quinta-feira, 28 de julho de 2022

Pitacos sobre orçamentos e os segredos dos interesses pessoais. Quando a desfaçatez e o ressentimento ganham espaços

Dizer do acumpliciamento de Aras e de Arthur Lira com a lista de crimes continuados e progressivos praticados pelo 1-Neurônio, que ocupa o governo visando destruir o Estado nacional, é prática tão repetitiva e inútil, quanto tentar ouvir um disco de vinil arranhado.

No caso de Lira, o comportamento indecoroso tem bem mais que elementos apenas de peleguismo ou bajulação explícita, que também estão presentes. A razão de fundo é a posição privilegiada do nefasto deputado, como operador do maior esquema de compra de votos já operado no Legislativo do país.

***

Como disse um analista outro dia, o esquema de corrupção que Lira comanda, face à fraqueza e inépcia do ex-terrorista, serve para não deixar dúvidas de como eram Anões os deputados  apanhados fraudando os recursos do Orçamento, tais como João Alves.

Não por acaso, João Alves, o felizardo ganhador de mais de 200 prêmios de loteria e líder da operação de desvio de verbas públicas na Comissão de Orçamento, era também representante das Alagoas.

Como Lira, como Renan, como Collor de Mello, como PC Farias que, mais que uma coincidência, é um traço revelador da percepção e da inteligência do nobre povo das Alagoas. Afinal, basta o conterrâneo revelar potencial para a prática de alguns malfeitos, até de alguns delitos, a população alagoana decide fazer uma faxina, mandando-os para fora do Estado de forma a irem se instalar em Brasília.

***

Desnecessário observar que a conclusão acima contém dose explícita de cinismo, embora seja trágico que a terra que nos propiciou um Teotônio Vilela, escolha como seu representante, hoje, gente de calibre tão minúsculo.

Na mesma linha de raciocínio, como acusar Fernando Henrique da compra de voto do acreano Ronivon Santiago quando de seu interesse na aprovação do projeto de reeleição, pelos  módicos 200 mil reais denunciados pela imprensa?

E o que dizer do criminoso esquema de compra de votos engendrado por Zé Dirceu e Lula?

Antes de mais nada: foram todos esquemas criminosos de desvios ou mau uso de verbas públicas.

***

Esquemas semelhantes aos desvios de dinheiro público de menor alcance, como as “rachadinhas”, a contratação de funcionários fantasmas nos gabinetes das casas do povo, as Wal do Açai ou da vida boa, o uso de verba de moradia para ‘comer mulher’, a compra de 30 mil notebooks para distribuição aos 255 alunos de uma escola.

A lista é longa e inclui tratores, o gasto de 26 milhões de reais na aquisição de   kits de robótica com preços superfaturados para escolas sem água encanada - por acaso das Alagoas! Vergonhosamente incluí também vacinas e até bíblias e ‘santinhos’ de ministros.

Se a lista dos crimes é extensa, o gênio do mal não poderia ter sossego até que fosse desenvolvido um novo modus operandi. Um novo esquema LEGALIZADO de chegar ao mesmo resultado IMORAL, sempre perseguido.

***

A nata da bandidagem do país, bem longe do PCC, do CV e das penitenciárias de segurança máxima que abrigam os líderes dessas facções, optou por desenvolver o Secretão: o Orçamento Paralelo que possibilitou a aplicação, nos últimos anos, de mais de 45 bilhões de reais, 16 deles apenas nesse ano de 2022, em.... obras municipais sem destinação específica, ou obras vinculadas à Codevasf.

Aquelas obras que o terrorista alega que pode até haver algum tipo de desvio, já que são muitos contratos...

***

Com o que o fato de ser uma pequena quantidade de obras e um valor insignificante quando comparado ao gigantesco volume de contratações, obras e recursos, servisse para normalizar o que antes era merecedor de veemente condenação.

Portanto, Lira seria o equivalente, em termos metafóricos, à personagem de Ali Babá e os ‘300 picaretas’ de Brasília, identificados por Lula.

Fosse outra persona, honesta, o poder de Lira não serviria de base para o apoio venal que presta, nem à vassalagem a que se entrega levemente constrangido.

De forma inocente e idealista, talvez até poderia levá-lo a dar um basta e por um fim à sangria, à hemorragia invisível de recursos que poderiam ser utilizados para finalidades mais modestas, como reduzir a fome do povo.

