terça-feira, 31 de maio de 2011

Concentrando as energias

                                                                      Calmaria
tédio
horas vazias de conteúdo
Só os minutos
se revezando
se repetindo lentos
Unindo-se
concentrando-se
para explodirem por fim
em um instante qualquer
de vibração e prazer.
                       
                                                                      

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Devaneios noturnos

                                                           Cidade deserta
a rua, decerto, mal iluminada
o carro que passa
a madrugada.
Queria poder tocar o céus
e cavalgar nas nuvens
brincando de esconde-esconde
atrás das maiores montanhas.
Queria fantasiar o mundo
e colorir de flores, de sonhos
o preto do medo, do asfalto
o cinza do concreto
e desarmado
conclamar à paz
Queria poder ter seu sorriso
queria poder ser dentro de você
e ficar nos teus limites
te protegendo.
Queria ter liberdade
para voar como o pássaro
e buscar o azul
como a andorinha que busca alimento
Queria ter a pureza do Ano Novo
do símbolo que marca: criança
Queria ter teu encanto
magia que é minha esperança.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Cartilhas do MEC: kit gay e o português mal tratado

Até agora evitei dar qualquer pitaco sobre dois assuntos polêmicos, que têm chamado a atenção e despertado as mais variadas reações, algumas até iradas, da midia e da opinião pública: a cartilha contra a homofobia e o livro relativo a conteúdo da antiga matéria de Português distribuído pelo MEC ..... com erros de português.
Minha omissão pode até ter levantado algum tipo de suspeitas ou dúvidas daqueles poucos amigos que se dão ao trabalho de virem visitar esse blog.
Mas, há uma explicação: não queria comentar a respeito de algo que desconheço. E pior, que é extremamente polêmico.
Se hoje quebro meu silêncio, não é por ter tido a oportunidade de ter acesso e conhecer o conteúdo de nenhum dos dois materiais. Dessa forma, deveria continuar sem dar meu pitaco.
Mas houve uma alteração. Lendo ontem a coluna do professor Pasquale Cipro Neto, no Caderno Cotidiano da Folha, tive oportunidade de obter alguma informação mais isenta, mesmo que parcial, do conteúdo do material do livro que tanta celeuma tem causado.
O professor chegou inclusive a transcrever um trecho do livro, talvez o que esteja provocando tanta discussão, a maior parte das vezes, como toda a discussão, sem que as partes tenham lido o conteúdo, saibam o que está em discussão e adotem uma postura mais equilibrada.
Reconheço a dificuldade de adotar tal postura, que exige até mesmo um certo distanciamento, quando a questão pode ter contornos ou permitir que se dê a ela contornos ideológicos, políticos ou politiqueiros.
***
Direto ao ponto. Pelo trecho transcrito pelo Prof. Pasquale, não vi nada que desabone o material distribuído pelo MEC, exceto uma questão que poderia ser classificada, como o próprio professor o fez, de mal gosto, ou da utilização de argumento de extrema simploriedade, bem mais que simplicidade.
Refiro-me ao trecho em que a cartilha se pergunta se falar errado, sem usar a concordância básica entre plural e singular, é errado. E a própria cartilha se apressa em responder que não. Afinal, afirmo eu, cada um pode falar como bem entender, especialmente se for entendido em sua mensagem e alcançar seu fim. Parafraseando um Zé Toupeira qualquer, "cada um com seu cada qual".
Mas o livro prossegue afirmando que essa forma de falar, por mais que possa ser utilizada, não é a forma correta ou culta, e que pode trazer algum tipo de preconceito linguístico de alguns ouvintes, em relação àquele sujeito que a verbalizou.
Ora, não vejo nenhum mal em usar frases erradas, para mostrar o erro, embora a moderna psicopedagogia recomende, creio eu, que as lições devem ser sempre passadas pelo que têm de carga ou conteúdo positivo, e não pelo lado negativo.
Ou seja, mostrar o errado, mesmo que afirmando que é errado, tenderia a levar ao aprendiz a gravar o errado, mais facilmente que a forma correta, introduzida posteriormente.
***
Mas, não são poucos os livros, os manuais, as referências que, para ensinarem qualquer conteúdo, assinalam o modo errado de fazer. No caso dos manuais, até com figuras, embora todas marcadas com um X vermelho, para mostrar não ser a postura ou prática ou utilização correta.
