terça-feira, 30 de agosto de 2016

Antes do cair do pano e da concretização do golpe..

São dúvidas, muitas, que venho carregando comigo e, de repente, percebo que não consigo mais ficar conservando-as.
Nesses momentos que antecedem o desfecho do golpe em curso, chego à conclusão de que só os mal intencionados não conseguem perceber que Dilma, por mais arrogante, destrambelhada, disléxica, o que for de depreciativo que puder ser lembrado para falar da presidenda ELEITA do Brasil, é muito superior à grande maioria dos senadores, seus juízes ou algozes, e nem posso falar do ponto de vista de moral, honestidade, porque aí seria mais uma covardia, semelhante à de sua presença no Senado ontem.
Assim nesse momento, trato de assuntos menos trágicos para a história e o futuro de nosso país.
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Por exemplo: até hoje, não entendi e gostaria de saber porque as Olimpíadas do Rio teve dois mascotes: Tom e Vinícius.
Vá lá. Tendo a concordar com o Fernando Meirelles, um dos responsáveis pela belíssima festa de abertura dos jogos, para quem homenagem é algo que ninguém é obrigado a fazer.
Parece-me que ele se referia à cobrança feita pela família do poetinha Vinícius, que sequer teve o nome citado ou um retrato, ou mesmo apresentado o boneco que servia de mascote dos Jogos, com seu nome.
É verdade, ninguém é obrigado a prestar homenagens a quem quer que seja, embora tenha ficado muito estranho que Tom tivesse seu nome e retrato apresentados. Seu neto, Daniel, tocou a música que reconhecidamente é de autoria de ambos. Um esquecimento no mínimo curioso.
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Mas, pelo que me lembro, nenhum dos dois mascotes participou da festa de abertura e, custo a me lembrar que tenham participado da de encerramento. Outra curiosidade, se nos lembrarmos da festa de despedida dos jogos de Moscou, 1980, onde o mascote Misha deixou rolar uma lágrima nada furtiva ou sorrateira, de tristeza.
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É verdade que durante as competições, especialmente Vinícius, apareceu e fez o papel simpáitco de embaixador, ou representante do jogos, agradando crianças e adultos.
E devo reconhecer um certo esforço de algumas emissoras darem destaque a Vinícius, à beira da raia olímpica, ou em algumas das quadras.
Mas, nem Vinícius nem Tom apareceram como mascotes oficiais que eram, dos Jogos do Rio. O que é muito estranho.
Ah! claro. Esqueci de dizer que parece que os bonecos foram muito procurados e muito vendidos. E ninguém falou para quem ficou a receita de tais lembranças.
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Uma segunda curiosidade é relacionada ao Atlético Mineiro e seu técnico Marcelo de Oliveira. E diz respeito a como ele anda escalando o time para iniciar as partidas. A primeira das partidas, com ele entrevistado antes do início do jogo, dizendo que estava poupando Maicosuel, atleta que estava apresentando muito desgaste físico. A última contra o Grêmio, em que, sob a mesma alegação, ele deixou Robinho de fora, na primeira etapa.
Ora, o que acho estranho é que, se havia a possibilidade de o atleta entrar em jogo, como de fato ambos entraram, Maicosuel, contra a Ponte Preta, no péssimo empate obtido pelo Galo, por acaso mandante daquela partida, e Robinho contra o Grêmio, afinal, que desgaste era o que o jogador estava apresentando?
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Outra pergunta tola que me faço e não consigo respostas, é porque não entrar com os dois jogadores, já sabendo que eles sairão do time na fase final, poupados, uma vez que, colocá-los em campo, quando o jogo está ainda se iniciando, no zero a zero e em fase de estudos é, ao meu ver, mais interessante e menos desgastante que colocá-los já quando o jogo está com placar contrário e nosso time precisando se desdobrar muito mais para conseguir reverter a situação.
Ou não?
Foi assim contra a Ponte, jogamos muito mal e tomamos o gol da Macaca. E depois Maicosuel teve de entrar em campo, para tentar já sem muita opção tática e mais na base do sacrifício e correria, conseguir alterar o panorama do jogo.
Vá lá. Maicosuel, em uma de suas arrancadas, serviu a Robinho, para o empate.
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Contra o Grêmio, novamente jogando abaixo da crítica, com um futebolzinho medíocre, para não ficar elogiando muito, foi a vez de Robinho entrar na segunda fase, para mais uma vez, salvar o técnico.
E mais uma vez, o time não merecia. Estava mal e só que deseja tapar o sol com a peneira ainda acredita em Marcelo e suas entrevistas, de que o time estava em um bom momento, etc. etc.
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Em ambas as situações, o time estava de uniforme todo branco, sem utilizar a camisa alvi-negra, de tanta tradição e muito mais ligada a nossa história.
E antes que me digam que os jogadores importantes e, quando entram estão em condições físicas melhores que os do time adversário, o que lhes seria benéfico, é apenas querer esconder a realidade, ou querer acreditar em contos de fadas. A menos que, a gente combinasse com o outro time, que não poderia haver, para eles, qualquer substituição, ou a entrada de sangue novo no time, que seria permitida apenas para a gente...
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E, desnecessário dizer, o Atlético está muito mal. Joga mal. Não tem estrutura de jogo. Não apresenta jogada ensaiada. Não mostra conjunto. E isso contra o seu xará paranaense, contra a Ponte e contra o Grêmio.
Já é hora de alguém chamar Marcelo para apresentar alguma justificativa. Que não seja a de que está com jogadores no Departamento Médico ou suspenso. Já que ele não coloca o time completo mesmo podendo, por opção, quando já tem desfalques importantes.
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Terceira curiosidade: a insistência de setores da mídia, do empresariado, em referir-se ao início da retomada econômica em nosso país, após resolvida a questão do golpe que estão aplicando em nossa fragilizada democracia.
Eu gostaria que me explicassem como se explica a uma criança pequena, quem sabe até por algum desenho, como e porque os empresários que até aqui nada investiram, mesmo com a concessão de muitos benefícios pelo governo Dilma, subsídios, desonerações, etc. irão mudar, de repente, de comportamento, para passarem a desengavetar projetos de investimento que lotam seus arquivos?
Acho estranho porque sabe-se que os empresários reagem às expectativas de demanda que criam, todas em funçao de análises e leituras do ambiente em que atuam.
Não creio que, exigindo do governo o corte de gastos públicos, e com a promessa de que tais cortes deverão ser aprovadas, embora sabe-se lá quando... e sabendo que do ponto de vista da renda pessoal, dos gastos em consumo, a economia está longe de apresentar qualquer recuperação, especialmente tendo em vista os níveis de desemprego, e as restrições ao crédito (a maior delas, a escandalosa taxa de juros), que estímulo se vislumbra no horizonte, para a pretensa retomada.
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Alegar-se que seria pela mudança de ambiente político, agora capaz de inspirar mais confiança é, em minha opinião, uma ironia. Mas não me recuso a analisar a hipótese. Afinal, sabe-se que a proposta do usurpador é a de não elevar a carga de impostos, apesar de avisos e sinalização de seu ministro da Fazenda para a ocorrência de tal possibilidade.
Talvez, sem ter que pagar o pato, a Fiesp e seus líderes, passem a investir.
Será?
Mas porque não investiram quando não recolhiam os impostos que sonegavam? Ora, só de sonegação, mais de 400 bilhões de reais deixaram de entrar nos cofres públicos, nos últimos anos. Valor que daria para cobrir os dois resultados negativos, de déficits primários em 2015 e 2016.
São estudos do IPEA que mostram tais dados. Como mostram que a nossa dívida ativa está pela casa de 1,4 trilhão. E porque o governo não age com a energia devida para recuperar essa pequena soma de recusos que, por seu vulto e porte, deve ser dinheiro deixado de ser pago ao Erário por trabalhadores assalariados.
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É verdade que o ambiente vai melhorar, já que assegurar-se-á, cada vez mais, recursos para atender a interesses das classes mais privilegiadas, para compensar os cortes exigidos e cada vez maiores de programas voltados a acabar com nossa malsinada distribuição de renda.
Distribuição que faz com que algo como 71 mil pessoas, apropriem-se de quase 8% da renda nacional.
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Acreditar que a recuperação vai se dar, como vinha acontecendo, pelo lado da recuperação das exportações, embora factível, não permite muita esperança, tendo em conta que o dólar não deve manter a valorização que vinha apresentando, sob pena de a inflação fugir ao controle.
E sabemos todos que a inflação depende muito pouco de uma taxa de juros elevada, cuja finalidade seria derrubar uma demanda exageradamente elevada, o que não acontece.
Então, a taxa de juros visa, como é sobejamente conhecido, em remunerar as poupanças mantidas sob a forma de títulos e riqueza financeira, em ativos líquidos e não reprodutíveis, das classes mais ricas.
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Logo, não entendo como os empresários vão desengavetar planos de expansão de negócios, ainda mais quando se leva em conta que temer terá muito que acertar de suas negociações nebulosas junto ao impoluto Senado da República e em outras instâncias que participam da trama do golpe.
Parece até que, tendo tais compromissos de elevação de gastos já acordados, deverá o usurpador conceder também algum aumento aos magistrados. Não em função de qualquer participação na ruptura democrática, mas para que não se tornem a única categoria sem aumento.
Ainda mais um aumento tão ínfimo, da ordem de perto de 40%, como se aventa.
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Talvez os empresários tenham lido ou sido assessorados, por algum economista que tivesse lido Kalecki, e tenham percebido que, como ensina o economista polonês, os empresários ganham o que gastam. Ou seja, qualquer recuperação de produção ou renda, deve ter como base para sua sustentabilidade o gasto capitalista. Preferencialmente na aquisição de bens de capital, ativos reprodutíveis e capazes de gerarem emprego e renda e um círculo virtuoso de crescimento.
Ou tenham lido Keynes, não o corrompido dos manuais, mas o verdadeiro, aquele para quem só criadas as condições para que o empresário gaste em investimentos e gere emprego e mais renda, ao mesmo tempo, estará em curso um processo que permita que a renda ampliada possa ser parcialmente não consumida. E da poupança assim gerada, possamos chegar ao final, com um montante de poupança equivalente ao do investimento.
Sem esquecermos de que, conforme Keynes, a poupança gerada no processo deve assumir alguma forma, de manifestação, normalmente, a forma de ativos liquidos, do mercado financeiro.
Mas compete ao governo a criação de um ambiente positivo, para que a taxa de retorno própria do bem de capital seja mais segura, menos eivada de incertezas, e maior que a taxa de juros do título financeiro.
Ou seja, ao contrario da proposta de quem orienta o usurpador, nada que seja liberal a ponto de dispensar aquele agente que é o principal responsável pela saída de qualquer grande crise. e pelo início da recuperação.
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Bem, de tudo isso, de todas as minhas dúvidas, a certeza que me resta é que Dilma ontem deu um show, embora menos por suas qualidades, que existem, e mais por estar tratando com pessoas, algumas sem estatura moral, outras sem qualquer conhecimento ou respeito pela coisa pública. Outros por mero respeito e obediência a seus patrões e interesses, alguns que os ajudaram a chegar até onde chegaram.
Esses, ao menos dedicam lealdade a seus patrões, o que, em certas situações é elogiável, devemos reconhecer.
Dilma deu um show, e a farsa terá curso hoje, com juizes que, na verdade, deveriam ter se declarado impedidos, desde o início da trama.
Uma tragicomédia que irá, mais cedo que se imagina, passar para as páginas dos livros da história como mais um golpe das elites mesquinhas contra ampla fatia da população.
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Embora eu ache que isso, cada vez mais é brincar com fogo, porque pode levar a população a perceber que, enquanto não tomar em suas mãos o seu destino, seus interesses não serão respeitados.
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Já que fiz acima, um vaticínio, dou-me ao luxo de fazer outro. Mais limitado e mesquinho, como aquele a quem envolve. Acho que Cunha se safa, para o bem da dignidade nacional, e o decoro do Congresso.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Golpe: farsa, drama, comédia, tragédia. Nunca a frase de Francelino Pereira tornada música de Renato Russo foi tão apropriada: Que país é esse?

