segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Pitacos de pós Natal

Pois é. O Menino chegou, exatamente no dia 25, como previsto. Sinal de que a medicina continua tendo uma média de acertos em suas previsões bem superior àquela apresentada pela meteorologia.
Mas, sufocado pela pilha de compras e presentes que fazem a alegria dos empresários, e o barulho de fogos à noite, nem foi possível ouvir com nitidez o primeiro choro do recém-nascido.
Cuja vinda não passou despercebida por muito pouco.
E olhe que, pelos levantamentos que estão realizando, foi o Natal mais frustrante para os comerciantes, que venderam bem menos do que o que esperavam. Pelo que dizem, o pior Natal dos últimos 11 anos.
Sinal de que o brasileiro está ficando mais controlado, mais racional, mais contido nos gastos ou de que já havia gastado todo seu dinheiro em Miami, ou nas compras em outras cidades no exterior, cujo volume permitiu que o ano que vai se encerrando quebrasse todos os recordes de gastos com viagens internacionais? Reforçando ainda mais o nosso déficit em conta na balança de serviços e, como consequência na própria conta de transações correntes?
Números robustos, que impressionam, como apresentado na edição de ontem da Folha, na coluna de Eliane Catanhêde, para quem os brasileiros, nós, já gastamos mais de 20 bilhões de dólares no exterior esse ano.
Situação que levou a presidenta Dilma a adotar mais uma medida na tentativa de contenção desses gastos, representada pelo aumento do Imposto sobre Operações Financeiras, o IOF, atingindo as compras com a utilização de cartão de débito em moeda estrangeira.
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Eliane, a colunista da Folha reclama. Para ela a ação do governo, mais uma vez, erra o alvo, procurando corrigir o efeito, no lugar da causa. Embora reconheça que as compras no exterior movimentam o comércio e geram empregos nos países alheios, o que rouba empregos e não favorece o crescimento de nossa indústria e, daí, da nossa própria economia, alega que a causa real do problema é o elevado nível interno dos preços. Argumenta que os produtos brasileiros estão com preços mais elevados que os concorrentes estrangeiros, mesmo em feiras populares. Quanto aos importados, custam em nosso país, o triplo do que custam lá fora.
Para ela, é sobre os preços abusivos que o governo deveria agir e não adotar uma medida que, à primeira vista, apenas serve para encarecer o produto de fora, dificultando sua entrada em nosso país, e reduzindo a concorrência de mercado.
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Refiro-me à edição do último domingo do ano da Folha, por ser exatamente nesse mesmo exemplar que, no caderno Mercado, p. A17, tem uma excelente entrevista com o sempre lúcido Prof. Luiz Gonzaga Belluzzo, para quem o grande problema da economia brasileira não se encontra no abandono dos chamados fundamentos da economia, consubstanciados no tripé do câmbio flutuante, sistema de metas de inflação e manutenção da política de austeridade fiscal.
Para ele, esse modelo, nada mais é que uma maneira de enquadrar ou organizar as expectativas, não podendo ser tratado como vem sendo considerado, de maneira mecânica, quase como uma convicção de fé.
Para o professor, o grande problema de Dilma encontra-se na questão do câmbio, na política cambial que, apesar dos custos, especialmente aqueles relativos à inflação, está completamente fora de lugar, sendo necessário que sua defasagem atual, pela casa dos 30% fosse corrigida.
Ora, talvez isso explique o problema que Eliane reclama. E explica muito da questão da queda da importância da indústria brasileira na geração da produção e no baixo crescimento experimentado pelo país.
O fato é que, como também nós já tivemos a oportunidade já pudemos comentar e postar há muito, certamente sem o brilho e a capacidade de argumentação do professor da Unicamp, o nosso desequilíbrio cambial, representado pela valorização estúpida do real é que justifica o fato de nossa produção estar mais cara, hoje, que no exterior.
Ora, como também são racionais, os industriais brasileiros perceberam tanto quanto os demais consumidores que comprar lá fora é mais barato e, portanto, passaram a substituir por produtos fornecidos no exterior, as peças, partes, componentes utilizados como insumos em suas produções.
A elevada taxa de juros, durante muitos anos praticada em nosso país, sob a desculpa de controle da inflação foi a responsável pela atração de vultosos montantes de capital externo para nosso país, elevando o valor de nossa moeda, de forma artificial.
E barateando toda a compra feita lá no exterior, em dólares enfraquecido.
A decisão de comprar lá fora, que Belluzzo alega ter transformado nossos industriais em meros comerciantes importadores, corretamente, é compreensível do ponto de vista microeconômico.
Mas, o influxo de capitais só atingia os volumes a que nos acostumamos, por falta de outros lugares que apresentassem a mesma lucratividade, capaz de se equiparar à rentabilidade desses capitais aplicados no Brasil. E a maior parte de tais capitais nem se destinou, necessariamente, a investimentos produtivos, senão que ao mercado financeiro.
E, agora, com a melhoria das economias mais avançadas, como a americana, e o fim da política de dinheiro fácil nos mercados, a rentabilidade desses países deve se elevar. O que faz ressurgir países e mercados financeiros e títulos em condições de concorrerem com nossa economia, pela atração desses capitais.
No nosso caso, possibilitando uma saída, não uma fuga, de capitais. O que encarece o dólar e os preços internos.
Então, Eliane está correta, em parte. Mas o processo de elevação dos juros e desvalorização do dólar, que vivemos desde o Plano Real até o final do governo Lula é o verdadeiro responsável pela situação. Contra a qual Dilma pode fazer muito pouco.
Enfrentando além disso o que o prof. Belluzzo menciona como a queda de braço da desenvolvimentista Dilma e o mercado financeiro.
E que, infelizmente, explica nosso baixo nível de crescimento do PIB e o fato de que Dilma recuou para compor com o mercado financeiro, que é mais forte, no mundo inteiro que qualquer governo.
***
Mas, o Natal não é apenas compras e passeando pelos shoppings e pelas feiras de rua e até no mercado central, a queixa da maior parte das pessoas era a mesma: o Natal mudou. Não só pelo menor volume de vendas, mas até mesmo pelo ambiente. Pela falta de um espírito de Natal, que antes ainda aparecia e que, dessa vez, parece ter ficado de lado. Esquecido.
Ao menos essa foi a queixa que ouvi de um senhor em uma banca do mercado. Até as pessoas estão diferentes. Menos alegres, menos esperançosas. Menos felizes, talvez.
Menos natalinas.
O que é uma pena. E marca 2013, tanto quanto o campeonato do Galo na Libertadores, ou a eleição do Papa Francisco, para mim, disparado o maior evento do ano. Pelo que a figura de Francisco representa. Seja lá o que isso significa para cada um.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A análise fria e já atrasada do Galo no Marrocos