***
Conforme o Professor, a livro traz até exercícios para que os alunos corrijam as frases com afirmações de português incorreto, para a norma culta, o que apenas repetiria milhares de questões utilizadas até mesmo em provas de vestibular de Universidades reconhecidas como centros de excelência.
E, de quebra, reafirma o erro e induz à adoção, pelo exercício e repetição, do acerto.
Logo, se o problema que tem despertado tanta comoção é só falar que OS livro.... é bonito, ou o que o valha, é bom lembrar que a própria Globo, onde a matéria teve tanta repercussão é cheia de erros de português.
Basta 15 minutos de qualquer Jornal da Globo ou Jornal Nacional, para sermos tomados por arrepios, ao ouvir os papas do telejornal da tv brasileira falando frases com mim e verbo no infinitivo; recorde com pronúncia errada, falando a primeira sílaba como tônica, e não a segunda, como é o correto, e por aí afora.
***
No mais, concordo com o professor colunista, de que a discussão está mal posta, trata-se de discutir questão de linguística em um livro dedicado a quem não tem necessidade, nem conhecimento ou maturidade, para participar desse tipo de debate.
***
Quanto ao Kit gay, pelos poucos filmes que vi passarem no Domingo Espetacular da Record, não gostei, nem concordei. Aliás, ao contrário, como um homossexual assumido declarou na reportagem, esse tipo de material mais incentiva que mitiga o preconceito homofóbico.
Em minha opinião, é sim dever da escola ensinar que o respeito deve ser sempre a regra maior de conduta em relação a quem tem comportamento homossexual. Mas, daí a mostrar como se fosse a coisa mais natural do mundo, e até divertida e quem sabe prazeirosa a adoção de postura e comportamentos como os que vi no filme, acho que podem sim, para mentalidades que estão em formação, ser algo que pode ser excessivo. Não que vá, necessariamente induzir ou incitar a adoção do comportamento. Mas que pode trazer algum tipo de confusão, temo que sim.
Mas, a primeira grande questão é, sem dúvida, verificar a veracidade dos filmes mostrados e da afirmação de que seriam parte do material do kit, já que os defensores do material têm alegado que alguns filmes não são parte da campanha.
***
No mais, pior que tudo isso, é o Kit ter sido usado para que o Estado, que se deseja e se define como  laico, transformar-se em alvo de grande pressão de interesses religiosos que desejam impor suas opiniões. E, ainda pior, ter se transformado em arma de negociação, ou chantagem, para pressionar o governo em uma negociação para não cobrar de um ministro, explicações que sejam convincentes no sentido de provarem de sua inocência em relação à suspeição de ter se aproveitado de informações privilegiadas obtidas, ou até pior, de tráfico de influência em função do cargo que ocupa.
Pelo tipo de objeto de negociação, se percebe o cheiro fétido do que, e quem está negociando.

Os melhores devaneios

                                               Quero você a meu lado
olhar seu sorriso
ouvir teus problemas
rir de seus receios
tocar teus seios
te amar toda a noite
Quero continuar a escalada
penetrar teus sonhos
invadir teus desejos mais profundos
deixar-te louca
tremendo, gozando
queimando suas coxas, quero.
                                               Quero perder-me em seus descaminhos
                                               escutar sua voz entrecortada
                                               entre carinhos
e não ver mais nada
                                               sentindo a sensação do amor
que crispa seus nervos
e os faz transparentes
Quero perder-me em seu corpo
enclausurar-me em seu ventre
e quedar-me em resguardo
no delírio, no gozo
de teu abandono

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O vazio do silêncio

                                                Silêncio
de ti quis fazer vida
te quis verso
te quis fértil
como sonhos, onde produzias deuses alados.

                                   Silêncio
                                   não pude compreender
                                   ou acompanhar teu vôo cósmico
                                   não pude perceber já débil
a vertigem de voar inútil.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

De(s)fechos

                                                Eu abro
você fecha
me cala com essa mordaça
do não.