Tem início hoje, a última parte da peça teatral que vem sendo encenada em nosso país, desde o final do ano passado, e que, por kafkiana a situação, poderia ser apenas chamada de O Processo.
Mas, não! Não tendo conseguido nem mesmo definir a classificação da peça, se na categoria drama, tragédia ou farsa, desenrola-se às nossas vistas O Golpe. Ou o Impeachment da Razão.
Ou seja, o impedimento da razão, para não haver possibilidade de alguém acreditar que o impeachment em andamento seja algo razoável.
Não é. É GOLPE! E isso deve ser dito e ficar registrado com todas as letras: GOLPE. Em caixa alta mesmo.
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Golpe tramado por pessoas sem escrúpulos e sem qualquer prurido, desde que derrotado nas urnas pela maioria, não ampla, mas ainda assim maior parcela da população de eleitores do país.
Uma maioria que, aqueles que se sentiram derrotados trataram desde o primeiro momento, tentar depreciar, como sendo ignorantes, incapazes de definirem o que desejam e como o desejam,  para seu futuro. Pessoas que, por terem uma sobrevivência mais difícil e problemas que nem de longe compõem o rol de preocupações da parcela mais privilegiada de nossa população, são depreciadas, desconsideradas, bem como a suas opiniões e direitos.
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Golpe tramado por candidatos e propostas partidárias que, por atenderem apenas aos interesses dos grandes proprietários de capital, principalmente do financeiro, não foram capazes de atrairem a atenção e votos de 54 milhões de brasileiros, cuja vontade, nesse momento, está sendo jogada no lixo.
Na verdade, o que está chegando ao poder, e entrando definitivamente na lata de lixo da história, é o comportamento de aécios, mimados e derrotados apesar de toda sua imagem construída de bom moço, frequentador das melhores praias da moçada de geração doutada, geração saúde do Rio de Janeiro. Moço, já embolorado pelo pó que assenta-lhe como nele se instala do cheiro do velha e arcaica política dos coronéizinhos, dos primeiros tempos de nossa república.
Mas não é tão somente de aécios, pobres coitados, que o país vai se lembrar, quando for revirar os lixões da nossa vida política. Ao seu lado estarão aloysios, lacaios de interesses americanos, alckmins, serras, ronaldos caiados, mesmo sem por baixo da pintura; cunhas limas, padilhas, geddeis, moreiras, francos ou não, temeres.
E não é nunca demais lembrar - para nunca mais correr o risco de permitir levar-lhes a sério no futuro, os gilmares mendes, os ministros do Supremo, os juízes do Olimpo curitibano, as emissoras e seus anões de mivrofone na lapela e opiniões vendidas a troco de migalhas de salários.
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Dizem que não é golpe, por respeitar a Constituição. Sim. No rito. No andamento das etapas do processo. E só.
Desse ponto de vista, não há dúvidas, não é golpe.
O golpe se caracteriza pela ausência de crime de responsabilidade da presidenta, apesar da ignorância de nossa ministra futura presidenta do STF, Carmem Lúcia e das tentativas frustradas de parcela dos golpistas de caracterizarem operações de registro contábil como atos delituosos.
Crime de responsabilidade nunca encontrado e comprovado e, portanto, incapaz de dar sequência a qualquer julgamento sério, não fora seu principal acusador, no Senado, o menino de recados de aécim, o travesso anão (do ponto de vista moral), anastasia.
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E por não haver motivos, como o lembrou uma das integrantes do colégio de jurados do Senado, na verdade, a justificativa para a derrubada da democracia no país é apenas o conjunto da obra.
Obra que essa sim, é de péssima qualidade. E, nesse ponto, não há como não admitir, Dilma fez o tempo todo, ao menos do primeiro ano de seu segundo mandato, o que o corredor de marcha atlética fez em parte do percurso da Olimpíada do Rio.
Mas, ser ruim não é crime. E aproveitar-se disso é ou forma de tutelar o povo, que mostrou convicto que vota mal, ou apenas forma de avançar em direção a uma forma de regime mais próximo da autocracia ou plutocracia.
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Nesse processo tragicômico em curso, o que é mais desagradável é assistir, por um lado, caírem as máscaras de quem, ao menos eu, acreditei que tinha um mínimo de caráter e hombridade. Situa-se nesse caso, um cristovamzinho buarque, tão pequenininho que perde-se encoberto nas planícies do cerrado.
Mas, se isso é ruim por um lado, a descoberta do mal-caráter enrustido é sempre algo positivo. Mesmo que doído.
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Vem aí o golpe e temer já coloca as manguinhas de fora, com o apoio que a tudo ensurdece, dos panelaços que ouvem-se, insistentemente, nas capitais do país.
Já está aí a negociação para concessão ou venda, ou entrega para os seus mais gabaritados donos, do pré-sal; a entrega de nossos programas de saúde públicos para os grandes agentes de saúde privada ou complementar; a entrega do ensino público e gratuito para as financeiras que irão mais tarde acabar atropelando os próprios interesses, e submetendo-os, das escolas privadas.
Razão que faz com que as mantenedoras das escolas privadas se preocupem cada vez menos com a qualidade da educação, substituída pela qualidade das avaliações de suas ações em bolsa.
E ficam ostentando 1,5 milhão de alunos, ou até mais, que, se vierem a obter seu diploma, provavelmente não conseguirão ter desenvolvido o necessário suporte para o desenvolvimento de sua trajetória profissional.
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E pior, avança e ataca instituições como a previdência pública, cada vez mais área de interesse dos planos de previdência e capitalização do mercado.
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Mas, se o processo de tomada do poder, sem motivos, mas dentro dos limites do quadro legal, mostra que o país continua se preocupando mais com as formas que conteúdos, é possível entender então, a razão de, ontem, o Supremo estar discutindo a validade da nova lei aplicável à propaganda eleitoral, integrante da reforma que eduardo cunha impingiu à nação no ano passado.
Vendo o ministro Barroso chamar a atenção para o fato de já estarem sendo prejudicadas candidaturas de cunho mais popular, como a de Erundina em São Paulo, e Freixo no Rio, confesso que, menos que atento ao tema em debate, me peguei dando tratos às ideias, para tentar poder entender a razão de tamanho nonsense.
Afinal, para que discutir-se regras de realização e de comportamento em debates eleitorais para as eleições de prefeitos que se aproximam, se eleições no Brasil não têm qualquer validade?
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Para que ter título de eleitor, ir às urnas, exercer nosso dever cívico e eleger alguém para representar a maioria da população se, não sendo do agrado da minoria esclarecida e bem nascida, o resultado não é para ser levado a sério?
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Pobre país este em que temer, sem proposta e sem qualquer função, nem mesmo decorativa, como ele mesmo concluiu em carta enviada à presidenta Dilma que não tinha capacidade para ocupar, surrupia o poder tal qual um Silvério dos Reis ou um Judas.
Pobre país, em que mais uma vez, em um 25 de agosto, tem sequência um golpe que, tal qual 1964 pode terminar de forma mais autoritária que se acredita.
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Mas a cegueira não está presente apenas na situação política

Fugindo do tema político, não é possível que estejam todos com a visão embaçada a ponto de não perceber que, já desde algum tempo, e posso precisar de forma mais concreta, referindo-me ao jogo na Vila Belmiro contra o Santos, que o time do Atlético está jogando um futebolzinho de categoria muito abaixo daquela que pode-se esperar de plantel individual tão elogiado.
Está certo que, nesse meio tempo, venceu por um gol de ocasião, o Atlético Paranaense, seu xará.
Mas convenhamos que a vitória e o salto na tabela para a segunda colocação, embora motivos para comemoração, servem também para encobrir o fraco desempenho coletivo da equipe.
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Sempre fui favorável à vinda de Marcelo para dirigir o time, já que reconheço sua capacidade. Mas, lembro-me que também queria que Tite fosse o técnico do time em 2005, ano em que, sem forças ou caráter, ele nos abandonou já com o time em franca rota para o descenso.
Marcelo precisa mostrar e dizer a que veio, porque não dá para chegar onde pretende, se não mostrar estrutura de jogo, jogadas ensaiadas, esquema tático, etc.
O time não pode depender de lampejos e brilhos individuais, de atletas que todos reconhecem, são consagrados.
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Ontem, contra a Ponte Preta, mais uma vez o time foi muito mal. E empatou por sorte e em momento em que não estava bem no jogo.
Mas, pode ser que o time tocando bola, para trás e sem qualquer objetividade tenha deixado satisfeito algum torcedor desavisado, deslumbrado com o time deter 60, ou 70% da posse de bola.
De nada adianta reter a bola, para movimentar o goleiro ou a defesa, sempre com bolas que podem, a qualquer descuido, trazer perigo ao nosso gol.
Foi o que aconteceu ontem.
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Além disso, eu gostaria de que alguém me falasse o que Pratto estava fazendo no primeiro tempo em campo, complemente apagado, já que não lançado. E Carlos, que se notabilizou por bater cabeça, literalmente, em campo? E porque tirar Otero, o melhor jogador e mais lúcido no meio?
E como um treinador, já obrigado a fazer uma substituição no primeiro tempo de jogo, queima as suas substituições, para por em campo Clayton, e assistir ao time terminar com apenas dez jogadores, por contusão?
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Muita coisa está parecendo precisar ser ajustada no Galo.
E isso me preocupa bastante.


