump

Continua dando margem a análises de toda espécie a eleição de Trump e sua capacidade ou não de cumprir as promessas de campanha.
Trump, como sabemos, afirma que vai sim cumprir o que se propôs a fazer.
Mas como bom republicano, que deseja resgatar a força do império e sua indústria, deve adotar uma política muito parecida com a reaganomics, ou seja: corte de impostos para os mais ricos, esperando que eles aproveitem a renda assim disponibilizada para passarem a investir e produzir nos Estados Unidos, o que é mais barato e produzido com maior facilidade em outros países do mundo.
Ou seja: no final, apenas irá deteriorar ainda mais a situação de distribuição de renda no país.
Como fez a administração Reagan. E Bush. Pai e filho.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

A eleição de Trump e as razões que a justificam

Claro. O assunto do dia é a eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos. Com o resultado sendo anunciado, como insinuam maliciosamente a internet, as redes sociais e vários analistas, em um dia 9/11, justamente o inverso da data fatídica dos atentados ao World Trade Center, o 11/9.
Mas além de dizer que é um empresário que nem de longe pode ser considerado um outsider, no senndo estrito do termo, já que não é a primeira vez que participou da corrida à Casa Branca, tendo sido candidato a candidato pelo Partido Republicano anos atrás, o que temos é a figura de um falastrão. Um candidato sem papas na língua que, por isso mesmo e em vários instantes, perdeu excelente oportunidade de ficar de boca fechada.
Ou não.
***
Afinal, o discurso agora vitorioso de Trump, foi todo construído e calcado em uma completa aversão ao discurso político tradicional, voltado e mais preocupado em atingir o homem da rua, em geral com perfil menos esclarecido, mais ignorante, e que por esse mesmo baixo nível de conhecimento acaba analisando a sua situação individual, suas dificuldades e problemas, a partir de um ponto de vista, de um ângulo, completamente individual.
Melhor dizendo, o discurso atinge o homem comum, do povo, que perdeu seu emprego e que, por falta de conhecimento, não é capaz de vincular esse problema que é geral, às verdadeiras razões a ele subjacentes.
E quais são as razões da sua situação de dificuldade e inutilidade?
Parte da explicação pode ser buscada ainda na década de 90, quando da proposta e da difusão apoiada por todo o pensamento conservador do ideário e dos princípios que ficaram conhecidos como o Consenso de Washington.
Consenso que tinha como princípios a liberalização das finanças, principalmente no nível internacional, a desregulamentação dos mercados, dentro do espírito da retomada das boas e velhas práticas, a longo tempo conhecidas, do mercado livre.
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Pois bem, esse ideário, cujos principais apoiadores estavam encastelados no governo de Thatcher na Inglaterra e Ronald Reagan, nos Estados Unidos, representava mais que o processo de globalização pelo qual ficou popularmente conhecido, mais que o processo de integração comercial em escala planetária, um processo de expansão e quase hegemonia das relações financeiras globais, consagrando definitivamente a vitória do capital financeiro, de caráter especulativo e artificial, sobre o capital produtivo, industrial, gerador de produção, emprego, renda e comércio real.
Embora extremamente rentável, o capital financeiro em troca apenas podia e pode oferecer a valorização da riqueza fictícia, atrelada a uma montanha de papéis frutos de cada vez mais engenhosos esquemas de inovações que permitiam operações de engenharia financeira em escalas cada vez maiores.
***
Ora, globalização no sentido de integração do mundo já havia, e em várias áreas como a das comunicações, desde décadas anteriores, quando Mcluhan afirmou que os meios de comunicação tinham transformado o mundo em uma aldeia global.
Expansão comercial e, nesse sentido de aumento dos fluxos de comércio o mundo já havia experimentado ainda de forma mais vertiginosa em períodos como aquele que marcou a era da pax britanica no início do século XX.
Mas, não era esse o sentido da globalização da década de 1990, ao menos é o que se constata ao se analisar as estatísticas que mostram as taxas de crescimento das operações comerciais, comparadas com o acréscimo das operações, por exemplo, com derivativos.
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O predomínio do capital financeiro e das grandes operações financeiras, aproveitando-se do desenvolvimento e da expansão das atividades vinculadas à aplicação da tecnologia da informática aos meios de comunicação, que lhes proporcionou oportunidades exponenciais de expansão, representou tanto um maior crescimento das atividades situadas no setor de serviços quanto, do ponto de vista do emprego, uma redução substancial do emprego, ao menos com as características dos postos de trabalho até a década de 70.