***

Quanto à sabujice de Aras, é decorrente apenas do chamado vício dos vícios: a vaidade.

Sem o mérito necessário e sem preencher as condições indispensáveis para realizar o sonho de ter assento na Corte maior do país, que o seu protegido não desiste de apequenar, vale-se da única arma de que dispõe: a omissão, a prevaricação, sua transmutação pública em mero fantoche.

Ao contrário de Lira, o que o move não assume o caráter financeiro, embora há de se considerar todas as vantagens que o cargo de ministro do Supremo lhe renderá até o fim de seus dias.

Isso, sem contar o prestígio que o cargo pode lhe proporcionar e o benefício que, em algumas ocasiões e para certas personalidades, vale muito mais que a simples pecúnia: o poder. A ciência de ter poder para ... acumular cada vez mais poder...

***

Inegável, Aras é um caso clássico daqueles a que se encaixa bem a descrição ‘quem espera.... será que alcança?’

Há que convir que sua aposta é arriscada, já que o candidato a que está umbilicalmente vinculado pode não ser o vitorioso. E, ainda que fosse eleito, demonstra ser portador de um raciocínio tosco que, aliado à empatia de uma ameba, poderia levá-lo a não indicar o esperançoso Aras.

Aqui faço apenas uma observação trivial: se Aras está onde se encontra, causando males à sociedade brasileira, muito disso se deve ao Centrão.

O Centrão de Lira, do orçamento Secretão, de Rodrigo Pacheco e seus 3 bilhões de gastos para se tornar presidente do Senado, e dos espertos senadores que, sob a desculpa de que Aras não iria criminalizar a política, o aprovaram na Sabatina para recondução ao cargo.

A culpa de Lira e sua dívida vai muito além de acompanhar o chefe da milícia.

***

Mas a desfaçatez maior a que desejo me referir hoje é a de Lindôra, a procuradora para quem as denúncias vazias contra o presidente deveriam ser todas arquivadas.

Enfim, se eu ou  qualquer curandeiro, acreditássemos que as ervas e os chás curam, e tratassemos àqueles de boa fé e desesperados que nos procuram com tais remédios, não estaríamos sendo charlatões. Basta para isso que manifestássemos a convicção plena de que de nossa pajelança viria a cura da enfermidade. E que não cobrássemos pela consulta ou tratamento, embora não estaria infringindo nenhuma norma se aceitássemos as oferendas que nos trouxessem.

***

O gênio inovador de Lindôra Araújo, não se revela apenas na agenda de encontros secretos que mantém com o presidente.

Revela-se sobretudo na nova tese que traz para o estudo da área penal: se qualquer pessoa que sonhava em fazer a medicina se frustra e não cumpre os requisitos para exercer tal função, basta que tenha a firme convicção de que pode tentar algo para dar alívio ao paciente enfermo, que estará justificado seu tresloucado comportamento.

***

De mais a mais, mesmo não sendo médica, acredita que o uso de máscaras não deve ser algo impositivo, nem condena o estímulo ou a prática à desobediência ao uso do equipamento de proteção,  desde que a pessoa, em distintas ocasiões e circunstâncias, seja e aja como um fiel defensor de suas ideias negacionistas.

Pela subprocuradora, acabamos com o crime. Ele deixa de ser tipificado, desde que o criminoso tenha por costume agir de acordo com o comportamento moralmente passível de apenação.

Esta é a mulher que, no meio do mundo de funções masculinas, age como qualquer outro homem canalha, certamente enfraquecendo a luta das milhares de mulheres de valor do país. O pior que deseja e acredita em ser a próxima PGR, caso o 1-Neurônio seja eleito.

***

Até iria comentar declarações de Ciro, negando apoio a Lula, em eventual segundo turno.

Prefiro não fazê-lo. Acho que não vale a pena. Não se chuta cachorro morto, nem se foi morto por seu próprio veneno.

Ciro mostra cada vez mais, o acerto de quem nunca teve confiança em elegê-lo. De quebra, assim como Pétain, dependendo do resultado das eleições, se apocalíptico, poderá ser alçado à nossa História.

Às páginas ou o mais provável, à lata de lixo.  

