sexta-feira, 30 de maio de 2014

A aposentadoria de Joaquim Barbosa e porque insistem em não deixar o aposentado Ronaldo em paz...

O anúncio da aposentadoria de Joaquim Barbosa ganha destaque e as manchetes de nossos principais jornais. Alguns deles, questionando o porquê de o presidente do STF anunciar apenas agora sua decisão. Outros achando precipitada a decisão, já que o ministro, nesse momento, não poderá se lançar candidato a qualquer cargo eletivo nas eleições do próximo mês de outubro, como tanto se especulou.
Indagam as razões de o presidente do Supremo, que ganhou tanta notoriedade com o julgamento do mensalão chegando inclusive a ser apresentado como  nosso justiceiro-mór, por parte de nossa classe média de mentalidade conservadora e tacanha, ter preferido o ostracismo e o recolhimento.
Observe que não afirmei que Barbosão, como foi chamado em alguns momentos, posou de justiceiro. Apenas aceitou a imagem que lhe pespegaram, sem qualquer reação ou comentário, contra ou a favor.
Quanto à utilização do termo notoriedade, cuja utilização em inglês denota algum tom crítico, deve-se não ao seu comportamento como relator do mensalão, mas exclusivamente a algumas de suas reações.
Em minha opinião, tais reações, sempre destemperadas, autoritárias e impróprias irão, no futuro, ser lembradas, empanando uma biografia que tinha muitos pontos para ser elogiada, aí considerando-se, inclusive, o fato de ter cumprido seu papel funcional.
Porque embora no Brasil saibamos que isso é raro, e merecedor de comentários, o que ele fez como relator da Ação Penal 470 e depois, como presidente do Supremo, foi apenas o cumprimento de um dever funcional e profissional, que envolve claro, o dever de consciência.
Por raro, o tratamento dispensado por ele a poderosos e políticos como se fossem seres humanos comuns, em minha opinião não há muito que ficar elogiando e lembrando do ministro.
Mas, seu destempero e a dificuldade de aceitar a discordância, o contraditório, a opinião do outro, a falta de diálogo, essas ganharão destaque por não adequadas ao comportamento que se espera de um magistrado da mais alta Corte do país.
Ainda assim, prefiro ficar com a imagem do homem do povo, que venceu por seus méritos e por sua capacidade e inteligência, contra um ambiente que deve ter se apresentado a ele como bastante hostil em várias ocasiões.
Neste momento, curioso é que entre comentários e especulações sobre sua decisão anunciada, pouco espaço tenha sido dedicado pela imprensa a um detalhe simples: por tratar-se de uma opção pessoal  e um benefício de cunho íntimo, pessoal, não há o que ficar procurando razões para explicar o gesto. O que de resto, mesmo se houver, não interessa e não deveria ser preocupação de mais ninguém.

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Ronaldo, agora sim, e cada vez mais, um fenômeno

Que um jogador de futebol emita suas opiniões e as torne públicas, caso tenha espaço para tanto, não é problema algum.
Afinal, por muito tempo, acompanhamos as opiniões emitidas por Edson Arantes do Nascimento, cobrando dele uma postura distinta daquela que ele insiste em nos passar.
Dele, como não cansamos de nos lembrar, o deputado Romário em um momento de rara felicidade observou que, calado era um poeta.
Desta forma, como qualquer outro profissional e cidadão, nada tenho contra as opiniões de Ronaldo Nazário, o gordinho que se tornou o artilheiro recordista de Copas do Mundo, o que convenhamos, não é pouco.
Fato que será sempre digno de destaque ou menção nas páginas ou programas de esportes de nossos meios de comunicação.
Mas, daí dar a ele toda a atenção que lhe é dispensada, em assuntos que não creio que ele tenha autoridade para tratar, é culpa e falha de nossa imprensa, ávida por escândalos.
Em algumas ocasiões, inclusive, o que vemos é apenas e tão somente uma invasão de privacidade desmedida, como no caso das notícias sobre seu casamento em um palácio francês,  como também sua separação algumas semanas depois.
Ou como no caso que ganhou as páginas policiais, por força de desacordo comercial com três travestis em uma noitada no interior de um motel, no Rio.
Mas, em minha opinião, Ronaldo deveria se cuidar mais e sua assessoria está falhando muito, quando o ex-jogador concede entrevistas como membro do Comitê local responsável pela organização da Copa. Até para preservar sua imagem.
E para evitar que ele se mostre tão contraditório e meta tanto os pés pelas mãos, com tem feito, desde quando foi feito o anúncio de seu nome como membro do Comitê que, diga-se de passagem, também não tinha qualquer justificativa. Naquela ocasião, afirmou que uma Copa não se fazia com hospitais, e saúde pública de qualidade, criticando as manifestações populares contrárias à realização da Copa em nosso país. Agora, em entrevista concedida a órgão de imprensa alemã, declarou sentir-se envergonhado com tanta burocracia, atraso e tantas obras por fazer no nosso país, relativas à própria Copa.
Finalmente, para manifestar sua opinião de que, para os manifestantes mais exaltados, ou vândalos, como ele os definiu, o melhor era a polícia baixar o cacete.
Como disse, não há o que criticar de declarações de quem quer que seja. Mesmo que seja alguém de alguma visibilidade.
Mas, que não dá para entender como a imprensa insiste em ouvir a quem não entende nada do que é objeto da discussão, para isso é que não encontro qualquer justificativa.
A imprensa sim, é que agindo assim, merece toda nossa crítica pelo desserviço que presta à população e, pior, ao próprio entrevistado. Ronaldo no caso.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Galão no embalo e já no ritmo do trabalho de Levir

Em alguns momentos, parecia o mesmo time e o mesmo futebol, rápido, objetivo, empolgante que nos deu tantas alegrias  no ano passado.
Marcação sob pressão na saída de bola do adversário; toques rápidos, triangulações, jogadas pelas pontas; aqui a ali, em uma jogada ou outra, já se notava o dedo de Levir Culpi. Essas as observações a respeito do bom jogo do Galo ontem, contra o Fluminense, em Ipatinga.
Prosseguem, claro, algumas deficiências, de resto sobejamente conhecidas: Léo Silva, muito fraco no meio da defesa, muito lento, incapaz de conseguir impedir ou barrar as jogadas do "gordinho" Valter, que deu um show de categoria e inteligência, com e sem a bola em seus pés.
A propósito de Valter, chega a impressionar a capacidade que ele possui de proteger a bola, o que dificulta que consigam tirá-la de seus pés.
Como de hábito, saíram de seus pés, as jogadas mais perigosas do Flu.
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Os laterais, ainda muito inseguros e muito fracos, principalmente Alex Silva, já que em alguns momentos, Emerson Conceição apresenta lampejos de que pode ser útil ao Galo.
O meio que tem Donizete como um dos responsáveis pela saída de bola, não tem ninguém para ligar defesa ao ataque. Por mais esforçado que seja, e violento, que tem sido sua principal característica na destruição de jogadas dos adversários, ele é muito fraco na armação, persistindo em seu defeito de não conseguir acertar um passe de poucos metros.
Tardelli voltando a jogar mais livre, embora ainda distante da área que é sua verdadeira posição e onde se destaca, é uma grande alegria e esperança de dias melhores.
Fernandinho não fez falta e vê-se que, ao contrário, com seu individualismo mais prejudicava ao time que contribuía para as vitórias.
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Dátolo e Giovanni, esses em minha opinião os nomes do jogo. Dátolo, comandando o meio campo e aparecendo à frente, como elemento surpresa, o que lhe permitiu marcar o gol que deu início à vitória. De quebra, ainda foi de seus pés e de sua insistência que nasceu o gol de Tardelli.
Giovanni, transmitindo a segurança que permite à torcida não sentir tanta saudade de seu goleiro titular, defendendo a seleção brasileira.
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Parabéns a Levir e seu estilo, que vai aos poucos impondo em nosso Galão da massa.
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Mas tão notável quanto o bom futebol do Galo foi o fato de que nenhum lance de discussão, a favor do Galo mereceu reprise ou comentário do torcedor do Flu que estava na cabine de transmissão, fingindo ser comentarista. Acho que um tal de Lídio. Sei lá.
Nem me interessa saber o nome de um comentarista que esquece de sua função para torcer desavergonhadamente como esse pessoal da imprensa carioca.
Uma vergonha e que mostra bem o porque de tanto protecionismo ao time das Laranjeiras.
Pior foi ficar insistindo que o time do Atlético jogou de igual para igual com o tricolor, quase dando a entender que o placar mais justo talvez fosse outro, quem sabe um empate.
E ainda teve a cara de pau de elogiar o juiz, que distribuiu cartões a torto e a direito para jogadores do Galo, mas não mostrou o mesmo rigor, em jogadas como o lance de sola em Pierre, ou outras de agressão de jogadores do Flu, por exemplo, a Emerson Conceição, no final do jogo.
E não comentou nada a respeito de algumas faltas não assinaladas pelo juiz, que preferiu fazer vista grossa.