Uma análise do governo Temer: colaboração de um colega

Embora incomum, é sempre um prazer receber comentários, críticas, sugestões sobre os textos postados em um blog.
De minha parte,  fico muito satisfeito de verificar que tem alguns amigos que acompanham os meus pitacos, como sinto-me incomodado quando me comunicam que tentaram, em vão, publicar algum comentário, contra ou a favor do pitaco apresentado.
Muitas vezes, a contribuição trazer o tão necessário debate de ideias, de que o país anda tão carente. Muitas vezes os argumentos acrescentados à discussão poderiam trazer à tona, jogar luz sobre ângulos novos, distintos, importantes da questão originalmente proposta, com ganhos para todos nós, autores, leitores.
Mas, sou obrigado a confessar minha frustração nessas situações, por não ter o necessáriodomínio sobre a tecnologia, capaz de assegurar a todos, a possibilidade de se fazerem presentes e se identificarem.
O que posso afirmar é que, nas configurações, não impus qualquer condição para que comentários fossem publicados, inclusive permitindo que seja uma opçao do crítico, em apoio ou contrário, identificar-se.
A esse respeito, asseguro que continuo e continuarei sempre tentando verificar e impedir que continuem as limitações de publicação de comentários que, ocasionalmente, meus amigos leitores me encaminham.
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Também embora seja algo extremamente raro,  recebo de colegas e amigos, via email, algum texto de sua(s) autorias, tratando de alguns dos assuntos aqui abordados. Tais textos, quando me são enviados, contém sempre algum tipo de colocação liberando o uso e postagem do texto da forma que eu acreditar ser a melhor.
Claro que, não tendo a pretensão de achar que apenas os meus textos trazem contribuições e merecem ser de conhecimento de maior número de pessoas, sinto-me satisfeito pelo prestígio que os amigos autores conferem a esse espaço de reflexão.
Essa satisfação é ainda maior pela confiança que representa, de que esse blog seja considerado um espaço democrático, capaz de publicar artigos e comentários que não ofereçam apenas a minha visão, sempre parcial e limitada.
Desncessário dizer que não há qualquer pretensão, de minha parte, de transformar esses pitacos em uma espécie de revista ou caderno de ensaios, etc. mas sempre que solicitado a publicar algo relevante, independente de minha concordância ou não com a abordageo enfoque dados,  e com todas os cuidados com referênias e citações autorais, o meu compromisso será o de ler, analisar e fazer a postagem, de forma a permitir transformar esse "tambemquerodarpitaco" em algo mais que um mero lugar de reflexões iindividuais, mas em um espaço de prática de discussão e troca de ideias de que todos possam se beneficiar.
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Assim, e em razão de tudo dito acima, publico hoje, o texto Uma análise do governo Temer, de autoria de meu colega, o também professor de Economia do Centro Universitário UNA, Luiz César Fernandes.
Ao colega antecipo já os agradecimentos pelo texto encaminhado.



Uma Análise do Governo Temer

                                                                           


Tendo em vista a turbulência da economia brasileira que estamos presenciando resolvi, em uma forma bem abreviativa e direta, expor algumas considerações analíticas.

A agenda Temer minimiza o que deveriam ser os pilares de uma política econômica bem-sucedida: investimentos públicos em infra-estrutura física e social, com estímulo ao mercado interno pela redistribuição da renda. Pilares que, em vez de fortalecidos por uma reforma tributária progressiva e políticas para a elevação da produtividade do trabalho e diversificação da estrutura produtiva, não são, colocados, em nenhum momento, na pauta. O ideário, somente passa, até o momento, por uma política de expectativas e de benesses da agenda liberal que favorece aos “ganhadores” do mercado financeiro, deixando claro que o governo interino não tem o conjunto da sociedade como alvo de suas prioridades. Além a mídia repete exaustivamente um jargão retrógrado, mas que para muitos se tornou “verdade absoluta”, a questão de "restaurar a confiança" no país. No economês, isso significa que, nos preceitos liberais, o equilíbrio fiscal, a absoluta prioridade no combate à inflação com alta taxa de juros e o real valorizado, o Estado mínimo e, assim, como por “lei da gravidade” os investimentos virão e a economia se tornará próspera. Bem! A retórica é falsa!

O conservadorismo fiscal é, sim, necessário e seu superávit desejável.  O Estado não pode jogar dinheiro em desperdícios irracionais como aluguel de prédios caros e desnecessários, os imensos custos do Congresso e da Justiça (ambos mais caro do mundo) em seus super salários. É sabido por todos que o Estado brasileiro é péssimo gastador, com serviços públicos precários e que isso deve ser racionalizado, sendo necessário uma ampla e profunda reforma administrativa. Todavia, o que não é divulgado são os resultados dos déficits públicos dos demais países do mundo. Não me estendendo, pondero alguns: Itália 132%/Pib.;. Uruguai 62%/Pib.; Canadá 86%/ Pib.;  Alemanha 71%/Pib.; França 86%/Pib.; Portugal 90%/Pib, Japão 222%/Pib e EUA104%/Pib

O cálculo do atual governo é que o déficit de R$ 170 bilhões de 2016 crescerá em 2017 para R$ 194,4 bilhões. Só uma expectativa de receitas adicionais por meio de eventuais privatizações e concessões de R$ 55,4 bilhões permitiu que o governo fixasse a meta fiscal nos R$ 139 bilhões anunciados. Entretanto, receitas da mesma ordem poderiam ser obtidas, por exemplo, com a retomada da tributação sobre os lucros distribuídos a pessoas físicas (dividendos), que desde 1995 são isentos de Imposto de Renda da Pessoa Física (ao contrário do que ocorre na grande maioria dos países).

A estratégia proposta pelo governo (nem vou aprofundar na análise as bondades concedidas às classes de interesses que legitimam o governo) não oferece perspectiva de reequilíbrio das contas públicas no médio ou no longo prazo. As receitas geradas hoje com a venda de ativos públicos por meio de privatizações não virão novamente, além de implicarem redução de receitas futuras do governo com esses ativos (ex: dividendos das empresas estatais). Ademais, as concessões têm efeito similar, pois também retiram do Estado um potencial retorno com a exploração de ativos públicos. No caso brasileiro, ainda há o agravante de que muitas empresas concessionárias nem sequer pagam o que devem. Ao ponderar o processo histórico, dois anos depois do Boom das privatizações, o Governo FHC (1994 e 1995), o déficit público já era bem elevado: Déficit Público - média sem contar com a desvalorização cambial nos dois mandatos FHC,  5,3%PIB. No período de 2003-2012, 3,12%. Fontes: Banco Central, Ipeadata.   

Dados apresentados (Texto para Discussão" nº 2.132,IPEA) mostram que as despesas do governo federal cresceram em termos reais a taxas acima do PIB nos últimos quatro mandatos presidenciais: em média 3,9% no segundo mandato de FHC; 5,2% e 4,9% nos dois mandatos de Lula e 4,2% no primeiro mandato de Dilma. O mito divulgado da gastança dos governos talvez se apoie no aumento das despesas com benefícios sociais, incluindo aposentadorias e pensões do INSS, seguro-desemprego, Bolsa Família e outros benefícios. O que os dados mostram, no entanto, é que o total dessas despesas cresceu 5,2% no governo Dilma, ante 5,9% no segundo mandato de FHC, por exemplo. Ou seja, esses gastos vêm crescendo acima do PIB desde 1999, tanto por fatores demográficos quanto pelo desejado aumento da formalização e do salário mínimo.

Uma diferença é que nos governos anteriores as receitas também cresciam mais: 6,5% no segundo mandato de FHC; 5,2% e 4,9% nos dois governos Lula (mesmo com o fim da CPMF no segundo mandato) e só 2,2% no primeiro mandato de Dilma. Ou seja, a deterioração nas contas públicas deve-se em boa medida à queda da arrecadação tributária, fruto das desonerações concedidas e do baixo crescimento econômico. Ao contrário, se o governo se preocupasse em expandir os investimentos públicos e de outras despesas com alto efeito multiplicador sobre a renda e o emprego poderia elevar a arrecadação futura (direta e indiretamente), aí, sim, estabilizando a dívida pública no longo prazo.

A grande elevação do déficit público brasileiro foi/é decorrente da taxa de juros (dados BC) extremamente elevada e não, das políticas de transferências de rendas com os programas sociais, que tem por finalidade diminuir a desigualdade social do país que tem a terceira maior taxa do mundo. Além do efeito que o aumento do consumo dessas famílias trás para um aquecimento da economia. Do déficit público, o “gasto” com políticas de transferência de renda equivale a 0,5%Pib e o pagamento com juros, 9%/Pib. Em 2015, o pagamento com juros foi maior do que 15 anos de despesa com bolsa família.(dados CN).   