O desejo de dar um tempo e refletir melhor sobre o que foi a campanha do Galo no Marrocos é que explica a ausência de qualquer comentário desde a última postagem, feita pouco antes do jogo de quarta feira, contra o time do Raja.
Afinal, mesmo tendo feito aqui comentários distintos daqueles feitos pela maioria dos comentaristas e jornalistas ou torcedores, que acreditavam que seria um jogo tranquilo para o Atlético; mesmo tendo sempre registrado nesse blog o meu receio em relação ao que seria o jogo, em especial porque o time do Marrocos mostrou ser um time bem armado, com atacantes velozes e rápidos, ainda assim, ao final da partida nem mesmo eu conseguia entender ou explicar a ponto de tentar escrever, sobre o que eu havia visto em campo.
Por isso, a decisão de dar um tempo. Esperar a próxima partida. Esperar que a poeira baixasse e que a cabeça desinchasse.
Para não repetir o que eu vi, e achei ridículo, de comentários que culpavam apenas uma pessoa pela derrota, como no caso do programa conduzido pelo Kajuru, no canal 9 da Net.
Sem saber as razões, sem querer saber porque, apenas registro que o controverso repórter atribuiu a Cuca toda a responsabilidade e toda a falha pelo que aconteceu em campo, o que mais que um absurdo, é um disparate.
Afinal, da mesma forma que não consigo entender a valorização que nossa imprensa esportiva faz da figura e do papel do técnico, endeusando os Luxemburros, os Felipões, os Tites da vida,  já que nenhum desses homens entra em campo ou joga e se esforça, também não poderia concordar com essa postura do Kajuru, responsabilizando o técnico, que ficou fora de campo, da derrota.
***
Mas, para começar meus comentários, apenas para registro, gostaria que alguém me explicasse porque o Atlético veio para o jogo, tanto na primeira partida contra o Raja, a do vexame, quanto na segunda contra o time chinês, outro jogo muito ruim, portando o seu segundo uniforme, o todo branco ou com predomínio do branco, lembrando uma noiva.
Porque o GALO não entrou com seu uniforme tradicional, o que invoca a raça atleticana, o da camisa preta e branca que, quando pendurada no varal em noite de tempestade leva o atleticano a torcer contra o vento?
Posso estar falando uma bobagem, mas ao ver o time aparecer no túnel de entrada em campo com aquele uniforme, uma impressão muito ruim se apossou de mim, e o que poderia ser definido como se fosse uma intuição acompanhou-me durante todo o jogo.
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É importante que eu registre que, do que lembro e posso estar enganado, as últimas partidas que o Atlético jogou com aquele uniforme o time acabou derrotado, como por exemplo, a partida contra a Ponte Preta no segundo turno da competição. Uma semana depois de aplicar uma goleada impiedosa na própria Ponte, no Independência.
Jogando fora, sem o uniforme tradicional, o Atlético jogou algumas partidas do campeonato tão mal, já na reta final dos preparativos para o Mundial que eu cheguei a pensar se não estaríamos nos preparando para um vexame.
Está certo que não havia a presença de Ronaldinho, mas o time como um todo mostrava uma defesa muito mal postada, um meio campo sem qualquer criatividade ou capacidade sequer de destruição e um ataque tão bisonho que Alecsandro, invariavelmente entrando no final dos jogos, amargando o banco chegou a terminar a competição como nosso artilheiro, ou um dos dois artilheiros.
***
Antes de qualquer coisa, então, acho que qualquer análise séria do futebol praticado pelo Atlético deveria começar pelo uniforme. O time não jogou com a mística. E daí nem dá para falar que não honraram a gloriosa camisa do Galão. Ao menos porque a camisa não entrou em campo no Marrocos.
Em segundo lugar, acredito que devo fazer referência a outro assunto: o técnico Cuca.
A princípio para dizer que tenho muitas dúvidas e chego a questionar se Cuca tem essa capacidade toda que lhe atribuem de armar um time. E isso, falado nesse momento, pode parecer  uma crítica  injusta, mas meu raciocínio, já deixado gravado aqui em outras ocasiões (e passível de ser até pesquisado e confirmado) sempre foi nessa direção.
Afinal, Cuca montou um time espetacular no primeiro turno do Campeonato Brasileiro de 2012, encantando a todos apreciadores de um bom futebol e assumindo a liderança daquela disputa, com uma campanha irrepreensível.
Naquele time de Danilinho e Bernard como ponteiros que voltavam para ajudar a fechar o meio-campo, dando apoio aos laterais, com trocas de passes velozes e triangulações que contavam muito com a visão e inteligência de Ronaldinho Gaúcho, e o pulmão de Danilinho e Bernard, além de um feliz Jô, fazendo o papel de pivô, o futebol fluía e encantava. E dava força ao que a imprensa especializada atribuiu ao fato de Cuca ter o time nas mãos.
***
No entanto, no segundo turno, lá pelo mês de setembro ou outubro, o time do Galo teria que jogar coisa de 8 ou 9 partidas, jogando no meio de semana e nos finais de semana, o que era um sacrifício inegável. Lembro-me de Cuca, em entrevista, afirmando que começava ali o período pior para o Atlético.
E começava ali o período em que o Galo completou várias partidas sem vencer, deixando os seus adversários o alcançarem e, no caso do Fluminense e Grêmio, até ultrapassá-lo.
Posso estar errado em minha avaliação, mas ao dar uma declaração que representa um sinal de fraqueza, creio que o moral do grupo de atletas ficará abalado. Afinal, o comandante do grupo é o primeiro a admitir que o resultado de derrota não é tão fora de propósito. E com isso, em minha opinião, a queda do futebol apresentado e até da disposição e da fibra que forja o time campeão é, senão obrigatório e normal, ao menos algo plausível.
Mas, mais importante que a declaração infeliz de Cuca, foi que o time perdeu Danilinho, por indisciplina, ou qualquer outro motivo, mas ao perder o jogador, Cuca não conseguiu mais armar o time.
Comentei aqui, algumas vezes, que Cuca parecia estar encarcerado naquele esquema, feito à feição de Danilinho e não conseguia mudar o posicionamento do time, levando em consideração as características do jogador novo, que completava o time.
Ou seja: se soube montar o time, não conseguiu fazer a correção em pleno vôo, necessária quando seu esquema foi desmontado.
E, por isso, tanto quanto a CBFlu, deixamos de ser campeões naquela oportunidade.
***
Para o lugar deixado vago por Danilinho, e não ocupado por Escobar, pelo cai-cai Berola, etc, o Galo trouxe Tardelli e o time ficou mais forte.
E, com a chegada de Tardelli, mais uma vez Cuca conseguiu armar um time veloz, criativo, com Jô utilizando seu tamanho na área para amortecer a bola chutada lá da defesa, para o aproveitamento de jogadores rápidos, leves, como Bernard e Diego Tardelli.
Até mesmo a chegada de Donizete começou a ser notada, o que fez crescer o volume de jogo do Galo, campeão mineiro, e depois reconhecido como o time mais espetacular da primeira fase da disputa da Libertadores.
Com uma campanha tão notável, que com direito a aplicar goleadas no time argentino do Arsenal, lá dentro da Argentina, ou goleada no São Paulo, capaz de calar, inclusive, a boca de idiotas travestidos de comentaristas como o tal Paulo Morsa, e sua análise de futebol do time, não com base no que ele via e até reconhecia, mas baseado no comportamento passado de alguns atletas do grupo.
Pois, o cavalo paraguaio de Morsa foi o campeão da Libertadores. Por obra e graça de São Victor e da força da fé da torcida, já que findo o período da primeira fase, após a interrupção provocada pela disputa da Copa das Confederações, o Galo passou a jogar de outra forma, um outro futebol, mais feio. De pior qualidade.
***
Só não viu quem não quis que o Galo parou de marcar a saída de bola no campo do adversário. Que os times aprenderam a neutralizar Ronaldinho Gaúcho e o jogo baseado na bola alçada em Jô. Que, parece que cansado, o time começou a marcar no seu campo, sem opção de jogadas exceto a bola recuada para Victor ou Réver, de onde saía o chutão que Jô até conseguia amortecer, mas aí, já com o time contrário todo recuado e marcando a R10 ou a Bernard.
Tardelli começou a dar demonstrações de cansaço. E o meio campo do Galo sofreu com a contusão de Donizete, enquanto a defesa, até então esbanjando segurança, completamente insegura.
Réver, depois do campeonato mineiro não voltou mais a ser o mesmo. O que pode ser comprovado por um fato tão simples quanto o fato de que ele, maior beque artilheiro do Atlético, não voltou mais a fazer qualquer gol pelo Galo.
Nessa hora, mais uma vez, Cuca não conseguiu perceber e se percebeu, não conseguiu montar uma alternativa ao esquema que, mais uma vez o aprisionou.
E assim, o Galo foi campeão da Libertadores, mais com fé e a força da torcida e seu Eu Acredito. E a pressão exercida no Horto, onde quem caía acabava morto...
***
Mas o time já não jogava como antes, e a perda de Bernard, vendido, só reprisou a mesma situação de Danilinho, de um ano antes.
Cuca não conseguiu reestruturar o time e, como quem se agarra e eterniza aquilo que deu resultado positivo, em dado momento, continuou com o mesmo padrão tático, mesmo com jogadores novos e distintos no time.
Isso, mesmo considerando que Fernandinho entrou no time e, em minha opinião, dava maior consistência ao futebol de nosso time que o franzino, embora craque, Bernard.
Mais parrudo, Fernandinho era menos frágil e o ataque mais pesado, mas não menos veloz. E Fernandinho é exímio driblador.
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Para não ser injusto, temos de reconhecer que R10 se contundiu e que o time perdeu seu maestro.
Mas, mesmo nessa situação, sem seu melhor jogador, o time de Cuca continuava jogando da mesma forma de antes, quando R10 estava em atividade.
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De Cuca, apenas para esgotar a análise, apenas mais algumas opiniões, todas a respeito de sua postura e suas declarações. Coincidentemente ou curiosamente, todas na mesma direção: DESESTABILIZADORAS.
A primeira, já campeão da América, ao dizer que não iria dar atenção ao Campeonato Brasileiro, preferindo privilegiar a Copa do Brasil, título e troféu ainda não conquistado pelo Galo.
Ora, um técnico que dá um declaração dessas, mais uma vez, está dando a senha para seus jogadores. E a senha revela que não é necessário correr e se sacrificar para vencer uma competição. Antes mesmo de qualquer resultado, esforcem-se ou não, todos os jogadores já estarão "absolvidos". Nesse caso, esforçar-se e correr atrás da bola, para que?
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É por isso, que admiro Marcos Rocha, atleticano, que continuou, apesar disso, querendo correr, disputar os jogos, chamar para si a responsabilidade de tentar sair para o jogo. De vencer.
Embora com limitações que ele tem, claras, principalmente no quesito capacidade de marcação.
Por seu comportamento, Cuca reconhecendo sua disposição e esforço, atribuiu a ele a responsabilidade, várias vezes de ser o jogador que sairia para armar a jogada,  com a bola no pé e no chão.
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Derrotado na Copa do Brasil e eliminado, Cuca então deu outra declaração, parece que mostrando arrependimento, valorizando a disputa do campeonato brasileiro, já naquela altura com o time do Cruzeiro disparado lá na frente.
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No Marrocos, Cuca mais uma vez não conseguiu ver o que era necessário mudar no time para sair do sufoco do time marroquino.
Vendo o jogo pela Fox, foi boquiaberto que vi o locutor, aos 15 minutos do primeiro tempo, afirmar que o time da casa tinha mais de 70% de posse de bola.
Situação que veio, aos poucos, sendo modificada no decorrer da partida, embora o time africano terminou o jogo com mais posse de bola.
E olhe que, no final, a pressão toda era do Galo, já que inteligentemente o time adversário se encolheu e jogou em contra-ataques.
E o Galo continuou jogando mal mesmo depois de Ronaldinho cobrar a falta com a qualidade de sempre, e conseguir empatar o jogo, o que era uma injustiça para com o time marroquino.
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OK, o pênalte da nossa derrota não houve, em minha opinião e favorecido pelo erro crasso da arbitragem (que Simon na Fox dizia estar sendo uma arbitragem caseira!) o Raja passou a frente. Merecidamente, mas com gol que decorreu de erro.
Daí para a frente, não há o que fazer, exceto partir como o Galo partiu para a frente no desespero. Pronto para levar, como o fez, outro gol.
O placar de 3 a 1, embora tenha feito justiça, já que a vitória coube ao time que fez por merecer e jogou melhor, foi elástico demais, e talvez não acontecesse, caso o juiz não tivesse cometido o erro que cometeu.
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Quanto a Cuca, apenas tentou mexer mal, em minha opinião, trocando o jogador que mais tentava ir à frente, com alguma qualidade, que era Marcos Rocha, por Luan.
Vá lá que Luan entrasse. Talvez no lugar de um Tardelli irreconhecível e parado em campo. De um Fernandinho batalhador, mas sem qualquer inspiração. De um Jô que até tentou no início, para parar depois. De um R10 que só não esteve apagado, porque bateu uma falta com perfeição e, depois foi quem mais marcou o jogo, protagonizando o lance mais curioso e inusitado. Embora depois de a partida já ter sido encerrada.
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Marcos Rocha, indignado com sua substituição, errou ao sair como saiu, queimando sua imagem, junto à torcida do Galo, que já não o aceita muito e junto ao mundo inteiro.
Réver e Leo Silva, pesadões, lentos e sonolentos, foram muito ruins. Réver, sem acertar qualquer jogada. Léo Silva, ao menos ainda tentando.
Já Lucas Cândido, só Cuca não viu que estava completamente fora de si. E, incapaz de qualquer coisa útil, já deveria ter sido substituído antes. Ou melhor, nem deveria ter entrado. Muito inseguro, claramente inexperiente. Fraco e comprometendo, inclusive, o trabalho de Pierre, Josué ou quem estivesse ali, no meio, como Donizete.
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E, o pior: contra o time chinês, repetiram-se os mesmos problemas, sem que Cuca tivesse capacidade de alterar qualquer coisa, tomar qualquer atitude.
Outra vez, não fosse Marcos Rocha, muito bem na frente, apoiando com disposição e muito mal na defesa, marcando deixando espaços e falhando em algumas saídas de bola, o time não teria obtido o primeiro gol. Nem tomado o primeiro gol, também.
Se não fosse a presença insegura e ruim, muito fraca de Lucas Cândido, o time não teria sofrido a virada.
Se não fosse a fragilidade de Réver, na defesa, ou o meio campo inoperante e um ataque sem qualquer vibração, o jogo teria outro resultado.
O Galo foi terceiro colocado. O que não é um resultado ruim.
O gol vitorioso foi conquistado por jogada de Luan, que Cuca colocou em campo, numa substituição acertada. Com passe magistral de Tardelli, que já havia feito o primeiro tento.
Mais uma vez houve um gol em cobrança magistral de falta de R10. Que só fez isso, na partida inteira.
Além de ser expulso, merecidamente pelo revide e injustamente pela agressão sofrida no lance.
***
Agora, independente de qualquer coisa, Cuca reunir o grupo e dizer que estava saindo antes do início do torneio é apenas mais uma das trágicas conversas e falas de Cuca. Que não acho que foi mau-caráter. Mas que não tem qualquer noção de timing para abrir a boca.
Que vá ser feliz na China, já que merece ter êxito.
***
E que o Galo possa ser feliz, com as bênçãos de Deus. Porque só assim, acho que teremos jeito de sorrir em 2014. Com Autuori.
Sinal de que Deus terá mesmo de trabalhar muito. E o atleticano ter muita fé.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Eu acredito

É hoje. Hoje tem início mais uma saga atleticana, desta vez no Marrocos.
E, para não simplificar as coisas, já que com o Galo tudo tem de ser conquistado com mais luta e disposição, contra o time da casa. Que não é nenhum bicho papão, claro, mas que, como todo mundo reconhece, sempre cresce quando está jogando com a torcida a seu favor.
E, como já comentei antes, esse time do Marrocos não é um time ruim ou bobo. Tudo bem que não tem uma defesa confiável, o que mostrou no primeiro jogo, quando os beques bateram cabeça e deram o gol para o adversário.
Mas, o ataque é rápido, leve, ligeiro. Sabem sair jogando e, pelo que me lembro de ter visto, sabem fazer inversões de jogada, o que é sempre perigoso.
Pois é esse time embalado pela torcida, por estar jogando em casa, por ter ganho e desclassificado dois adversários, um dos quais tido como favorito ao início da competição, que o Galo enfrenta essa tarde.
Para, em vencendo, disputar a final no próximo dia 21, sábado, contra o time do Bayern, o grande vencedor de tudo que disputou neste ano de 2013, e que ontem, sem qualquer dificuldade venceu o time chinês, de Conca e Muriqui.
***
Agora, é esperar e torcer. E manter o mantra invocado por ocasião da Libertadores: Eu Acredito! Eu acredito!


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

CBF, STJD e Fluminense não rimam com vergonha. E o Estatuto do Torcedor poderia ser alegado em defesa do legalismo. Ou não?