É UMA PENA QUE CARIOCAS TÃO POUCO PREPARADOS SEJAM DESIGNADOS PARA TRANSMITIR E COMENTAR NO Pay per view. Onde o torcedor do Galo é tido como o que mais receita dá à operadora. 
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Como o futebol é uma caixinha de surpresas, apenas para manter o chavão, o gol tomado ontem, pelo bom goleiro Fábio do time conhecido como das Marias, foi qualquer coisa de estranho. Na verdade um peru. Se não culpa do montinho artilheiro.
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COPOM interrompe política monetária restritiva. Selic se mantém a 11%, à espera de que seus efeitos se manifestem plenamente

Não era surpresa para ninguém e todos os agentes do mercado já contavam com a interrupção da política de elevação da taxa de juros básica da economia, a taxa Selic, que vinha sendo praticada pelo COPOM desde abril do ano passado.
Primeiro porque a inflação vem apresentando sinais de arrefecimento, embora as previsões feitas pelas consultorias de mercado continuem sinalizando que o índice deve terminar o ano próximo de limite do intervalo de 6,5% admitido no sistema de metas.
Segundo porque há um reconhecimento de que existe uma certa defasagem temporal entre o instante da tomada da decisão pelo colegiado de diretores do Banco Central e o período necessário para que a decisão conclua todo o seu efeito, o que pode levar algum tempo.
Dessa forma, ainda se espera que a elevação da taxa Selic para o patamar de 11% possa levar mais algum tempo para manifestar todos seus resultados, o que torna uma nova elevação, nesse momento, pouco prudente.
Não apenas os índices de preços vêm dando sinais de estarem se desacelerando, como alguns outros indicadores vêm dando sinais de que a economia emite sinais de estar reagindo à política do governo, reduzindo seu ritmo de atividade.
Nesse sentido, uma nova elevação dos juros a ser decretada pelo COPOM poderia dar início a um processo que, além da queda de preços mais veloz, poderia dar origem à uma queda da produção, em momento em que algumas indústrias como a automobilística já apresentam redução de vendas e pátios cheios de estoques, além de interrupção da queda recorde da taxa de desemprego no país.
Em seu comunicado, além de informar ter sido a decisão adotada por unanimidade e sem viés, o Banco Central revela que irá prosseguir monitorando a atividade econômica, de forma a manter o controle dos preços, sem afetar negativamente o nível da atividade econômica.
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Quanto às reações provocadas junto à indústria, embora órgãos representantes dos setores produtivos estejam comemorando a interrupção da política de elevação dos juros, alegando que o ônus do combate à inflação não deve ficar apenas sob sua responsabilidade, algumas declarações cobram do governo mais rigor no controle de sua política fiscal, lembrando que, apesar do extenso período de elevação da Selic, que subiu mais de 50% no período de pouco mais de um ano, a inflação ainda apresenta uma resistência à queda.
Reclamam ainda da manutenção de taxas de juros excessivamente elevadas e descoladas da realidade econômica do país, caracterizada por crescimento econômico em desaceleração e anêmico, o que os leva a responsabilizar o governo por deixar escapar mais uma oportunidade de estimular o crescimento econômico.
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Por outro lado, notícias advindas do Planalto indicam que a presidenta Dilma procura aproveitar a política de juros adotada por seu Banco Central,  de forma a poder reverter sua imagem junto ao mercado de ser leniente com a inflação.
Nesse sentido, embora seja contrária à manutenção de uma política de taxas de juros elevada, que dificulta o crescimento econômico, vai procurar vender a ideia de que seu governo não poupa esforços para manter a inflação controlada.
Tal ação de marketing é sem dúvida, interessante para calar a boca dos críticos que a acusavam de abandonar um dos principais pilares do tripé de política econômica que encontrou ao chegar ao poder, a que se soma a política de austeridade fiscal e geração de superávits primários, e a política de câmbio flexível.


terça-feira, 27 de maio de 2014

Fernandinho: quando a postura do jogador choca-se com o que se espera de um profissional

Cada cabeça, uma sentença. Com uma pequena alteração, pode-se dizer também que cada cabeça, uma versão.
Refiro-me ao caso de Fernandinho, o jogador contratado por empréstimo pelo Galo, para vir ocupar o lugar de Bernard.
Sem ter tido seus direitos econômicos adquiridos pelo Atlético, de forma definitiva, Fernandinho estava cumprindo os últimos dias de seu empréstimo.
Examinando sua passagem pelo Galo podemos identificar duas fases, bem distintas. Na primeira, logo após sua chegada, impressionou à massa com uma disposição e vigor físico, aliados a um futebol de qualidade, ágil, veloz, driblador, a ponto de fazer a torcida não ter oportunidade para ficar se lamentando da perda de seu ídolo de alegria nas pernas.
Depois de ganhar a confiança da massa, e à medida que ia se aproximando a disputa do mundial de clubes em Marrocos, seu futebol foi se tornando mais econômico, com sua velocidade e participação em prol da equipe dando lugar a um individualismo muitas vezes prejudicial. Da mesma forma que ia revelando sua pouca disposição de jogar para a equipe, começou a demonstrar também uma certa inaptidão para vir ajudar a fechar o meio campo, tornando-se o responsável pelo primeiro combate e ajudando o lateral na marcação do ataque adversário.
Depois do jogo contra o Cruzeiro, pelo segundo turno do Campeonato Brasileiro no ano passado, quando fez uma jogada espetacular, que culminou com o gol que permitiu o Atlético sair com a vitória de um a zero, não voltou mais a apresentar as características que o fizeram cair nas graças da torcida.
Passada a campanha vexatória do Marrocos, e as férias, não voltou mais a apresentar o futebol vistoso de antes. Na verdade, parou de jogar, o que pode ter sido também afetado pela contusão que sofreu e que o tirou do time por algum tempo.
Sua postura em campo deu origem a críticas cada vez mais contundentes, e o comentário de que não teria seu empréstimo prorrogado foi ganhando corpo.
Pesava para tanto, o valor de R$ 3 milhões que o Galo teria que dispor para obter a renovação.
Com a chegada de Levir Culpi, Fernandinho até voltou a apresentar uma disposição maior em campo, atuando com o mesmo espírito dos primeiros tempos, embora mantendo as suas características, como o individualismo, que vinham sendo alvo de críticas.
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Agora, iniciado o campeonato brasileiro, e completadas as seis primeiras partidas que ainda permitiriam que ele pudesse trocar de time aqui no país, o presidente do Galo anuncia que ele se recusou a viajar acompanhando a delegação e a envergar o manto alvinegro.
Dessa forma, Kalil anunciou ter suspendido seu contrato e rompido o vínculo do atleta com o Galo.
Por seu turno, Fernandinho alega que sua recusa em viajar foi fruto de um acordo com a direção do Atlético, para não vir a prejudicá-lo, no caso de o clube não querer permanecer contando com sua presença.
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Independente da versão correta, há que se entender que, desejando não retornar a seu compromisso com o time que mantém seus direitos econômicos, e na expectativa de poder ficar no Brasil, jogando por outra equipe, já que o Atlético não deu sinais de estar disposto a pagar por sua permanência,é compreensível que Fernandinho não se dispusesse a entrar em campo cumprindo a sétima partida, e impedindo qualquer possibilidade de continuar disputando o campeonato, depois da Copa do Mundo.
Desse ponto de vista, e levando em conta a situação do jogador, do ser humano, desejoso de poder continuar trabalhando em seu país é, no mínimo compreensível que ele negociasse com o clube, solicitando para não ter de entrar em campo.
E, se não fosse entrar em campo, manda a lógica que nem precisasse representar uma despesa para o clube, não tendo que viajar.
Mas, isso é a visão do ponto de vista do jogador, do homem.
Não é e nem seria de se esperar o contrário, a visão do torcedor apaixonado, para quem o jogador manifestou o desamor pelo Galo.
Passional como é, o torcedor não aceitaria nunca esse tipo de comportamento, o que significa que Fernandinho fechou definitivamente as portas do clube para si.
Que o maior mandatário do clube e que alguns comentaristas esportivos venham a adotar o mesmo comportamento, alimentando e reforçando a reação da torcida contra o jogador é que acho no mínimo uma insensatez.
Menos do presidente, que já deu demonstrações inequívocas de ser mais apaixonado e, como tal irracional em suas reações e suas atividades, que aquilo que o cargo pode lhe permitir adotar.
Mas alguns comentaristas têm adotado uma postura que só não é de causar estranheza por que todos concordam com o fato de que existem cronistas, comentaristas e repórteres esportivos que causam um desserviço à atividade a que se dedicam e, principalmente ao esporte.
Para não dizer que é muito fácil falar generalizando e que em todo lugar há profissionais muito ruins e outros muito bons. E até para ser justo, para não dizer que o comentarista ou comentaristas a que me refiro adotem esse comportamento de forma geral, e não manifestaram nesse caso uma antipatia que já nutriam por Fernandinho, estou me referindo especificamente ao responsável pelo programa de esportes que se intitula BH Sports, aquele mesmo que trata com casca e tudo aos seus convidados, caso suas opiniões não sejam as mesmas do apresentador.
Mas insisto, isso não significa que Afonso Alberto seja um comentarista mal intencionado. Apenas que, no caso Fernandinho, acredito que ele deveria adotar uma postura mais comedida.
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E, como postou Kalil, no Twitter, que Fernandinho siga sua carreira e tenha sucesso. Té logo e bença.
O assunto entretanto, dá margem para que se levante uma outra discussão, que apenas vou encaminhar nesse espaço, sem desenvover.
Falo da situação de jogadores que, não sendo considerados úteis para o time, por seu técnico ou pela comissão técnica ou diretoria, são disponibilizados por empréstimos para outras equipes.
Ora, se não são considerados aptos a envergarem a camisa do time, a ponto de serem colocados à disposição, qual a razão que leva os times a impedirem que esse jogador renegado entre em campo e venha a jogar contra seu time de origem?
Seria medo de que o jogador dispensado e dispensável pudesse provar em campo que tinha sim, qualidades para estar no outro lado do campo?
Parece-me que essa é uma situação que mereceria tratamento pelo pessoal dos programas especializados. Afinal, trata-se de uma limitação ao exercício da profissão pelo jogador que, na verdade, não deu origem a tal situação. E que pode estar sendo uma vítima, especialmente se for torcedor de coração do time de origem.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Programas assistencialistas e as discussões das mesas de boteco