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Pitacos sobre a corrida eleitoral, seus perigos e as manifestações de condolências prestadas à vítima do clima de ódio

Cada vez mais chego à conclusão que nessas eleições teremos, de um lado, um candidato democrata, vítima de ‘uma guerra suja’ posta em marcha através da utilização do Direito como arma para perseguir, atacar e destruir a vida e a reputação de uma pessoa.

Este candidato, a que seus opositores se referem como 9-dedos, em mais um exemplo de quão vil e grosseiro o ser humando pode chegar a ser, foi presidente por dois mandatos. Saiu com aprovação recorde; suspeitas de obtenção de vantagens pessoais, não apuradas de acordo com aquilo que recomenda qualquer manual básico de investigações; e condenado por um ex-juiz, ele sim, representante do banditismo a que a elite, a imprensa e o Tio Sam dão apoio.

***

Sinceramente, não posso afirmar se as suspeitas tinham ou não algum fundo de verdade. Sei que tinha um power point como prova formal e uma série de indícios. Além claro de delações PREMIADAS.

Há que se destacar bem o termo premiadas.

Afinal, se não todos, parte dos comparsas da República de Curitiba bem poderia, afastados do Poder Judiciário se dedicar ao teatro, quem sabe no papel de Salomés.

Imagino as negociações de delação: ‘entregue-me a bandeja com a cabeça de meu adversário e te damos em troca a liberdade. Além de nosso reconhecimento eterno.’

***

Àqueles que ainda questionam a ação do juiz suspeito em todo o processo, treinado por muito tempo nos Estados Unidos, recomendo ouvirem um trecho breve, em inglês e com legendas, de entrevista de John Bolton, ex- consultor de Segurança de Trump, no link abaixo:

https://www.instagram.com/reel/Cf80rhoLcJf/?igshid=MDJmNzVkMjY=

***

A respeito da alcunha de 9-dedos e das ‘investigações(?)’ da República de Curitiba, recebi de um colega, professor em São João Del Rey, uma pérola que vale mencionar: um aluno disse outro dia: "vasculharam tanto a vida do Lula atrás de falcatruas que até o dedo mindinho dele acharam. Achei muito boa!”.

Achamos ótima!!

***

Em minha opinião, e nunca escondi de ninguém o fato de apenas ter votado em Lula no 2º turno de 1989, se Lula cometeu algum crime foi contra o Código de Defesa do Consumidor: propaganda enganosa.

SE ELE PERMITIU A MAIS DE 47 MILHÕES DE BRASILEIROS SEREM INCLUÍDOS NO MERCADO DO PAÍS, COMO CONSUMIDORES, está longe de a universalização do Bolsa Família, do Fiés, do aumento real de salário além da inflação (em minha opinião o fato mais notável), terem promovido uma distribuição de renda. 

Os banqueiros e os grandes financistas nunca antes, na história desse país, ganharam tanto dinheiro.

***

Está bem: admito que Lula nos deixou com reservas de 370 bilhões de dólares, finanças públicas sob controle, economia crescendo a 7%.

Mas, isso foi resultado das políticas neoliberais adotadas por seu governo e do boom das “coomodities”, sem qualquer interferência dele!?!?!?

***

Contra esse candidato, responsabilizado por estar omisso frente à polarização inédita e selvagem que o país vem assistindo, como se o período de paz experimentado em seus anos de mandato fosse insuficiente para se antepor aos tempos atuais, temos um candidato a que vamos nos referir, de forma jocosa, apenas para equilibrar o jogo, como 1-Neurônio.

De um lado, 9-Dedos. De outro lado, 1-Neurônio.

No meio, o baita ressentimento de Ciro, o garoto mimado que traz na fala uma metralhadora giratória de que não escapa nenhum governo e equipe de governo a quem serviu!!!

***

O 1-Neurônio, cristão, bom pai e chefe de família (afinal, um bom chefe de família não vai esperar f* sua família!!! – ouvido na reunião de 22 de abril de 2020); responsável pelo crescimento recorde do número de incêndios e queimadas na Amazônia; pelo crescimento recorde de desmatamento, com aplausos de seu sinistro do Meio Ambiente; responsável por armar a população até os dentes, para que todos possam servir de fornecedores, ainda que involuntários de armas e munições às milícias (assim como ele mesmo serviu quando, apesar de militar, foi surpreendido e teve sua arma roubada!!!)

***

O 1-Neurônio, incapaz de qualquer capacidade de raciocínio lógico, ou sentimento de empatia e solidariedade, em 3 anos de governo apenas ratificou sua incapacidade como integrante do Exército, de onde foi convidado a sair por ato de terrorismo.  