Não houve qualquer surpresa. Deu o lógico: o Fluminense, mais uma vez, ganhou no Tapetão.
Ou poder-se-ia dizer que deu a lógica. Venceu o legalismo, mesmo que injusto, ou ilegítimo. Ou amoral.
Mas, como diriam aqueles que, desde sempre, adotaram a famigerada lei do Vila Rica, de que o que importa é levar vantagem em tudo, "dura lex, sed lex".
No cabelo só Gumex, completava a propaganda do cabelo comportado, cortado escovinha ou Príncipe Danilo, tão arcaico quanto o veredito do STJD.
E agora vem a imprensa carioca, e até alguns membros da imprensa paulista alegar que a decisão não pode criar um ambiente ou gerar uma situação que signifique algum tipo de represália ao time do presidente eterno da CBF e da FIFA, ou do representante mor dos interesses que aquela capitania representa, João Havelange.
Afinal de contas, o time das Laranjeiras, tão somente defendia, e com a competência de sempre seus direitos.
E como combater ou criticar alguém que esteja defendendo seus direitos?
Ainda mais no futebol, onde os direitos das agremiações, e de outros participantes e atores não podem ser discutidos na Justiça Comum, que em qualquer lugar que zela pelo Direito seria a última e derradeira instância de defesa do que agora os cínicos tricolores argumentam.
E, nem foi o tal Fluminense que correu atrás dos direitos alegados. Foi o procurador geral do STJD que apresentou a denúncia e que tomou as dores que deveriam ser do Flu. Que entrou apenas como parte interessada, coitadinhos.
Porque ao que parece, nem defender seus direitos eles conseguem mais, tamanha a vergonha ou desfaçatez. E justo neste tribunal que, conforme dizia um antigo professor de Direito Penal da antiga Universidade Católica de Minas Gerais, hoje PUC-MG, criminalista famoso aqui em BH, era um tribunal (e uma justiça, por extensão) por esporte.
E que celeridade para julgar a favor da turma da elite, que o time das Laranjeiras tão bem encarna e representa, velocidade que não se vê por ser extremamente incomum, quando o que está em julgamento é algum direito ferido de algum pobre, ou preto, justo aqueles que o time proibia de entrar em seus domínios. De vestir sua camisa. A ponto de se celebrizar com o apelido de pó-de-arroz, única forma de tentar disfarçar a cor da pele de seus jogadores...
***
Pois bem, esse timezinho de segunda, que evita disputar o torneio que, há alguns anos atrás lhe valeu a queda para a 3a divisão, é que vem querer falar em fazer justiça. É que assume, agora a defesa do legalismo.
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E para que não persista qualquer dúvida, e antes de que venham criticar a minha opinião, seria bom que antes do julgamento, ao menos fosse aberta uma investigação séria.
Porque, afinal, ao que parece, a partir de algumas colunas que tenho lido, foi justo a CBF que recomendou o nome do advogado que representou a Portuguesa no julgamento. O mesmo advogado que pousou para foto tietando Fred, não por acaso, jogador do Flu.
E que agora a Portuguesa acusa de ter passado a informação errada, quanto à punição dada ao jogador da Lusa.
Mas não é só. Porque não é crível que, no meio de tanto desencontro de informações, o tal jogador impedido de jogar foi escalado entrar em campo apenas quando o jogo já estava definido e a Lusa com o direito conquistado de permanecer na divisão principal do futebol brasileiro.
Ora, um time que faltando apenas 10 minutos para encerramento do jogo de sua vida faz uma substituição dessas, colocando para jogar um jogador envolvido em tanta celeuma, deve querer explicações mais convincentes de todos os envolvidos na trapalhada, em especial sua comissão técnica, e sua diretoria de futebol.
É o mínimo que se exige: que seja feita uma investigação rigorosa do que estava por trás dos acontecimentos que parecem talhados para servir de argumento para salvar o Flu.
Do mesmo jeito que o jogador Gum, do Flu, solicitou ao juiz que não o expulsasse, depois de falta violenta e digna de cartão (no caso, amarelo, o que caracterizaria o segundo amarelo na mesma partida e, dessa forma, o vermelho!) para, logo em seguida, consagrar-se como o autor do gol que deu mais fôlego aos sonhos do Flu de escapar ao rebaixamento.
***
Nem vou comentar aqui, do caso do Cruzeiro, lembrado ontem em programa esportivo de BH, para mostrar que as decisões do STJD são para valer, pero no mucho, ao menos quando há interesses de senadores mineiros envolvidos no episódio, como ocorreu no caso da perda de um mando de campo do Cruzeiro. Justo na partida que, segundo a imprensa definiria o campeonato (o que não era verdade de forma alguma!), e que por  intervenção, e atendendo a pedidos de Aécio Neves e Perrela, o presidente da CBF, José Maria Marin, acabou determinando que seria disputada na casa do Cruzeiro.
Com a pena do STJD sendo atropelada e alterada, sob alegação das mais estaparfúdias.
O episódio serviu, ao menos, para mostrar o grau de seriedade desse suposto tribunal, que administra os interesses da CBFlu.
***
Bem, mas se a coisa é para se manter nos limites estreitos da lei, não haveria como algum torcedor entrar contra a decisão, justificando que não quer ver em campo, o que é seu direito, um time que não mereceu estar disputando o campeonato da divisão principal. Isso não equivaleria a vender gato por lebre?
Nesse caso, o Estatuto do Torcedor não poderia ser alegado para justificar que o campeonato não pode ser disputado por quem não obteve sua classificação dentro de campo. Sob pena de o que acontece dentro de campo não ter mais nenhuma importância e validade?
Seria interessante ver os donos de padaria de São Paulo, ou o maestro João Carlos Martins entrando na Justiça, reclamando que foram feitos de tolos e ludibriados quando se dirigiam ao campo, para assistir a algo que não seria respeitado.
Fora dessa hipótese, a solução seria aquela de colocar o Fluminense disputando um campeonato solitário, sem ter de jogar com qualquer outra agremiação. Para ao final, ser-lhe entregue o troféu conquistado por força e artimanhas da CBF.
Enquanto isso, os demais clubes disputavam um campeonato paralelo, apenas para manter um respeito mínimo pelo futebol e o que ele representa, como atividade esportiva que diz ser.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Natal de novo

Novamente o Natal
nada é novo,
tudo é igual
as compras, o mau humor
o trânsito
e o calor
as filas intermináveis
a vaga no estacionamento
Seja fora ou seja dentro
sempre congestionamento
As sacolas que incomodam
e a criançada cruel
fazendo a maior algazarra
na fila em que os pais guardam espaço
para a foto com Noel
E na farra do consumo
que alegra o lojista
nem a forma de pagar
já não é mais algo inédito
Ficou mais fácil o gasto
depois do cartão de crédito
Mas com alguma paciência
chegamos à conclusão
nada disso é assim tão mal
Já que é tempo de alegria
de presentes, de Natal
E quem sabe até, mais tarde
em meio a tanto presente
dentro de algum embrulho
haja a solidariedade
O amor
quem sabe a paz
e a verdadeira amizade


sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Propaganda do DEM, mais uma vez o Flu tem ajuda dos deuses e dos cartolas, e Marrocos!!!

Risível a propaganda ontem do Democratas, cumprindo o horário de propaganda eleitoral obrigatória.
Especialmente ao propor que sejam feitos mais investimentos em segurança, saúde e educação e, ao mesmo tempo, critiquem a elevação dos gastos públicos. Só não me lembro se criticaram também, em meio a toda contradição por eles apresentada, a elevação da carga tributária.
Porque só mesmo quem não está desejando apresentar uma proposta séria é que poderia apontar como responsabilidade do governo (e de quem mais???) a criação de empresas juniores nas faculdades e universidades, para que os alunos adquirissem experiência que permitisse a eles saírem dos cursos técnicos ou superiores, direto para o mercado de trabalho. Ou ainda a criação de incubadoras para estimular o espírito de empreendedorismo e inovação dos alunos.
Admito que a preocupação com a necessidade de se planejar a criação de programas que assegurem o primeiro emprego e a questão sempre debatida da cobrança de experiência por parte dos jovens que se dirigem pela primeira vez ao mercado de trabalho é válida.
Mas, apresentar exemplos de jovens reclamando que sem o primeiro emprego não criam experiência e sem experiência não obtêm o primeiro emprego é, na minha opinião, completamente risível. Ainda mais como se essa situação fosse culpa do governo de plantão a quem caberia, então, resolver esse problema antigo.
Parece mais coisa de quem não tem o que dizer.
O que,  para um partido que já foi um dia o PFL, só não é mais curioso que o combate à corrupção, expresso em cartazes apresentados.

***

Que é no mínimo curioso que um jogador reserva, suspenso por punição disciplinar, seja lançado em campo depois dos 30 minutos do segundo tempo, já quando o placar estava definido e que, exatamente por conta dessa participação o Fluminense possa vir a ser beneficiado, pela enésima vez, conquistando o direito de voltar ao grupo dos principais times do campeonato brasileiro, não há qualquer dúvida.
Porque a impressão que este episódio transmite a todos é que os deuses do futebol não desejam que o Fluminense dispute a segunda divisão, talvez com medo de que se repita o que já aconteceu anteriormente, quando da vez que, por distração suas o Flu disputou e FOI REBAIXADO para a terceira.
Sinal de que nem os deuses conseguem fazer esse time do João Havelange jogar bola. A sério, porque não dá para falar que eles jogaram e foram campeões em 2012.
Naquele ano, o grande vencedor do campeonato foi a CBF. Desculpe, CBFlu.
Mas, campeão da 3a divisão, o Fluminense não jogou mais pela segunda, como era seu direito. Sabe-se lá porque, foi convidado para subir direto para a disputa da Copa Havelange, logo em seguida. Junto com todos os times que mereciam estar ali disputando, por serem ou times que caíram e voltaram, ou por nunca terem caído.
Mas, o Flu é diferente e diferenciado.
A ponto de eu ficar imaginando se não valeria a pena sua patrocinadora, a CBF criar um campeonato apenas para ele. Jogaria ele contra.... mas nem valeria a pena perder tempo. Esse timezinho já seria declarado campeão antes de ter qualquer jogo. E com direito a participação na Libertadores, para que a gente pudesse ter alguma coisa para nos divertir e nos fazer rir depois.
Porque esse Flu é pândego. E o futebol brasileiro muito triste.
E a Portuguesa, com seu advogado de araque, lamentável.
E o procurador do Tribunal Esportivo, muito interessante, portando como juiz do episódio.
Triste mas bem ao modo da cartolagem que infesta nosso futebol.

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E para Marrocos eu que vou. E o Mundial vou disputar. Vencer é outra parada. Ainda mais depois de ver o time marroquino jogando com jogadores ágeis, velozes, trocando passes em um futebol bastante envolvente.
Ainda não sei do Monterrey, mas o time do Marrocos me impressionou. E não concordo, embora respeite a opinião do Lélio, que o futebol apresentado na primeira partida do Mundial de Clubes ter sido de pouca qualidade técnica. E de o time marroquino ter sido dominado no segundo tempo, embora tenha ficado muito abalado, sim, com a bobagem que a zaga fez e que deu o gol de presente para o adversário.
O time de Marrocos foi melhor em todo o jogo, em minha opinião.
Mas, independente das dificuldades, nós estamos lá.
E, desnecessário dizer: EU ACREDITO.