Outro ponto que ponderei na introdução foi com relação à taxa de juros elevada e o real valorizado. Primeiro, deve ser questionado a taxa de juros não explicada nesses patamares. Não há, nitidamente, uma inflação de demanda num país que atravessa por um processo de recessão, com elevadíssima taxa de desemprego e, ainda, previsão do aumento dessa.  Além, taxa de juros elevadas com dólar desvalorizado/desvaloriando, a conjuntura estabelecida é o aumento de consumo que decorre da queda dos preços dos importados (aumento artificial dos salários) com queda da poupança e, conseqüentemente, queda dos investimentos internos, aumento o desemprego e a manutenção elevada da selic para atrair divisas e fechar o balanço pela conta capital, decorrente do déficit na balança comercial (importação maior que exportação).

Sem contar, ainda, com a impossibilidade do aumento da renda per capta no país, via queda da produtividade dos setores que perdem a competitividade e geram rendas elevadas, ou seja, os que são detentores de maiores valores e agregados nas relações internacionais (a indústria de ponta). Com a desindustrialização, há a impossibilidade da migração do trabalho para os setores industriais (ampliação das desigualdades sociais), estes concentradores de salários mais elevados e os maiores investidores em Pesquisa e tecnologia (essencial para a diversificação da mudança da nossa pauta de exportação e para o aumento dos ganhos advindos das relações internacionais)  

Em síntese, que o governo deve ser responsável pelos seus gastos e tentar manter um superávit fiscal é sabido e consenso por todos.É sabido, também, que o lado da eficiência com o gasto público é necessário para puxar a economia pela demanda, num período de recessão, o único instrumento que pode criar demanda, pois, no cenário anteriormente descrito, o investimento privado não acontece. Sem a demanda gerada, a economia não deslancha porque não é a simplesmente a” restauração da confiança”  que traz investimentos, mas sim, o aquecimento da demanda que estimula o empresário a investir. Isso é claro, mas no Plano Meirelles, não há essa previsão. Sanea-se a economia pelo lado fiscal, mas isso não faz por si só a economia deslanchar, a confiança não induz ao investimento se não há demanda. Porque irei fabricar fogões se o povo desempregado não tem dinheiro para comprar? O investimento não virá sem demanda.

O conceito de restaurar a confiança está ligado ao ideário do mercado financeiro, não tanto pelo da economia produtiva. Nesta o empresário não precisa de tanta confiança se há demanda, se a taxa de juros é baixa e se os custos compensam realizar o investimento, o empresário investe (eficiência marginal do capital - Keynes). O Brasil cresceu entre 1945 e 1975 às maiores taxas, mesmo em meio à inflação e crises cambiais porque havia demanda. 

Abs
Luiz César Fernandes

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Pitacos diversficados e o que ainda ficou de falar sobre os jogos olímpicos

O primeiro pitaco trata dos jogos olímpicos, encerrados no último domingo, com outra festa bonita, embora com menos significados e conteúdo, em minha opinião, que a festa de abertura.
Confesso que não entendo a razão de tanto ufanismo, especialmente por parte dos órgãos de imprensa, em relação à nossa capacidade de realizarmos os Jogos Olímpicos, na cidade do Rio de Janeiro.
Fico me perguntando se em outros países ficam todos se auto-elogiando pelo fato de terem mostrado um mínimo de organização, planejamento e coordenação necessárias.
Dessa forma, fico pensando não em Londres ou Tóquio, cidades acostumadas a promoverem eventos de grandes dimensões e capazes de reunirem pessoas de todas as origens e distintos países do mundo.
Ok! a organização de um povo e do outro, no caso dos exemplos citados é famosa de longa data.
Ao contrário, no Brasil, impera a ideia de desorganização e bagunça. De falta de planejamento, o que tem muito a ver com outro mito que nossa imprensa gosta de estar sempre repercutindo e destacando: o de sermos o país do jeitinho. Da improvisação. Da gambiarra.
Vá lá, talvez seja isso o nosso complexo de vira-latas. Achamos que somos piores quando todos esperam muito de nós, porque valorizamos muito esse nosso lado de criatividade, versatilidade.
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Lembro-me até hoje de uma anedota que integrava um show do fabuloso Chico Anísio, e que tratava do lançamento de um foguete aeroespacial.
Claro está, até por ter que destacar,  como anedota, de forma caricatural alguns dos traços mais característicos de nosso povo, que o foguete apresentou um defeito de última hora e não conseguiu ser lançado, para frustração da multidão que, provavelmente já tendo rompido o cordão de isolamento, estava ao lado do artefato.
Sem saber qual o defeito apresentado, e se havia o que fazer para que o lançamento pudesse prosseguir, em meio ao público alguém lembrou de que Fulano era bom para consertar essas coisas. Chamado para ver o que podia fazer, o perito logo deu seu veredito: não dá para mexer aqui. Tem que levar para minha oficina. Eu estou com a Kombi aí fora.
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Ora, sempre nos gabamos de ter essa ingenuidade, ignorância, mas esse desejo de ajudar, que se reveste de uma curiosidade e de uma ausência de medo de ver o que podemos fazer.
Aliás, daí o lema Fazemos qualquer negócio. Muito difundido em que negócio não tinha, ainda tão evidenciado o sentido de negociata.
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E como buscamos mostrar nossa genialidade, em geral, acabamos construindo a ficção de sermos completamente imprevisíveis, inventivos, irresponsáveis e de resultados sempre frustrantes. Pífios.
O que não é, nem de longe, verdadeiro.
Não temos, é verdade, a preocupação em seguir normas e regras e orientações em todas as nossas atividades e horas do dia. A rigor, é bom lembrar, nem gostamos de ler manuais.
A esse respeito, tendo trabalhado em atividades do serviço privado e também do serviço público, que exigiam o registro de alguma memória, ou manualização, o que sempre percebi é que ao tentar registrar algum processo ou procedimento, a maior parte das vezes, ao invés de meramente reproduzir, toda a equipe alterava, nem sempre com resultados muito melhores, as práticas adotadas.
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Mas, ao contrário da imagem que gostamos de projetar e que eleva nossa auto-estima, dado o brilho do gênio da raça, somos sim, um povo organizado.
Não detalhista, mas uma organizaçao que revela sim, um grau de responsabilidade em cumprir e entregar nossas tarefas e obrigações conforme contratado.
Dizem que o que é combinado não é caro. E existem vários exemplos de que, para cumprir nosso trato, nos desdobramos, mesmo que, em alguns momentos, na base da pressão, do abafa, por termos sido menos capazes de elaborarmos e cumprirmos um simples cronograma.
Traço, aliás, que já vem da escola, onde alunos ao invés de estudarem um pouco a cada dia, preferem e nada os faz mudar a postura, estudar todo o conteúdo de uma vez só, justo na véspera da prova.
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Somos um país que temos uma engenharia de qualidade, o que pode ser comprovado por nossas obras, algumas faraônicas, desnecessariamente gigantescas, sem maior racionalidade. Estão aí a Ponte Rio-Niteroi,  o complexo estonteante e magnifíco de Itaipú. Além de tantas outras obras de grande envergadura, seja na área de transportes, seja na área de eletricidade.
Temos uma Arquitetura, elogiada e premiada em todo o mundo. Temos uma medicina que, apesar de todas as suas agruras, é capaz de gerar médicos do porte de um Dr. Zerbini, de nosso primeiro transplante cardíaco. Ou do nível de um Dr. Ivo Pitanguy. Isso para citar apenas dois, já que temos tradição e reconhecimento em outras especialidades como é o caso, para citar apenas mais uma, da oftalmologia.
Temos uma universidade, como a USP, sempre presente nos rankings das melhores universidades do mundo, ou a UFMG, com cientistas que integram grupos de pesquisas de reconhecida competência e projetos interdisciplinares de vulto internacional.
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Ora, claro que temos condições de realizarmos uma Olimpíada e uma Copa do Mundo, sem problemas mais graves ou mesmo com um mínimo de senões. O que, convenhamos não deveria causar tanto autoelogio. Já que apenas cumprimos nossa obrigação.
Não fizemos nada mais que o que devíamos ter feito. E nem é pelo espírito de nosso povo, já que alguns comportamentos, isolados, mas ainda assim, registrados, mostram que não é característica do POVO, ser bom, agradável, hospitaleiro. Dentro desse povo, conjunto de pessoas, com vidas e interesses e preocupações e problemas distintos, tem muita gente que não é simpática, nem faz questão alguma de sê-lo. Tem gente que não tem educação. Tem gente que tem xenofobia, etc. etc.
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Mas o complexo de vira-latas talvez fosse tão grande,  nossa imagem de sermos sempre um povo a perambular sem destino, e sem noção do que desejamos como projeto de sociedade e de nação, e o que de fato nos importa, fosse tão cultivado, que é mais fácil  que antecipássemos uma série de desastres.
Talvez, do ponto de vista psicológico, estaríamos nos protegendo, antecipando desacertos e frustrações, para poder, reduzir o impacto de qualquer falha, acaso existente.
Ou seja; para não termos de suportar o reconhecimento da dor, da falha, nos antecipamos e já ficamos contando com as falhas, que se vierem já terão sido parcialmente trabalhadas. O que facilita que suuperemos tais situações adversas.
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Assim, se ao contrário, mostramos que não somos derrotados antes de  chegarmos ao final de nossas atividades, e apenas cumprimos o que se espera de nós, com mais acertos que deficiências, temos de comemorar, e fazer festas, e buscar auto-elogios.
Para mim, isso mostra apenas como ainda somos um povo carente. Ou como a mídia prefere vender uma imagem, para nosso próprio consumo de como somos carentes.
Engana-se a mídia, em achar que somos tão pobres de espírito como parte daqueles que a integram e que desejam ditar regras de comportamento para ela, e para todo o povo.
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Excelente a observação destinada a calar a boca de alguns poucos que, por se sentirem incapazes e necessitarem de tutela, de preferência da Autoridade Militar, feita por um professor de nossa PUC-MG, cujo nome, infelizmente não gravei, de que dizer que os nossos atletas medalhistas são do Exército, por terem patrocínio daquela força, é o mesmo que chamar de bancários os que têm patrocínio do Banco do Brasil.
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Os infelizes que se acham necessitados de tutela, e pedem que o Exército venha defnir o tipo de vida que eles podem ter, dada a maior segurança e limitação porporcionada por esse tipo de vida que aquela outra desorganizada, confusa de uma sociedade que está viva, dinãmica e tem e debate opiniões antagônicas, democraticamente, merecem apenas nosso sentimento de tristeza. E respeito. Afinal, ninguém pode ser obrigado a achar que é dono de sua própria vida e suas decisões.
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Mas que eles tentaram forçar a barra ao apresentar o plano de apoio ao Esporte do governo Lula, apenas destinado a que as Forças Armadas pudessem aproveitar de atletas já formados e em alto nível, como algo que mostra a competência de nossas Forças é fato.
E mais uma vez, uma mentira. Ou ilusão.
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Vazamentos de delações