Deixa como legado, a morte de mais de 680 mil brasileiros vitimados pela Covid, a gripezinha que, como ‘castigo dos céus’ veio para desestabilizar seu des-governo.

Outra herança sua é o retorno de 33 milhões de brasileiros à situação de fome e miséria, a inflação, o retorno às políticas de compra de votos mais desavergonhadas de toda a República.

De fato, o 1-Neurônio inova: ao invés de um pé de sapato antes, e outro depois, promete o auxílio brasil, até o término das eleições.

***

Não adianta informar a toda a população que vai sair muito caro, para todos nós, esse pacote de bondades, que vem com atraso de mais de um ano, em meio a um regime de alegada emergência, quando o único caos de fato instalado no país, vem de janeiro de 2019, e tem um motoqueiro pouco dado a trabalho, e mais às fanfarronices.

Este ‘homem da arminha’, que estimula a morte, a ação truculenta de policiais e forças de segurança (especialmente contra negros, pobres, jovens, indígenas, mulheres, jornalistas), deseja se reeleger não para resolver a crise que criou para a população e a economia do país.

***

A ele, pouco importa a situação miserável ou não da vasta maioria dos brasileiros. Visa apenas manter o foro privilegiado seu e de sua família, enquanto mantém a proteção e permite o progresso das atividades criminosas a que sempre privilegiou, sejam milicianos, ou os criminosos que infestam a Amazônia.

Defensor da violência, da tortura, do tratamento aos adversários como inimigos, em uma guerra que alimenta apenas para dar vazão a seus instintos da mais pura barbárie, à la ‘homem lobo do homem’ de Hobbes.

O 1-Neurônio se destaca por negar todo e qualquer resquício de humanidade do ponto de vista pessoal, ou pela adoção de uma estratégica política de manutenção constante de um estado de “guerra de todos contra todos”.

Situação bem descrita por Vladimir Safatle, como a manutenção de uma situação onde, como guerra, todos se transformam em inimigos, o que permite que sua aniquilação seja justificada e sustentada.

***

Pois bem, este 1-Neurônio, que não se manifestou em relação às acusações de assédio sexual e moral cometidos por seu ‘amigo do peito’ Pedro Guimarães; no caso das mortes de tantos artistas e gênios da raça como Aldir Blanc, Paulo Gustavo, D. Cláudio Hummes, etc.; nos casos de carnificina praticados nos morros do Rio (salvo para elogiar os militares), no caso dos assassinatos do congolês Moise Kabagambe, do jornalista britânico Dom e do indigenista Bruno, nem na morte ou desaparecimento de tantos brasileiros preocupados em salvaguardar nosso meio ambiente, esse instilador do ódio agora vem se manifestar em relação à morte do petista Marcelo Arruda em Foz do Iguaçu.

Mas, apenas se manifestou por meio de chamada de vídeo feita para alguns irmãos da vítima, depois de ter conhecimento de que eles eram uma ‘família plural’. Ou seja, como explicou o deputado Otoni de Paula que se prestou a tão vexatório papel de intermediação da chamada: ele descobriu que o petista assassinado tinha irmãos admiradores do 01 Neurônio.

***

Como está estampado em toda a mídia, o energúmeno não se deu ao trabalho de prestar solidariedade ou condolências.

Tampouco fez um discurso necessário, veemente condenando a  violência e a ação extremista adotada por vários de seus apoiadores.

Apenas, e mais uma vez, se valeu da facada. Aquela que mais pareceu armação, em Juiz de Fora. Apenas se referiu a Adélio, seu suposto agressor, companheiro de clube de tiro de seus filhos.

Apenas ligou para convidar os irmãos enlutados (?) para irem a Brasília, participarem de uma coletiva de imprensa, para que a imprensa lixo não coloque no colo dele a morte de Arruda.

***

Nisso acho que ele está certo. Não há razão alguma, nem mesmo suas insinuações ou declarações violentas, golpistas, sempre desferidas de forma não explícita,  nas entrelinhas, para a mídia, as tevês e jornais, nacionais ou internacionais, colocarem no colo dele a morte e a situação perigosa de escalada de violência que temos visto acontecer no país.