Mantega e o financiamento ao consumo

A economia não cresce às taxas previstas pelo governo.
Em evento contando com a participação de industriais nacionais o ministro Mantega conclui que nossa economia cresce apoiada em duas pernas mancas, uma a redução de crédito para o gasto de consumo das famílias; outra, o baixo crescimento da economia no resto do mundo.
É verdade que a economia do resto do mundo começa, apenas agora, a dar sinais de recuperação, com as estatísticas que estão sendo divulgadas dando sinais de estar chegando ao fim a fase de recessão que enfrentavam. Mas, ainda é cedo para maiores comemorações, embora eu acredite que o ministro está no papel dele, de tentar infundir confiança no empresariado, em relação ao cenário que se desenha para o ano de 2014.
Afinal, como se sabe, as decisões empresariais, especialmente aquelas relativas aos gastos de investimentos, são extremamente dependentes do grau de confiança e das expectativas formadas pelos empresários, e dessa forma, inegavelmente afetados pela confiança em uma recuperação da economia mundial.
Até mesmo as decisões de produção, como ensinava Keynes, são dependentes de expectativas de curto prazo, razão porque creio ser uma das funções do ministro a preocupação em transmitir ao menos a confiança em que 2014 apresente condições mais favoráveis aos negócios.
Entretanto, gostaria de fazer  uma reflexão quanto à outra crítica feita pelo ministro, desta feita ao sistema financeiro que, em sua opinião, está restringindo a concessão do crédito, o que impede a manutenção dos elevados gastos de consumo que vieram, em anos recentes, sendo o principal motor de crescimento de nosso PIB.
Ora, mesmo sem dados suficientes para fazer uma abordagem mais fundamentada, é certo que o Brasil ainda dispõe de um grande espaço para poder elevar os níveis de crédito concedidos pelo setor bancário às pessoas físicas, em suas várias modalidades, dada a ainda pequena participação do total do crédito concedido em relação ao PIB.
Além disso, as estatísticas têm demonstrado uma importante redução do grau de inadimplência, mês após mês, o que tem sido considerado uma surpresa quando se  considera que os juros têm apresentado tendência de alta, em função da elevação da taxa Selic, dos juros básicos da economia brasileira, patrocinada pelo Banco Central, como forma de combater a inflação.
Também não pode ser esquecido que todos os analistas financeiros recomendam, em toda a oportunidade que têm, que os trabalhadores utilizem o seu 13º para liquidação de dívidas antigas, evitando entrarem em uma espécie de buraco negro de um endividamento crescente.
Creio mesmo que, por força de toda essa campanha para a redução do grau de endividamento, já tradicional, há sim, uma tendência que pode ser percebida, de queda da inadimplência nos meses finais do ano. Alimentada essa queda até mesmo pela preocupação de vários devedores, de procederem à limpeza de suas fichas cadastrais, em tempo de poderem voltar a utilizar o crediário para realização de suas compras natalinas.
De mais a mais, por força da atuação do nosso Banco Central e sua diretoria de fiscalização, os bancos têm que manter padrões elevados e rigorosos de análise para a concessão de créditos, o que restringe a possibilidade de uma elevação indiscriminada de novos empréstimos e financiamentos. De quebra, impede que tenhamos a formação de uma crise bancária, como a ocorrida nos Estados Unidos nos anos 2007/2008, responsável por toda essa situação de crise que persiste no cenário internacional.
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Mas, não podemos nos esquecer do fato de que, por trás da concessão de novos financiamentos ou empréstimos está uma questão mais importante que é a da evolução da renda do trabalhador brasileiro que, por força da própria lei que rege o reajuste do salário mínimo, não deve apresentar uma tendência firme de crescimento, já que em sua fórmula leva em conta as reduzidas variações do PIB dos últimos anos. Por outro lado, a fórmula considera também a inflação havida, que significa que houve perda de renda real dos consumidores, ao longo do último ano.
Ora, em havendo inflação, há elevação dos preços e, embora ela possa ser mais localizada em alguns produtos ou grupo de produtos, o fato de a midia e os meios de comunicação estarem repercutindo muito esse problema cria um ambiente de incerteza e insegurança. E em ambiente de incerteza, recomenda o bom senso que se evite gastos, especialmente os desnecessários.
O que explica a redução do consumo, que o ministro critica, como se apenas influenciada pelo comportamento dos agentes fornecedores de crédito.
***
Mas o que eu queria comentar é que, depois de  anos de crescimento puxado pelo aumento do consumo, chega um ponto em que as famílias já não têm mais novos bens a serem adquiridos, uma vez que aqueles bens comprados há pouco tempo ainda têm pouco tempo de utilização para que possam já ser descartados ou trocados por outros. Ou seja, há que se esperar um tempo para que possa ter início o consumo de reposição de bens comprados pelas famílias brasileiras na etapa de crescimento inicial do consumo.
Por outro lado, deve-se reconhecer que, para algumas famílias que compraram ou trocaram recentemente seu automóvel, ou seu primeiro tv de led, ou seu computador ou notebook, é menos importante a aquisição de um segundo bem dessa espécie, sendo difícil mesmo admitir-se que a família de classe média teria condições de sustentar dois ou mais carros, com pagamento de impostos, combustíveis a preços mais elevados, gastos de manutenção, também em alta.
Em contrapartida, muitas dessas famílias passarão a pensar na aquisição de imóveis, na casa própria ou na melhoria ou reforma de suas habitações, ao invés da reposição por desgaste de mobiliário recentemente adquirido.
Então, mesmo concordando com a postura do ministro, e entendendo sua mensagem aos industriais, acho que o foco maior deveria ser dedicado, agora, não ao financiamento ao consumo, mas à aquisição da casa própria, o que não poderia, de qualquer forma, ser feito sem rigor por parte dos agentes financeiros e do Banco Central, de modo a não colocar em marcha a formação de uma bolha, cujas consequências poderiam ser mais danosas para nossa economia.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A selvageria no futebol e a cobrança feita a Dilma. E ela tem é que melhorar a educação de nosso país...

Mais uma vez o futebol aparece como destaque negativo. Mais uma vez a notícia mais importante está ligada à selvageria de torcidas e torcedores que vão para o campo não para torcer. Apenas para dar vazão a sua bestialidade.
A Folha traz hoje, em seu caderno de Esportes, a foto de um torcedor do Vasco, na verdade um mísero animal que, de cano em punho, partiu para o ataque a um torcedor adversário, já caído e, que não era mais capaz de apresentar qualquer reação. Possivelmente desacordado.
E o animal não empunhava apenas um cano, senão que um cano com um prego visivelmente preso na extremidade usada para que o valentão acertasse o torcedor caído.
Não vou falar de outras características do tal torcedor que não passa de um covarde. Provavelmente daqueles capaz de se borrar todo se pego sozinho em uma luta corporal. Mas que evidencia-se na imagem do jornal o fato de ele ser careca. Bem ao estilo dos carecas que mostram o tanto que são machos, agredindo covardemente a homossexuais e pobres mendigos.
Mas, tão evidente fica a imagem que a pergunta que deve ser feita é óbvia. Já identificaram o anormal da foto? Ele já está preso?
Independente disso, a imprensa não deverá esquecer o episódio e fazer, como em outras ocasiões, uma marcação em cima das medidas punitivas aplicadas a tamanha barbáries e selvagens.

***
A respeito dessa questão e tendo uma grande admiração pelas opiniões e comentários sempre sérios e com embasamento apresentado pelo colunista e cronista PVC, é no mínimo ridícula a proposta e cobrança feita por ele, para que a presidenta Dilma venha a intervir no futebol, em razão da selvageria.
Primeiro porque esse ônus não pode ser jogado nos ombros das autoridades, em especial de uma autoridade que tem mais problemas e mais sérios a tratar em nosso país.
Em especial, cabe sim responsabilidade à presidenta Dilma de cuidar da melhoria da Educação em nosso país, quem sabe para que, no futuro, animais como o da foto não voltem a frequentar estádios de futebol.
Porque em minha opinião, antes de mais nada ou de qualquer alegado espírito esportivo, o que faltou à torcida de ambos os times Atlético Paranaense e Vasco da Gama é basicamente educação.
Se foi nesse sentido que PVC estava solicitando a interferência de Dilma, então OK.
Mas não. O colunista cobra da presidenta ao que parece medidas que deveriam estar sendo adotadas pelos esquemas de segurança, pela polícia, pela Justiça e pelos membros do Ministério Público, citados pelo coronel da PM de Santa Catarina, como tendo sido os responsáveis por orientarem a Polícia a não estar presente no interior do estádio.
Jogar sob os ombros da presidenta a responsabilidade por esses atos semanais de selvageria parece ser um exagero de quem está desesperado, querendo que uma solução seja tomada a qualquer custo. Esquecendo-se, inclusive, que há uma série de leis que já foram feitas, exatamente prevendo e tentando coibir esse tipo de comportamento e atos.
Então, mais que ficar cobrando ações da principal autoridade do país, é importante cobrar das autoridades policiais e do judiciário que façam valer as leis e que a  punição seja rigorosa, para servir de exemplo para evitar a repetiação desse tipo de casos no futuro.

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Que bom ver que dois cariocas caíram para a segunda divisão e que não é só no oba-oba das estrepolias globais que existe futebol. Por outro lado, se Vasco e Fluminense caíram com justiça, os programas de esportes da Globo, por falta de muito assunto importante, ou terão que passar a se dedicar a campeonatos de menor expressão ou então vão ficar nos enchendo com as brincadeiras e o humor cansativo e sem graça de seus apresentadores. (Praga que consagrou o apresentador Tiago Liefert, com justiça, por ser uma inovação na ocasião, e que virou quase que uma obrigação na Globo, tornando seus programas cansativos e repetitivos!).
Que bom ver, enfim, que o campeão do ano passado o famoso CBFlu não tendo ajuda esse ano mostrou sua verdadeira condição.
Que bom que ao cair o Flu ajuda a fazer desabar qualquer novo projeto, ao menos por um tempo, de Wanderlei Luxemburro e sua empáfia e arrogância.
Que bom que o Flu vai poder, finalmente, cumprir seu dever de casa, frequentando a segunda divisão e tentando êxito no regresso ao grupo dos melhores times, já que da primeira vez que participou do campeonato da segunda, o time foi desclassificado e caiu para a terceira.

Mas, se toda a comemoração que fazemos nós que gostamos de futebol,  provenientes de outros estados do país, e todo o vexame que o Rio agora curte resultar na volta de figuras que já deveriam ter sido banidas do futebol há muito tempo, como a de Eurico Miranda no Vasco, então pode ser que a gente tenha que concluir que nem sempre sabemos extrair lições das derrotas.
Isso será uma pena!

A volta de Ronaldinho torna o futebol mais lúdico, mais cheio de fantasia

Antes de mais nada, não vi que eu me lembre,  nenhum jogador como Ronaldinho Gaúcho jogando. Parece que tudo com ele fica mais fácil. Em meio a dois, três adversários, ele recebe uma bola no fogo e ... como se tudo fosse uma grande brincadeira, uma grande encenação de uma peça teatral dominada pela fantasia, ele mata a bola, amacia e toca, quando não já a toca de primeira e... invariavelmente descobre um companheiro desmarcado, livre.
É impressionante a visão de jogo, até a sorte que ele dá por tentar. Porque ele tenta sem medo de ser feliz. E acerta na maioria das vezes e ao acertar nos faz feliz, a todos.
Claro que R10 não é ingênuo. Não é bobo. Não entra com a perna mole, com o pé frouxo. Entra para decidir e ontem, no lance em que levou um cartão amarelo, mostrou que não entra para perder. E nem para que o adversário o machuque. Ao contrário. Consegue ser até viril, violento, sem ser maldoso.
E continua batendo falta como poucos. Tirando a bola completamente do alcance da barreira e do goleiro.
Mas, se é um prazer ver Ronaldinho jogar, é importante também observar que, a sua volta fez renascer um problema e uma preocupação: o time voltou muito a jogar na dependência dele. Voltou a ficar muito em função de sua genialidade. O que acontece naturalmente com qualquer time que tenha um fenômeno como ele em campo. Mas que é uma situação ruim, já que nem sempre os adversários dão tanto espaço ou jogam de forma leal.
Então, o fato de todo o time jogar em função de apenas um jogador, por mais que esse jogador seja um monstro em campo, pode trazer problemas.
E acho que um plano B tem sempre que ser pensado, caso o desenho do jogo tome outra configuração que aquela que Cuca e todos nós atleticanos esperamos.
***
Está certo que ontem foi um jogo de festa e de despedida. E que era notada a preocupação dos jogadores em não por o pé em bola dividida que apresentasse qualquer risco.
Lógico, o jogador é humano. E como qualquer outra pessoa faria, se resguardaria para o embate mais importante: a ida a Marrocos e a disputa do Mundial de Clubes da Fifa.
O medo de se contundir em um jogo que, se para o Vitória poderia definir uma vaga para a Libertadores, para o Galo era mais de agradecimento ao apoio da massa era visível. E, talvez por isso, jogadores que vinham fazendo partidas boas, sendo alvos de elogios, acabaram não aparecendo em campo. Ou jogando mal, simplesmente.
No primeiro caso, refiro-me a Fernandinho que saiu da esquerda e foi cair  na direita, mas não conseguiu fazer uma jogada de relevo. Ou não conseguiu concluir qualquer jogada que ele até tentou, partindo com a bola dominada e fazendo fila na defesa adversária.
Outro caso foi a atuação de Lucas Cândido, inseguro a maior parte do tempo.
Isso sem contar com o vacilo inicial da defesa do Galo, especialmente em relação a acertar o posicionamento de Gilberto Silva e Réver. Gilberto Silva que começou falhando, parece que sentindo muito a  falta de entrosamento e de ritmo de jogo, acabou firmando-se e já no meio do jogo era um jogador muito importante, inclusive quando partia para a área do Vitória tentando as jogadas aéreas.
Pierre falhou muito na saída de bola além de estar jogando ao que parece, com o freio de mão puxado. Lento em algumas ocasiões, em que o arisco ataque do Vitória partia para a frente.
Por força de desacertos da defesa e falhas da marcação do meio campo, o Vitória começou o jogo de forma avassaladora e já com 6 minutos de jogo, comemorava dois a zero, para surpresa da torcida do Galo.
A partir daí, o Vitória diminuiu um pouco seu ímpeto e o time de Ronaldinho começou a jogar, vendo seu ídolo maior desfilar em campo, Luan provocar uma correria para cima da defesa do Vitória e Donizeti procurar chutar de meia distância, jogada que o Galo precisa desenvolver mais.
***
No final, o time baiano procurava fazer passar o tempo, com várias quedas de jogadores e o Galo assumiu o controle do jogo, procurando o empate que só não aconteceu antes em função de seguidas defesas importantes do goleiro rival.
Até que veio o penalty para fazer  justiça ao futebol que o Galo estava praticando, que sufocava o time baiano.
E, com a categoria de sempre, mais uma vez R10 bateu e correu para o abraço, ele que já tinha feito o gol que deu ao time a tranquilidade para tentar a reação, de falta, no finzinho do primeiro tempo.
***
Terminado o jogo, a torcida gritou o nome de cada um dos jogadores, reconhecendo seu esforço e cantou em apoio a marchinha que ecoou por todo o bairro do Horto: Vamos, Vamos meu Galo. Vamos vamos meu Galô. E pra Marrocos eu que vou. E o Mundial eu vou vencer e as maria vou zuar, quando voltar pra BH.
Desnecessário dizer que a euforia, a alegria, o apoio, não significa que estejamos cantando vitória antes da hora. Serve tão somente como demonstração de toda a massa de que ela, e cada um de nós em particular ACREDITAMOS.
E vamos correr para conquistar...