Sábado à tarde. Começando a cair a noite. Uma brisa soprava de vez em quando ameaçando um friozinho de final de maio.
Em meio aos amigos de sempre, tomávamos umas cervejas, contando histórias.
De repente, do nada, um amigo puxa o assunto que a maioria procura evitar:  as eleições e a política.
Afinal, o pleito já está aí.
Para um amigo, país democrata é o que tem alternância de poder. O que é uma forma mais palatável de ele admitir que vai de Aécio. E não poderia ser diferente. Estamos em BH, capital das Minas Gerais, onde o menino do Rio foi governador por dois períodos. E de quebra, conseguiu eleger seu vice, o professor Anastasia, mostrando que o tal argumento da alternância de poder deve ser entendido de forma bastante relativa.
Outro vai de Aécio por ser mineiro. E o mineiro acha que só daqui sai político de respeito. Alegam a tradição da política mineira, embora também esse seja um mero discurso vago. E cheio de provincialismo, em minha opinião.
Que Aécio seja mineiro pouco deveria ser importante, em minha opinião. Afinal, Dilma também é, de nascimento tanto quanto o peessedebista. E se ela fez uma opção de coração, por ser gaúcha, onde conseguiu construir sua vida e sua reputação profissional, depois da prisão e do exílio, o menino do Rio não tem o apelido que tem, por acaso.
E talvez nunca tivesse pensado em se instalar em nossa capital, caso o avô não fosse político tradicional, governador e, não tivesse a preocupação de trazê-lo, jovem ainda, do Rio, para se transformar em seu secretário particular, como forma de afastá-lo da influência de más companhias, com quem costumava ser visto.
Isso deve ter sido à época que o candidato do PSDB diz ter experimentado maconha, e achado ruim, a ponto de não recomendar o seu uso para ninguém. Nem ser favorável à descriminalização da droga.
Na mesa, alguém lembrou que os três principais candidatos, Dilma, Aécio e Eduardo são todos formados em Economia. O que, segundo um deles, apenas depõe contra o curso.
Outro alegou que para a carreira política, apenas a Economia, ou o Direito dão mesmo uma base mais sólida.
Confesso que tal tese não tem meu apoio. Especialmente se algum candidato quiser aplicar um choque de gestão em nosso pais, tentando, quem sabe, superar no nível federal o fracasso que o tal choque representou no Estado piloto de tal proposta.
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Eduardo, é bom lembrar, tem a mesma tradição de vir de família de políticos, sendo neto de Miguel Arraes, governador de Pernambuco por inúmeras vezes. Assim, Eduardo é tão neto de ex-governador quanto Aécio. O mineiro tem a vantagem de ser neto de outro famoso político, Tristão da Cunha, pai de Aécio da Cunha, de quem nunca se ouviu falar qualquer coisa que não fosse elogios...
Quanto a Arraes, há um respeito grande, o que é importante reconhecer, já que o pernambucano sempre esteve mais ligado às esquerdas.
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Mas, como a discussão tomou o rumo anti-petista, vários disputando quem tinha os argumentos mais desfavoráveis à gestão "petralha", fomos passando por assuntos vários chegando, como não poderia deixar de ser à crítica à vagabundagem que o PT incentiva com o Bolsa Família.
Foi em vão que tentei mostrar que todos estavam falando de assunto que não conheciam. Já bêbados, o pior era que nem se interessavam em conhecer.
Dai veio a minha vontade de postar aqui nesse espaço algumas informações sobre esse programa destinado a dar condições de melhoria alimentar e de educação para pessoas extremamente pobres, tirando-as dessa situação terrível.
Assim, entrando no site da Caixa Econômica, que é o banco vinculado ao Programa, vê-se lá:
O programa Bolsa Família tem como alvo as famílias em situação de:
pobreza ou extrema pobreza. As famílias extremamente pobres são aquelas que têm renda per capita de até R$ 77,00 por mês. As famílias pobres são aquelas que têm a renda per capita entre R$ 77,01 a R$ 154,00 por mês, e que tenham em sua composição gestantes, nutrizes, crianças ou adolescentes entre 0 e 17 anos.

Ou seja, vale destacar, atende a famílias com renda por pessoa, por mês, de até R$ 77,00. O que significa que a família caso tenha 5 membros, deverá ter salário de R$ 385,00, que não dá nem o valor de um salário mínimo.
Além disso, para ser beneficiária do programa, as famílias com renda entre R$ 77 e R$ 154,00 por mês, têm que ter crianças e adolescentes com idade entre zero e dezesseis anos incompletos, ou serem gestantes ou nutrizes, que significa estarem amamentando. 
Com renda de zero a R$ 154,00, por pessoa, por mês, desde que tenham adolescentes entre 16 e 17 anos. 
Nitidamente, nota-se alguma preocupação com a questão da educação e com a necessidade de se impedir que crianças de menos idade fiquem fora da escola, ou precisando de ir às ruas para conseguir algum trocado para se manter vivo.

Prosseguindo, vemos que existem quatro tipos de benefícios, que transcrevo a seguir:

  • Básico
Concedido às famílias em situação de extrema pobreza. O valor desse benefício é de R$ 77,00 mensais, independentemente da composição e do número de membros do grupo familiar.
  • Variável
Destinado a famílias que se encontrem em situação de pobreza ou extrema pobreza e que tenham em sua composição, gestantes, nutrizes (mãe que amamenta), crianças e adolescentes de zero a 16 anos incompletos. O valor mínimo é de R$ 35,00 e cada família pode acumular até cinco benefícios, ou seja, R$ 175,00.
  • Variável para Jovem
Destinado a famílias que se encontrem em situação de pobreza ou extrema pobreza e que tenham em sua composição adolescentes entre 16 e 17 anos. O valor do benefício é de R$ 42,00 e cada família pode acumular até dois benefícios, ou seja, R$ 84,00.
  • Superação da Extrema Pobreza
Destina as famílias que se encontrem em situação de extrema pobreza. Cada família pode ter direito a um benefício. O valor do benefício varia em razão do cálculo realizado a partir da renda per-capita da família e do benefício já recebido no PBF.
  • As famílias em situação de extrema pobreza podem acumular o benefício Básico o Variável e o Variável para Jovem, até o máximo de R$ 336,00 por mês. Como também, podem acumular 1 (um) benefício para Superação da Extrema Pobreza.
  • Se o município tem programas próprios de transferência de renda, pode somar esforços com o Governo Federal para ampliar a base de atendimento de seus programas e, dessa forma, ampliar o valor máximo dos benefícios para as famílias atendidas.

Condições

  • Inclusão da família, pela prefeitura, no Cadastro Único dos Programas Sociais do Governo Federal.
  • Seleção pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
  • No caso de existência de gestantes, o comparecimento às consultas de pré-natal, conforme calendário preconizado pelo Ministério da Saúde (MS).
  • Participação em atividades educativas ofertadas pelo MS sobre aleitamento materno e alimentação saudável, no caso de inclusão de nutrizes.(mãe que amamenta).
  • Manter em dia o cartão de vacinação das crianças de 0 a 7 anos.
  • Acompanhamento da saúde de mulheres na faixa de 14 e 44 anos.
  • Garantir frequência mínima de 85% na escola, para crianças e adolescentes de 6 a 15 anos.
  • Garantir frequência mínima de 75% na escola, para adolescentes de 16 e 17 anos.

Fiz questão de grifar e destacar alguns pontos, apenas para que alguns, que não conhecem, percebam que é a maior falácia o comentário de que, porque têm a seu dispor a fortuna dada pelo Bolsa Família, os beneficiários não querem trabalhar, abrindo mão de receber o salário mínimo que é, pelo menos duas vezes maior que o valor da assistência do governo.
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E não fica apenas nisso a questão do bolsa família. 
Porque alguns reclamam que é por esse tipo de gastos, que o governo aumenta a tributação, ou não dá conta de manter seu objetivo, relacionado à obtenção de um superávit primário (total de receitas arrecadadas menos os gastos para poder funcionar e pagar funcionalismo e programas assistenciais) cuja finalidade é assegurar o pagamento de juros da dívida pública. 
Pois bem, enquanto o Bolsa Família fica aí pelos R$ 13 bilhões, o pagamento dos juros - esse sim, destinado aos ricos, alcança cifra próxima de R$ 180 bilhões.
Os números não são exatos, mas são bastante bons para mostrar a ordem de grandezas dos gastos públicos. 
E há quem reclame de o governo petista, estar nos empobrecendo, nós da chamada classe média, para tirar dinheiro para passar para os pobres. 
Vai entender. Ou saber mais se quiser falar. Mesmo que já bêbado, em uma mesa de boteco.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Copa, manifestações, nada de novo no horizonte e o ócio brasileiro