Ou seja, é inegável que a telemática aproximou o mundo mas afastou o trabalho tradicional dos postos de trabalho na indústria.
E na nova área dinâmica da economia, a necessidade de educação e conhecimento tornou-se fundamental, ao passo que a cada vez maior presença de atividades de conteúdo tecnológico era poupadora de trabalho.
E, justamente por força da visão liberal de não intervencionismo e de estado cada vez mais mínimo, não foi dada a atenção necessária à preparação para o trabalho do homem branco, de classe média mais baixa, e caracterizado como de pouca instrução.  Não apto às exigências do atual mercado de trabalho.
Justamente o eleitor de Trump, conforme mostravam as pesquisas qualitativas de opinião anteriores à eleição.
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E foi também o crescimento das relações financeiras liberalizadas e desreguladas  que acabou engendrando uma série de crises econômicas, entre as quais para citar apenas alguns poucos exemplos, a crise  das empresas ponto com, e posteriormente a crise muito mais séria e de muito maior proporção tanto em extensão quanto em intensidade, a crise do subprime, de 2007/2008.. Crise que ainda não chegou ao seu final até os dias de hoje.
Crise que roubou o trabalho de tipo mais tradicional dos operários da construção civil, por exemplo, grande empregadora de mão de obra.
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É bom destacar que, nesse momento, são percebidos cada vez em maior escala o resultado das políticas adotadas pelo governo Reagan e outros que o sucederam, de redução das  políticas de seguridade destinadas a criarem uma rede social de proteção ao indíviduos. Políticas adotadas com base na ideia fundamental da redução do tamanho e do peso do Estado Leviatã, o que implicarava na redução da carga tributária extraída da sociedade civil (leia-se os mais ricos); e na busca do equilíbrio fiscal (e corte de gastos sociais).  Tudo em nome da sacrossanta liberdade do mercado.
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Sentindo-se desvalidos, abandonados, não é de se admirar que cada indivíduo, cuja capacidade de análise não o leva a entender as causas mais profundas de sua inadequação, passasse a aceitar o discurso fácil de que seu trabalho foi perdido por culpa da globalização comercial, da elevada importação de produtos chineses e/ou asiáticos de outras origens; ou que a culpa de seu desemprego ou dos baixos níveis de salário a que estava submetido era dos imigrantes de toda origem.
Ou seja, começa a olhar o mundo de uma perspectiva mais tosca até, individualista, mais míope. E passa a acreditar na venda de sonhos e miragens de que, com algum candidato com um discurso semelhante ao de Trump, esteja mais apto a resolver sua situação individual.
Sem se preocupar com a situação de outros que, como ele, também vivenciam os mesmos problemas, já que suas agruras são de caráter mais abrangente.
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Não é difícil perceber que esse tipo de evolução da sociedade americana já vinha apresentando sinais de um esgarçamento das relações sociais cada vez mais profundo, de uma divisão cada vez maior, de uma volta ao individualismo mais exacerbado, muito bem capturado pelo discurso avesso ao discurso do político tradicional de Trump.
E, se minha análise está minimamente correta, não deve ser outro o motivo que uma mulher ( que já levanta uma questão importante da discussão de gênero!), de formação liberal, mas ligada a um discurso mais tradicional, mais voltado à tentativa de recomposição e ampliação dos suportes do Estado mais intervencionista do Bem Estar Social (e cinicamente, mais INÓCUO, já que sempre derrotado nas suas propostas por uma Casa Legislativa dominada pela oposição) como Hillary Clinton, tenha sido identificada como a representante do "establishment".
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Em minha opinião, e pelo perfil da candidata traçado por toda a mídia, não representante do establishment ou do "status quo" financeiro ou empresarial, capitalista (embora possa ter sim, alguma representatividade nesse sentido), mas da situação política e do discurso tradicional.
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Trump ganhou por ser o responsável pelo discurso que a população em desencanto e já com uma visão individualista dominante, queria ouvir. O que mostra sua maior habilidade nesse sentido.
E ganhou como um outsider, por fazer o discurso mais discriminatório, mais preconceituoso, mais cheio de todo o rancor que o desencanto gerou em seu mal preparado e mal formado eleitor.
E brandindo a fama de gestor, embora fracassado várias vezes em seus empreendimentos. O que apenas auxiliaria sua imagem de alguém que, fracassado como seu eleitor, não desiste nunca.