Eu abro
você fecha
fugindo prá evitar a discussão.

Eu abro
você fecha
prendendo-se a uma argola
à tra(d)ição

Eu fecho
você abre
e volta chorando
pedindo meu perdão.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Quando a fé remove doenças - recordação de uma vitória

                                                Não há de ser o câncer
que irá nos tirar a força
ou a vontade de escrever
assim, agosto.
Nem há de ser o tumor
prá nos tirar a  perfeição
de continuar sendo
sentindo, vivendo.
            Não há de ser a treva
            que vai nos tirar a luz
            que irradia do olhar louco de aquário.
                                   Porque acima de tudo há a necessidade
                                   de continuar firme
                                   refrescando a vida
                                   como o frescor das flores
                                   num jardim de primavera.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Encontro marcado

                                               Quero um carro que não sai
prá sair pela noite rodando estrelas
roleta da morte
pelo universo.
                                                          
Quero um carro de fogo
                                                           do fogo que me consome
                                                           e me conduza
                                                           às estrelas mais longínquas
                                                           ao encontro solene
                                                           Com Flash herói.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Lamentos de paixão

                                                Foi você
que me deixou assim
que zombou de mim
foi você, que foi meu encanto
fez brotar meu pranto
mas fugiu de mim
Foi você
que me ensinou o amor
e mostrou-me  a dor
transformou meu dia
ensinou-me alegria
fez-me viver o sonho
a magia, o segredo
fez-me perder o medo
me fez tanto bem
e fez tanto mal
Foi você que tornou possível
tudo que era eu
reduzido hoje a um lamento
só prá mostrar que não morreu
reduzido a um sentimento
que você já esqueceu.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Salada de pitacos