Tais crimes já estão no lugar certo e de onde não deverão sair: na sua consciência, se algum restolho de consciência ainda houver onde não há nem mesmo sentimentos ou neurônios.

Expostos a toda a população de bem deste país, eleitores ou não.  

***

Termino com mais um poema de como encaro a situação atual:

O que meu olhar foto /grava

é grafia pura

sem mistura

olhar enviesado, minha obsessão

sem foco, só frustração.

O que meu olhar captura é beleza suja

pintura de aquarela,

sem galeria de arte

sem inspiração.

O que meu olhar me informa

de forma alguma é a vida

mas deforma minha visão

terça-feira, 12 de julho de 2022

Direto de Foz do Iguaçu à maternidade no Rio: sobre a barbárie que rompe nosso contrato social e a indignação que nos domina.

 Na falta de qualquer manifestação que possa ser minimamente confundida com sentimentos mais nobres  de sensibilidade, de empatia ou apenas de preocupação com o que acontece à sua volta, o psicopata no Planalto diz não ter nada a ver com a morte.

Para ele, foi apenas “uma briga de duas pessoas lá em Foz do Iguaçu”.

Para o general Mourão, seu vice, “evento lamentável. Ocorre tod final de semana... gente qeu provavelmente bebe e extravasa as coisas.”

***

Um parênteses: Mourão, o general vice... bem ser vice é algo que deveria ser melhor compreendido. Afinal, ser vice é uma opção pessoal. Mas uma coisa é ser vice de quem lustra nossa biografia.

No caso de Mourão, ele mostra que seu perfil encaixa-se à perfeição ao titular do cargo. E ele é o vice ideal de um miliciano, genocida e inculto sociopata. De recursos mentais reduzidos à mais completa indigência.

***

Mas Mourão assinala algo importante. Foi ele que expôs o fato de todos os envolvidos serem ‘da área policial’.

Sinal de que a deformação de caráter que a princípio poderia ser identificada apenas no Exército e na formação militar, tem impactos também entre grande parte dos que têm formação militar ou policial no nosso país.

Conclusão a que chego com todas as devidas e necessárias ressalvas, de policiais valorosos e heróicos, do Corpo de Bombeiros, e que sofrem em silêncio com os absurdos que assistem em outras companhias.

***

Destaco que não são apenas os militares, ou o pessoal policial – como a delegada Iane, justamente afastada – capazes de mostrarem comportamento tão próximo à selvageria e barbárie, tão ao gosto dos psicopatas e sociopatas, ou simplesmente inescrupulosos que infestam as hordas fascistas cujos líderes ocupam cargos importantes do governo.

Para o líder do governo Ricardo Barros, agressões podem ocorrer ‘eventualmente’ durante o período eleitoral, como ocorrem em estádios de futebol ou em brigas de trânsito, mas não são um elemento sistêmico do processo político brasileiro.  

Como é bom saber disso. A violência não é estrutural. É algo inusitado e fora de controle. A exceção!

***

Não!

Para Rodrigo Pacheco, o candidato a capacho e líder do valhacouto (=esconderijo ou abrigo) dos venais fiéis das verbas do Orçamento Secreto,  as cenas “repugnantes, chocantes, expressão pura .... do momento de muito ódio, de muita intolerância” devem merecer especial atenção dos pré-candidatos que têm quase 80% das intenções de voto.

Para ele, ambos os candidatos têm responsabilidade muito grande na fala, na forma de conduzir as campanhas, sem ficar jogando a culpa um para os outros.

Ambos devem repudiar qualquer ato de violência.

***

E chegamos na midia, que acordou para a polarização que o país está vivendo e que deve ser mantida sob controle.

Polarização. Do dicionário, concentração em extremos opostos.

Do que se depreende, dois bandos de pessoas armadas, tresloucadas, prontas para darem início a um conflito de dimensões jamais imaginadas, recheadas de sangue inimigo, transformado em troféu de guera.

***

Mas, o terrorista que ocupa a presidência do país alega que nada tem a ver com o a escalada de violência que estudos do Observatório da Violência Política e Eleitoral (vide Folha de São Paulo de hoje, p. A7), indicam ser maior nessa primeira metade do ano que os dados do último pleito.

Com o alerta de que o pior ainda pode estar por vir.