E persevera.
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Estou esticando mais na análise, apenas por querer tirar do fenômeno Trump, alguma lição. E até mais, uma analogia com os candidato Kalil, eleito prefeito em Belo Horizonte, e em muitas de suas características e até de sua campanha, muito semelhantes ao que foi a candidatura Trump.
Como o novo presidente americano, Kalil veio do mundo empresarial, amargando alguns fracassos. Como Trump, também Kalil já tinha feito incursões na política, e fracassado.
Como Kalil, o discurso de Trump foi avesso aos políticos tradicionais e suas preocupações retóricas.
Ambos foram avessos a apoios e promessas mirabolantes, baseado no velho e surrado discurso de governar para melhoria das condições de vida da população como um todo.
E Trump, não apenas ameaçou proferiu ameaças, como a da expulsão dos imigrantes, como chegou a falar da construção do muro, na fronteira com o México.
O que fez que seu próprio partido, ou seus principais representantes lhes tirassem qualquer apoio.
Que ele dispensou de forma displicente.
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Depois de ouvir seu discurso de comemoração da vitória, em um tom de apaziguamento, e de elogios a sua adversária, no feitio mais tradicional possível,  chego a ficar em dúvida se ele vai mesmo cumprir suas promessas e ameaças, ou se não irá tornar-se uma personagem de estelionato, como foi Dilma aqui em 2015.
Daí não dá para afirmar ou inferir o que poderá advir de sua eleição para o mundo, para os próprios Estados Unidos e para o Brasil, em particular.
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Alguns meros detalhes que não podem passar despercebidos.
Não é de hoje que o americano médio, em especial, aquele de menor formação, já adota uma posição naturalmente mais de fechamento ao resto do mundo.
Já desde Theodore Roosevelt, e as discussões de participação ou não dos Estados Unidos em conflagrações mundiais, como a Primeira Guerra, é conhecida a divisão do país americano entre os que não apoiavam a tal participação por não se sentirem na obrigação de participarem de problemas de que não eram parte integrante. Parte da população, especialmente do Meio Oeste, parece-me não achar que havia a obrigação nem moral de seu país lutar em defesa de seus aliados.
Logo, o isolacionismo não é algo avesso à formação e ao padrão cultural do cidadão americano comum.
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Outra questão: ao contrário de Obama, Trump vai ter a maioria para aprovar o que bem entender, nas duas Casas Legislativas.
Se vai conseguir pressionar aqueles que não o desejavam ou não o apoiavam, mesmo sendo integrantes de um mesmo partido é outra questão.
Como outra questão em aberto é até que ponto as loucuras de um Executivo podem ser impedidas por um Legislativo atuante.
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Outros pitacos vários:

Deveria hoje, aproveitando a última postagem sobre Ana Júlia, fazer menção a um comentário que me foi enviado por um colega e amigo, embora de posição, diria, radicalmente contrária à minha, Tarcísio, do Banco Central.
Dada sua dificuldade de postar o comentário no blog, enviou-me um email, com sua visão do assunto, que prometo publicar e talvez até comentar em uma próxima postagem.
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Para dizer que, como eu já temia e tinha comentado aqui, a passagem de Marcelo Oliveira como técnico do Galo, dessa feita  trouxe uma frustração muito grande,
Com o material que tinha em mãos, é muito pouco ter a chance, ainda apenas em tese, de ser campeão da Copa do Brasil.
Ou seja, como é um jogo de mata-mata, pode terminar sem o título desse torneio, depois de não ter conseguido montar um time capaz de disputar um campeonato de maior fôlego, apesar de a qualidade de seus adversários ser bastante limitada.
Para mim, e parece a grande maioria da torcida, Marcelo chegou ao seu limite.
Ja deu.
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E é isso. Acho eu.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Ana Júlia e a inveja de pais que não conseguiram transmitir aos filhos seus princípios; e um pouco de questões econômicas

Chegamos ao fim do ano. Nas ruas, as árvores já começam a receber cordões e fios de pequenas lâmpadas, preparando a cidade para a chegada do Natal. Nas lojas e shoppings,  enfeites natalinos e cartazes anunciando várias promoções já ganham espaços de forma definitiva. Em algumas, já desde o mês de outubro. O que está escasso é freguês. 