Recorde de entrada de recursos externos em nosso país, nos primeiros treze dias de maio, não representa nenhuma novidade. Afinal, os juros básicos da economia subiram e mantêm-se no mais alto nível de remuneração real para o capital financeiro no mundo.
A par disso, no início do mês, por força de medidas de caráter mais fiscal, elevação do IOF, etc., o dólar experimentou uma pequena valorização. Com isso, também os exportadores e todos os que têm/tinham recursos lá fora irão aproveitar a oportunidade para internalizar esse valor.
Aliado ao movimento de entrada financeira, há ainda a questão de a economia brasileira, diferente das economias mais maduras como as européias - em crise e sem oportunidades lucrativas- , ou como a economia americana, demorando a reagir à enxurrada de estímulos fiscais e monetários, é uma economia com amplas oportunidades de investimento e lucros. Desde a área de infra-estrutura, como portos, aeroportos, construção de estradas, até as oportunidades abertas por força da aproximação, cada vez mais sentida e preocupante, dos eventos que patrocinaremos a partir de 2013. Copa das Confederações, o tira-gosto para a Copa do Mundo de 2014, Olimpíadas, tudo abre oportunidades para hotelaria, empresas de transportes, treinamento e qualificação de mão-de-obra, etc.
Ou seja: para conter o câmbio, se este for o objetivo real (ainda paira no ar a incerteza de o governo estar aproveitando do real valorizado e das importações para segurar a elevação de preços), o governo deverá, ao final, chegar até mesmo a criação de instrumentos como a quarentena ou controle de fluxos, em minha opinião.
***
Assédios sexuais são tão antigos como a história da civilização humana. Novidade é a forma de reação da sociedade à essa prática, antes desaprovada, mas de certa forma impune.
Agora, não. A sociedade ficou mais civilizada. Ou não? Afinal, na mesma intensidade em que a sociedade mostra indignação pelo comportamento que desrespeita a vontade e liberdade e autonomia da mulher, aumentam os casos noticiados de violência contra as mulheres, em geral, praticada por ex-parceiros.
Extravagante sociedade essa nossa.
Mas, se olhado apenas do ponto de vista da recriminação, constata-se, sim, uma evolução. Que é muito mais explicíta se ao assédio sexual se acopla a questão do assédio moral.
Os casos recentes falam por si só, embora sempre é bom lembrar que esse é um típico evento capaz de suscitar cautelas. Afinal, já que se reconhece ou admite que ninguém racional irá cometer esse tipo de comportamento condenável em público, a questão pode dar margem a dúvidas quanto à sua veracidade.
Refiro-me em especial ao caso do diretor gerente do FMI, possível vítima de um complô para alijá-lo da disputa presidencial na França, onde se destacava como franco favorito.
Entre ser o vilão ou a vítima, há muito a se investigar, antes de levá-lo a uma condenação.
***
Filhos fora do casamento são outra questão corriqueira, embora desagradáveis. Não os filhos, que não têm qualquer culpa. Nem a sua concepção, só justificada pelo fato exatamente de ser um ato prazeiroso.
Desagradável é a situação para o parceiro, para a família e amigos do casal cujas atitudes geraram esse tipo de consequências.
E não digo isso pensando apenas no adúltero, ou sua versão feminina. Mesmo para os solteiros, a barra é pesada, e tão desagradável quanto.
Mas, se desagradável a situação, pior, muitas vezes pior, é não reconhecer ou admitir o filho. É não assumir a paternidade ou maternidade, por mais irresponsável que ela possa ser.
E, sem querer reabrir aqui uma discussão sobre o tema do aborto, já que nesse caso acho que a opinião mais coerente, recentemente manifesta, é a de Camille Paglia (que disse ser favorável ao aborto, tendo em vista reconhecer o direito da mulher à autonomia total sobre seu corpo, embora admitindo tratar-se de um assassinato), há que se reconhecer que, em especial depois do nascimento da criança, o não reconhecimento é, no mínimo, uma demonstração cabal de falta de caráter, da pior espécie. Tipica de covardes merecedores de nossa total repulsa.
Assim, parabéns a Neymar, a Schwarzenegger, Ronaldo Nazário e a tantos outros que, mesmo com a possibilidade de perdas pessoais, reconheceram sua responsabilidade.
***
Aumentar patrimônio pessoal é tão comum, para aqueles que ocupam ou ocuparam cargos públicos, em geral de alto escalão, que o Ministro Palocci se defendeu alegando que a evolução experimentada por suas posses é exatamente análoga à do patrimônio de ex-funcionários do governo FHC. Parece, inclusive, ter citado Malan, Armínio Fraga, Maílson da Nóbrega.
Ora, se há na sociedade um mal-estar e uma insatisfação muito grande gerada pelo enriquecimento explícito desses nomes citados, sempre associados - mesmo que sem comprovação - à venda de informações privilegiadas e/ou a influência sobre decisões objetáveis em que tiveram participação, então o Ministro explicou tudo, sem explicar nada.
E merece, como todos os outros nomes por ele trazidos à luz, ser  tratado pela maioria da população, essa gente diferenciada, com cautela, desconfiança e a mesma distância com que tratamos aqueles cuja conduta desperta sempre suspeição.
Fora isso, a desculpa dada me fez lembrar meu avô e meu tio, quem para se defender usa o comportamento, nem sempre correto de tantos outros, apenas acusa a tantos outros. E a si mesmo.

Buscas cósmicas

                                                          Gosto de procurar estrelas
buscá-las no imenso céu
noite adentro
procurá-las no infinito
onde esbarram meus sonhos
tropeçam meus ideais
e as verrugas são estórias
do passado.
Gosto de vê-las
me enviando sinais
pisca-piscando
reduzindo à paralaxe
uma conversa muda
o fenômeno à fantasia
Gosto de senti-las
acompanhando sua viagem cósmica
e me sinto viajando
outros mundos, outros seres.
                                   E fico parado, tonto
                                   rindo por encontrá-las
                                   às Três Marias
                                   pensando que mais à frente
                                    posso encontrar mesmo seu rosto
tornando prisioneiro
o mesmo brilho louco de seus olhos.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Explicando as razões

                                                           Faço um verso
e não basta
um poema
um segundo
tentando desviar
o pensamento de você.
                                               Faço versos
                                               e, no entanto,
                                               não consigo controlar
                                               a saudade, o desejo
                                               que eu sinto de te ver.
                                                          faço versos como se pudesse
                                                           prendê-la a meu lado
                                                           para trazê-la junto com meu cérebro
                                                             você imagem
                                                              vaga em meus braços.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Fitando as perdas