Valho-me do caderno Mercado da Folha de São Paulo de hoje, 21 de maio,  para descrever a sensação que me domina faltando praticamente 3 semanas para o início da Copa do Mundo e que lembra mais a retração que, informam os especialistas, antecede a um tsunami ou a maremotos.
A imagem não é boa, seguramente, e preocupante. Afinal, ninguém em sã consciência pode saber e afirmar qualquer coisa em relação às manifestações que se anunciam para o período da realização do evento.
Uma coisa, é certa: vai haver Copa, independente e apesar da roubalheira, da corrupção, da falta de planejamento, de mais uma vez ter sido necessário desviar recursos públicos de outras finalidades mais importantes em prol do povo, para que o país pudesse atender a  um mínimo das condições impostas pela FIFA para a realização do torneio.
Curioso, como não deveria ser de se estranhar, é o fato de que a imprensa não faz o seu papel investigativo, informativo, analítico, que implicaria, a meu juízo, em confrontar as promessas e planos que embalaram a candidatura vitoriosa do país à sediar o evento, e onde pontificava o compromisso de as obras necessárias serem feitas com recursos privados, com o pouco entusiasmo, para não dizer nenhum, dos empresários tupiniquins.
Ao contrário, enquanto livra a cara de seus amigos empresários, parceiros, companheiros e financiadores, a imprensa apenas sabe dar destaque aos vultosos gastos públicos despendidos na construção, sempre com problemas e atrasos, da infraestrutura mínima para a realização da competição.
Tudo bem. O papel que a imprensa e a midia de forma geral desempenha em nosso país por várias vezes já foi objeto de nossas queixas, já que descumpre o seu principal objetivo, como beneficiário de uma concessão de serviço público, para privilegiar apenas os interesses particulares, e algumas vezes, até escusos, de seus proprietários: os concessionários.
Abre mão de fazer o que é seu papel: servir ao público, o que implicaria dar informação de forma mais isenta e ampla, para atender a seus objetivos próprios. 
E ainda reclama de qualquer discussão ou proposta de criação de controles SOCIAIS sobre seu funcionamento e sobre o enriquecimento e favorecimento de seus donos. 
A isso, chama CENSURA.
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Mas, voltando ao tema de nosso pitaco, Alexandre Schwartsman, economista, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, e colunista da Folha às quartas feiras, tecendo comentários sobre como é fácil a redação de uma coluna quando a gestão econômica do governo é de qualidade que ele considera tão duvidosa, decide tratar das declarações contraditórias de destacados ministros do governo Dilma.
Assunto requentado, uma vez que as declarações foram feitas na semana passada, com o ministro Mantega, da Fazenda, negando que o governo estivesse administrando ou controlando preços de forma a segurar a inflação, estratégia admitida como política de governo pelo ministro Mercadante, da Casa Civil.
Sinal de que a economia está em compasso de espera, como de resto toda a sociedade, creio eu, e que está faltando assunto para a manutenção de uma coluna semanal. Ou seja, o articulista vende como paraíso o que tem constituído, na verdade, seu inferno: a falta de novidades a comentar.
E nem mesmo é original no enfoque, apenas repetindo que, por força de estarmos já em  período eleitoral, o governo prefere não adotar as medidas corretivas amargas recomendadas por sua cartilha, que sempre privilegia o aumento do desemprego, como alternativa à política econômica que por provocar maior e melhor distribuição de salários, acaba tendo impactos sobre os índices de preços. Especialmente se a essa política, que não denominamos de distribuição de renda, mas tão somente de salários, se juntam fatores como a seca que tem provocado além da ameaça de problemas de fornecimento de energia, a frustração de culturas de alimentos e até mesmo do simples e trivial fornecimento de água - no governo não petista de São Paulo.
Bem, quanto à questão da energia, sempre a questão do represamento das tarifas terão prioridade na explicação de qualquer crise, aos olhos de nosso analista de mercado, cujo olhar privilegia sempre os andares mais elevados de nossa pirâmide social. 
E, curiosamente, em sua coluna ele não aborda que Mantega também declarou que a inflação estaria apresentando um arrefecimento, e que não iria superar o limite da meta, como a realidade está mostrando.
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Vale observar que isso não significa que os preços não estejam mesmo sendo administrados e com prejuízos, entre outras, da Petrobrás, ou das distribuidoras de energia. Apenas que, no caso da energia, a ideia do governo, que agora se mostra equivocada foi a de atender aos empresários que reclamavam das tarifas elevadas cobradas pelo serviço, e que não corresponderam quando tiveram atendidas suas reivindicações. 
No mais, como afirmou Jânio de Freitas, em coluna na semana passada, que governo não agiu de forma semelhante, no passado?
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Outro articulista, Vinícius Torres Freire comenta em sua coluna que a economia está esfriando aos poucos, mas que não há crise, na visão de empresários com quem manteve contato. Entretanto, todos falam de um clima ruim, de um ambiente que não inspira confiança.
Literalmente, " é raro ouvir de alguém que a empresa ou o setor deles vai demitir em breve.... A dúvida é saber o quanto dura essa situação. O salário está alto, apareceu estoque de novo...
Os indicadores econômicos do ano confirmam o esfriamento do clima, em ritmo no entanto lento e gradual, na média dos setores: alguma estagnação do emprego..., setor de serviços esfriando..... Mas o desemprego é baixo e o consumo de varejo cresce a 4,5%. O ambiente, porém, não está bom."
É ou não é a antevéspera do tsunami?
***
Por sorte nossa, na mesma página da coluna de Vinícius, reportagem com Domenico de Masi tenta levantar nossa auto-estima. Afinal, para o sociólogo, o brasileiro herdou do índio o senso de ócio. E isso é a melhor imagem, mesmo que não aceita de nossas melhores qualidades. O que leva a Folha a bradar em manchete, Viva o Ócio brasileiro. 
O ócio criativo, longe da ideia de produtivismo e eficiência que o sociólogo atribui aos americanos e aos economistas.
Longe do que é a cultura do "manager" espalhada pela visão de mundo dos americanos pelo mundo. E que o italiano renega, elogiando o brasileiro e seu espírito criativo.
Afinal, herdamos o senso de ócio. "Felizmente. (já  que) O trabalho manual deve ser visto como algo negativo. Pensar é melhor."
***
OK, mas que está esquisito, isso está.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Minha mãe aos oitenta anos

Então,
como se ainda não tivesse dado tempo,
percebemos que o tempo passou
e que não nos demos conta
E não foram poucos os anos,
não foram poucas as dores,
os sofrimentos,
os momentos de tristeza
não foram poucas as decepções
Como também não foram raras as alegrias
cada uma comemorada
cada uma como o troféu de uma batalha
diária, por uma vida melhor,
distinta,
digna de ser vivida.
Mas, como os momentos ruins passam rápido
passam velozes os instantes de alegria
que deveriam se tornar perenes,
também no desenrolar da vida,
como se perenizam nas nossas memórias.
E, sem que percebêssemos,
assim como se fosse um intruso,
à espreita do momento de entrar em cena
Chegam os oitenta anos
E que bom poder abraçar a quem te deu a vida
e comemorar toda a sua expressão de tranquilidade
estampada no rosto
que só os poucos e bons
são capazes de mostrar
Sinal de sabedoria
sinal de vida vivida
E muito bem vivida


Aos poucos, Levir vai dando nova feição ao time do Galo

Finalmente  Levir Culpi começa a dar ao time do Atlético uma nova conformação em campo e um padrão de jogo que há muito tempo vinha sendo cobrado por todos os seus apaixonados e sofridos torcedores.
Paradoxalmente, um dos fatores que têm contribuído para a reformulação que vem sendo feita e cujos resultados começam a aparecer é a grande quantidade de jogadores do plantel, considerados titulares alguns e até intocáveis outros, que permanece no Departamento Médico do Clube. 
Afinal, nenhum time consegue passar incólume por uma fase em que 11 jogadores estão em tratamento, sem poder atuar, alguns dos quais jogadores referência em qualquer grupo, como é o caso de Ronaldinho Gaúcho.
Porque é inegável que, mesmo que não viesse apresentando um bom condicionamento físico, o que o tornava um jogador comum em campo, apenas a presença de R10  é suficiente para preocupar os jogadores e o treinador do time adversário que sabe não poder dar qualquer espaço para o craque. Dessa forma, é sabido que a presença em campo do armador do Galo obriga o time contrário a colocar dois jogadores em sua marcação, o que assegura mais liberdade para outros jogadores do Atlético.
Junte-se à contusão de Ronaldinho, a distensão muscular de Tardelli, outro que não vinha se apresentando bem, embora muito esforçado, a difícil recuperação de Marcos Rocha, o nosso jogador de retaguarda mais lúcido no tocante a sair jogando da defesa para o ataque.
De quebra, lembremos de Réver, cuja instabilidade em termos físicos o tem mantido mais tempo fora dos gramados que em campo. E mencionemos a ausência de Luan, o voluntarioso, lutador e veloz atacante que ainda não entrou em campo nesse ano de 2014. 
Mas, se qualquer time ficaria abalado pelas contusões de seus jogadores principais, é exatamente a contusão de Réver e de seu reserva imediato Emérson, que obrigou que o Galo agisse rapidamente e trouxesse a maior revelação da temporada, esse excelente defensor argentino, Otamendi. 
Foi a sequência de contusões de jogadores do meio e do ataque, como Donizete, Dátolo, Fernandinho, R10 e Tardelli que obrigou a que se buscasse nas categorias de base jogadores do quilate de Marion, Carlos e, no jogo de ontem, Eduardo. 
Foi a contusão de Jô que criou a oportunidade para que André voltasse a perceber que pode voltar a ser o grande goleador que foi no Santos dos meninos da Vila. 
E, embora essa dificuldade não tivesse surgido no último mês, e os jogadores prata da casa que vêm entrando e correspondendo às expectativas, já tivessem tido oportunidades no time, participando inclusive de jogos do Campeonato Mineiro, a verdade é que nosso novo técnico não tem medo de apostar nos mais novos e promovê-los e dar a eles as chances que tem dado.
Há riscos, claro, até mesmo de queimar uma jovem promessa, de quem se espera muito e que pode vir a tremer frente a responsabilidade que os torcedores lhe imputam.
Mas o risco de isso acontecer com Levir é pequeno. E temos visto que os jogadores que têm entrado não estão entrando com medo. Ao contrário, partem para cima, arriscam, tentam jogadas, dão sangue.
Daí a mudança percebida já do futebol da época de Cuca, baseada no chutão para que Jô, como pivô, amaciasse a bola e tocasse para aproveitar a velocidade dos falso pontas, como eram Danilinho e Bernard, o primeiro pela direita, o outro pela esquerda. 
Em algumas situações a bola amortecida por Jô encontrava os pés, a genialidade, a clarividência de Ronaldinho e seus lançamentos espetaculares, sempre para um companheiro livre.
Pois bem, Danilinho foi embora, por problemas extra-futebol, e Cuca não foi mais capaz de alterar a disposição do time de jogar, continuando na insistência da bola de ligação direta, para Jô aproveitar sua estatura e vigor.
Mas o time ficou manco, o que lhe valeu a perda do título de 2012 do brasileiro. 
Tudo bem que, com apoio da torcida e a força de jogar em seu campo, mesmo no estilo atabalhoado armado por Cuca, foi campeão da Libertadores, muito mais por força de sorte, da sorte de contarmos com São Victor, que de competência.
Com a saída de Cuca, a vinda da nulidade desfez o pouco que nos restava. E o time deixou de jogar na base do chutão, para passar a tocar bola para rrás, cada vez mais para trás. E, pior, contando com jogadores responsáveis pela saída de bola, da qualidade técnica de Donizete, que erra os passes que faz da perna direita para a esquerda, e Pierre, o pitbull. 
Nada contra os dois volantes, responsáveis pela destruição de jogadas dos times adversários. Mas, transformados em destruidores das jogadas de nosso time também.
***
Agora com Levir, voltamos a ver o time tocando bola procurando tramar as jogadas pelas laterais do campo, com a defesa mais guarnecida e menos exposta a contra-ataques, uma vez que como foi visto ontem, mais uma vez, Leonardo Silva não dá conta de acompanhar nenhum atacante que parta em velocidade para cima dele. 
Foi assim que nasceu o gol do Santos ontem, com Cícero, muito menor que Léo Silva, mas que contou com a colaboração da mau posicionamento do capitão do time. 
Mas, tudo mudou no segundo tempo, com a entrada de Carlos e Eduardo, e depois de Dátolo, já que Fernandinho não justificou sua presença em campo, mais uma vez muito fominha, individualista e matando as jogadas velozes do Galo. Aliás, Fernandinho não vem, há muito tempo, correspondendo a tudo que se espera dele, ou ao que ele deixou antever nos primeiros jogos que disputou em sua chegada ao clube.
E as mudanças corajosas e necessárias de Levir deram resultado e o Galo virou com André que, tomara, possa se redimir e voltar com tudo a ser o André do Santos.
***
Mas melhor é perceber que o Galo já mostra algum estilo, já marca a saída de bola, já tem alguns momentos de um time estruturado, organizado. Já permite até fazer os atleticanos voltarem a alimentar a esperança de voltar a fazer um campeonato brasileiro e um segundo turno, cheio de competições internacionais, com esperança. 
Parabéns Levir e parabéns à meninada do Galo. 

terça-feira, 13 de maio de 2014

A generalização da barbárie e os linchamentos aceitos ou nem tanto.