Se antes, em todas as delações premiadas, houve vazamentos, alguns com prejuízos evidentes, em especial para certos membros de um partido exclusivo, o PT; se antes as delações vazadas ainda serviram para que novas medidas fossem adotadas do ponto de vista judicial, para investigação de alguns políticos de mais alta graduação; se antes as delações foram aceiitas, mesmo sem provas, mesmo sem maiores detalhes ou chance de defesa, interferindo até em processos de natureza tão grave para o país como o do impeachment, porque só agora, a delação não poderá ser acatada, por ter sido tornada de conhecimento público?
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Não vou pelo caminho mais fácil: não é por ter havido qualquer menção de algum juiz ou Ministro do STF. Ao contrário, acho que dessa vez, a delação não atende aos interesses de derrubar um partido e uma forma de exercício de poder, que contraria os interesses econõmicos mais poderosos e que, agora, voltam a recuperar a hegemonia, que nunca perderam.
Como a ideia não era a de fazer justiça, mas resgatar o poder para a classe poderosa. Resgatar a hegemonia abalada por força de análises equivocadas dos membros de nossa canhestra elite, não há interesse em que uma delação com elevado poder de destruição de pessoas,  partidos, outros políticos sabujos dos senhores do poder, conitnue sendo negociada.
***
Assim as novas evidências delatadas não poderão ser mais aceitas, embora as antigas se mantenham. E fico pensando como isso pode prejudicar ao delator, Léo Pinheiro da OAS, cuja pena, por culpa de outros não poderá mais ser reduzida.
Ou ele não será prejudicado, por não ter sido o responsável por um vazamento que na verdade, sabe-se muito bem a que interesses serve?

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Acumulação de riquezas e sua finalidade ou acumulação de afetos - reflexões de fim de semana

Símbolos de modernidade e do avanço tecnológico que arrebata nossa sociedade, para o bem ou para o mal, as redes sociais são periodicamente invadidas pela história do encontro entre um jovem turista e um velho sábio, muito reverenciado no local em que vivia.
Ao final de uma tarde inteira de conversas sobre assuntos variados, ao se despedir,  e sem conter sua perplexidade, o jovem comentou a  simplicidade da habitação, dotada apenas de uma cama, uma mesa e duas cadeiras. Ao que o sábio retrucou: e onde estão seus móveis e bens?
Eu não trouxe nada disse o jovem, estou aqui só de passagem.
Eu também, respondeu o ancião.
Nunca é demais destacar, ao contrário é um dever acadêmico, conceder a textos e evangelhos bíblicos a primazia sobre tal ensinamento.
Mas, se é verdade que aqui chegamos e daqui partiremos sem poder carregar quaisquer bens materiais, qual a razão de cada vez mais pessoas iguais a cada um de  nós, se mostrarem tão preocupadas em acumular riquezas e fazer dessa atividade seu objetivo de vida? Custe o que custar.
E como explicar o desenvolvimento  de  todo um campo de conhecimento, objeto dos estudos da Ciência Econômica, cuja preocupação fundamental está,  cada vez mais, focada no processo de acumulação de bens, de riquezas, de capital?
Excetuada alguma preocupação com a manutenção de um padrão minimamente estável e digno para o sustento de sua descendência, razão suficientemente questionável para quem tem a sabedoria de deixar plantadas as sementes do saber, da educação, da solidariedade e do respeito, como entender a adoção de tal comportamento por parcela dos integrantes de nossa sociedade?
Afinal, que utilização podem ter os bens materiais, além daquela de nos permitir ter uma vida tranquila, equilibrada, até confortável, se quando estivermos desfrutando desses prazeres e levantarmos o olhar à nossa volta, encontrarmos os olhares famintos e desesperados de nossos irmãos.
Diz a letra de uma música de Paulinho da Viola, quase um hino, “ que a vida não é só isso que se vê, é um pouco mais. Que os olhos não conseguem perceber, e as mãos não ousam tocar, os pés recusam  pisar”.
Em que instante perdemos de vista, a Economia, o sentido pleno da vida em todas as suas dimensões, substituída por uma visão canhestra do homem econômico. Cuja passagem pela terra teria como objetivo a maximização de seu prazer individual, egoístico, sempre uma quimera inalcançável.
Ora, se o objetivo do homem fosse a maximização de seu prazer material, então esse objetivo só poderia ser alcançado no momento derradeiro da vida, sob pena de, se atingido antes, não haver mais razão de se continuar vivendo.
Desgraçadamente é esse conteúdo que continua frequentando os programas das disciplinas, cada vez mais dominadas pela preocupação com as técnicas de quantificação, de elaboração de projeções estatísticas e cálculos frios, numa inversão inadmissível, que prioriza as ferramentas auxiliares, em detrimento do  conhecimento essencial.
Consequência dessa inversão, amplia-se o fosso entre os que têm e que tudo podem, proprietários dos bens de produção e aqueles que nada têm, exceto, caso sobrevivam, sua própria capacidade de sobreviver e  trabalhar.
Situação que cria a oportunidade para o surgimento de conflitos sociais que não poderiam prosperar, especialmente em um  país que gosta de fantasiar-se e apresentar-se como sendo a terra da democracia racial, da miscigenação, da alegria e irreverência, da paz, samba e alegria.
Festas para quem, cara pálida?
É verdade e já até as pichações dos muros trazem a mensagem: todo brasileiro tem sangue índio e negro. Os pobres, nas veias. Os ricos nas mãos.  As mãos que subjugam os pobres e os exploram  como seres inferiores.
A  vida não é só isso que se vê. E se há uma preocupação crescente com a ampliação dos bens de capital, as máquinas e equipamentos, é apenas porque são esses bens que tornam  possível produzir maior quantidade de produtos para que toda a sociedade possa, deles, usufruir.
Mas não nos iludamos, nem sejamos maniqueístas, que tal visão não corresponde à realidade de nosso mundo: não há, a priori, nem homens apenas  maus ou apenas bons, por definição.
Vejamos uma ilustração: o empregado que trabalha de 6 horas da manhã até as 6 da tarde, de sol a sol, para pescar dez peixes que constituem o sustento diário de sua família, claramente será beneficiado por trabalhar como assalariado para um empregador que, além de lhe prometer um salário de vinte peixes, ainda lhe conceda duas horas de intervalo para o almoço.
Ocorre que, com patrão tão generoso, se antes todo o fruto seu  trabalho era dele, agora, se vier a utilizar instrumentos mais sofisticados de pesca, como as redes, ele irá receber os vinte peixes contratados, de um total que pode alcançar a mais de uma centena. Uma quantidade a quel ele não terá qualquer direito, ainda que decorrente de seu trabalho.
Ou seja: Independente do caráter e generosidade das pessoas envolvidas, há aí uma injustiça, fruto exclusivo de uma dos personagens ser proprietário de bens acumulados, às vezes por direito de herança, sem nada ter feito para merecê-los, enquanto o outro apenas tem de seu sua disposição e trabalho.
É essa situação que justifica, muitas vezes, a gana pela acumulação: a capacidade de, mesmo sem o desejar, uma classe de pessoas poder explorar seus iguais.
É contra esse pecado original que temos que lutar, todos aqueles que são contra as injustiças sociais e a favor de uma sociedade mais fraterna e digna: a criação de um espaço de igualdade, que os olhos não conseguem perceber diferenças e as mãos não ousam explorar.
Luta cada vez mais inglória em função do mesmo avanço tecnológico, origem das redes sociais que iniciaram nossa fala. Porque esse avanço tecnológico, queiramos ou não, traz consigo uma completa subversão de tudo que constituí nossa vida, nossa atividade produtiva, nossa forma de gerar riquezas, trabalho, emprego e renda.
Está aí o uber, para desbaratar o sistema de transporte coletivo de passageiros por taxi. O Airbnb, para destroçar as estruturas de recepção de hóspedes; os sites como o Decolar, o Trivago, para destruir o mercado tradicional de hotelaria e viagens; o OLX, para destruir os mercados de utensílios de segunda mão e até imobiliários.
Não poderia me furtar de fazer referência ao ensino à distância que, independente de nossa vontade pessoal, cada vez mais se impõe e está fadado a tornar obsoletos profissionais como esse que vocês resolveram homenagear. Talvez em uma das últimas ocasiões propícias a esse tipo de homenagem aos antigos professores de carne e osso.
É verdade. E independente de qualquer posicionamento, favorável ou não, é para atuarem na realidade desse mundo novo que vocês estão saindo hoje da escola. Que vocês tenham aprendido mais que conteúdos, a serem pessoas bem-intencionadas, honestas, atentas, antenadas, curiosas, interessadas, versáteis e lutadoras incansáveis. E sempre, como bons brasileiros, portadores da esperança.

A seus pais e familiares, sustentáculos e participantes dessa épica vitória de todos, e a todos vocês, parabéns. Felicidades. E o desejo de que possam sempre manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo.  Obrigado.

***

Este foi o discurso de formatura da turma de Ciências Econômicas do 1° semestre de 2016, do Centro Universitário UNA.
Que eles tenham êxito e o restante de nós algums momentos de reflexão, sempre necessáriia. 
Ao longo dessa semana, tratamos mais das Olimpíadas, seus resultados, e a festa de encerramento, mais uma vez, um evento que serve para mostrar ao mundo de nossa capacidade de fazermos as coisas de forma a grardar a todos. 