                                               No olhar
um brilho
ofuscando
um riso
amarelo.
(último?)
                                                                       No ônibus
um rosto à janela
                                                                       fitando curioso
                                                                       (ela?)
                                   Na noite
                                   a dor
                                   a perda
                                   a sensação do nada
                                   de nada
                                   (por que?)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Campeonato caipira termina com festa do adversário

Diz a estatística, pelo menos aquela a que tenho acesso, que 100% dos times que jogam para assegurar uma vantagem, um resultado, ou seja que jogam de olho no regulamento, acabam sendo derrotados em seu intento.
Preocupados demais em mirar o regulamento, se descuidam e esquecem de olhar ou prestar atenção ao jogo. E perdem.
Isso se torna mais verdadeiro, se se tem do outro lado, como adversário, um time maduro, experiente, que joga há muito tempo junto, e que além de tudo, está mordido, por duas derrotas inesperadas, consecutivas.
O que vai acontecer, é um jogo de ataque contra defesa, um verdadeiro bombardeio, em nada favorável ao time que entrou para ficar lá atrás, segurando o tempo, o jogo, a vantagem.
***
Pois, bem, vivemos ontem, infelizmente, nós os atleticanos o segundo tempo de uma disputa de 180 minutos. Se saímos com a vantagem para o intervalo, voltamos no segundo momento ou segundo jogo, como time pequeno. Longe, muito longe de nossas tradições. Jogando recuado, dando chutões. Nitidamente fazendo o tempo passar, enrolando o tempo, sem criar jogadas, sem ficar tocando bolas no meio até irritar o adversário.
Como se ninguém se lembrasse de como a nossa defesa é vulnerável e apresentava-se muito vulnerável até há pouco tempo. Uma defesa que levou gols em praticamente todos os jogos que disputou no semestre, até aqui.
Ora, se a defesa pode ser criticada, não é menos verdade que em vários instantes, a defesa ficou vendida por um meio campo incapaz de desarmar.
Quantas vezes não critiquei aqui a figura de Serginho, o nosso cabeça de área.
Para não ser injusto, Serginho vinha crescendo de produção a olhos vistos, todos comentavam isso. A defesa estava cada vez dando mais tranquilidade ao time. Até o goleiraço Renan Ribeiro, que andou falhando em alguns gols, havia voltado a mostrar segurança e deixado de cometer falhas que a inexperiência é que explica.
No caso específico de Serginho, estava crescendo e marcando gols, ou seja, cresceu no momento em que começou a se liberar mais, e passou a jogar mais avançado. Ou avançando mais, aproveitando o elemento surpresa.
***
Ontem, com o time jogando atrás, a velocidade, o toque de bola, nada que o time mostrou em sua arrancada decisiva e que até o credenciou a disputar o título de igual para igual, se manteve.
O isolamento de Magno Alves na frente, a inoperância de um Renan Oliveira, que não tinha com quem tramar jogadas, fazer triangulações, o nervosismo de Mancini, tudo contribuiu para que o Galo corresse para sua linha de defesa, e jogasse como time pequeno. Confirmando a declaração de Fabrício ao fim do primeiro jogo, embora, naquele dia, declaração equivocada.
Porque naquele dia, partimos para o jogo, jogamos na frente, e parecia que cada jogada era um prato de comida a ser disputado por quem há muito faminto.
Mas, ontem, não. Ontem o Galo foi o time pequeno de que falava Fabrício.
***
Culpar Dorival? Não. Ele não escalou o time para jogar na retranca, assegurando a vantagem. Escalou os jogadores que vinham atuando na frente, e jogando bem. Não pode contar com Berola e sua correria desembestada. Não contou com Daniel Carvalho, que até agora não conseguiu explicar a que veio e ontem, mais uma vez, e curiosamente, nem no banco ficou.
Mas, quem mais poderia ser escalado na frente? Wesley? Leleu, que até entrou e ... valeu pela batalha.
No meio, t[inhamos, exceto Daniel Carvalho, os melhores e mais agressivos jogadores. Richarlyson, há muito sem continuidade de jogos, era uma opção, mas, nem de longe, mais agressivo que os que estavam em campo.
Então, se a escalação não mostra um desejo de se acovardar, pode ter havido alguma orientação ou ordem, para que o time se fechasse?
Embora tudo seja possível, não creio que Dorival determinasse isso a seus comandados. Não é muito o perfil dele.
E não me atrevo nem mesmo a crer que ele tenha ido para o jogo para jogar no contra-ataque. Porque para isso, o time teria de jogar de modo diferente, sem dar chutões e tocando mais a bola no meio.
Não fazendo ligação direta.
***
Dos jogadores, poderia ter saído a opção por jogar mais recuado, mais fechado. Não acredito.
Jogadores podem até começar a ficar mais lá atrás, ou fazendo chutão para o alto, no bumba meu boi. Mas aí o técnico iria ter de intervir. E chamar a atenção do plantel.
***
Na verdade, embora até achasse que o juiz pode ter enervado o nosso time, invertendo algumas faltas, em especial no início do segundo tempo. Deixando de dar cartão a Leandro Guerreiro, no primeiro tempo, e no jogador que quase quebrou em um carrinho no ínicio do jogo, nosso lateral, é preciso reconhecer que fez vista grossa a uma entrada de Bernard.
Também não há como ficar chorando o gol que Magno Alves perdeu por querer enfeitar, driblando o goleiro, no momento em que já estava desequilibrando e saindo para o lado direito, onde já havia correndo com ele, um defensor do Cruzeiro.
Se quem não faz gol, toma, outra máxima que estatisticamente é 100% verdadeira, no minuto seguinte, Serginho deixou de perseguir a Wallison, e a defesa do Galo falhou.
Magno Alves deveria sim, ter mais vontade e enfeitar, cobrindo com um toque de classe ao goleiro cruzeirense, que já saía do gol.
***
Mas, tenho de reconhecer, jogamos atrás, como time pequeno, porque o Cruzeiro nos prensou. Avançou, correu,  como se fosse ele que queria o prato de comida do jogo de ontem. Não nos deu espaços. Não deixou que saíssemos tocando a bola, adiantando a marcação. E fazendo um abafa que, atleticanos como eu, devem ter ficado o tempo todo rezando para que o tempo passasse e a sorte estivesse de nosso lado. Para compensar o futebol, que estava do lado de lá.
***
Ganhou quem fez por merecer ao longo de todo o campeonato e, em especial, na partida realmente decisiva, de ontem: o Cruzeiro.
E apenas duas observações.
Uma para mostrar como as organizadas mais atrapalham que ajudam aos times para que dizem torcer: afinal, lá pelos 20 minutos do segundo tempo, a torcida azul pedia raça a seus jogadores. Raça a quem aprontava a correria que ocupava todos os milimetros do campo. Por pouco não enervando o time em campo.
Segunda para dizer que não vou dar os parabéns aos cruzeirenses, embora merecessem, por um motivo simplório: afinal, para quem sonhava com Libertadores; para quem era o Barcelona das Américas, para quem tinha tanto a ganhar, cumprimentá-los pela conquista apenas do campeonatozinho rural que eles ganharam é até sacanagem.
Ah! se for assim mesmo, então parabéns!!!