Antes foi a agressão bárbara, selvagem, o linchamento que culminou na morte estúpida de Fabiane no Guarujá. Local que, conforme observação de um colega meu, acabou dando ao caso uma repercussão inédita.
Afinal, embora saibamos que o município do Guarujá enfrente os mesmos problemas de todas as outras localidades de nosso país, com seus problemas urbanos, sociais, falta de educação e pobreza e desigualdade, etc. pela fama que granjeou no passado, por toda a ostentação que representava, a menção ao balneário evoca sempre a frase irônica de Juca Chaves, de ser o Guarujá a praia em que as mulheres paulistas frequentavam de salto alto.
Agora chega a nosso conhecimento a execução da manicure Ane Kelly Santos, também no interior de São Paulo, em Osasco, por ter roubado R$ 27 mil da pessoa errada. Segundo o noticiário, o dinheiro roubado, bem como seu proprietário, era ligado ao tráfico, razão para que fosse praticado um crime hediondo, com requintes de tortura.
Um detalhe curioso que não me passou despercebido, contido na matéria jornalística que apresentava o monstruoso episódio,  foi o fato de que, efetuada a prisão de uma mulher e três homens acusados pela tortura e assassinato, um dos quais confessou a participação no crime, populares juntaram-se do lado de fora do local onde estavam presos, desejosos de lincharem os prisioneiros.
Em Belo Horizonte no dia de ontem, na região de Venda Nova, a prisão de um suspeito de pedofilia foi realizada após o acusado ter sido vítima de um início de agressão por populares.
E, a cada dia, avolumam-se os casos que vêm a nosso conhecimento, envolvendo a tentativa de se fazer justiça com as próprias mãos. Tanto em nosso país, quanto no exterior.
***
Ciente do apelo advindo de matérias que respingam sangue, a imprensa tem dado grande destaque a tais agressões,  embora sejamos justos, o tratamento  dispensado aos casos, pelo menos na televisão, têm se caracterizado pela discrição,
Entretanto, falta no noticiário mais que a divulgação ou repercussão do fato. Falta uma tentativa mais séria e profissional de se analisar as razões capazes de explicar o nível de intolerância a que estamos sendo expostos.
Tudo bem que os jornais televisivos não são o fórum adequado para tratar de tais temas, com o nível de profundidade que exigem. Ou não!
Porque comentários, ora de apresentadores, ora tão somente de populares entrevistados para a matéria acabam sendo levados ao ar e alguns promovem um verdadeiro desserviço à criação de um nível mínimo de convivência social. Equilibrada, sadia e justa.
***
O que percebo, então, é que mais que ser no Guarujá, e isso é o que vejo de pior, o caso de Fabiane ganhou grande repercussão por tratar-se de - MAIS - um erro. A jovem mulher era inocente e foi vítima de um boato, tendo sido confundida com um retrato falado que não deveria nunca ter sido objeto de postagem nas redes sociais.
Entrevistado, o responsável pela postagem que não deseja ser identificado, talvez por medo de que também ele seja vítima de um linchamento, afirma que não se sente responsável pela barbárie. Conta que postou o desenho da suspeita, mas ter tomado o cuidado de afirmar que a notícia era um possível boato.
Ora, se a notícia não estava confirmada, podendo ser mero boato, porque lhe dar divulgação?
Apenas para preencher espaço em um dia em que não tinha assunto algum mais sério e importante, para tratar?
Afirma ainda que logo a seguir retirou o retrato da rede, embora como se vê, o mal já tinha sido disseminado.
É verdade que ele não tinha intenção de matar ou de causar qualquer mal à Fabiane. Mas, que contribuiu para o desenrolar da história trágica, não há como negar.
***
Mas, se o caso de Fabiane foi um erro, o que dizer dos demais casos de linchamento? De justiçamento? De milicianos fazendo as famosas limpezas de criminosos?
O fato de quem estar sendo vítima ser de fato um assaltante, ou ladrão ou até mesmo um assassino, até mesmo confesso, dá à população o direito de fazer sua própria justiça?
Mesmo sabendo-se que esses julgamentos populares, sempre em ambiente de violenta emoção, acabam sendo julgamentos de exceção, e mais que serem a realização mais célere da justiça acabam transformando-se em verdadeiras execuções? Tão ou mais criminosas que os atos que lhes deram origem?
***
Na verdade, como deve sentir-se algum ser humano depois de ter participado de um ato de justiçamento feito pelas próprias mãos? Como um juiz? Como um assassino? Será que tem noção em algum momento, mesmo depois do crime, de todas as consequências de seu ato?
Será que, em algum momento terá dificuldade de colocar a cabeça no travesseiro e dormir sossegado?
Ou será que, como o personagem famoso de Crime e Castigo, de Dostoiévski, não irá mais tarde ser consumido pelo remorso?
***
Mas que tipo de sociedade é essa que estamos contribuindo para construir, que é capaz de chegar a um ponto em que parece que a panela de pressão está prestes a explodir?
Em que o estresse atingiu tal ponto que as reações tornam-se cada vez mais irracionais, como tem sido observado por reações no trânsito, nas relações entre homens e mulheres, nas disputas entre as torcidas de futebol, nas discussões entre dois desconhecidos em um bar.
***
E curioso que isso acontece, no momento mesmo em que cada vez mais, os meios de comunicação são dominados por programas religiosos, por salmos e cânticos e preces e orações, por religiosos de todo tipo de convicção.
Em que o fervor religioso parece estar em ebulição, com a criação e abertura de igrejas por todos os locais e bairros.
Como entender que quanto mais o transcendente ganha espaço, mais o lado perverso de nossa condição animalesca se agiganta?
***
Contribui para isso, sem dúvida, os comentários de jornalistas e outros profissionais que entendem o comportamento irracional, e portanto, sem qualquer elemento de entendimento possível, dentro da razão.
Contribui para isso, também, a espetacularização dos fatos hediondos que, entretanto, dão IBOPE, e garantem audiência e a continuidade de programas que tornam-se não raras vezes, na forma de que algum indivíduo, considerado um não-ser, ganhe destaque na sociedade.
Contribui para tudo isso a falta de educação, de cidadania, a brutal desigualdade em que vivemos, e que certas camadas da sociedade parecem dispostas a manter a qualquer custo, para não ter de abrir mão de privilégios. Exatamente a camada da sociedade mais amedrontada e que, intimamente, mais entra em contradição com suas convicções mais íntimas, sem saber se aprova os atos de justiça que o Estado não consegue prover a tempo e hora, ou se reprova tais comportamentos que nos remetem ao estado natural de selvageria de Hobbes, onde o homem era o lobo do homem.
***
A verdade é que questões como a de Pedrinhas, e os assassinatos nas cadeias do Maranhão, também eles justiçamentos; os casos de jovens executados em um sem-número a cada fim de semana, nas periferias das cidades grandes; as ações de violência contra a mulher, como se os homens fossem proprietários de suas companheiras; as ações de violência no trânsito; as batalhas nos estádios, às vezes entre pessoas da mesma torcida; embora passem despercebidas ou sejam, intimamente até aprovadas ou toleradas, são todas expressões de um mesmo conjunto de coisas. Como tal, merecedoras também de um tratamento e um debate mais sério de nossa sociedade.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Galo volta a vencer, mas ainda está longe do mínimo necessário