***

A bem da verdade, é importante recordar neste pitaco que, em nome de Jesus, o filho de Deus feito homem, e  maior representação do Amor e da compaixão e solidariedade, também a Igreja por ele erguida foi responsável por assassinatos e mortes cometidos em Seu nome. Para difundir sua mensagem de Paz na terra entre os homens de boa vontade.

Não há como esquecer que a Igreja é formada por homens, pecadores,  que a morte do Filho de Deus buscava redimir.

***

E se os seguidores do Cristo foram capazes de cometerem tantos atos contrários a suas lições, em seu nome, o que esperar de quem por mera figura de linguagem, teria dito que 30 mil teriam que ter morrido na ditadura militar de 64 a 85; que teria que levar os petistas e outros esquerdistas para a ponta da praia; ou teria que fuzilar petistas.

Para quem já ouviu o áudio do julgamento do Tribunal Militar que o considerou indigno de permanecer nas fileiras do Exército, é risível que o terrorista venha falar em sentido figurado. Um homem com vocabulário de menos de 500 vocábulos e incapaz de iniciar frases com maiúsculas.

Um homem para quem os livros e as bibliotecas são mais mortais que armas e clubes de tiro.

***

Minha indignação só não é maior com o crime de ódio e intolerância política, em razão de estarmos vivendo momentos sombrios em todos os campos de nossa vida social.

Onde os temerários guardas da esquina arvoram-se no direito de excluírem qualquer ilicitude de seus atos covardes, como a agressão de dois guardas municipais em Belo Horizonte a um motoqueiro, o advogado que viu e filmou a ação e sua namorada.

Onde balas perdidas sempre acham o corpo de um jovem negro de periferia, ou meninas de 4 anos de idade, disparadas tais balas sempre pelas forças policiais em constante conflito com as milícias ou as gangues do tráfico.

Onde membros da prestigiosa Polícia Rodoviária Federal reeditam câmaras de tortura e de gás eternizadas pelo Holocausto.

***

Onde médicos se dão ao direito de abusarem sexualmente de clientes indefesas, apenas para darem vazão a suas taras. Juízes se dão ao direito de não cumprirem sua missão de serem os responsáveis pelo cumprimento das leis.

Onde um criminoso, sob as vestes de um juiz, comete atos contrários à legislação apenas para punir desafetos portadores de opiniões políticas, ou convicções religiosas divergentes.

Onde militares são os primeiros a desrespeitarem a farda que usam, optando por se sobressaírem pela postura exclusiva de guardiões do monopólio da violência institucionalizada.

Sempre em detrimento da segurança que juraram defender, e dos interesses do povo que os sustenta.

***

De fato, o sociopata terrorista do desgoverno pode lavar as mãos em relação aos casos de violência insuflados por seu discurso de ódio.

Na verdade, talvez ele não seja mesmo o responsável por toda essa situação de mortes e ódio. Talvez isso seja imputar-lhe uma responsabilidade maior que a que lhe compete: como porta voz ou o idiota que dá rosto à manifestação de uma escória que insiste em resistir nas sombras do poder.

***

Termino com um poema expressão de toda minha indignação:

Não tenho lugar de fala

meu lugar é o que cala

dorme quieto, no fundo da garganta

rouca de tanto querer gritar.

                        Contra o peso dos grilhões e da chibata

da labuta que escraviza e que mata

extrai de mim o humano e me transforma

neste desejo de luta por liberdade e igualdade.

Meu lugar cala no peito

de quem,  sem medo de errar

deseja amar, seja como for ou do jeito que der

por saber que errado é não amar.

Cala no peito a injustiça cega

que omite a metade em mim, do que sou

um X apenas, metade da herança que domina a raça

humana  desde a maternidade

e que por ter a força de verdade

me cala em seu colo

lugar em que descanso em liberdade

colo onde me calo e me situo

enfim, alguém, inteiramente à vontade.

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Dívida pública, cenário econômico e PEC da Corrupção (ou kamikaze?) e os vínculos com o maior mensalão da República, o orçamento secreto

Em Dívida – Os primeiros 5.000 anos, David Graeber argumentava contrariamente à necessidade de pagamento de dívidas, em especial as dívidas acumuladas pelos países da periferia do mundo, menos desenvolvidos, junto aos países centrais.

Em seu raciocínio, estas dívidas já teriam sido pagas em valores múltiplos ao empréstimo inicial, por força do pagamento de juros acumulados aplicados.