Atrás de refúgio

                                               Procurando abrigo
um refúgio de paz
em teus braços
seus abraços
o calor do aconchego
num sofá  azul velado
                                                                       veludo
Lembro-me do sofá 
da conversa amiga
o desabafo ao pé do ouvido
                                               e duvido
que não representasse nada.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Caindo a ficha

                                               Passou o tempo
e eu lamento
deixá-lo ter passado
deixa -lo ser passado
inacabado.
                                                           Restava tanto a dizer
                                                           tanto a fazer
                                                           a falar...
                                               Restavam risos, suspensos
                                               momentos de ternura
                                               ansiados
                                               adiados
                                               (até quando?)

quinta-feira, 12 de maio de 2011

A força da amizade

                                               Na hora da alegria
veio compartilhar comigo
da dor
de minha perda
esperou-me
foi o primeiro abraço.
                                   Na hora
                                   cedo na manhã
                                   preocupou-se
                                   procurou quem eu queria.
Quis ser gigante
ter forças para dar consolo
                                                           tolo!
Foi bem mais aquela hora
                                                           amigo...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Melhoram as expectativas quanto à inflação

Está na Folha, caderno Mercado,  de ontem. Fernando Sampaio, economista, sócio diretor da LCA Consultores, em artigo especial apresenta uma análise positiva da inflação brasileira.
Intitulado "Discurso mais duro do BC ajuda mercado a reduzir expectativa", o autor prossegue dizendo em sub-título que o "Esforço na melhoria da comunicação pode ter reduzido projeção para o PIB, e consequentemente para a inflação". E prossegue: "melhora recente da coordenação de expectativas, embora ainda incipiente, merece ser comemorada".
Ok. Se está tudo bem, e funcionando na direção desejada, porque tratar aqui o assunto, ao invés de partir para a comemoração como recomenda o economista?
Porque a comemoração que o mercado está propondo e orientando a todos que entrem na festa é, em minha opinião, uma capitulação que alguns analistas de instituições financeiras já perceberam no comportamento da diretoria do Banco Central.
Ou seja: como não era de se duvidar, o mercado conseguiu, ou anda pensando assim, capturar o BC e colocar o agente que deveria supervisioná-lo como submisso a suas vontades.
Mas... com cautela. E um certo cheiro de ameaça, velada, no ar.
Senão vejamos: o autor reconhece que "as expectativas de inflação apuradas pelo Banco Central junto a dezenas de bancos, consultorias e instituições de pesquisa tiveram ligeira melhora."
Para além disso, afirma corretamente o que todos os economistas e pessoas bem informadas já perceberam: "(é) provável que o principal fator para a melhora seja o recuo das cotações das matérias-primas, tanto minerais como agrícolas, nas duas últimas semanas. Isso interrompe uma alta que se prolongava há quase um ano e meio -o rali de alta mais longo e mais pronunciado de que se tem notícia."
***
Até aqui o que temos?
Sempre afirmamei nesse blog, e os que me acompanham podem se recordar, que a principal causa da escalada dos preços não era culpa nossa, e passava pelo fator que o autor menciona. Daí que sempre critiquei o uso de política monetária, juros em especial, para conter a demanda interna que não era a causa principal da inflação.
Poderíamos até admitir, como o fizemos, que a demanda interna aquecida poderia sim por mais lenha na fogueira, mas o aumento de juros poderia jogar o país na recessão e não combater a elevação de preços.
Não a alimentaria, mas não a eliminaria.