Que o resultado do jogo foi afetado pela arbitragem, é dever reconhecer. Não pelo pênalti marcado a favor do Galo e que Fábio não defendeu por muito pouco.
Afinal, no meio do gol, à meia altura, mesmo que a bola seja muito forte, o risco de o goleiro não se mexer e a bola pegar nele é muito grande. Fábio escolheu o canto e saiu pulando à sua esquerda. Mas, acho que pulou atrasado e, com isso, quase acontece de a bola pegar nele.
Mas, André marcou o gol que coroou sua boa partida, já que estava se esforçando, tentando tocar a bola, trocar passes, às vezes vindo buscar a bola lá na intermediária, já que a bola teimava em não chegar até ele.
Atuando na frente, junto com André e Fernandinho, e enquanto esteve em campo, Tardelli também mostrou outra disposição capaz, em alguns momentos e alguns lampejos, mostrar o brilho do início do ano, quando todos pediam seu nome nas convocações de Scolari.
Fernandinho continua muito individualista, embora participando de algumas poucas jogadas de perigo ao gol de Fábio.
***
No segundo tempo, a entrada de Carlos e de Marion no lugar de Tardelli, sentindo a perna, deu mais movimentação ao ataque, esquentando  mais o jogo.
Fora isso, Victor como sempre muito bem. E Otamendi, mais uma vez excepcional.
No mais, a saudade de Marcos Rocha, devido à fragilidade e insegurança de Alex Silva; a dificuldade de Emerson Conceição em mostrar algum futebol e um Léo Silva, pesadão, incapaz de ganhar uma jogada na corrida, matando a defesa e segurança do Galo, e deixando-nos a todos sempre com o coração na mão.
Foi aproveitando de sua ida à frente e de sua ausência de mobilidade e dificuldade de reação que o Cruzeiro chegou ao gol que lembrou muito o gol do Atlético Nacional da Colômbia, com Victor dando rebote para o meio da área, embora não pudesse fazer muito diferente ao saltar para defender o tiro adversário, quase à queima roupa.
Ao menos Léo Silva aproveitou sua estatura e foi à área adversária tentar a jogada aérea que ontem, em lance em que achei que foi pênalti, acabou contribuindo para a virada do Galo.
Antes, é verdade, houve o lance de Otamendi na área do Galo quando, depois de dar uma voadora que não pegou no atacante do Cruzeiro, ele veio deslizando pelo gramado, tendo a bola batido em seu braço.
Lance que eu não daria pênalti, já que nitidamente o corpo do argentino veio deslizando, inclusive levantando terra do campo, como deu para ver nas imagens mostradas pela televisão.
O que achei curioso é o fato de Luan ter parado a jogada, quando já tinha passado pelo defensor e já dentro da área, podia entrar para tentar um chute ao gol, mesmo com pouco ângulo, ou criar uma jogada de mais perigo, tocando atrás para algum companheiro que viesse chegando.
Mas, Luan parou e a jogada que podia ter outro desenlace, não redundou em nada, exceto muita reclamação.
Passado algum tempo, foi a vez de Luan dar uma cotovelada desleal em Donizete. E merecer ser expulso em outra decisão a meu ver acertada do juiz.
Mas, devo confessar que na jogada imediatamente anterior, em minha opinião, Pierre fez falta em Luan, e antes, durante todo o jogo, Donizente mostrou que sua única qualidade é a de bater muito. O que faz sua parceria com Pierre ser um verdadeiro espetáculo de MMA.
Pior é que se desarmam apenas batendo e muito, Donizete acha que pode sair jogando e tenta armar jogadas que, no fundo, acabam sempre dando origem aos contra-ataques dos times que enfrentam o Galo.
***
Mas, se acho que o juiz acertou no pênalti não havido e não marcado de Otamendi, já que não houve intenção de cortar a jogada com as mãos, e se acho que Léo puxou Leonardo Silva na área, e ainda se acho que a expulsão foi acertada, isso não significa que os cruzeirenses não tenham motivo para reclamar.
Especialmente pela jogada em que a bandeirinha assinalou um impedimento que não houve e que, independente de se transformar ou não em gol, era jogada extremamente perigosa.
Tanto que se algum atleticano chegasse para fazer falta na jogada, teria de levar o vermelho, tamanho o perigo real e imediato de gol.
Mas, vá lá. A bandeirinha é tão bonita e chama tanto a atenção, que não acredito que algum cruzeirense vá ficar reclamando e xingando a moça. A menos que achassem que a bandeira estivesse fazendo concorrência...
Mas que a menina errou feio, isso ninguém nega.
E que é uma gata, também, macho nenhum vai negar. Então devia, como no MMA ou coisa que o valha, ficar de biquini desfilando com a placa indicando o tempo de jogo. Sem bandeirar.
Mas pior foi o fato de que depois de indicar 3 minutos de acréscimo, o juiz não dar mais que um minuto real, descontado o fato de que Donizete caiu no campo e fez hora para sair substituído.
E com medo de que algo acontecesse, o juiz encerrou o jogo logo na primeira oportunidade, o que levou corretamente Marcelo Moreno e outros se aproximarem para reclamar do tempo não descontado.
***
Daí a concordar com a atitude de Marcelo Moreno depois de ser expulso, e que pode gerar a ele uma punição pesada é outra coisa. Uma coisa é deixar no ar, que houve o prejuízo para seu time. Outra é perder a cabeça e fazer o gesto que o jogador boliviano, que não é nenhuma criança, nem um inexperiente, fez.
E no caso do medo do juiz, e em sua pressa de acabar o jogo, a bandeirinha não teve qualquer influência, para que apenas ela não vire alvo das críticas.
***
No mais, o time de Levir mostra já alguma mudança, como a de marcar a saída de jogada do adversário, encurtando espaços e dando sufoco que acaba obrigando o time contrário a rifar a bola.
Mas, o meio tem que ser alterado, para que um mínimo de futebol possa ser mostrado por aquele setor do campo.
E, além disso, o Atlético terá que contratar alguns reforços e, sem dúvida, parar de perder jogadores para o Departamento Médico, porque nenhum time consegue manter qualquer padrão, com tantos desfalques e contusões.
O Galo ganhou. Mas não sou de opinião que o jogo ganho roubado é mais gostoso. Não concordo com isso. E ganhamos, mas ainda o Galo ainda não convenceu a ninguém nesse ano.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Tristeza por favor vá embora, para que a lembrança da alegria de Jair possa ocupar esse momento de dor

A morte de Mister Sorriso, Jair Rodrigues é, sem qualquer dúvida, uma grande perda para a música popular e para a cultura brasileira.
De certa forma, saem de cena sua voz, sua contagiante alegria, seu otimismo, deixando o nosso país mais pobre. Mais triste.
A ele, cantor que se destacou nos festivais desde que cantou com as mãos o "Deixe que digam, que pensem, que falem, deixe isso pra lá, vem pra cá o que é que tem..." e que foi o magistral intérprete de Disparada, de Vandré, vencedora junto com a Banda do Festival da Record dos anos 60, nossas homenagens.
Então, "prepare o seu coração, pras coisas que eu vou contar..." porque dele levaremos sempre boas lembranças.
Dele, além do programa o Fino da Bossa, que compartilhava com sua grande amiga, Elis, guardo a lembrança de um "pout pourri" que interpretava com a Pimentinha Elis, com sambas que se referiam ao morro. "O morro não tem vez, e o que ele fez..."
Inesquecível também, a famosa "Tristeza, por favor vá embora, minha alma que chora está vendo o meu fim". Uma tristeza difícil de se afastar de nós, no dia de hoje, em que o luto é o sentimento que nos invade.
De minha parte, lembro com nostalgia de uma manhã em que voltava do plantão feito em um Posto Fiscal de Igarapé, quando ainda era agente da Fiscalização da Secretaria da Fazenda, e um programa da Rádio Itatiaia, dedicado a músicas, na época ditas caipiras, trouxe sua interpretação da magnífica Sua Majestade o Sabiá.
Confesso agora, não ter certeza se na ocasião achei magnífica a música ou a interpretação do sambista. Que dominava e mandava bem todos os ritmos da música popular brasileira.
Que sua partida sentida sirva para nos lembrar que há sempre, em qualquer circunstância e situação, um jeito melhor e mais alegre de encarar a vida. Com otimismo. E sem deixar a tristeza vir nos dominar e invadir nossa alma.
Tristeza, por favor vá embora, mesmo que seja difícil imaginar você fazendo companhia a quem era a expressão da alegria.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Como transformar um evento sem surpresas em show midiático: a convocação de Felipão

Haverá alguma surpresa na convocação de Felipão prevista para hoje, às 11 horas?
A resposta, infelizmente, é não. E sabemos dessa resposta desde a Copa de 2002, quando Felipão rebarbou toda a população amante do esporte, que cobrava a presença de Romário no grupo que acabaria conquistando o título naquela oportunidade.
Não que a ida de Romário ou sua inclusão no grupo fosse alterar o resultado. Mas, como fomos campeões, a rabugice do técnico e suas idiossincrasias foram esquecidas ou deixadas de lado.
Agora, 12 anos depois, novamente como técnico da seleção, apenas repete-se o mesmo script, sem qualquer surpresa ou mudança.
Senão vejamos.
Para começar, e como não podia deixar de ser, pela escolha do nome para comandar a seleção, como seu preparador técnico. E a escolha recaiu, como costuma ser as coisas na CBF, no nome de um técnico considerado como ultrapassado, incapaz de montar e dar um mínimo de estrutura de jogo ao time que comandava, a ponto de ser um dos grandes, senão o maior responsável pelo rebaixamento do Palmeiras, um dos maiores, mais tradicionais e mais importantes times do país, para a segunda divisão.
Tudo bem. Felipão teve tempo de mostrar que é capaz de se atualizar e a conquista pelo time que ele montou da Copa das Confederações mostrou isso.
Embora a Copa das Confederações nunca tenha sido conquistada pelo time que, no ano posterior, irá conquistar a Copa do Mundo, que é o evento mais importante.
Assim foi na Copa das Confederações em 2009, conquistada pelo time de Dunga, eliminado depois em 2010.
Além desse pequeno detalhe, é importante que possamos dar a dimensão exata e merecida à conquista do título no ano passado, apenas lembrando que outras seleções vieram ao nosso país apenas para farrear, como foi amplamente noticiado em relação ao comportamento do time da Espanha.
Mas, deixando de lado a questão da escolha do técnico, já que a imprensa  não deu qualquer atenção nem à escolha de Felipão, nem ao comportamento reprovável que foi adotado em relação a Mano Meneses, a quem não admiro e cujo trabalho também era merecedor de críticas, temos de reconhecer que o que houve com Mano foi uma fritura intencional e vergonhosa onde a presença de Felipão nunca ficou bem esclarecida.
O que se sabe é que todo mundo já tinha certeza de que o técnico da Copa seria Felipão. E que esse nome agrada à imprensa, até mesmo por toda a grosseria que ele é capaz de praticar contra os repórteres especializados e com a crônica esportiva.
Aliás, se tem  uma área em que não cansamos de demonstrar nosso complexo de vira-latas, essa área é sem dúvida o futebol, e a imprensa da área é uma das maiores ilustrações desse comportamento.
***
E quanto ao time?
O que acho pior em Felipão é essa ideia e imagem que passa de que está formando uma grande família. Como se todos os jogadores fossem dependentes para que possam constar, no ano seguinte, em sua declaração de rendimentos apresentada à Receita Federal.
Então, ele comete injustiças flagrantes, mas todos se silenciam.
Como por exemplo, a convocação de seus queridinhos Júlio César e Jefferson, quando Victor, Fábio e até mesmo Cavalieri estão em fase melhor. Pelo menos jogando. E jogando em times que merecem no mínimo algum reconhecimento.
Mas, machucado e operado, sem jogar ou em um time obscuro de um bairro qualquer de um país qualquer, como é o caso do Canadá no futebol, Júlio César é o convocado. E ponto.
Aqui, não deve ter surpresa e Victor deve ser o terceiro chamado.
Na defesa, os queridinhos são os mesmos que têm sido escalados por toda a crônica esportiva, não havendo divergências.
Apenas que Miranda aparece agora, na última hora como opção, talvez porque Réver tenha se machucado e ficado de fora toda a temporada e porque, tanto quanto Réver, capitão de meu time, não considero Dedé jogador do nível de seleção.
Que pena que não dá para convocar o melhor zagueiro em atividade em nosso país, Otamendi.
No meio, sempre gostei de Paulinho, como gosto de Hernanes, e há que se reconhecer que a maioria dos nomes que vêm sendo falados são: primeiro, nomes lançados pela renovação que Mano resolveu experimentar; nomes com que a maioria dos torcedores concorda. A surpresa pode ficar com Luís Gustavo, de fora, ou com a convocação de Lucas Leiva.
Na frente, mais uma vez, o nome de Robinho, por ser nome do agrado do técnico, nome de grupo, excelente tocador de pandeiro e jogador que alegra o ambiente, mostra como as idiossincrasias dominam o ambiente.
Pena, deixamos de levar os melhores jogadores, às vezes, por que o técnico tem lá seus queridinhos, mesmo que seja para enfeitar apenas o banco.
Ou tocar pandeiro no ônibus de ida para o estádio.
Mas, exceto não ter a certeza de que Fred estará inteiro, embora ele seja nome da preferência nacional, os demais nomes da frente são praticamente já conhecidos e aprovados.
Ora, se os nomes são praticamente conhecidos, a pergunta que fica é porque tanto show midiático em torno do anúncio da convocação, transformada em evento tão importante quanto um jogo de futebol?