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Olimpíadas e a falta de espírito esportivo do nosso povo que assiste à continuidade do golpe passivamente

Vai se encerrando a festa olímpica, no Rio de Janeiro. Hora de retomarmos a vida normal, longe das telas de televisões, dos jogos e suas emoções, das medalhas, hinos, e da série de patriotadas e comentários completamente dispensáveis de jornalistas, ex-jogadores, e tantas pessoas que, sem terem o que falar, preferem, como é comum, abrir a boca para comprovar aquilo que todos já suspeitavam há muito tempo: o tamanho da ignorância de todos eles.
Embora qualquer generalização seja sempre ruim, e uma injustiça flagrante, ao redigir o parágrafo anterior, tinha em mente a transmissão do jogo de voley entre o Brasil e a Argentina, feita por Datena pela Band.
E do espanto que me causou, entre interjeições de admiração e elogios à qualidade do jogador Conte, ver o locutor/apresentador mencionar que foi uma pena que o jogador tivesse conseguido voltar ao jogo, não tendo maior consequência a torção que ele havia sentido no tornozelo, pouco antes.
Por pouco não reclamou de nosso adversário não ter sofrido uma fratura, ou alguma contusão mais grave, já que, no afã de torcer, "de ser brasileiro, com muito orgulho e muito amor", e de ganhar audiência por meio de um emocionalismo barato, conseguiu mostrar toda a falta de cultura esportica, espírito esportivo e olímpico do povo brasileiro.
***
Alguém poderá me perguntar o que eu fazia à frente de um canal de televisão em que Datena é quem está transmitindo qualquer coisa. Ok, falha minha.
Mas e o que dizer de Marcelo Negrão, nosso medalhista do voley masculino, que entrou no espírito ou na falta de espírito de Datena, para fazer comentários semelhantes, lamentando o retorno à partida do melhor jogador do time argentino?
***
Mudando de competição e de canal, vimos todos a conquista brilhante de Thiago Braz no salto com vara, com direito a quebra do recorde olímpico, e a vaia dedicada ao concorrente francês, destinada a atrapalhar sua concentração e atrapalhar o seu salto.
Até aí, por mais criticável que esse tipo de comportamento possa ser, a vaia veio do público presente ao Centro Olímpico. Provavelmente um público de maior poder aquisitivo que um mero geraldino desdentado dos antigos estádios de futebol. Da época em que futebol não era esporte de elite e pobre ia ao campo para exorcizar todos os seus problemas.
Pois bem, talvez fosse exigir demais, mas não me lembro de ter visto qualquer comentário de nossos locutores, com as críticas necessárias e devidas ao público que demonstrava não possuir, nem diria "fairplay", mas qualquer educação.
Só mais tarde, já em programas de fim de noite, na Sporttv, ouvi um comentarista referindo-se à falta de cultura esportiva do brasileiro, que transforma toda competição em um arremedo de jogo de futebol. Por questão de justiça, e como esqueci o nome do comentarista, devo dizer que ao seu lado estava Milton Leite, que concordou e reforçou a opinião do colega.
***
Mas não vi, em outros programas de outros canais a necesária veemência nas críticas a comportamento capaz de mostrar ao mundo toda nossa falta de educação. Motivo para que eu, como professor fique indignado simplesmente por acreditar que contribuir na educação e formação de um povo, seja uma das funções dos meios de comunicação.
Alías, o que ouvi, incrédulo, foi que um jornalista teria dito que o público vaiar não é problema, se considerarmos que no exterior, ao invés de apupos, o que a torcida faz é jogar bananas no campo. Em nítida tentativa de amenizar nosso comportamento indevido, por que em um jogo de futebol (justo aquele de público menos qualificado!), atitudes racistas terem sido praticadas.
Ora, atitudes racistas, em qualquer instante, ou lugar, merecem toda crítica e reprovação. Mas, daí a vir lembrar de um fato como esse, para tentar dar um ar de naturalidade ao comportamento indevido de um dos nossos, é completamente descabido.
Aliás, por vários motivos, dos quais listo apenas dois: o fato da banana não aconteceu em jogo que ocorria no país do atleta que foi vaiado na competição e depois,  na cerimônia da entrega de medalhas. O fato de comportamento semelhante, de mesmo viés preconceituoso, já foi praticado aqui mesmo no nosso país, em caso recente, que não pode cair no esquecimento, com o goleiro Aranha.
Então, a questão de preconceito, embora seja muito mais grave que a da deseducação no trato dispensado a um adversário, concorrente, não pode ser alegada, ao menos nesse caso, para justificar ou minimizar a atitude antiesportiva e deselegante do público.
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Atitudes tão comuns nas arenas, que o raio Usain Bolt, sempre aclamado pela torcida, por sua simpatia, alegria e carisma, manifestou-se surpreso com as vaias direcionadas a seu competidor, Gaitlin.
Provavelmente até amigo seu, embora adversário.
Que o concorrente seja marrento, ainda assim, não se justifica que seja vaiado apenas por estar em posição oposta ao atleta de nossa predileção.
***
Nesse sentido, é sempre positivo e não pode nunca cair no esquecimento a atitude das duas atletas da corrida feminina dos 5 mil metros que, depois de se atrapalharem foram vítimas de uma queda. E, sentindo alguma contusão mesmo que mais leve, além de uma frustração compreensível, ajudaram-se mutuamente a se erguerem e cruzarem a linha de chegada, lá atrás.
Atitude tão digna do verdadeiro espírito que deveria nortear as competições olímpicas que o Comitê, pelo gesto das corredoras, decidiu considerar as duas classificadas para a sequência da competição.
Afinal, nunca é demais lembrar-mo-nos de que ainda 5 ou 6 mil anos antes de Cristo, na Grécia antiga, até as guerras entre as cidades Estados eram interrompidas para que os atletas participassem das competições.
E eles competiam de forma justa, limpa, mesmo sabendo que dali a alguns dias, iriam estar se matando nos campos de batalha.
***
De lá para cá, os Jogos da era moderna já desandaram várias vezes, como em 36 e a transformação dos jogos em arma de propaganda política, ilustrado pelo tratamento dispensado ao atleta negro americano, Jesse Owens. Ou depois, em 1972, nos jogos de Munique e a chacina com atletas irsraelenses.
Ou ainda na Olimpíada de 1980, com o boicote incentivado pelos Estados Unidos, aos jogos da União Soviética.
Assim, não admira que os jogos tenham chegado a um ponto em que, o próprio esporte deixa de ser o principal personagem, a competição passa a ser deixada em segundo plano, e tudo que estiver ao alcance possa ser utilizado para a conquista de uma vitória.
É nesse caso que se enquadra a questão do doping, ao menos da forma como ele é entendido nos dias de hoje, o doping pelo uso de substâncias ilícitas, já que, no futuro vários profissionais da área médica já indicam que o doping alcançará uma dimensão muito maior e mais preocupante, ou esportiva: através da manipulação genética.
***
Mas, em minha opinião, a realização exitosa dos jogos em nosso país não pode deixar apenas a marca da alegria e das festas, mas servir para contribuir para a formação e a educação de nosso povo, tão reclamada por uma eliite que tem apenas e tão somente dinheiro.
Ok. Têm dinheiro...
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Um último comentário que considero devido. Vimos nos últimos dias as redes sociais serem invadidas por comentários dos ignorantes e mal intencionados de sempre, referindo-se à importância do Exército e do apoio dado por aquela Arma aos nossos atletas,  o que se confirma e comprova com a elevada proporção de soldados que alcançaram o pódio.
Esses mal intencionados, tão desinformados quanto todos nós, o restante da população, apenas descobriram a informação dos atletas 'militares' quando de seu comportamento no pódio, ao baterem continência ao hasteamento da bandeiira.
Mas correram para as redes sociais para tentar mostrar como o Exército era importante e como servirira de exemplo dispensar à sociedade uma organização melhor, mais eficaz, com mais ordem e, quem sabe, mais progresso...
A maioria das postagens criticava a 'esquerda', por não dar o reconhecimento devido ao Exército e sua importância na formação de nossa juventude sarada e atleta, ideario que essas pessoas que seriam consideradas  como relativamente incapazes estivesse em vigor ainda hoje o antigo Código Civil, desejam alardear em nossa sociedade.
Coitados. Para mim, apenas 'loucos de todo tipo', embora, no fundo, viúvas da ditadura, que lhes tutelava.
***
Nesse sentido, nunca é demais fazer a devida referência à reportagem da Folha de São Paulo para desmistificar essa versão.
A importância não apenas do Exército, mas de todas as Forças Armadas não pode jamais deixar de ser mencionada.
Mas, como disse um treinador de atleta 'militar' medalhado, não cabe nem coube às Forças Armadas a formação do atleta.
Elas apenas incorporam o atleta já desenvolvido, de preferência de elite, em seus quadros. E, nem são todos os que têm tal privilégio.
A Folha em boa hora mostrou que o programa de apoio a nossos atletas, data do governo Lula, de um convênio de interesse das Armas, que desejavam contar com atletas de alto nível para representá-las nos Jogos militares.
Ou seja, talvez mais as Forças Armadas tenham sugado os atletas e se aproveitado de suas habilidades que o contrário.
E, depois de provas e seleções, que me parecem rigorosas, o que o atleta tem, e reconheçamos já é muito, mas não o bastante, é um posto temporário de 3° sargento, e um soldo compatível, que na verdade representa uma espécie de bolsa, de 3200 reais, para que o atleta assegure, minimamente sua sobrevivência.
Então os atletas não são militares. Eles estão militares.
E tampouco o Exército é essa incubadeira de atletas, servindo de paradigma para a formação de nossa juventude dentro dos ideais de mente sã, em corpos sãos.
Mais uma das patacoadas dessa turma que não se acha em condições de agir soberanamente e conviver democraticamente com quem tem opiniões divergentes.
Uma pena...
***