E, embora as insistentes lembranças da chegada do final do ano, pouco ou muito pouco avançam as investigações da Lava Jato, como consequência das delações que Odebrecht e OAS se comprometeram fazer. 
Não por culpa do juiz Moro, ou dos intrépidos procuradores de Curitiba, incansáveis em seu trabalho. Nem culpa dos panelaços ou das manifestações que ocupam as ruas e praças das capitais, exigindo, agora e sempre, um combate sem tréguas à corrupção!!!
Ah! Você que lê esse pitaco, não ouve o ruído ensurdecedor das ruas? Os panelaços nas janelas?
Não vê as manchetes de jornais escancarando os novos nomes dos políticos denunciados de sempre? 
A explicação é que, agora, as investigações chegam aos caciques do PSDB, o partido das vestais. E, por respeito às honradas virgens, a imprensa prefere adotar um silencio obsequioso.
O que é completamente justo.
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Melhor é destratar a menina Ana Júlia, a estudante do ensino médio paranaense,  que ganhou manchetes e atenções de jornais e fez por merecer postagens e mais postagens nas redes sociais depois de ter comparecido, e calado a Assembleia Legislativa daquele estado.
Embora brilhante a apresentação da menina de 16 anos, alguns passaram a criticar, não o seu discurso articulado, mas o fato de ela ser filha de um petista. 
Aliás, nem sei se as críticas são pelo fato de ela ter pai, ou de o pai dela ter conseguido, mesmo que parte das pessoas não goste ou não concorde, passar para ela seus valores, seus princípios, sua maneira de ver a vida.
Daí que parece-me que a maioria das pessoas que criticam e querem desconstruir a imagem da menina alegando que ela tinha já um discurso decorado, redigido pelo seu pai, no fundo têm é alguma inveja ou não conseguem conviver com o fato de que seus filhos, por mais que tivessem ouvido um discurso por toda a vida, seja em que direção tenha sido, não terem conseguido absorver ou chegar nem aos pés da capacidade de se posicionar da estudante paranaense. 
Que aliás, embora muito coerente, todo o tempo, não fez nenhum discurso retumbante. Até pelo contrário, fez um discurso bem adequado a quem tem a idade de 16 anos, com direito a toda a insegurança de quem, nessa idade, falava para um grupo de deputados, no plenário da Assembleia, em nome de um grupo de alunos como ela, que ocuparam uma escola: a escola dela.
Por isso, a pergunta inicial, feita por ela: de quem é a escola?
Porque se a escola é dela, é nossa, é dos estudantes, é pública, não está sendo invadida. Ao menos, nunca soube de que o ato de o dono estar em sua propriedade seria equivalente a promover invasão, ou invadir.
Ana Júlia, inclusive, mostrou-se insegura, ao início de sua fala. E mostrou-se nervosa, trêmula, quase não conseguindo fazer suas palavras serem audíveis. 
Mas, levou avante seu discurso, e ganhou força quando desafiada e ameaçada de ter a palavra cortada, apenas porque falou o óbvio: as ocupações dos prédios escolares, é tão somente para alertar à sociedade de como a condução da política educacional, por parte do usurpador temer, vai na contramão de tudo que a sociedade dita democrática necessita.
Afinal, a reforma educacional do ensino médio passada a fórceps, por Medida Provisória, como lembrou a estudante, é necessária, mas está conduzida com um viés autoritário que não é admissível. 
E a ela assiste razão, não há como negar, já que os que mais poderiam discutir e sugerir em termos de mudanças, os professores não foram ouvidos.
No fundo, a reforma é apenas um mecanismo para tentar eliminar de currículos as matérias capazes de despertarem a consciência crítica da população. E, despertando sua consciência, desenvolver no povo, um sentido de cidadania. 
Além da reforma a luta é também contra a PEC renumerada agora, no Senado, para PEC 55: a do famigerado teto de gastos públicos, por 20 anos. 
Medida que vários setores sérios da sociedade, e inclusive manifestações de organismos internacionais, já rotularam de desastrosa, devido o corte de gastos na área de educação, saúde e benefícios sociais que a medida traz embutida.
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Mas, a população que se acha esclarecida, por ler Veja e Época, ou por ter acesso à informação ouvindo o Jornal Nacional, ou seja, a classe média conservadora, reacionária e manipulada, que de nada entende e finge de tudo ter conhecimento, comprou a ideia nefasta de que é necessário cortar os gastos públicos. Para equilibrar as contas fiscais. E para chegar a esse equilíbrio sem ter de aumentar impostos que os ricos não querem pagar. E que a classe média que paga por todos, sem consciência disso, acredita que não podem ser majorados. 
