segunda-feira, 30 de julho de 2012

Lições de Vida


Quando eu era pequeno
Meu pai um dia falou
Meu filho aprenda a lição
Passada por seu avô

É que as melhores lições
Que nos animam na lida
Atravessam gerações
Acompanham nossa vida
Tal qual a roça de milho
Passam de pai para filho

Você pode estar pensando
Que conselho não se dá
A menos se for pedido
Pois se ele fosse bom
Em lugar de ser doado
Deveria ser vendido

Quem compra terra não erra
Se dela  extrai o sustento
Cultivando todo o solo
Plantando o alimento
A terra não cultivada
Entregue ao abandono
Não merece este castigo
Merecia melhor dono

Por que a terra é a mãe
O berço da criação
Não é o campo estéril
Base da especulação

terça-feira, 24 de julho de 2012

Tarde Vadia


Outra tarde vadia
Esperando o tempo passar
Na soleira da porta
Ansioso a te esperar

E você, se esconde
Como se esconde
O sol
Atrás de um horizonte vermelho
De sangue, berrante
Como seu batom

Sua ausência
Torna a nossa casa tão vazia
Faz a noite parecer tão fria
Como frio é o brilho prata do luar

Te procuro
E  te busco aonde a vista alcança
Redesenho teu corpo na esperança
De outro instante de paixão

Te diviso
Redefino o meu horizonte
Rememoro as linhas perdidas
Deste corpo que é minha inspiração

E você se esconde
como se esconde
A razão
Que torna a minha noite escura
Sem vida, errante
Pura negação

segunda-feira, 23 de julho de 2012

De escravo a rei


Abençoada por Deus
Por seus encantos naturais
Nossa terra guarda escondidas,
Entranhas feridas
Dores que não se calam jamais

Desde o tempo de colônia
Fruto da exploração comercial
Implantou-se o trabalho escravo
Que tratava o índio como animal

Mas para ampliar a riqueza
Promovendo a acumulação de capital
Teve início o tráfico negreiro
Sob o patrocínio de Portugal
E a beleza desta terra
Tingiu-se do sangue africano
Que irrigava nossa plantação
A lavoura, o café de exportação

E mesmo sofrendo tanto abuso
O braço negro não se abatia
Deixando gravadas em nossa cultura
Suas festas e sua alegria
E depois de lutas e tanta amargura
Que manchavam o nome do Império
Isabel, a Redentora
Assinou a abolição da escravatura

E pra ter mercado para a produção
Gerada pela revolução industrial
O negro passou a ter salário
Que mudou a forma da escravidão
Mas o negro não bancou o otário
E sonhando subir na escala social
Ocupou um mês do calendário
Tornando-se o rei do carnaval

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Mesmice


Já vi essa história antes
Só não sei qual o final
Se o cachorro morde o dono
Esse é um assunto banal
se o dono morde o cachorro
é manchete de jornal

Passar aperto na mão de bandido
Torna-se um fato natural
Sufoco mesmo é se seu algoz
É o próprio policial

Já vi essa história antes
Só não sei qual o final
Inocentes guardados por grades
Marginais livres na rua
Miséria e fome na terra
Dinheiro sendo gasto na lua

O dinheiro usado como arma
De submissão dos mais pobres
Fluindo sempre no mesmo sentido
Em benefício dos nobres

O errado cada vez mais certo
Mais perto, o certo, do mal
História que se repete
Tem sempre o mesmo final

Já vi essa história antes
Já vi antes o final
História que se repete
Tem o final sempre igual

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Na Veia.... Galo!!!