Não é isso mesmo que o autor menciona quando trata a redução da projeção de crescimento do PIB, e convenhamos, até parece querer sinalizar a felicidade dos analistas do mercado por que o país vai crescer menos?
Ora, crescer menos não reduz, por si só, uma inflação cuja origem não depende de nós mesmos. É apenas a velha e já cansativa discussão entre crescimento e inflação, já há muito tratada pela teoria como Curva de Phillips.
Há pouco tempo atrás, inclusive o ex-ministro Mendonça de Barros, o Luiz Carlos, também em artigo para a Folha dizia que acreditava que muitos economistas voltariam a ter de tratar com um conceito que, para ele, felizmente teria de ser retomado: justo a curva de Phillips.
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Quem sou eu para discutir com o prof. Mendonça de Barros. Mas para mim, a curva de Phillips e sua consequência teórica deveriam era serem esquecidas. Afinal, o próprio artigo seminal da teoria de espiral preços-salários, não deixava claro a existência da relação entre crescimento, redução da taxa de desemprego, aumento de salários e aumento de preços que é a explicação da espiral, exceto para pequenos períodos de observação. Estatisticamente, o gráfico mostra que os pontos de taxa de inflação e crescimento do PIB, para a totalidade de anos (quase 100) pesquisados por Phillips, não mostra nenhuma tendência. Muito menos uma curva negativamente inclinada. Apenas uma nuvem.
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Mas voltemos ao nosso artigo. E vejamos como o autor introduz a questão da coordenação exercida pelo BC.
"É bastante incerto, contudo, o quanto o esforço recente do governo, e em especial do BC, para melhorar a sua comunicação com o mercado também pode ter contribuído para a redução da estimativa.
Mas é possível que o endurecimento do discurso anti-inflacionário tenha ajudado na "ligeira" revisão para baixo das projeções para o crescimento do PIB, e que esse tenha sido um ingrediente para os analistas projetarem uma inflação um pouco menos folgada."
Ou seja, enquanto parecia que o BC estava privilegiando a manutenção do crescimento do PIB e, via de consequência, a manutenção do emprego, o mercado revoltado demonstrava cada vez mais sua insatisfação, por meio da deterioração das expectativas. Mas, agora que parece que o BC percebeu que não é do agrado do mercado patrocinar o trade-off entre crescimento e inflação, e que o BC vem tomando medidas mais duras (leia-se aqui, a promessa de continuar usando juros para combater a inflação, como o fez nas últimas reuniões do COPOM), as expectativas melhoram.
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Justiça seja feita, o autor reconhece que o BC, desde o início desse 2011 atuou no sentido de conter a demanda e o crédito, adotando medidas macroprudenciais. Ou seja, já vinha trabalhando no sentido de controle da escalada inflacionária.
Apenas que esse controle estava utilizando instrumentos (clássicos alguns) de política monetária, como " elevações de depósitos compulsórios" e outras medidas novas como as "exigências de reserva de capital, bem como medidas ditas macroprudenciais". E, o autor prossegue: "Essas medidas limitam o volume de recursos que os bancos têm à disposição para emprestar, ou reduzem a liberdade com que eles podem dispor desses recursos."
E, conclui que isso trouxe um problema grande para as instituições financeiras, que não souberam precificar essas novas ferramentas e seu impacto em sua estrutura de custos e formação de tarifas e juros ao tomador de crédito. Problema que já era muito bem equacionado com a utilização da Selic.
O significado disso é claro: os bancos perderam a condição de avaliar o custo das medidas, o que lhes impossibilitou de saber o quanto cobrar e, pior, afetou sua previsão de lucros.
Mas, tudo bem, já que a direção é a correta, e os juros afinal podem voltar a se transformar na ferramenta preferencial adotada pelo BC, as expectativas melhoram.
Mas...
A ameação surge no fim do artigo, com um alerta: "A melhora recente da coordenação dessas expectativas, embora ainda incipiente e sujeita a reversão, merece ser comemorada."
Sujeita a reversão, viu BC? Ou seja, não é para folgar não.
O melhor é que continue se comportando como o Mestre mandar. Desculpe, como mandar o deus mercado.