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Mandela: Homenagem a um Herói

Na escuridão do céu
brilha  uma nova estrela
que torna a noite mais bela
aquece e ilumina o coração dos homens
tal qual a luz de uma vela
cuja chama sob o vento, dança
curva-se mas não se apaga
pois que  é o sinal de esperança
firme e constante
que o temor nunca alcança
No mundo mais pobre
resta a lição da justiça
mensagem de fé na igualdade
resta a lembrança
quem sabe, a mensagem mais bela
que transmite o sorriso
e a memória de Mandela.


quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Vários pitacos sobre vários assuntos, inclusive o Galão no Mundial

Só para não deixar de me manifestar nesse espaço sobre alguns tópicos e dar pitacos, mesmo que ligeiros sobre o que tem acontecido.
Primeiro, a barbárie, mais uma!, das torcidas organizadas. Agora as do Cruzeiro, capazes de transformarem a esplanada (chique a nova denominação do que antes era um aprazível canteiro gramado e com árvores!) do Mineirão em campo de guerra, impedindo a comemoração, regada a chopp, da grande maioria da torcida.
Coisa de marginais que deveriam ser aprisionados e jogados dentro da arena Mineirão (outro nome chic, embora mais adequado para o evento proposto), onde seriam trancados para que uns engolissem os outros, como besta feras que são e fazem questão de comprovar, não apenas cantando.
***

Para falar da renúncia de Genoíno, que permitirá a ele passar a receber meros 20 mil, a que tem direito por conta de uma aposentadoria proporcional que, para todos os demais trabalhadores do país foi cassada na reforma previdenciária de 1998, se não me falha a memória.
Por certo, justifica a manutenção da proporcionalidade para os deputados, o fato de que eles NÃO TRABALHAM, como a maioria dos trabalhadores.

***
Para falar da vergonha e vexame das notas de avaliação dos estudantes brasileiros. Cuja melhoria em matemática nos permitiu subir algumas posições que nos asseguram estar depois da quinquagésima posição, entre 65 países.
E para comentar, como professor, que mais que uma estrutura adequada de salas de aula, e etc. para os alunos, o que acho que está faltando é melhorar o nível e qualificação dos professores. Melhorar antes de mais nada a remuneração e o tratamento dispensado aos mestres, e permitir a eles se doarem, como deve ser o trabalho ou ministério do professor, para educar as nossas crianças e adolescentes.
O trabalho de educação pode ser feito em qualquer ambiente, em qualquer espaço físico, dispensando muitas vezes sofisticadas construções (que só engordam os ganhos das construtoras!).
Importa mais que o professor queira e consiga despertar nos alunos o gosto e o interesse em descobrir e investigar o desconhecido.

***
Pra falar da satisfação de ver o Flu quase de volta ao lugar do qual ele fugiu pela porta dos fundos.

***

Para falar, finalmente da recuperação de Ronaldinho Gaúcho, e da espetacular temporada e postura em campo de Diego Tardelli, que se não assegura a conquista do mundial, permite ao atleticano manter o sonho da conquista inédita.
E mais ainda, nos assegura que, dê o resultado que der, esse time nos deixará sempre muito orgulhosos.
Pra cima deles GALO!

PIB frustrante e mais do mesmo na economia e nas críticas

Não! Este blog não está passando por reformas, ainda que estas pudessem ser necessárias. Tampouco a falta de postagens implica ou permite levantar a hipótese de desativação do blog.
O problema é outro, relacionado ao final de semestre, um semestre que passou voando e que parece-me muito curto, especialmente quando analisado do ponto de vista do semestre letivo.
Afinal, não é novidade que o segundo semestre parece ser mais curto que o primeiro, especialmente para as atividades acadêmicas. É que junho é um mês que poderíamos chamar de útil. Enquanto dezembro não.
Por conta das festas de fim de ano, das compras natalinas, da organização de Natal e das viagens de tantos cujas famílias vivem no interior.
***
Além desse motivo, há outro: a economia brasileira parece ter começado a entrar já em compasso de espera. E as novidades do mundo político também já não são tão novas assim.
No campo econômico, a continuidade de fatos que já ocuparam a atenção em períodos recentes, como por exemplo, a sequência do processo de deterioração das contas públicas, expressas pela redução do superávit primário que não alcança metade da meta prevista para todo o ano, já quando tem início o último trimestre.
Processo de deterioração que permite uma crítica cada vez mais exacerbada ao governo (especialmente ao governo federal) já que os dados divulgados revelam uma elevação da arrecadação bruta que tem batido recordes, sinal de que o problema situa-se no exagerado acréscimo das despesas públicas. E, para reforçar a histeria dos críticos, um acréscimo das despesas de custeio.
Elevação que causa um alvoroço que, em minha opinião, é completamente despropositada e desproporcional caso nos debrucemos sobre os dados de forma a realizar uma análise minimamente isenta de interesses para não dizer honesta.
Acontece que é normal que haja um crescimento vegetativo das despesas de custeio. Afinal, a própria inflação é causa de elevação dos preços dos produtos que também o governo deve consumir para poder prestar serviços minimamente decentes à população, o que diga-se de passagem não ocorre.
Por outro lado, acusa-se o governo de elevar os gastos com a folha de pessoal, passando a impressão de que o governo tem praticado uma política salarial completamente equivocada, quando uma análise simples indicaria que os reajustes concedidos pelo governo Dilma, consubstanciados em três parcelas anuais de reajuste de 5%, totalizando 16 % até 2015, sequer asseguram aos funcionários a reposição das perdas inflacionárias.
Uma análise séria mostraria que os gastos com pessoal têm apresentado redução quando considerados como proporção como proporção do PIB, isso independente de haver o crescimento vegetativo, decorrente da aplicação de dispositivos legais que, em qualquer atividade são comuns, de concessão de vantagens pessoais como anuênios e progressões na carreira.
E independente, também, da necessária contratação (via concursos) de novos servidores, objeto também de críticas que remetem à ocorrência de um inchaço do serviço público, e que não passa da necessária reposição dos quadros por força do número de aposentadorias, por exemplo.
Nesse caso, parece que  interessa aos críticos é a desestruturação dos serviços públicos que, por força de insuficiência de pessoal não poderia prestar serviços da qualidade exigida à população, alimentando e reforçando a ideia da ineficiência da atividade pública e da necessária privatização de todas as atividades a cargo e de responsabilidade do governo. Ou pior ainda, impedindo que órgãos de fiscalização tivessem efetivo para poder agir, punindo e impedindo abusos tão frequentes, da ação de agentes privados.
Pouco importa a razão, nesse momento, o que queremos demonstrar é que, a razão da elevação dessa despesa, em relação ao PIB, deve-se ao fato de o PIB estar demonstrando um crescimento pífio, quando existente.
E aqui entramos em outra questão importante. A arrecadação embora crescendo, o faz em ritmo decepcionante, muito em razão das medidas de desoneração adotadas pelo governo, para atender a demanda dos setores empresariais e estimular a recuperação do nível de atividade econômica.
Aqui a questão, também antiga e já tratada nesse espaço, é que o governo fez aquilo que o setor empresarial lhe solicitou, o que resultou em queda da arrecadação, com impactos óbvios no resultado primário apresentado, ou seja, redução do superávit primário, necessário para assegurar o pagamento dos juros da dívida pública.
E qual foi a resposta do setor privado? A desconfiança. A crítica contra o intervencionismo estatal, que não deixa espaço e não transmite ao setor empresarial a necessária tranquilidade capaz de assegurar que serão mantidas as regras e respeitada as regras do jogo.
O que, anteriormente, foi sugerido nesse blog que se tratava apenas de uma chantagem posta em marcha pelo setor privado, exatamente para colocar o governo em situação que no jogo de damas é denominado de curé, ou seja, sem movimento, exceto prosseguir na concessão de benefícios aos empresários. Processo que apenas alimenta o que tem sido a característica mais notável e marcante de nosso capitalismo tupiniquim, a de se estabelecer o capitalismo sem risco.
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Do ponto de vista econômico, ainda, mais uma elevação da taxa Selic, retornando aos dois dígitos, agora fixada no patamar dos 10%, o que também já havia sido previsto aqui.
Sem querer fazer futurologia, nem querer dar uma de mãe Dinah, já há algum tempo, havíamos mencionado a possibilidade de que o governo Dilma pudesse praticar uma política monetária mais drástica, atendendo aos reclamos do mercado e dando demonstrações inequívocas de sua preocupação com o controle da inflação que apresentava sinais de descolamento da meta proposta. Tudo no sentido de ratificar a manutenção da política de metas inflacionárias.
Pois bem, o Banco Central apertou o controle monetário, elevando as taxas de juros e interferindo no montante de crédito da economia, o que conseguiu conter as expectativas pessimistas que indicavam descontrole da política econômica.
A inflação foi contida e o mercado já trabalha com valores inferiores a 6% para a taxa anual em 2013 e equivalente a 5,8 ou 5,9% para 2014, ano de Copa do Mundo e eleições.
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Conforme já havíamos comentado, não estava afastada do horizonte a adoção de uma política mais austera, representada pela elevação da Selic, inclusive para o primeiro trimestre do próximo ano, tudo para arrefecer as chamadas expectativas e criar espaço para que, no segundo semestre, mais próximo das eleições, o governo tivesse maior espaço para praticar políticas mais voltadas para a expansão.
***
O resultado de tudo isso é que o governo elevou as taxas de juros, como esperado e até justificado. Dados do IBGE revelam que o PIB apresentou queda no terceiro trimestre, de 0,5%, puxada por uma queda do nível de investimentos que encolheram 2,2%, dando força à queixa de Dilma que se sentiu traída pelos empresários que não "cumpriram sua parte" em resposta ao que o governo fez por eles.
Por outro lado, o consumo vem dando sinais de arrefecimento, muito como reação ao encurtamento da capacidade de endividamento da população, seja por já terem alcançado seu limite, seja como fruto de uma mudança de postura, influenciado pelas notícias e análises nada otimistas quanto ao futuro próximo de nossa economia.
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No campo político, Dilma reafirma sua força e mostra que deve conquistar um novo mandato, mais por força da incompetência das forças de oposição (oposição? a que?  e só agora?) que de acertos de seu governo, como os analistas e críticos não se cansam de tentar nos convencer. (Parece até que essa era a intenção - FRUSTRADA - dos críticos!!!).
Afinal, apesar de toda a crítica, o Brasil cresce. Pouco. Em ritmo insuficiente, mas cresce em um mundo em que os principais países estão satisfeitos de não apresentarem resultados negativos de sua produção.
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Mas, interessante mesmo, em minha opinião, é ver que em encontro de economistas e empresários no Rio, nessa semana, e com divulgação bastante relevante, o governo foi duramente atacado. E que um empresário como Roger Agnelli, ex-presidente da Vale, defenestrado do cargo por Dilma, tenha tido tanto espaço para poder afinal, manifestar toda sua mágoa.
***
De resto, apenas perceber e destacar a importância, de resto suficientemente destacada por Keynes, das expectativas econômicas.
O que retira da economia, em minha opinião, cada vez mais o "caráter" de ciência já que tão sujeita ao impacto de profecias auto-realizadas.
Ou, como dizia Chico de Oliveira, falta de objetividade "científica"  que é exatamente o que assegura às ciências sociais o status de ciências.
É isso.
Continuamos por aqui.












quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Júlio Batista, a frase, a entrega do jogo e o interesse da CBF e do Fluzinho... time de segunda categoria

Você é tão bom, vai lá e faz.
Então, vai lá. Chega nela. Ganha a menina.
As frases acima são apenas alguns exemplos de desafios que várias vezes são lançados, ou que desejaríamos lançar para baixar a bola de algum amigo ou conhecido, que está nos provocando, às vezes criticando, afirmando que teria feito melhor e com mais qualidade alguma tarefa que estava para ser feita por qualquer um e que ninguém manifestou a disposição de executar.
Muitas vezes algum comentário feito apenas para nos incomodar, nos tirar do sério, e ver nossa reação. Comentários do tipo: não entendo o que aquela menina viu em um cara como você, com tanta gente melhor por aí.
As respostas equivalem a uma reação natural de quem comprou a provocação, mas não está disposto a comprar uma discussão.
E expressam a filosofia, correta, de que o que está bom é o que já está pronto.
A esse respeito, lembro-me e transmito sempre a meus alunos,  a alguns orientandos de trabalhos, a frase que a mim foi dita há mais de 30 anos: dissertação boa é a que foi feita e entregue. Tese boa é a que foi apresentada e defendida.
Ora, o que está feito, poderia sempre ser objeto de aperfeiçoamento e melhorias. Mas, já está feito. Já tem uma estrutura, uma base. E, por isso, pode até mesmo conter erros, e ser objeto de críticas.
Mas é só.
Nem o namorado ou o "ficante" da menina está mesmo expressando o desejo de que o companheiro crítico vá até a menina para conquistá-la, nem o autor da obra está reconhecendo que o seu provocador seja mesmo melhor e capaz de fazer. Às vezes, até muito pelo contrário.
***
É dentro desse espírito que entendi a frase dita por Júlio Batista, jogador do Cruzeiro, para Cris, o defensor do Vasco, o que me leva a questionar a razão de tanta celeuma que a frase captada por câmaras de televisão tem despertado.
Sem ter qualquer interesse em defender o jogador do time adversário, a quem não conheço, exceto por notícias de sua carreira vitoriosa e sem qualquer fator que a desabone, o fato é que a frase foi dita.
Algo do tipo: para de falar e vai lá e ganha o jogo. Marca logo o gol que vocês precisam. Liquida logo a partida, ao invés de ficar gozando ou falando que é inútil que a gente fique se esforçando para tentar tirar a diferença.
Mas, se foi no mesmo sentido comentado acima, o que justifica tanta repercussão?
Em primeiro lugar, e acho que essa a verdadeira questão, o fato de o resultado, que beneficiava o Vasco, ser prejudicial a times como o Coritiba, o Bahia, times de tradição e que já foram campeões nacionais, e ameaçados de entrarem na chamada zona da degola. Além do prejuízo potencial ao Crisciúma, time de menor expressão, embora também portador de um título nacional e também entre os ameaçados, tal qual a Portuguesa de Desportos de tanta história.
Nesse sentido, sou favorável a que houvesse uma investigação rigorosa das condições e circunstâncias em que a frase de Júlio Batista foi dita, e das provocações a ele dirigidas antes pelo zagueiro vascaíno que, de resto, já disse que tudo não passava de ironias e gozações.
Mas, tendo o fato envolvido interesses de muitos clubes, é preciso que não venha a pairar qualquer dúvida em relação a um possível acordo destinado a dar vitória ao time carioca.
A bem da lisura do campeonato. E até por força do respeito exigido pelas nossas leis ao consumidor do espetáculo esportivo: o torcedor.
E para que tal dúvida possa ser definitivamente eliminada, nada melhor que aqueles que forem investigar o caso assistam a partida, atentos principalmente ao empenho e à forma com que se comportaram em campo os jogadores de ambos os times, principalmente dos envolvidos.
Afinal, jogo de resultado combinado, em tese, não precisaria de nenhum dos dois lados se esforçarem no jogo. Nem teria qualquer jogada mais ríspida, nem lances de perigo, etc.
Embora eu tenha de reconhecer que, se combinado mesmo, seria muito difícil, perceber isso pela postura dos jogadores em campo, já que não há como se afirmar que uma jogada foi um lance de descaso ou de falha, comum de acontecer.
***
Na verdade, acho que estão crucificando Júlio Batista por muito pouco, e todo o destaque dado ao lance é ainda consequência da atitude que eu acho muito pouco profissional de Dedé. Embora ele tenha apenas feito o que vários de nós exigimos de juízes, recentemente até dos ministros do Supremo, de se declararem impedidos de participar de julgamentos onde têm alguma relação, mesmo que não interesse.
E, se alguém tem de ser criticado, se é que vale crítica nesse aspecto é o Cruzeiro. Mais especificamente, nesse caso, o técnico Marcelo Oliveira, a quem tanto elogio.
Afinal, foi ele que em várias ocasiões comentou que o time iria entrar em campo com sua força máxima, até em respeito àquelas equipes que são interessadas diretas nos resultados dos jogos em que seu time estaria envolvido.
E, contra o Vasco, Marcelo, sem maiores explicações, entrou sem vários e importantes titulares.
O que foi feito por praticamente todos os times do Campeonato, o que não tem nada de mais ou de anormal, não fosse trair o discurso que ninguém pediu que ele fizesse.
E se o fez, deveria tê-lo mantido. Ou então ser bastante transparente, declinando as razões de entrar com um time misto.
Se houve então algum acordo de facilitar o jogo para o Vasco, não foi com interveniência de JB, que é vítima na história. Mas com a direção do Cruzeiro e com seu técnico, no sentido de enviar a campo um time de menor qualificação.
***
Deixei de citar acima o Fluminense, propositadamente.
É que, no fundo, acho que todo esse desperdício de tempo discutindo algo que nunca será provado, tem como objetivo causar tumulto.
Na verdade, mais uma vez a CBF e todos os diabos do futebol, conspirando para o time tricolor escapar do rebaixamento que o ronda. Logo ele, time da preferência da CBF, como o demonstrou o campeonato do ano passado. E time beneficiado, mais uma vez, e inexplicavelmente, pela arbitragem que não expulsou Gum de campo, atendendo a pedido do próprio jogador que iria se tornar o autor do gol da virada da equipe.
Esse Fluminense que, se está na primeira divisão é apenas porque sempre é o beneficiado pela entidade maior que dirige nosso esporte, e o faz de forma tão vergonhosa, que acaba gerando sempre suspeitas de que outros times também possam agir com a mesma falta de escrúpulos e decência.
Ou seja: tão acostumados a roubarem para auxiliarem o time carioca, os cartolas da CBF e os dirigentes do beneficiado Flu, acabam sempre enxergando os outros a partir de seu próprio comportamento desprezível.
Esta a razão de tanto agito. E acusações infundadas a um profissional e a dois times que, não sendo interesse meu defendê-los, é necessário reconhecer, cometeram o erro primeiro de estarem no caminho desse time de segunda.
***
E tomara que meu Galo possa, na próxima partida, colocar o tal Fluzinho na categoria da qual ele não deveria ter saído.

Fugazes sensações

O mundo em que vivo
é habitado por vultos
sombras que deslizam
imagens que se deslocam
vertiginosamente
Manchas e borrões
que parecem me perseguir
e que se desfazem no ar
Lembranças de rostos
que se afastam sorrindo
até perderem o foco

Às vezes sinto-lhes a presença
silenciosa
sorrateira
dando densidade ao espaço
à minha volta
onde nossos espíritos
encontram-se para se divertir.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Posturas

Minha mulher sugere
que eu seja mais leve
e quem me lê, certamente,
demanda um texto mais breve
É que poucos se dão conta
da luta árdua
de quem escreve
quando as palavras não encontram ideias
que lhes preencham o espírito
e nem as ideias adaptam às palavras
Pois à ideia estruturante
não é qualquer palavra que lhe serve
Pode ser até que alguém diga que isso não existe
que é frescura
e afirmar que o problema não é o texto
mas a postura
criticando-me por não levar a vida com leveza
o que faz o ambiente com certeza
mais agradável a meu redor
Talvez melhor seria relaxar
encarar a vida com humor
para que o peso da vida
se dilua
e se derreta qual flocos de neve



sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O algoz Barbosa e o nada inocente, mas portador de direitos, Genoíno