A volta à vida normal não deve se dar ainda sob o efeito inebriante das competições, em especial, por força de o ciclo das competições não se encerrar, já que vêm aí os Jogos Paralímpicos.
Não podemos nos deixar paralisados por esse momento de anestesia para deixar de lutar contra o golpe e a usurpação de poder que continua em marcha em nosso país, com temer, o usurpador, e aecim, coitado, tão pequininim que não dá mais para continuar tratando-o por letras maiúsculas.
aecim e seu partidim, que agora colocam as manguinhas de fora, e cobram mais participação nesse arremedo de governo que estamos vendo dominar o país, somente para implantar as propostas e programas que, nas urnas, o povo decididamente não sufragou.
É golpe.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Golpe. Vox Populi. Infelizmente juizes boquirrotos, manifestando sua ignorância linguística e algumas referências

Há muito tempo, em nosso país, a voz do povo deixou de expressar a voz de Deus, como dizia o antigo ditado latino (Vox Populi, Vox Dei).
Por mais que possamos questionar que parcela importante da voz do povo, volta e meia, possa querer fazer uma releitura do ambiente e de sua própria vida, arrependendo-se de suas eleições ou decisões anteriores.
O que, convenhamos, não traz qualquer problema. Afinal, nenhuma pessoa é obrigada, em nome de uma pretensa coerência, a manter qualquer posição anteriormente adotada, podendo alterar comportamentos, escolhas, e principalmente ideias. Antes dizer que melhor a mudança, que a teimosia, como já dizia Raul Seixas em sua Metamorfose Ambulante.
***
Mas, questão completamente diversa é a da pessoa que, por ter mudado ideias, interesses, interpretações da realidade, e até convicções, querer impor a outros, as suas novas opiniões. Em flagrante desrespeito à opinião do outro, como se só sua opinião fosse válida e devesse ser adotada.
***
Infelizmente, é uma situação análoga a essa, embora longe de ser semelhante ou idêntica, que temos assistido se desenrolar perante nossos  olhos arregalados. 
Porque, a julgar pelo resultado das eleições havidas em 2014, e que mostraram uma profunda divisão existente "no seio" da população brasileira,  sem qualquer constestação digna de respeito, a maioria optou por um partido, uma candidata, um projeto político. 
Independente de qualquer consideração outra que possamos fazer nesse pitaco, em relação ao partido, ao projeto político sufragado e ao que se seguiu à eleição, caracterizado como um estelionato eleitoral,  a verdade é que - e essa é a ideia por trás de um segundo turno- a vencedora do pleito foi a candidata à reeleição Dilma Roussef.
Sim. Por uma margem muito reduzida, pela primeira depois de 12 anos de PT no poder.
Sim. Como demonstração de uma cisão profunda entre a população. 
Sim. Como uma clara demonstração de que o Brasil saía dividido entre os interesses dos mais e dos menos privilegiados, dos mais ou menos ricos, daqueles portadores de maior ou menor grau de escolaridade, ou ainda de uma divisão entre habitantes das regiões mais atendidas e beneficiadas, do Sul/Sudeste frente aos nordestinos, e à população do Norte do país.
***
Então, embora a vitória ficasse determinada pela maioria dos eleitores, como convém a qualquer democracia estabelecida, pouco menos da metade da população ficara do outro lado, derrotada.
O que deixa claro que não houve uma mudança de ideias, convicções, pensamentos, interesses, capaz de justificar que parcela da povo tenha agora mudado de opinião sobre o governo ou a governante. 
O que fica claro é que justamente aquela parcela da população que perdeu, que teve seus interesses não aprovados, é que não conseguiu suportar a derrota.
E, de forma autoritária, como é de sua formação, aliou-se aos interesses dos setores mais bem organizados e com maior poder econômico, financeiro e político do país, para tramar o golpe.
Situação que não dependeu de qualquer ação ou inação do grupo democraticamente eleito, já que a tentativa de derrubar o governo, o Estado de direito, a democracia brasileira ainda de curta longevidade, teve início já no dia posterior à proclamação do resultado das urnas.
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À frente o menino mimado, deslumbrado e derrotado, Aécio. Golpista de primeira hora, negando toda a trajetória de vida de seu avô (embora bem ao feitio do comportamento do partido de seu pai). A acompanhá-lo, os companheiros de partido, o PSDB, cuja atuação nunca foi capaz de esconder a imagem que vendem de serem os políticos mais preparados, mais cultos, mais adequados para dar cumprimento à missão que lhes foi incumbida por força de sua origem, tradição, quem sabe até, por vontade divina?
A dar-lhes o suporte devido e necessário, os empresários da Fiesp, que não queriam pagar o pato, especialmente por nunca terem visto com bons olhos a obrigação de pagarem impostos.
A midia, rede globo à frente e Estadão à frente, mas seguida por outros órgãos, de mesma dimensão e importância na tarefa de fazer a cabeça, manipular a população, como a Folha de São Paulo, ou de menor importância, como a Bandeirantes, e seus pobres empregadinhos, meros bonecos de ventríloquo, cuja posição dá mais pena que raiva. 
Gente como William Waack, deselegante com seus próprios colegas de trabalho, Boris Casoy, deselegante com os garis e trabalhadores de igual importância e despretígio na sociedade, ou Alexandre Garcia, para citar apenas alguns.
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Então, não há no momento em que vivemos, a justificativa de que só não mudam os que não evoluem, não reconhecem os erros, os que têm seus olhos fechados. 
Em nosso país, os que já estavam em uma posição apenas continuaram na posição, e o que mudou é tentarem impor, a qualquer custo, a sua visão a toda uma sociedade. 
Para isso, não interessa nem que estejam jogando no lixo a máxima de que Vox Populi, Vox Dei. 
Afinal, talvez pelo tipo de vida que foram capazes de atingir, consideram-se os filhos privilegiados de Deus, senão a expressão da vontade do próprio Deus.
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Coitados. São apenas golpistas chinfrins. Limitados e medíocres!


VOX POPULI

Mas, não é apenas a voz de Deus das urnas que está sob ameaça e fogo cerrado. 
Outra Vox Populi, a empresa de reconhecida projeção até internacional, na área de pesquisa eleitoral e pesquisa de mercado, com algo próximo a 30 anos de existência e experiência também está, agora, sob a mira dos invejosos e incompetentes de sempre. 
O que, confesso não me causa qualquer surpresa.
Afinal, nas últimas eleições, a empresa foi contratada e trabalhou para o partido que todos transformaram em vilão número 1 do país.
Como empresa que é, poderia ter sido contratada por qualquer das inúmeras siglas que fazem de nossas eleições curiosa sopa de letrinhas, mas foi contratada pelo partido que todos os bons cidadãos, cultos e puros, passou, democraticamente, a execrar.
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Da história da Vox Populi, e de seus dirigentes, conheço pouco, confesso. 
Mas conheço o suficiente para lembrar, nesse pitaco, que por ocasião das eleições de 1989, a empresa foi vítima de partidários do .... PT, que insatisfeitos com os resultados das pesquisas que a empresa realizava e que davam vantagem a Collor, resolveram mudar os rumos da vontade popular, quebrando a sede da Vox.
Vá lá, um dos diretores, renomado professor de Ciências Políticas era filho de um cunhado do candidato que viria a ser eleito.
E, se trago o assunto à baila, é tão somente para manifestar minha opinião que, do ponto de vista empresarial, e mesmo em outras dimensões da vida, não há como ficar dispensando clientes ou fregueses, principalmente quando as relações entre contratantes e contratados se dá por regras contratuais estabelecidas. 
Foi assim, quando a empresa foi contratada para fazer pesquisas para Collor, como foi assim que foram contratados para fazer pesquisas em outros países como na África, ou ainda em países sul-americanos e agora, para trabalhar para o PT. 
E, se a invasão protagonizada por simpatizantes petistas, há tanto tempo, era condenável, a sua transformação em objeto de investigações agora, motivada por delações sem a apresentação de provas, é de mesma natureza, condenável.
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Pior não é estar sob o crivo de investigações da Polícia Federal, situação a que toda e qualquer empresa pode estar sujeita ao longo de sua trajetória. 
Ainda agora mesmo, vimos e todos discutimos a questão dos conflitos entre a Justiça brasileira e a empresa detentora da propriedade do aplicativo Whatsapp. 
Ou seja, todas as empresas passam por situações que podem envolver o exame e análise de sua documentação. 
O que não é aceitável é o estardalhaço que se faz e se fez no caso da Vox Populi e de seus diretores, o que só se justifica pelo momento de autoritarismo e em que os fins andam, pesarosamente, justificando os meios, como aliás, Sérgio Moro, o magistrado que personaliza a nossa Justiça hoje, mostrou que é um caminho válido, em recente palestra na Câmara.
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Supor como a imprensa já supôs, julgou e condenou a empresa, sem provas e documentos, de que ela tenha participado de contratos de fachada apenas para servirem como lavanderias destinadas a esquentar dinheiro de caixa dois de empresas e de contribuições desonestas de campanhas políticas é, não apenas um absurdo, mas a demonstração cabal de que o país atravessa um período de crise moral que está muito longe de ter seu único culpado no Partido dos Trabalhadores.
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A todos que integram o corpo de auxiliares da empresa de pesquisas e a seus dirigentes, minha solidariedade, e apoio. 
Mas, que não seria cinismo revelar que, não sei porque, não me surpreende que agora a caça a bruxas tenha se voltado em sua direção não me causa surpresa, é apenas o reconhecimento de um fato: porque não me surpreende que isso esteja acontecendo???/

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Judiciário pobre e Supremo superado

Não bastasse as diversas manifestações político-partidárias, sempre evidentes no comportamento e nas falas e pronunciamentos de gilmar mendes, aquele ministro que confirma que os integrantes do Supremo não se acham ungido por Deus, mas crêem serem a manifestação inequívoca de sua presença em nosso país, assistimos recentemente a outro momento infeliz protagonizado por membro da Corte. 
Agora, infelizmente, por uma "membra", a ministra Carmem Lúcia, que foi capaz de, em poucas palavras, mostrar não apenas ter sido mal aluna, se é que frequentou mesmo os bancos escolares, como a  mulher capaz de fazer regredir em muito, as conquistas obtidas por mulheres brasileiras, como as empreendiidas pela PRESIDENTA Dilma. 
Pena que a ministra, que será a próxima ocupante da presidência da maior Corte do país, tenha, nesse momento em que se comemora dez anos de aprovação da Lei Maria da Penha, e uma renovada demonstração da importância da mulher na nossa sociedade, tenha adotado atitude tão machista. 
E digo machista para não incorrer na outra definição para tamanha deselegância da magistrada: a adoção de atitude política-partidária evidente. 
O que é uma tragédia para nossas insituições, já não bastasse, a presença de pessoas como gilmar, o supremo.
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Ninguém se ilude que, como humanos que são, embora não o admitam, os juízes têm preferências partidárias, e outras, e sabemos que não é por isso que suas opiniões e votos não devem ser acatados e cumpridos. 
Mas, é inegável que juízes da Suprema Corte deveriam evitar de se pronunciar quanto a certas situações e temas, mesmo que quando cutucados a título de uma simples brincadeira. 
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Para mostrar toda a ignorância da ministra, temos hoje a coluna de Pasquale Cipro Neto, na Folha, que vem se somar à opinião do ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, e a outros nomes menos importantes, como de Machado de Assis, e vários dicionaristas que consagram a utilização do termo presidenta.
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Pena que em nosso país há pessoas que sejam é mesmo "ignorantas": a essas a gente desculpa, claro, desde que decidam aprender. 
Outras há, contudo, que são é mal-intencionadas.  Mas essas, apenas a distância pode nos trazer alguma defesa.
Bem vinda à presidência do STF, ministra. E que a senhora se limite a ser a magistrada que o país e a corte precisam e não a professora de Língua Pátria que pouco sabe do conteúdo a ser transmitido.