Além disso, argumentava que a constituição destas dívidas, sob a alegação de gastos realizados com obras de infraestrutura, por exemplo, incorporava um mecanismo perverso de exploração dos mais pobres pelos mais ricos.

Tentando ser sintético em assunto de tamanha complexidade, países ‘colonizadores’, mais desenvolvidos, tributavam as populações nativas, sob a justificativa de organizar um aparato que permitisse organizar as sociedades, suas relações sociais e econômicas.

Com o dinheiro arrecadado dos tributos, financiavam os gastos necessários ao desenvolvimento da produção e de sua comercialização, em geral atividades sob a gestão de cidadãos dos países ricos em atividades que exploravam os recursos e conhecimentos dos povos conquistados.

Estes recursos que facilitavam o trabalho de exploração e expropriação dos povos nativos, é que iriam constituir a dívida sobre a qual  os juros seriam capitalizados.

Dessa forma, os ganhos e lucros ficavam com os estrangeiros investidores, enquanto o ônus ficava com o país mais pobre.

Em resumo: a população do país pobre paga, coercitivamente, para que o estado mais desenvolvido use esses recursos em financiamentos destinados a aperfeiçoar o mecanismo de exploração e extração das riquezas naturais do país pobre. Ao final do processo, o país pobre ainda deve assumir a dívida formada em sua origem, com seus próprios recursos.

***

Interrompo aqui a extensa referência à análise de Graeber, antecipando desculpas por algum eventual engano em meu entendimento.

No entanto, gostaria de utilizar de um raciocínio análogo para tratar do tema desse pitaco: a aprovação da PEC que vem sendo chamada PEC do Desespero, ou PEC Kamikase nos meios mais ligados ao mercado financeiro.

Para mim, nem uma coisa nem outra. Prefiro chamá-la PEC da Corrupção ou do Golpe.

***

Explico: kamikase em razão do temor, justificado, de tratar-se de uma medida de fundo apenas eleitoreiro, populista, atrasada em relação a seu alegado motivo (o aumento da fome no país) e que ampliando gastos públicos, rompe as regras todas da boa governança das contas públicas. Ou seja: para tentar alavancar a intenção de votos no candidato à reeleição, o governo rompe todas as regras da prudência defendidas pelo mercado financeiro.

Com o controle das contas públicas sob risco, os mercados avaliam que o governo não terá alternativa a ampliar seu grau de endividamento, razão por quê, taxas de juros e dólar sobem. Os mercados tornam-se mais avessos ao risco, mais conservadores, em situações de incerteza.  ***

Ocorre que o pacote de gastos ou ‘bondades’ de curto prazo que a PEC promove (que poderão ser triturados e reduzidos a pó pela elevação da inflação que ele pode alimentar) é, em grande medida, bancado pela arrecadação de tributos, desviados de seus objetivos iniciais.

O que significa que parte da população (os miseráveis) está sendo beneficiada  com recursos extraídos de parte dessa mesma população (classe média? Mais ricos?).

E o governo ao conceder aumento de vale gás, às famílias mais carentes; vale diesel de 1000 reais aos caminhoneiros; ampliação do antigo Bolsa Família, hoje Auxílio Brasil, para um valor de 600 reais já cobrado pela oposição há mais de um ano, além de uma incorporação desordenada e sem controles das famílias a serem atingidas, acaba ‘VENDENDO’ a ideia de que, às portas da eleição, fez um tremendo esforço e um enorme favor para os mais necessitados.

***

Graeber destaca que dívida não é apenas aquele valor que pode ser submetido a cálculo, para sua liquidação. Neste ponto, dívida é mais moral. Pode ser uma dívida por um favor feito a alguém. Ou até dívida por algum evento inusual, atribuído a alguma divindade.

***

Então, a população poderá ser manipulada e convencida de que a dívida pública que está sendo criada pelo governo (e que é de toda a geração atual da sociedade!) é na verdade uma dívida para com o governo.

Os recursos da população, passados ao governo, são vendidos como um gasto que o governo está fazendo por meio de aumento de seu endividamento, para que essa população pague esta dívida mais à frente.

De preferência: pague em votos, em quantidade suficiente para sufragar o governante bonzinho.

***

O governante, seus aliados na montagem do negócio ilegal, contam com esse sentimento de gratidão dos mais miseráveis. E tramam a aprovação de um absurdo juridico, fora de hora – o Estado de Emergência – para corromperem uma ampla parcela da população.