Objeto direto, feminino

                                               Você chega
me exige pronta
e me acusa
me usa, lambuza
me deixa louca
louca de frio
frio e prazer
depois se levanta
e me deixa triste
e vai-se embora
me deixa deitada
usada, cansada
mal arrumada
me deixa e parte.
Você volta
e zomba do quarto
ri de meu enfeite
me exige nova
Você goza e vai prá rua
me deixa nua
abandonada
Eu não sou nada
você é tudo
o universo, meu inverso
você é o mundo
e eu não sou nada
Você então usa
de minha fraqueza
me larga
e promete voltar amanhã
depois de tomar outros goles.
Depois do último abraço
do fumo picado
da última festa
de seus amigos
Eu não sou nada
você é o mundo
eu fico pronta
você me aperta
me morde, me ama
se deita cansado
e dorme de lado
deixando-me só
acompanhada de minhas fantasias.

terça-feira, 10 de maio de 2011

A descoberta

                                                           Foi
como a explosão de um raio de sol
nos telhados acinzentados
como o cantar dos pássaros
o ecoar de um riso
rompendo sem juízo
o silêncio da manhã.
                                               Foi
                                               como a flor mensageira
                                               revelando a primavera
que apareceu você
seu sorriso degelando
o frio de minha solidão
foi que pude perceber então
o amor que veio contigo
disposto a  permanecer
cravado em meu coração.