Então, assim de repente, descobre-se que José Genoíno sofria de uma doença grave, incapacitante, como são as cardiopatias graves.
Dignas de previsão legal que asseguram a seus portadores direitos especiais, entre os quais a possibilidade de aposentadoria com vencimentos integrais, sem qualquer desconto, inclusive o de imposto de renda.
E, embora recentemente toda a imprensa tivesse noticiado à farta que o deputado petista tivesse passado por procedimento cirúrgico de 6 horas de duração, em caso que ganhou destaque não apenas pela figura do paciente, mas exatamente pelo fato de ser ele um dos mais proeminentes réus do escândalo do mensalão, parece que apenas o presidente do Supremo não tinha conhecimento desse fato.
Razão que levou o ministro Joaquim Barbosa a determinar a prisão e, posteriormente a transferência para Brasília, do petista condenado.
Afinal, como diz o ditado popular, lugar de bandido é na cadeia. Isso para não lembrarmos de outro ditado famoso, normalmente citado em rodinhas de bar, de que bandido bom é bandido morto.
Pois bem, e que nome genérico se dá àqueles que, pegos cometendo ilícitos, são afinal condenados?
Eis aí, no mínimo, um bom motivo para que ser levado em consideração quando a discussão da pena de morte voltar a ser colocada em pauta.
***
Bem, que Genoíno, como presidente do PT que era à época, deve ter aposto assinaturas em contratos forjados para acobertarem desvios de recursos para o partido, ato que constitui crime, parece ser inquestionável.
Que comprovada, sua atitude é digna de reprovação e punição, não há como negar.
Mas daí a passar a tratar Genoíno como um bandido comum, daqueles capazes de cometer as barbaridades mais atrozes apenas para seu próprio proveito, vai uma distância muito grande.
Condenar, que é correto, não significa demonizar. Menos ainda nesse tipo de crime e,  como parece ter sido a participação de Genoíno, apenas pela posição que ocupava.
Para mim está claro que Genoíno, por sua história, seu passado, sua vida sempre à luz dos holofotes, sempre policiada e sempre distante de quaisquer fatos dignos de maiores reprovações,  nada tem de inocente.
Se em algum momento chegou a ler todos os documentos e papéis que assinava, não pode alegar que não tinha qualquer noção do conteúdo, com o qual concordava ou em caso contrário, preferia calar-se, fazendo vista grossa.
Mas, daí a não receber o tratamento que qualquer bandido tem direito por lei, do cumprimento da pena justa que lhe foi aplicada, do tratamento de que é merecedor como ser humano por seu estado de saúde, etc. é no minimo, digno de que cada um de nós reveja seus conceitos do que é a justiça dos homens, ou a sede de vingança que nos habita a todos.
E que justifica que atrocidades sejam sempre justificadas contra criminosos, tão somente para poder nos aproximar, a toda a sociedade, do mesmo ato de barbárie que tenha dado origem a toda a situação que se deseja punir.
***
Falando de outra forma, menos complicada: às vezes, parece-me que não se deseja justiça, mas tão somente vingança por parte da sociedade. Vingança que, uma vez cometida apenas nos tornaria tão ou mais bárbaros que aqueles cujo comportamento desejamos punir.
Por tal motivo, é que a polícia, a justiça, o Estado tem a obrigação de cuidar da integridade física, mental, etc. de todos que estão sob sua guarda, por mais que condenados e considerados criminosos.
Não podemos nos transformar nos monstros cujo comportamento queremos punir.
Por isso a qualquer bandido é dado o direito de passar por exame médico para verificar das condições de saúde que portavam quando da chegada a presídios. Por isso, toda e qualquer manifestação de problemas de saúde é capaz de, imediatamente, levar à quebra de certas privações ao apenado, e levar as autoridades a tudo fazerem, a seu alcance, para que aquele estado não seja agravado e tenha o tratamento adequado.
Mas, se tudo isso é feito em relação a qualquer condenado, porque Genoíno não teve tal tratamento?
E não dá para aceitar o argumento de que o réu não quis passar por um exame médico que não era de sua opção, mas cuja realização era obrigação do Estado!
***
Em minha opinião, pior ainda, porque a espetacularização da viagem ou a transformação da viagem até Brasília e a ida para a Papuda, em show, justo na simbólica data da comemoração da proclamação da República?
Apenas para que a figura de Joaquim Barbosa  de magistrado de elevados conhecimentos jurídicos, se transformasse também na de juiz zeloso, eficiente e ciente de seus deveres para com a sociedade, descambando para a figura do presidente da Corte Suprema ressentido e autoritário, até cair no ridículo de cometer o conjunto de ilegalidades por ele cometidas?
Ilegalidades que deveriam ser objeto de análise e julgamento por seus pares, pela CNJ ou órgão que existisse para poder por fim à todas as irregularidades que a vaidade e o autoritarismo podem gerar?
Afinal, se o próprio Barbosa como relator por várias vezes afirmou que Genoíno, aproveitando-se dos infringentes deveria ser considerado já condenado nos demais delitos de que era acusado, cujos embargos não foram aceitos, caracterizando assim a figura do trânsito em julgado por tais atos; se o próprio Barbosa afirmou que tal decisão beneficiava os condenados que começariam a cumprir suas penas em regime mais benéfico; se tal regime era o semi-aberto, porque prender e conduzir para regime fechado em localidade distinta da que a lei lhe assegura para cumprimento da pena?
***
Bem, agora, depois de tanta grita e manifestos assinados não apenas por simpatizantes do PT mas também por advogados de reconhecido conhecimento, condenando as atitudes de Barbosa, só agora, ele se decide por conceder o regime ainda mais benéfico que o estado de saúde de Genoíno recomenda.
Menos mal que ainda não se deu o pior e o agravamento da saúde do deputado petista ainda não chegou ao limite.
Mas, que Barbosa, a quem tanto respeito eu devoto pisou na bola literalmente, isso não há dúvidas.
E que, se sair candidato mesmo, como se alega, a qualquer cargo eletivo, é preciso muito cuidado para dedicar-lhe qualquer voto ou poder maior, acho que não resta mais dúvidas.
Pelo menos em minha de opinião.

As vozes que ouço

Todas as vozes que ouço
pedem justiça
Todas as vozes que ouço
pedem respeito
Todas as vozes que ouço
pedem apenas
compreensão
Todas as vozes que ouço
pedem alimento
pois à fome do espírito
adiciona-se a fome do pão
Todas as vozes que ouço
pedem carinho
pedem gentileza
atenção
Todas as vozes que ouço
exigem direitos
que lhes nega nosso mundo cão
Há vozes que dizem obrigado
Essas são poucas
Vozes que imploram amor
e que já estão quase roucas
Todas as vozes que ouço me habitam
e no ambiente em que vivo
ilhumana
cercado de amigos
todas as vozes que ouço
expressão a minha contradição
São vozes que me acompanham
na vertigem esquizofrênica
que permanece escondida
em minha alma.


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Vexame do Galo que, mais uma vez, não jogou no Canindé

Vamos aceitar a ideia - equivocada- de que, já definido o campeonato brasileiro, os demais jogos tornaram-se apenas amistosos e testes para montagem de elenco, etc. para a temporada de 2014.
A ideia é falsa, todos sabem, em função de que a definição até agora foi apenas do campeão e de um dos rebaixados. Há também outros times, como o Internacional, Flamengo, São Paulo, que sabem que não correm qualquer risco e que nada mais almejam, em termos de conquistas.
A verdade é que, para ao menos 6 outros times, a luta está muito renhida, e a tentativa desesperada de fugir ao rebaixamento é a tônica e o fato que dá emoção ao fim do torneio.
Para o Atlético Mineiro, campeão da Libertadores e já com participação assegurada na próxima edição daquela competição internacional, a situação é de testes, mas longe de ter como horizonte o ano de 2014.
Afinal, o time precisa se preparar e estar completamente focado para a disputa do título de campeão interclubes de futebol, com início marcado para daqui a exatos 30 dias.
***
Assim, se o campeonato prossegue e tem ainda muita coisa importante a ser definida, creio que seja fundamental que todos, sem exceção, adotem como filosofia de trabalho o pensamento manifesto por Marcelo Oliveira, o excelente técnico campeão e bom caráter, acima de tudo.
Para Marcelo, até em respeito a todas as demais equipes que têm definições importantes a enfrentar daqui até a última rodada, é importante que todos os times entrem em campo com a mesma disposição, gana, vontade demonstrada nos jogos anteriores.
Marcelo não falou mas poderia ter dito, até em respeito ao próprio futebol, e principalmente ao torcedor. Esse que paga ingressos, com sacrifícios, durante toda a temporada, estando sempre sujeito à exploração da sua paixão clubística por diretores e cartolas sem qualquer respeito por quem, em última análise, é que sustenta todo esse circo que envolve o futebol e faz dele o maior espetáculo da terra.
Vá lá! Façamos a correção, por esse torcedor simples e abnegado, que junto com o governo e às dívidas que se acumulam com agências governamentais, é que sustentam todo o circo.
***
Pois bem. Dou aqui esse pitaco, pensando no jogo do Atlético no início da noite de ontem contra a Portuguesa de Desportos ou Lusa, no Canindé.
Sinceramente, jogo que uma associação qualquer de torcedores atleticanos deveria acionar judicialmente, pedindo de volta o dinheiro do ingresso. Ou até mesmo o dinheiro gasto nas cervejas nos bares de Belo Horizonte, por exemplo, ou o dinheiro do pay-per-view, etc.
Porque, como diria o Neto, ex-jogador e agora participante das transmissões da Band: "Brincadeira".
O que o time do Galo fez ontem dentro de campo, foi simplesmente ridículo.
Confesso que fica até difícil comentar o ocorrido.
Tudo bem. Nem transcorrido o primeiro minuto de jogo, houve o lance de contusão de Réver, que caiu sozinho, de mau jeito resultando em um tornozelo torcido.
Claro que tal lance acaba influenciando o ânimo do restante do time que, preocupado em evitar contusões que possam significar o corte da disputa do mundial, acaba não querendo por o pé em bola dividida.
Mas, daí a começar a pipocar como alguns jogadores fizeram ontem, vai uma distância grande.
Tardelli, o grande Tardelli, cantado em prosa e verso como um dos maestros do time, cujo nome tem sido sempre cobrado para estar nas convocações da seleção nacional, simplesmente evitou tocar a bola. Nem digo que não quis entrar em disputas. O que ele fez foi tentar se livrar da bola a cada vez que ela chegava a seus pés, como se a bola estivesse queimando.
Resultado: a quantidade de passes que ele errou foi lamentável. Só não foi pior do que a jogada completamente displicente que resultou no segundo gol da Portuguesa. Fruto da cobrança de um lateral que ele para se livrar da bola tocou de qualquer jeito, e depois quando viu o que tinha feito, de uma tentativa bisonha de tentar afastar o perigo da bola passando pela entrada da área, dando um toque de calcanhar, apenas para ajeitar a bola para Henrique, o atacante da Lusa.
***
Fernandinho não entrou em campo. Ainda correu no início, mas não recebeu quase bola alguma, exceto uma ou outra quadrada que sobravam ali na frente.
Luan, embora o mesmo jogador voluntarioso que tanto encanta à torcida do Galo, nada conseguia, salvo alguma arrancada que morria por não ter algum companheiro que encostasse a seu lado.
Carlos César mostrou para todos os atleticanos a falta que Marcos Rocha faz, mesmo se tivesse de entrar em campo de muletas. Não acertou uma jogada, além de distribuir pontapés para onde batesse o vento.
Com a contusão de Réver e sua substituição, Léo Silva parece ter ficado inseguro e falhando em lances que não costuma falhar.
Emerson, embora jogando mais tranquilo, ao menos aparentemente, também não conseguia acompanhar o veloz e atrevido ataque da Lusa, Diogo à frente.
A entrada de Júnior César no lugar de Réver apenas embolou o que já estava meio confuso e perdido. Parece-me que a ideia de Cuca foi testar um esquema de 3-5-2, que ninguém conseguiu entender, em campo.
Senão a entrada de Júnior César teria que provocar o deslocamento de Lucas Cândido para o meio, ajudando no primeiro combate ao veterano Gilberto Silva, que parece ter sentido o desgaste de tanto tempo fora.
Não sei, sinceramente, a intenção de Cuca. Sei apenas que deu tudo errado. Lucas e Júnior César batiam cabeça na lateral esquerda. Carlos César não marcava ninguém. O meio, era um buraco, sem qualquer jogador para cumprir o papel de Pierre, e o ataque perdeu o vôo. Parece que ficou esquecido no saguão de Confins. Oxalá ninguém o tenha levado para casa por engano e estejam no mesmo local na volta.
***
Ridículo.
Mas, como tudo que está ruim sempre pode piorar, já perdendo por dois a zero, o time ainda resolveu que ia tocar bola, trocando passes em seu próprio campo de defesa.
Momento em que pode melhorar a estatística de passes certos, já que a Portuguesa, aguardando o Galo em seu campo, não apertava a marcação.
Poucas vezes que o time foi para a frente e chegou a ultrapassar a linha do meio campo, a marcação da Lusa apertava, fazendo a bola do ataque ser retornada para o meio e daí para a zaga, para começar tudo de novo.
Perdendo e jogando mal, o time se deu ao luxo de pegar a bola do meio campo para atrasá-la para as mãos de Giovanni, acho que em lance com Júnior César.
Ou seja: se os jogadores estão com medo de se machucarem, o que é natural, que não sejam escalados. Afinal, existe o risco da contusão.
Mas, que Cuca ponha então os juniores para jogos que valem alguma coisa, no campeonato, ao menos para nossos adversários.
Que Cuca ponha jogadores novos e que queiram mostrar futebol. Já que ontem, nem mesmo pode-se dizer que o jogo estava servindo como preparativo para o Marrocos.
Porque se esse é o tipo de preparo que está sendo feito, temo que nosso vexame no Mundial será maior que aquele do time na partida de ontem.
Em que a Lusa podia sair com uma goleada sem muito esforço.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O cala a boca do Supremo e o discurso de Barroso