Classe média que, ao não aceitar qualquer alteração no sistema tributário, por miopia, não consegue enxergar que uma reforma tributária, na direção necessária, poderia até resultar em menor ônus recaindo sobre seus ombros. 
Confusa, essa parte da população deixa-se ludibriar e acaba defendendo não os seus interesses, mas os da classe mais favorecida. 
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E não é só. Mal informada ou com informações deturpadas, muitos desses que criticam Ana Júlia e seus motivos, acreditam que o ajuste fiscal prometido pelo governo irá ser feito mesmo que as medidas do desgoverno não tenham a mínima capacidade para fazer elevar as receitas públicas. 
Que, ao que tudo indica, irão continuar declinando, a aprofundando o déficit.
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Mas, voltando ao início desse pitaco, as críticas à Ana Júlia e a possíveis interferências de seu pai, petista, mostram mais o fato de tais pais não serem capazes de elaborarem um discurso positivo, capaz de convencer aos seus próprios filhos quanto à correção de suas ideias e da justiça nelas entranhada, especialmente por seu conteúdo fortemente social. Solidário. Voltado para causas que atingem a todos e a todos beneficiem. E não apenas aos umbigos próprios.
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Independente de tudo, Ana Júlia, doutrinada ou não, conseguiu mostrar capacidade de se indignar e reagir, que não estava no script, combinado. E silenciou aos parlamentares, mostrando que a responsabilidade pela integridade de todos os menores, adolescentes, é de todos nós, E deles, principalmente, já que representantes do Estado.
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Poucos dias depois, convidada para ir ao Senado onde iria poder fazer outra apresentação de suas ideias, foi também criticada apenas por ter estado em companhia da Senadora do seu Estado, o Paraná. 
Como se não fosse mais que uma cortesia, uma obrigação, que qualquer outra pessoa que fosse convidada a fazer uma apresentação no Senado, fosse recebida por TODOS os senadores que representassem seu estado. 
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No entanto, nesse caso, as críticas que foram compartilhadas em redes sociais, mostram não desconhecimento de causa, ou desinformação, mas apenas falta de educação mesmo de quem se acha, muitas vezes, portador de educação de padrões mais elevados. Padrão Socila, das meninas candidatas a misses.
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Deixando de lado a menina, que tanto deveria nos orgulhar, e passando para uma questão que, embora, distinta, tem muito a ver com as preocupações da estudante e de seus colegas, pelo Brasil afora.
Refiro-me novamente à questão do ajuste fiscal. 
Agora, para citar ao colunista da Folha de São Paulo, Vinícius Torres Freire  que, ontem, sem qualquer desfaçatez, abordou a questão da repatriação de recursos mantidos no exterior, de forma ilegal já que característica do crime de evasão de divisas.
A propósito de um novo prazo que o governo pretende abrir para permitir que os dinheiros mantidos ilegalmente possam ser trazidos para o país e serem legalizados, o colunista saiu-se com o que poderia ser classificado simplesmente como verdadeiro escárnio.
Por sua lógica perversa, a medida que conseguiu arrecadar 50 bilhões de reais em sua primeira fase, está funcionando como um imposto sobre fortunas, tão demandado pelos setores da esquerda do país. Afinal, ao contribuir para elevar a arrecadação, de certa forma, estaria obrigando os mais ricos, que são os possuidores principais de tais recursos, a pagar impostos e multas à Receita. 
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Nem acho que vale a pena discutir se a multa é elevada, ou se os impostos são os devidos, ou os que deveriam ter sido recolhidos quando o seu detentor resolveu passar a perna na lei e tirar dinheiro por baixo do pano do país. 
O escárnio está em chamar isso, que os fascínoras chamariam de esquentar dinheiro sujo, de uma espécie de castigo, uma espécie de imposto sobre fortuna.
Melhor seria dar o nome verdadeiro aos bois, e quem sabe mostrar que, esses que agora trazem os recursos foram pela sonegação que protagonizaram, antes, os responsáveis ou parte dos responsáveis pela geração do déficit que o governo apresenta. 
Mas, essa espécie de colunista vinculado ao mercado obviamente não tem essa visão da questão. Ao contrário, apenas tem a preocupação de alertar para o fato de que esse tipo de dinheiro arrecadado agora, é de uma lavra apenas. E não passa de dinheiro extraordinário, que alivia agora a dívida, mas não vai entrar novamente em outros anos.