***

Mudando de assunto, o Cruzeiro joga hoje contra o time do Papa e toda a enorme pressão que vem de fora, destinada a não deixar que novamente um time brasileiro seja campeão da Libertadores.
Se não jogarem contra tudo e contra todos, depois não venham dizer que andei secando o time.
É forçoso reconhecer que time para lutar pelo título os estrelados têm.

Homenagem à mãe FABIANE, na semana do dia das mães

Que tipo de homenagens deve merecer de nossa parte, a jovem Fabiane Maria de Jesus, mulher de 33 anos, mãe de dois filhos estúpida e selvagemente morta por linchamento nessa proximidade do dia das Mães de 2014? Vítima do que poderia ser denominado de uma tragédia de erros que apenas ilustram o grau de barbárie a que a sociedade está sendo conduzida, especialmente como consequência de manifestações como a de Rachel Sheherazade no Jornal do SBT, de certa forma aprovando que a população tome a justiça em suas próprias mãos e passe a punir e aplicar castigos após ritos sumários de julgamento?
Antes de mais nada, faz-se necessário deixar claro que a referência à jornalista não significa, em nenhum momento, qualquer participação dela no ato violento e irracional que culminou com a trágica perda, nem mesmo como inspiração.
Afinal, é justo que reconheçamos que ela mesma deve estar condenando, como agora todos estamos, esse tipo de comportamento, em que a população resolve tomar a justiça nas próprias mãos, aplicando a lei de Talião, do olho por olho, dente por dente e, inflamada, apenas dando vazão aos mais primitivos instintos animais que carregamos conosco.
Mas, é importante citar a repórter do SBT até para mostrar como todos nós devemos ter um cuidado muito maior com o conteúdo das opiniões que emitimos, e uma responsabilidade muito maior em relação à forma, local e alcance de nossas opiniões, mesmo que elas sejam expressão de nossos pensamentos mais íntimos.
Afinal, transformar-se em porta-voz de uma parcela da população que acredita que "bandido bom é o bandido morto", que "vagabundo tem mesmo é que morrer", que critica a todos que exigem a aplicação de direitos e de respeitos humanos aos criminosos "passando a mão na cabeça de marginais", como foi o caso da repórter do SBT, mas também é o comportamento que pode ser perigosamente identificado com aquele de Datena no seu programa policial, ou outros apresentadores de programas semelhantes, merece de todos nós, no mínimo, uma repulsa veemente.
E não porque levou à morte, nesse caso, de uma inocente. Ou porque, invariavelmente, essa postura que exige a implantação da pena de morte para os crimes mais violentos, ou a redução da maioridade penal, etc. serve apenas para permitir que a sociedade venha a dar vazão a um dos piores sentimentos que somos capazes de cultivar, e que além disso, é um dos piores conselheiros para nossas horas de aflição, que é a VINGANÇA.
Pois bem. Em outras oportunidades, aqui nesse espaço, postamos críticas à adoção da pena de morte, citando casos de condenação, por engano, de inocentes, como um caso recente de um americano, inocentado depois de passar praticamente toda sua vida no corredor da morte.
Também temos combatido a redução da maioridade penal, de forma ampla e geral, já que nesse caso, em nossa opinião o comportamento correto deveria ser, para qualquer idade, a comprovação de que o autor do ato violento era capaz de avaliar, em toda sua extensão, as consequências de seu ato.
Por isso somos radicalmente contrário aos justiceiros e às milícias, que acreditamos serem e agirem de forma tão criminosa como as quadrilhas que pretendem combater.
E há exemplos sem número, aqui em nosso país, das consequências nefastas que grupos dispostos a substituírem o Estado na aplicação de punições podem gerar, desde o massacre da Candelária, até o do Carandiru, ou os massacres que a cada fim de semana se reproduzem nas periferias das grandes metrópoles.
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Agora foi Fabiane. Capturada, julgada, condenada por uma turba que apenas a confundiu com uma mulher cuja fisionomia apresentada em um retrato falado nem mesmo deveria  ter sido publicado na rede social em que foi postado, já que tratava-se de um retrato falado, sujeito a equívocos ; de uma mulher apenas suspeita, sem qualquer evidência de ser a autora verdadeira;  de crimes ligados a sequestro de crianças para a prática de magia negra, no Rio de Janeiro, bastante distante do litoral paulista em que aconteceu a selvageria.
Condenada, Fabiane foi executada ali mesmo na rua. Quando voltava da igreja, portando uma bíblia. O que apenas serviu para alimentar e reforçar a suspeita de que ela agia por motivos religiosos, de cunho macabro.
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Que Fabiane descanse em paz. Que suas filhas, nesse dia das Mães possam ter o conforto que a ela não foi dado em sua execução.
E que a sociedade possa tirar lições do episódio.
Talvez essa seja a homenagem que podemos prestar à jovem: não deixar que sua execução violenta seja em vão.




segunda-feira, 5 de maio de 2014

Prossegue o calvário do Galo: agora foi o Goiás e mais duas contusões. E novo erro de arbitragem...

Vai ser muito difícil o trabalho de Levir Culpi, no sentido de reestruturação do plantel, do time e, principalmente, do orgulho do Galo.
E, embora ninguém negue que ele ainda não teve tempo para fazer mais que algum treinamento leve, face à maratona de jogos previstos desde sua chegada, a verdade é que a paciência da torcida está tão curta que as consequências de toda a desestruturação do time acaba sobrando para ele. E dá-lhe vaias, como as ouvidas ontem no Independência.
Particularmente, não acho que Levir mexeu mal no jogo contra o Goiás.
Afinal, ele tem que conhecer os jogadores que tem na mão e, mesmo os que já conhece têm de ter uma oportunidade para mostrar o que podem e querem oferecer para o Galo.
Refiro-me ao caso de Fillipe Soutto, o volante que sabe sair jogando, embora todos sempre se lembrem que ele deixe muito a desejar nos desarmes; falo de André, cujo potencial todos conhecem, mas que parece ter perdido o tesão de jogar bola, há algum tempo, já. Refiro-me a Rosinei, jogador que não mostrou aqui as qualidades que apresentava no Corínthians e que o levaram ao futebol do exterior.
Acontece que a torcida, ou a parcela a que esses jogadores não conseguiram ainda agradar, já os conhece e os marcou, e a mera menção de sua participação no jogo já dá margem a críticas ao treinador que os lançou, e mexe mal justo por tê-los lançado.
E esse tem sido um dos problemas do Galo, já de há muito identificado: a torcida e o massacre que ela pratica em relação aos jogadores que ela não simpatiza, não necessariamente por falta de futebol.
Foi assim, na história do time, com Lincoln, com Moacir (o filho do Didi), com Cicinho, o lateral que depois foi brilhar e ganhar títulos no São Paulo e no exterior, com Mancini, que teve de brilhar no exterior para voltar ao time e provar sua qualidade.
Mais recentemente tem sido assim com Marcos Rocha, sem dúvida um dos melhores jogadores de todo o país em sua posição, ao lado do Cicinho ex-Ponte Preta e agora no Santos. A torcida marcou Marcos Rocha de tal forma que chega a impressionar a má vontade com o grande jogador que é, especialmente, quando atua como verdadeiro ala, indo à frente, fazendo cruzamentos e lançamentos, já que é um dos poucos jogadores do time armado por Cuca, que sabia e tinha qualidades para sair jogando.
Cuca percebeu isso e colocou Marcos Rocha livre, para avançar e ir à frente, deixando Pierre encarregado de realizar sua cobertura. Em algumas partidas chegou a improvisar o lateral no meio de campo, para aproveitar sua lucidez e visão de jogo.
Ninguém nega que ele não tem a mesma qualidade na marcação, na defesa, mas travá-lo como o cara que estava à frente do time até recentemente fez, é perder o que ele tinha de melhor.
E o cara ultrapassado que esteve aí desestruturando o Galo queria que quem saísse jogando fosse Pierre e/ou Donizete.
Bem, depois da eliminação da Libertadores, grande parte da torcida percebeu a falta de Marcos Rocha e a ruindade de tantos quantos tentaram jogar ali pelo setor direito.
Não que Alex Silva fosse ruim, mas imaturo. Não que Michel não saiba jogar, mas fica a falta do titular é imensa.
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E aí, entra o outro grande problema que o Atlético está enfrentando: as contusões. A presença de mais de um time no Departamento Médico do clube, alguns com lesões sérias, até com a necessidade de intervenções cirúrgicas.
Nesse caso, não vamos incluir Ronaldinho Gaúcho, que nitidamente demonstrou ter sentido uma  puxada na parte posterior da coxa, na partida de desclassificação da Libertadores. Nem vamos falar de Tardelli, que necessitava mesmo ficar um tempo fora, para poder recuperar suas melhores condições físicas e esfriar a cabeça.
Mas, além desses, temos no Departamento Médico jogadores como Luan, Josué, Lucas Cândido, Marcos Rocha, agora Jô e Guilherme, ambos machucados nesse fatídico jogo contra o Goiás. Sem contar que, durante todos esses cinco meses, ficaram de fora por contusões Réver, Donizete, Fillipe Soutto,  Fernandinho, Dátolo, ou seja, muita mudança na equipe, o que dificulta a qualquer técnico montar, manter, e até avaliar as condições de jogo de cada um, na volta do DM.
Aliás, eu gostaria era de ouvir que a Diretoria se reuniu com a equipe técnica para avaliar as razões de tanta gente se machucando, até com alguma gravidade. Eu gostaria que o Departamento Médico pudesse vir a público, junto com o preparador físico e declarar que é tudo mesmo apenas fruto do azar e não de uma preparação equivocada.
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Do jogo de ontem, em que mais uma vez a torcida pegou no pé de Emerson Conceição, de Alex Silva, até do Dátolo, em alguns momentos, de Levir e da utilização de Rosinei, que nada fizeram, até por terem perdido a auto-confiança, gostaria de comentar que, felizmente, o nome do ídolo dessa parcela de atleticanos que mais prejudicam que ajudam, o Neto Berola, foi gritado por uns poucos.
Marion, mostrou que ainda é um jogador novo, não estando preparado para entrar no time no lugar de jogadores como Tardelli, R10 ou mesmo Fernandinho. Bom jogador, deve ser colocado, de preferência no correr do jogo, para não que não venha a ser queimado.
Victor mais uma vez mostrou que é o goleiro que deveria estar na seleção. Embora a imprensa carioca e agora, até o PVC, sabe-se lá o motivo, estejam fazendo campanha para Cavalieri, do Flu.
Otamendi mostra a cada jogo, o que é jogar na defesa, seja como beque central, quarto zagueiro, lateral... O gringo dá um show e não é à toa que seu nome foi gritado pela torcida em várias ocasiões.
Réver ainda está voltando, e fora de esquadro.
Fernandinho muito individualista, mais uma vez.
Quanto a Levir, tem mesmo que mudar para ver como estão e o quanto de entrega estão dispostos a fazer todos os seus comandados.
E armar o time, para poder voltar a apresentar um futebol de qualidade, leva tempo. E o Galo, que começou já na zona de desclassificação a partida de ontem, não tem todo o tempo para iniciar sua recuperação.
Ah! e embora não merecesse resultado melhor, mesmo no Independência onde a mística de que somos imbatíveis vem caindo, cada dia mais e em maior velocidade, a verdade é que houve um pênalte no Fernandinho, que o juiz não quis marcar ou não viu. Um empurrão claro dentro da área, que poderia ter mudado o rumo da partida.
Mais uma vez, erro de arbitragem, junto ao fato de não merecermos vencer.
Mas se apresentou um time certinho, o Goiás também não fez por merecer sair com a vitória em minha opinião. Ganhou pelos erros do Galo. Ganhou pela ajuda do juiz.
O que vem se tornando norma, infelizmente.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Melhor jogo do Galo no ano não foi suficiente para mudar nossa sorte. Mas não merecíamos resultado melhor