Também na data de ontem, e com um brilhante comentário inicial do Ministro Luis Roberto Barroso, o STF deu início à etapa que encerra definitivamente a questão da Ação Penal 470, o caso do mensalão do PT, dando um autêntico cala a boca em muitas pessoas que parece que torciam para que os mensaleiros não fossem punidos.
Porque por mais estranho que pareça, ao decidirem pelo imediato cumprimento da pena relativa aos crimes para os quais não há mais qualquer possibilidade de recursos, o Supremo tirou dessas pessoas a possibilidade de continuarem mandando os emails infelizes que andaram remetendo para infestar as caixas de correio dos conhecidos, algumas dessas mensagens até denegrindo a honra de membros da Corte ou insinuando a defesa de interesses escusos.
Tomara que agora, sem assunto, e já frustrados em suas expectativas de "preservação da impunibilidade", que lhes fornecia a desculpa e o espaço necessários para, fundamentalmente exporem sua ideologia de forma mais dissimulada e tacanha passem a torcer para que o país possa passar a limpo, também, os outros escândalos de mesma espécie, com destaque para o mensalão do PSDB mineiro, a questão da compra de votos da reeleição do PSDB de Fernando Henrique, a questão da corrupção e da formação de cartel das concorrências do metrô paulista, PSDB mais uma  vez à frente, e o caso mais recente da máfia da fiscalização da prefeitura paulistana, sob comando do PSD e do PT.
***
Por isso, acho digno de nota e elogio a leitura das considerações iniciais do Ministro Barroso, de que lamentavelmente pouco mudou em nosso país, em especial do ponto de vista político, ao mencionar o que é do conhecimento geral: a corrupção que grassa em nosso país e em nossas instituições, é suprapartidária. Listando, como exemplo os casos citados acima.
Mas além do importante comentário, também digno de nota é o fato de que EMBORA O SUPREMO TENHA CHEGADO À ÚLTIMA FASE DO CASO, ENCAMINHANDO PARA SEU ENCERRAMENTO, como desejado pela sociedade, em todo o tempo de julgamento, inclusive no caso da aceitação dos embargos infringentes houve a preocupação em se preservar um bem maior: o direito de defesa. 
Nenhum dos condenados poderá alegar que teve cerceada sua defesa, e que o Tribunal não respeitou suas tradições, como o desejavam várias pessoas e órgãos, inclusive a midia.
Nesse sentido é que eu gostaria de ver agora, os comentários que a midia irá tecer, ela que tanto ironizou especialmente a questão da aceitação dos infringentes.
E agora?
Esse pessoal da midia irá pedir desculpas ou admitir, ao menos, que seu julgamento não se confirmou e que o Supremo agiu com lisura?
***
Como sei que não vamos ver a midia se desculpando, e até pelo contrário, pode ser que um ou outro órgão tenham a cara de pau de vir a público dizer que o resultado obtido se deveu a sua vigilância e cobrança atenta, é que acho que além de uma série de reformas que devem ser debatidas pela sociedade, como a reforma fiscal, a reforma política, a reforma da legislação penal, urge também que discutamos a implantação de uma legislação que estabeleça o controle social da imprensa, nos mesmos moldes de outras leis que vigoram em países mais avançados e de tradição mais democrática que nosso país.
***
Da sessão de ontem, acho que histórica do Supremo, a observar apenas dois senões. Mais uma vez, o destempero e açodamento do Ministro presidente, Joaquim Barbosa, não por suas teses que considero corretas, mas pela forma de defesa das mesmas, deselegante e de baixo nível que ele adotou.
Em segundo lugar, o discurso do Ministro Gilmar Mendes, outro que, como Barbosão, tem tradição em adotar tal tipo de comportamento teatral e impregnado de ideologia. Afinal, não se ouviu ele fazer qualquer referência, tal qual a realizada por Barroso, aos casos de outras matérias de corrupção, uma das quais até já dormitando nas gavetas do próprio STF, como o caso do mensalão do PSDB mineiro, que no fundo é de todo o partido.

Agora sim, campeão e a exploração do torcedor mais humilde no Rio

Agora sim, o Brasil tem um novo campeão de futebol. Como dizia um antigo personagem de um quadro de programa de humor, creio que estrelado por Agildo Ribeiro, na hora certa. Nem antes da hora, como no domingo, nem depois da hora. Na hora.
Então, parabéns ao Cruzeiro, pelo título que ele soube conquistar, como o demonstra com sobras a diferença de pontos para o segundo colocado, ainda distante quatro rodadas de seu final.
Pena que alguns cruzeirenses não entenderam a crítica que fiz, não ao time, nem à conquista ou à torcida, mas aos que exploraram a paixão da torcida, vendendo a ideia de que o jogo decisivo - e portanto, merecedor de que a torcida pudesse ser achacada com preços de ingresso completamente exorbitantes - fosse aquele contra o Grêmio.
Pois bem, não existe jogo decisivo quando o campeonato é conquistado a cada rodada. O que existe, isso sim, é o jogo que sela e assegura o título. O que aconteceu ontem, no Barradão. Nem antes, nem depois.
O que era, sim, uma questão de tempo. Para coroar, como disse aqui antes, e em várias ocasiões, a campanha do time que levou mais a sério o campeonato. Que montou o melhor elenco, ou mais equilibrado. E que trouxe o técnico que desde o primeiro momento tenho elogiado, por sua capacidade, por sua dedicação e seriedade.
Dizer que Minas é agora o estado do futebol, em minha opinião é bobagem. Temos sim, o campeão da Libertadores e o campeão do Brasileirão.
Mas, é bom sempre lembrar que futebol é momento, como o mostra o time campeão do ano passado, o Fluminense, que amarga agora a possibilidade de voltar para o lugar de onde não deveria ter saído: a segunda divisão. E que só saiu, por força e atuação da CBF.
Além disso, não podemos deixar de lado o fato de que há ainda, em disputa, um outro título, de dimensão nacional, como a Copa do Brasil.
Que tem em disputa o time que eliminou justamente o agora campeão do Brasileiro - o Flamengo, e o outro rubro-negro, primeiro time a interromper a campanha vitoriosa e invicta do campeão da Libertadores, na Independência - o Atlético Paranaense.
***
Aliás, por falar na disputa do título da Copa do Brasil, vale fazer o mesmo comentário que fiz em relação à exploração da paixão do torcedor cruzeirense, no jogo de domingo último. É sacanagem, para dizer o mínimo, cobrar preços de ingresso que podem alcançar a 800 reais, sendo de 250 reais a entrada mais barata.
Até entendo o argumento de que trata-se de uma partida decisiva (essa sim, já que fruto de um mata-mata) e que o time merece esse sacrifício de sua torcida, até para que possa manter o mesmo plantel, ou contratar jogadores capazes de qualificarem mais ainda o grupo. Mas, convenhamos: em um país em que o salário mínimo não supera os 680 reais, cobrar o valor de uma terça parte apenas por uma partida, e logo de quem a cada semana lota os estádios, é mais que uma simples pretensão de elitização, uma sacanagem.
Pelo menos é isso que penso.
E, pensando assim, concordo com a ação do Ministério Público, ou Procon, que foi pedir satisfações do time carioca.




quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Pedidos impossíveis

Com um gesto de mão
Pede pra que eu me cale
Ordena-me o silêncio
Pede-me que eu não fale
Nem faça barulho
Para não acordar este amor
Pede que eu engula as palavras
Que aprisione os porquês
E que eu não queira saber
As razões dessa distância
Que só faz aumentar essa dor
Que alimenta meu sofrer
Pede-me que eu me afaste
Que eu parta e me esqueça
Como se fosse possível
O abandono do sonho
Aceitar a despedida
Desistir sem reação
De viver o grande amor
Que é a razão de minha vida

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O Cruzeiro é rei mas ainda não é o campeão. E o rei ontem estava nu (mas ninguém quis ver)

A verdade é que não sei se a situação é digna de tristeza ou pena.
Afinal, durante muito tempo a imprensa cultivou e todos os que acompanham o futebol mais de perto se convenceram de que o jogo decisivo do campeonato para o Cruzeiro seria a partida contra o Grêmio. 
Segundo colocado na oportunidade, e distante uma quantidade de pontos suficiente para o time mineiro sagrar-se campeão com larga antecedência, o jogo contra o time gaúcho tinha dois outros ingredientes fundamentais: era um jogo contra adversário direto às pretensões dos mineiros e era um jogo contra o único adversário que o time de Fábio e Marcelo Oliveira não havia vencido no campeonato. 
Em relação à questão das pretensões, o jogo era um daqueles considerados "jogo de seis pontos", com o time gremista podendo reduzir a extraordinária vantagem mineira caso vencesse, o que serviria para continuar embalando o longínquo sonho de ser o campeão. Com relação ao segundo ponto, caso vencesse, o Cruzeiro teria conseguido uma façanha que ainda não fora obtida por nenhum dos campeões da era dos pontos corridos: vencer, ao menos uma vez, a todos os seus adversários.
Pois bem, a expectativa criada prosperou e ficaram todos à espera do jogão definidor do título: ganhando o Cruzeiro abriria vantagem que lhe asseguraria a conquista, sem dúvida alguma.
Em meio a tanta expectativa, um molho extra foi proporcionado pela penalidade, depois anulada ou cancelada que alcançou o time celeste, por força do mau comportamento de sua torcida no jogo contra o Galo. 
A princípio, julgado e tendo sido condenado à perda de um mando de campo, sem maiores explicações, ou mais convincentes, o Cruzeiro pode jogar exatamente a partida mais importante, contra o Grêmio em seus domínios, ao lado de sua torcida. Ajuda que o time quitou logo, com a atuação espetacular de seu representante, o senador Zezé Perrela, em Brasília.
***
Entretanto, imprevisível como ele só, o futebol pregou mais uma de suas peças e, faltando muito pouco para a partida tão ansiosamente aguardada, o Grêmio caiu de posição na tabela e o segundo lugar foi assumido pelo Atlético Paranaense. Por conta da queda do Grêmio, para alguns até de interesse dos atletas gremistas desejosos de derrubarem seu técnico Renato Gaúcho, o jogo contra o tricolor do sul perdeu sua importância e o Cruzeiro ser campeão já não dependia mais de qualquer partida contra o Grêmio, nem contra qualquer time. Afinal, conquistar o campeonato passou a ser questão de tempo.
***
Mas, estava armado o ambiente. E não convinha a ninguém agir como a criança que, por ingenuidade, foi a única que viu que a roupa do rei não existia. O Rei estava nu.
A imprensa, como lhe é peculiar, especialmente quando é para criar fatos que possam repercutir e vender, não alertou que o jogo não valia mais nada. Que o que era para ser um jogo decisivo perdeu seu caráter definidor. 
A direção do time, aproveitando-se do ambiente, cobrou preços que, a julgar por comentários dos próprios torcedores cruzeirenses foram absurdamente inflados, aproveitando-se do fato de ser uma decisão, mesmo que de mentirinha. 
Os cruzeirenses colocaram seus mais novos e mais lustrados uniformes e acorreram em massa ao Mineirão, para o jogo que apenas cumpria tabela, como todos os demais jogos das rodadas que o antecederam.
Aliás, é justo dizer: o campeonato por pontos corridos não se decide em qualquer partida, o que constitui sua principal vantagem. E foi por isso que o Cruzeiro chegou onde chegou. Por ter vencido e levado a sério e respeitado todos os seus adversários em toda a competição. Não por um jogo contra o time que nem mais ocupava a vice-liderança.
Mas, os cruzeirenses em nenhum momento foram alertados de que o jogo não tinha mais o caráter de decisão que lhe fora atribuído. E fizeram o seu papel, indo a campo para comemorar uma vitória. Mais uma vitória e uma possível conquista. 
Possível, mas não real.
O time jogou, venceu, convenceu contra um Grêmio perdido mas valente. E o time mineiro, virtual campeão, não pode sair do estádio como campeão real, embora todos saibam que é questão de mais uma ou duas rodadas. 
Entretanto, o Atlético Paranaenses, seu único adversário em condições de ainda ter alguma expectativa - sonho fugaz-, venceu também seu compromisso, contra o bom time do São Paulo, em franca reabilitação na competição. E assim, ao invés de as próximas rodadas se tornarem meros amistosos, a sagração do campeão ficou adiado. Para quarta feira no Barradão, contra um Vitória que está correndo atrás, para se credenciar para disputar a Libertadores no próximo ano, ou para o domingo, quando então a punição ao Cruzeiro será cumprida. 
***
Como atleticano que sou, e que está sempre secando o Cruzeiro, o fato de nosso adversário principal não ter passado a régua ainda, não é significativo, nem motivo de satisfação. 
Ao menos para quem tem um mínimo de bom senso e raciocínio, o time de Marcelo Oliveira já é o dono do título. 
Mas, que é de dar pena ver a comemoração, a alegria e o buzinaço, a queima de fogos que os torcedores do time azul fizeram, apenas por mais uma partida, com a mesma importância que foram todas até aqui, já que embora gritassem que eram campeões, no fundo, no fundo, também eles, se tiverem bom senso, sabem que ainda não conquistaram nada. 
Pena ou tristeza por tê-los visto sendo tão ludibriados e tão explorados, mesmo que às vezes, algumas pessoas sintam até mais prazer, quando manipulados e feitos de inocentes úteis.