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Em tempos de Dilma e Arno Augustin, isso seria considerado minimamente como contabilidade criativa. Agora, não. É tratado como alívio da dívida. E só. 
Mas nem isso pode ser correto. Afinal, medidas como essa do perdão de parte de multas e juros para que criminosos, em tese, tragam seus recursos evadidos do país, pode sim ter vida longa, na medida em que acarretar o que a teoria econômica denomina risco moral. 
Afinal, vale a pena, sempre, cometer o ilícito, já que mais tarde todos seremos perdoados, como o Pai perdoou aos pecadores. 
Simples assim.
E como o governo estará sempre com dificuldades de caixa, a repatriação poderá ser medida adotada mais vezes no futuro.
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Termino comentando a prepotência de quem se acha ungido especial de Deus, e dono da verdade única e absoluta: o economista e, talvez muito apropriadamente colunista da Folha, Alexandre Schwartsman. 
Do economista, cuja figura, em minha opinião é inequívoca demonstração e sinal de arrogância, apenas assinalar que, ao contrário de argumentos, vem se notabilizando por sempre apelar para a tentativa de detratar as seus adversários, ou aqueles que têm pontos de vista e são de escolas de pensamento contrários. 
Mas, tudo bem, já que como disse antes, ele se acha o dono exclusivo da verdade universal. 
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Tal comentário vem a propósito de sua coluna de ontem, em que fazendo o que mais gosta ou consegue, em sua limitação, critica a todos que têm se manifestado contrários às medidas de contenção de gastos, por seu potencial de provocar estagnação.
Diz ele que, ao contrário do que a teoria mais comum mostra, apenas o gasto público não impulsionaria a demanda, como ocorre nos países mais ricos, dada a existência de um trade off, entre o dispêndio público e a taxa de juros. 
Por outro lado, argumenta que um ajuste fiscal bem sucedido, poderia reduzir os juros, estimulando o investimento. Em defesa de sua ideia alega que menores gastos permitem reduzir a inflação, o que permitiria ao Banco Central reduzir a Selic. Além disso, contribuiria para a redução de nosso risco país. E aponta que o risco país caiu apenas pelo anúncio das medidas de contenção dos gastos anunciadas. 
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Mas fazendo uso de seus ataques a, como ele se refere, esse pessoal keynesiano de quermesse, que participa do debate sempre brandindo os mesmos defeitos de má teoria, e aplicando a ele essa mesma adjetivação, parece que o professor pouco ou nada sabe da história do país. 
Por exemplo, não deve ter conhecimento de trabalho de Rogério Furquim Werneck que mostrou a importância para a decisão empresarial de investir em nosso país, da precedência do gasto público em investimento. 
Tampouco deve ter tomado ciência da política de gastos públicos e elevação de crédito e de demanda agregada que Delfim Netto pôs em prática nos idos de 1967, sem gerar inflação, tão somente por ter capacidade ociosa abundante na economia. Justo como agora. 
Demais, diz que apenas o gasto público não impulsionaria a demanda, como se algum de seus opositores, achasse mesmo que apenas o gasto público deveria ser favorecido. 
Não percebe que a elevação de gasto público teria a capacidade de despertar o efeito multiplicador, que levaria a aumento de emprego e renda e, com isso, aumento de gastos de consumo. Isso, sem contar, com a melhoria das expectativas empresariais, que são importante razão para que os empresários se animem a investir.
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Ora, se há motivos, como a queda da inflação para que os juros básicos possam ser reduzidos, como ele aponta, é importante lembrar que os empresários não irão investir apenas por trabalharem com menor custo de capital. 
Como já mostrado por outros professores, e autores com mais projeção que o pretenso semideus, a facilidade de obtenção de recursos no mercado irá levar, primeiro os empresários a reduzirem o custo de sua estrutura atual de capital. Após, irão se preocupar em aplicar seus recursos no mercado financeiro onde, mesmo com rentabilidade menor, têm tranquilidade de que ela é assegurada. 
Ao contrário de tomarem decisões de investir, mesmo sabendo que não irão ter quem queira realizar, no mercado, o valor gasto para a produção das mercadorias. Ou seja, a produção para se expandir depende de um ambiente econômico que seja favorável e não o ambiente recessivo que o país enfrenta no presente quadro.
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