Em minha opinião, foi o melhor jogo do Atlético esse ano, mesmo com o resultado não sendo a vitória esperada. Mas, justiça seja feita, a desclassificação da Libertadores se não era esperada, era pressentida.
Tanto que até o tradicional grito "Eu acredito", entoado algumas vezes durante o jogo, não foi ouvido com a mesma intensidade e fé com que era gritado na jornada do ano passado.
Ao menos eu percebi que muitos torcedores ao meu lado gritavam uma, duas vezes, mas logo parece que acanhados, paravam, alguns até olhando para os companheiros ao lado, como quem estivesse pedindo força e apoio, ou desculpas...
E, deixando de lado toda a paixão, se é que isso seja possível de se propor ou fazer, a verdade é que o Atlético não mereceu mesmo ganhar nem a partida de ontem, no Horto de tantas tradições e tanto enterro...
Porque se não fosse São Victor, mais uma vez o resultado teria sido adverso, bem pior que o mero empate.
E Victor, mais uma vez, brilhou, especialmente ao crescer à frente do pequeno e cabeludinho Sherman Cardenas, o craque colombiano que já havia sido o autor do gol na Colômbia.
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Pois bem, e como se não soubessem da qualidade do número 7 colombiano, deixaram que ele escapasse completamente livre, para aparecer frente a frente com nosso goleirão, e tocar por cobertura, levando Victor a fazer defesa maravilhosa.
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Mas, o time do Galo voltou ontem a jogar futebol. Não o futebol vistoso e que encantava a todos os admiradores de futebol no ano passado. Mas, também nada como o jogo apático e sem objetividade, completamente burocrático da ausência de treinador que tínhamos no posto de técnico, antes da chegada de Levir.
Ontem, se não houve qualidade, houve entrega. Raça. Disposição. Muita correria até.
E como é diferente ver um time que ao invés de retornar todo para seu campo, atraindo para cima de sua retaguarda até o goleiro adversário, joga marcando lá na frente, a saída de bola.
Encurtando os espaços. Impedindo que o adversário tenha campo e tempo de construir jogadas. Tenha condições de armar jogadas planejadas.
Nitidamente essa nova postura, de quem está com fome de bola e disposto a tudo para brigar pela posse da gorduchinha, já mostrava o dedo de Levir Culpi.
E foi sufocando a defesa do Atlético Nacional, que o beque colombiano rifou a bola desviada na trave por Tardelli, para a recuperação de Emerson Conceição e o passe para o chute certeiro da entrada da área de Fernandinho.
Quem estava em campo, atento, pode até mesmo alegar que foi a correria e a entrega que foi minando as energias de alguns dos jogadores do Galão, fazendo com que passassem no segundo tempo a mostrar cansaço, não porque pararam em campo e começassem a se arrastar, mas por não mostrar forças para dar sequência a qualquer jogada que fosse.
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Foi isso que senti em Tardelli, a quem eu mesmo critiquei para os companheiros ao lado. Corria, corria, lutava e, na hora de tentar uma jogada, um passe, conseguiu não acertar nada que tentou.
Teve uma ou duas ocasiões em que lançou a bola para ninguém, no vazio, mostrando que se jogava com a alma, não conseguia unir a raça à inteligência.
E não dava sinais de que fosse esse cansaço fosse causado por farras e noitadas. Era mesmo o desgaste físico e intelectual do jogo e do corre-corre.
E essa constatação não foi apenas minha. Foi de toda a torcida do Galo que no segundo tempo, por duas vezes em que Tardelli perdeu uma jogada bisonha, entoou o grito com que salda nosso ídolo: "Tardelli....gol...gol...gol".
Não veio o gol. Vieram gritos pedindo Guilherme, ao menos da torcida do Galo na Veia. Vieram reclamações e comentários de que Levir estava demorando a mexer no time.
Guilherme era a opção natural e, embora Tardelli estava se doando, achei que ele devia sair. Mas não sair como saiu, manifestamente irritado.
Confesso que só à noite, vendo as imagens da Fox foi que vi que ele apelou chutando a garrafa de isotônico, e ainda soltando um sonoro "tomar no c.... " do banco.
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Acho até compreensível que um jogador fique chateado com o fato de ser substituído, especialmente quando tem gente jogando menos. Mas o faniquito de Tardelli não teve razão de ser... e além de ele não estar bem no jogo, nada justifica apelar como ele fez.
Uma coisa é deixar claro que gostaria de jogar mais um pouco e reagir, já que isso mostra vontade, brio. Mas, explodir, tentando jogar torcida contra técnico, não é reação que mostre gana, raça. Mostra até mau caratismo.
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Em campo, tinha jogador se entregando menos que Tardelli.
Ronaldinho Gaúcho, embora tenha corrido ontem, e mostrado disposição, era outro que também não se justificava no gramado. Tudo que tentou, até mesmo em bola parada, não funcionou. Mas, caminhando para a decisão nos penaltes, e sempre lembrando de uma possível falta próximo da área, como tirar o cobrador oficial do time?
Fernandinho era outro que mostrava, de um lado, muito individualismo; de outro, uma certa má vontade de estar ajudando a defesa na marcação do lateral esquerdo do time colombiano.
Tudo bem que a torcida pegou no pé de Alex Silva, que corria para o meio da área, deixando a esquerda livre para os avanços do camisa 6. Mas, em minha opinião, na intermediária, na posição em que o lateral se postava pedindo que lhe passassem a bola, acho que a marcação deveria sr feita por quem, em tese, estava jogando pela direita: Fernandinho.
Mas, Fernandinho era o mais objetivo. E já tinha marcado um gol, depois de excelente jogada de Jô.
O centro-avante ontem, mais uma vez, brilhou, fazendo as jogadas de ida até a linha de fundo, que nenhum ponta ou lateral sequer tentava fazer.
Foi de Jô que saíram as jogadas de ataque mais perigosas, embora repetindo o erro e o problema. Ele saía, ia à linha de fundo e cruzava para..... quem? Se ele é quem deveria estar naquela posição, esperando a bola para aproveitar sua altura, inclusive.
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Tanto quanto Tardelli, esforçado mas intelectualmente cansado, estava Donizete que não conseguia passar a bola de sua perna direita para a esquerda. Muito bom no desarme. Mas sofrível como responsável pela saída de bola ligando a defesa ao ataque.
Pierre também estava cansado e mostrou isso, jogando bola para ninguém tanto quanto Tardelli. Mas Pierre, em minha opinião, destrói mais e melhor que Donizete.
Eu não teria tirado Pierre mas Donizete. E não sei quem poderia ter sido posto em seu lugar, mas até mesmo Cuca tentou Réver pelo meio, no ano passado.
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De tudo, além de Victor, o excelente Otamendi, que errou dois passes, um dos quais ele mesmo se recuperou no lance para retomar a bola. No resto do jogo, não errou nada. Não perdeu uma jogada. Mostrou que é um monstro.
E a ausência de Marcos Rocha. Que saudade do Marcos Rocha!
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Mas, como disse, se foi o melhor jogo do ano do Galo, mais uma vez não merecemos ganhar ou avançar.
Embora seja necessário reconhecer sempre, que tanto quanto no jogo da final do campeonato mineiro, em que também o Cruzeiro foi infinitamente melhor, houve um lance em que o juiz nos prejudicou flagrantemente.
Ontem, no lance em que Jô arrancava em direção ao gol, nas inversões de faltas ou não marcação de faltas no meio de campo, e especialmente, na validação do gol do time colombiano, em impedimento, o juiz mostrou a que veio: parece que não irão deixar mais um time brasileiro conquistar pela sexta vez consecutiva, acho, a taça Libertadores.
Desde já, o Cruzeiro que se acautele e mexa seus pauzinhos, para não vir reclamar depois.
Bem é isso. Jogamos melhor. Mas não o suficiente para desfazer a lambança feita pelo paisagem que ficava no túnel à beira do campo, verdadeiro nada. E as lambanças de quem contratou cavaleiro de tão triste figura e memória.