Cobrado pelo meu amigo Pieroni, volto a falar hoje de nossa ida ao Independência, do Galo e da boa exibição de ontem, contra o Internacional.
Sim, porque ontem fui ao Independência exatamente acompanhado pelo Pieroni, esse que pode ser considerado o italiano mais atleticano de BH.
Aliás, para fazer justiça ao amigo, devo dizer que o considero a maior caricatura viva do que é um italiano. Ou do que imaginamos ser um italiano; daqueles do tipo histriônico, no sentido teatral do burlesco. Figuraça.
Desses que falam com voz alta, para dar a oportunidade a todos de partilharem de seus sentimentos e suas sensações. Dono de gestos largos, mais eloquentes que sua voz. Uma sensibilidade apurada e um coração mais largo que os gestos que nos divertem.
E atleticano. Capaz de xingar, chorar, gritar, aplaudir, tudo na mesma partida, em geral, acompanhada por uma televisão de bar.
Mas onte, o amigo foi conhecer o novo Independência, o que já foi motivo para uma festa.
E, pé quente, ainda viu uma grande exibição do Galo.
Em especial no primeiro tempo, quando o time alvi-negro engoliu o time do Inter, que não conseguiu fazer uma jogada de ataque.
É verdade que o meio campo do Galo ganhava todas as bolas. Que a defesa mostrava uma segurança e tranquilidade há muito desejada pela imensa torcida atleticana. Que Marcos Rocha dava um show de vitalidade, indo à frente pela lateral. Às vezes, aparecendo no meio do ataque para, em seguida, estar dando combate e, invariavelmente roubando a bola na lateral, sua posição de origem.
Réver voltou com a segurança de capitão. E Leonardo Silva também seguro, não perdia nenhuma jogada, nem pelo alto, nem por baixo.
O meio campo fechava e, dentro de sua característica, beliscava, incomodava e destruia qualquer tentativa do time do Inter.
Mas, o ataque sentia a ausência de uma referência de área, por mais que Guilherme procurasse cobrir a lacuna de Jô, ou André.
***
E, sem capacidade de penetração, o Atlético não conseguia levar perigo ao gol adversário, não aproveitando as oportunidades criadas pelos lançamentos de Ronaldinho. Ou pelas arrancadas de Bernard.
Até que veio a justa expulsão de D'Alessandro, merecida pelo conjunto da obra, ele que já no primeiro minuto de jogo havia dado uma entrada desleal e sido amarelado.
Apenas para registro, diga-se até que merecia já ter sido expulso antes, caso o juiz não quisesse ou não parecesse, em alguns momentos, querer contemporizar e ... fazer um trabalhinho de segurar esse time mineiro que se atreve a ficar lá na frente...
***
E, com o Inter com um a menos, e o Galo tocando a bola de um lado a outro do campo tentando explorar uma bobeada, ou distraída da defesa gaúcha, aconteceu, no final do 1° tempo o gol do Galo. Guilherme, em chute de muita categoria. De rosca. Em bola que para felicidade da massa bateu na trave, e voltou nas costas do goleiro para ir morrer lá dentro.
Se o chute foi de rara felicidade e talento, a jogada foi toda ela uma pintura, com Ronaldinho Gaúcho, Guilherme, quase todo o ataque do Galo participando da trama.
***
No segundo tempo, o Galo que tinha passado praticamente mais de 70% com a posse da bola no tempo inicial, parece que parou. E começou a voltar bola lá da entrada da área, para o meio campo. E daí até o goleirão Victor.
E o meio campo do Inter percebendo que o time mineiro não estava querendo saber de agredir, começou a se impor. E o Galo começou a perder o meio-campo, e o Inter a crescer.
Nessa hora, a defesa mais uma vez se impôs e a ausência de um pivô na frente, para segurar a defesa gaúcha e dar mais agressividade ao ataque mostrou-se crucial.
Isso não impediu de o Galo chegar ao segundo gol, em jogada que mais uma vez teve a participação de Marcos Rocha, Danilinho, para acabar limpa para Leonardo Silva marcar um golação, muito bonito, no ângulo.
***
E aí as falhas do Galo voltaram a se impor. Se pulam e marcam muitos gols de cabeça na frente, eu não consigo entender porque, quando em sua posição original a defesa do Galo, Leo Silva em particular, não consegue pular e cortar a bola levantada na área do Galo.
Acho que Victor deveria ter saído e, talvez até tenha falhado. Mas a defesa deixou o Fred do Inter subir sozinho. Completamente livre no meio da área.
E o Galo mais uma vez impôs momentos de insegurança a sua fanática torcida.
O time não se abateu com o gol, mas começou a enervar. Afinal, uma coisa é tocar bola, como o Barcelona, virando o jogo, abrindo pelas laterais e voltando a jogada, para reiniciar tudo do meio campo, quando o time adversário se fecha todo. Uma coisa é tocar bola esperando a oportunidade e partir rápido, com objetividade em direção ao gol adversário. Outra é fazer o que o Galo tem feito. Gira a bola para algum lado do campo e, se a defesa contrária se fecha, toca para trás. Mais ou menos assim: na direita, Marcos Rocha lançado volta para Danilinho, que toca para Marcos Rocha. Cercado, esse toca para Pierre, que volta para Rever. Daí para Leonardo Silva, que atrasa para o goleiro.
Ontem, teve momento que achei que os jogadores de defesa não sabiam dar os chutões para a frente, que Victor era obrigado a dar.
Então, não digam que é porque o time não queria fazer a famosa ligação direta, já que no ataque só tinha baixinhos. Porque era exatamente isso que o goleiro era obrigado a fazer.
Percebi e achei que o time estava era matando o tempo. O que, em outras ocasiões poderá se constituir um perigo muito grande, se o time contrário partir para cima, para dar uma pressão.
Ao final do jogo, com a entrada de Escudero, mais uma vez a velocidade e o brilho dos dribles de Bernard, o Galo marcou o terceiro. Com Escudero, embora Ronaldinho estivesse a seu lado, em condições de também ele, marcar o gol.
3 a 1.
Mas há coisas que ainda não me agradaram e precisam melhorar: a bobeira que o miolo de área dá, às vezes, quase um apagão, sendo a principal delas. Essa coisa de ficar voltando a bola, para passar o tempo, outra.
***
Mas saímos felizes. Pieroni, ensandecido. Rodrigo Burato, que assistitu ao jogo ao nosso lado. O Guilherme e o Fernando e Eduardo, companheiros de outras jornadas.
Enfim: noite de Galo. Na veia.

Desafios


O colega ao lado me desafia
me vasculha em entrelinhas
analisa o que escrevo

outro me traz poesia
se desveste à minha frente
e aventura-se a me perguntar
se aprecio o que vejo

O que vejo,
o que sinto
o calor que faz agora
o amor de ontem
a vertigem do amanhã
as sensações que experimento
se embaralham ao entardecer
e tingem de vermelho o horizonte
em que miro a passagem do tempo

Cronista de minha história
as imagens escapolem
bailam ensandecidas
e esborracham-se capturadas
pelas palavras que maculam o papel em branco

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Judia de mim


Judia de mim, judia
Maltrata o meu pobre coração
Pois não há nenhum perigo
De sofrer mais que o castigo
Desta sua ingratidão


Você diz que me deseja
Que quer ficar a meu lado
Que me ama de paixão
Mas some não dá notícia
E me deixa preocupado
Só curtindo solidão

Você diz que vai embora
Que já passou nossa hora
Que deseja ser feliz
E prá ter felicidade
Quer esquecer o passado
e negar nossa emoção
E prá ter felicidade
Quer sair da minha vida
E punir-me sem perdão.