***

PEC ou Proposta de Emenda à Constituição, que deve ser aprovada a toque de caixa na Câmara mais venal de que se tem notícia na história política do país, para que seja decretado o Estado de Emergência.

A necessidade dessa medida é que, sem ela, o governo estaria cometendo crime de responsabilidade, aprovando pacote de benefícios sociais em ano de eleições, o que é proibido pela Constituição e nossa legislação eleitoral.

Não houvesse esta proibição, qualquer governante, por mais inepto ou inescrupuloso que fosse, miliciano ou não, genocida ou não, passaria todo seu mandato sem fazer nada exceto turismo interno, e no momento final, despejaria sacos de dinheiro comprando os votos da população.

***

Uma PEC necessita de ao menos 2/3  mais 1 de votos em ambas as Casas legislativas. Exige votação qualificada, e em dois turnos.

A presente PEC provoca um problema de consciência grave, junto aos opositores: durante mais de ano, eles acusavam a inação do  governo, denunciando a falta de ações capazes de mitigarem o sofrimento dos mais necessitados.

Agora, quando o governo age de forma capciosa, eles irão contra tudo o que pregaram e defenderam?

***

A oposição está refém. De um governo que age com sadismo, frente a grande parte dos que jurou defender.

Daí, PEC da Corrupção. Dai PEC que desmonta o aparato jurídico institucional, e muda a Lei Maior de um país, num golpe, sem qualquer discussão ou estudo de suas consequências.

Desta PEC, para outra que instaure o fim do regime democrático de Direito, resta pouco chão a ser trilhado.

***

Mas, o governo responsável pela morte de 680 mil brasileiros na pandemia; pelo atraso de vacinas; pela agressão constante ao meio ambiente, de porteira distraidamente arreganhada; de queimadas incentivadas para a expansão do agronegócio troglodita, o desmatamento, a mineração devastadora; de falta de fiscalização de regiões destinadas ao crescimento de zonas de contrabando de flora, fauna, espaço de ampliação da atuação do narcotráfico; pelo armamento de todo tipo de criminoso, travestido de CACs (caçadores, frequentadores de clubes de tiros); pela morte de nossos ambientalistas, e povos nativos, ou qualquer um que se preocupe em resguardar matas, florestas, clima, riquezas naturais; esse governo é também o maior responsável pela velocidade inédita do avanço da corrupção em nosso país.

***

Não bastasse tirar o país da 6ª posição entre as maiores economias do mundo; nos colocar na 13ª posição na maior parte deste desgoverno; de apenas agora retornar ao 10º lugar no ranking; não bastasse trazer a inflação (saudosa?!) dos anos da ditadura militar de volta; ou não conseguir debelar o problema do desemprego, só abaixo de 10% em razão do aumento de pessoas desalentadas ou em ocupações por conta própria, ou seja, cada vez mais precarizados. Não bastasse a renda média estar em queda, a pobreza aumentando e a concentração de renda ficar cada vez mais dramática.

ESTAMOS ASSISTINDO À EVOLUÇÃO DO MAIOR MENSALÃO da história, agora disfarçado de Orçamento Secreto, ou verbas do relator.

***

 De quebra, o MEC tornou-se um antro ‘evangélico’ (?) de tramoias e trapaças de toda espécie: desde a compra de equipamentos de computação - à proporção de mais de 300 máquinas por aluno -, até a compra de kits de robótica para escolas sem água, em localidades, sem acesso regular à internet. Ou a negociação de obras junto à distribuição de bíblias gratuitas; tudo por apenas algumas barras de ouro...

***

Conseguimos a proeza de piorarmos em todos os quesitos que integram o mínimo necessário para o julgamento e classificação de uma sociedade que se deseja ética, moral, culturalmente desenvolvida; avançada e em condições de promover e incorporar novas e mais avançadas tecnologias, com respeito às diversidades e ao respeito à dignidade humana. Mais solidária e justa.

***

É contra o desatino e desconstrução promovidas pelos milicianos e suas famílias no poder do país, que temos de reagir.

Aceitando as esmolas com duração até o final do ano, dos benefícios com prazo para terminarem, porque delas depende a sobrevivência de muitos.

Mas sem abaixar a cabeça, derrotados pelo tratamento dispensado por nossos governantes, que insistem em tratar o povo como meras mercadorias.

É isso.