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Referências

Excelente a coluna de segunda feira última, de Celso Rocha de Barros, na Folha, mostrando que, felizmente, voltou a imperar em nossa sociedade, o benefício da dúvida, depois de defenestrado o PT do poder, partido que foi condenado, bem como a seus simpatizantes, sem qualquer sombra de dúvidas.
Com base apenas em delações criticáveis, principalmente pela forma em que foram obtidas. 
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Com relação a essa questão, da dúvida, que bom é saber, em relação às denúncias contra Cunha, o PSDB, Aécio, Alckmin, José Serra, o pastor e puro Magno Malta, e outros menos cotados, que as delações precisam ser mais investigadas, para que não dê margens a acusações infundadas.
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Da mesma forma é questionável a razão de, ao se referir à necessidade de uma reforma na Previdência, incluindo a definição de uma idade mínima para aposentadoria, e a de convergência de regimes entre funcionários públicos e privados, os jornais não informam que já existe ambas as soluções já foram adotadas, ao menos como preceitos legais.
Ou muito me engano ou na lei que criou a regra 85/95, esses limites de idade irão, automaticamente, se elevar até 2020, quando a idade para aposentadoria, estará próxima dos 67 anos?
E na Emenda aprovada por Lula em 2003 não foi aprovado que, para novos concursados no serviço público ao menos federal, as regras que passam a valer são equivalentes às da Previdência voltada para o setor privado?
Curioso o silêncio.
Mas nada estranho, considerado os interesses envolvidos...

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Inflação, fritura de ministro, contas públicas ainda desarranjadas, e uma panelaço surdo, incorporado ao ruído da rotina de nosso dia a dia

Enquanto o ribombar das panelas não dá tréguas aqui na proximidade de minha casa...
Como??? Não há qualquer panelaço??? Logo quando as panelas perderam completamente sua função principal, fruto da elevação de preços dos alimentos???
Afinal, a inflação volta a se elevar, atingindo os 0,52% no mês de julho, e totalizando 8,74% no período acumulado de 12 meses, puxada pelo peso dos alimentos, com destaque para o leite, de maior peso e aumento de próximo a 17% no período, e do feijão, com aumento superior a 45%, mas menor peso no cômputo geral.
Uma inflação de 8,74% para uma meta que, não podemos esquecer é de 4,5% com a tolerância de 2 pontos para mais, o que perfaz um limite superior de 6,5%.
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Mas não é só. Além da inflação, no cenário econômico vemos o dólar voltar a se desvalorizar, o que é ótima notícia para ajudar a política de combate inflacionário, mas que tem efeitos arrasadores para o setor industrial, que vinha sendo estimulado pela demanda externa e arpesentando crescimento, depois de muitos trimestres em que foi induzido a um encolhimento, justo como resultado da adoção de uma política cambial voltada justo para a valorização do real.
Claro, a mídia comemora o fato de nossa moeda mostrar-se mais valorizada, como se isso representasse de forma automática que nossa economia estaria mais forte, mais equilibrada.
Bem, em relação às contas externas, que vinham se tornando positivas, pode haver agora uma reversão, e levando a novo déficit na conta de transações.
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Só para lembrar, do ponto de vista do nível de emprego, a interrupção da recuperação do setor industrial deverá gerar mais transtornos àqueles com que já vêm se defrontando os trabalhadores do país.
Do ponto de vista fiscal, o governo de usurpação apenas fez até agora o oposto do que era considerado necessário, sob o beneplácito de todos que o apoiaram para adotar as medidas de corte de gastos em áreas sociais, de preferência.
O que significa elevação de gastos públicos que, somados à continuidade da queda de arrecadação, fruto do menor nível de atividade econômica, apenas consegue, mês a mês, repetir monotonamente os dados de déficit primário, ampliando o déficit anual e a necessidade de expansão da dívida pública.
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Como a última ata de reunião do COPOM nos alerta, enquanto a política fiscal não conseguir entregar os resultados dela esperados, e a inflação continuar apresentando resiliência à queda, a taxa de juros básica da economia não deverá sofrer alteração, mantendo-se no esdrúxulo patamar de 14,25%, uma das mais elevadas do planeta.
E, lembremos, taxas de juros elevadas apenas prolongam a queda do ritmo de atividade econômica, alimentando e agravando a recessão, além de ser responsável pela elevação de gastos com pagamento de juros da divida pública, elevando a razão dívida pública/PIB a níveis cada vez mais preocupantes.
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Tudo isso, quando um jornal como a Folha traz estampada em sua sessão Mercado de hoje, dia 11, a notícia de que o Planalto culpa a Fazenda por erro político. No caso, um erro vinculado à renegociação das dívidas dos estados e às contrapartidas exigidas pelo ministro Meirelles para aprovação da medida. Mais especificamente, a intenção de Meirelles de aproveitar a fenda já aberta na promessa de ajuste fiscal, para já assegurar que o funcionalismo público estadual torne-se um dos primeiros, se não o principal, a pagar o pato que os empresários da Fiesp se recusam a pagar.
Aliás, recusam-se a pagar o pato e qualquer imposto devido, como mostra a lista de maiores sonegadores do país...
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Talvez entorpecidos pelo alarido ensurdecedor e contínuo das panelas, já a ele nos acostumamos. Quem sabe nossos ouvidos e nosso cérebro já não estejam entorpecidos, e já não consigamos mais divisar o ruído normal da vida diuturna com o que sobe da indignação das pessoas de bem.
Afinal, as pessoas que lutavam contra a corrupção, contra o aparelhamento do Estado por um partido, contra a prática política do é dando que se recebe, contra o loteamento de cargos e a existência de porteiras fechadas nos ministérios devem estar incomodadas com o que o triste espetáculo a que estão assistindo.
Pior ainda, agora, sabendo que o espetáculo contou com a sua colaboração ingênua e tola, já que não posso entender que a grande maioria dos que desejavam a moralização no trato da coisa pública, tinham no fundo apenas um interesse: derrubar um partido que, apesar de todos os equívocos que cometeu, e até roubalheiras e outros desmandos, conseguiu ao menos colocar em prática, ainda que minimamente, um programa de recuperação do nível de renda dos menos privilegiados.
Feito que rendeu a inserção de quase uma população da França ao mercado de consumo do país.
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Antes que eu seja mal interpretado: não estou dizendo que sou favorável ao rouba mas faz. Nem que o PT tenha feito uma política não sujeita a críticas. Apenas estou dizendo que suas políticas permitiram tirar quase 46 milhões de pessoas do nível de uma vida miserável. O que não significa que tenha feito distribuição de renda como se entende por tal conceito, nem como propagam os simpatizantes petistas.
Não podemos nunca esquecer que houve um ganho e aumento da participação no bolo da renda nacional, das classes financeiramente mais poderosas, que os bancos nunca lucraram tanto, que a distribuição foi intraclasse de renda, de salários mais elevados para os mais baixos, sem distribuir de fato as rendas de propriedades, que sequer foram tocadas.
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Ora, mas houve melhora e muita gente dita de classe média sentiu-se empobrecida, pela diminuição da distância que perceberam ter ocorrido entre sua situação e a situação dos emergentes sociais.
Muitas famílias passaram a não conseguir mais manter e sustentar dois empregados ou empregadas domésticas, tendo de se contentar em ficar reduzidos a apenas um.
E, como se sabe, piorou muito o fluxo de veículos nas ruas e nas estradas, com a quantidade de pessoas que tiveram a oportunidade de comprar seu primeiro carro a prestação, como é verdade que as filas passaram a fazer parte da paisagem dos aeroportos.
Tudo isso incomoda a quem antes tinha o conforto de serem os únicos com acesso a um  mundo materialmente mais acessível.
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Antes que me esqueça, os que lutaram, repito, ingenuamente, para que pudesse ter curso o golpe contral a democracia brasileira. E que temer e seus colegas de suspeição nas delações pudessem chegar ao poder.
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Claro, a midia envolvida com os jogos olímpicos - em que o Brasil e sua política de saúde, educação,  lazer e esportes insistem em dar vexame, apesar dos esforços individuais de todos os seus atletas, que deve sempre ser reconhecido-, não dá o devido destaque a tais delações que envolvem os pedidos de recursos a empreiteiras feitas diretamente por temer, ou os 23 milhões de recursos destinados a campanha de José Serra, ou as denúncias nunca investigadas em relação a Aloísio Nunes, ou Aécio Neves, esse que já torna-se o principal nome para protagonizar aquele que deverá se tornar sucesso editorial,  "Onde está WallAécio?".
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Não seria surpresa, como não foi, que o relatório do menino de recados de Aécio fosse aprovado, o relatório do suspeito de ter sido favorecido por ser sócio de empreendimento em cujo terreno foi erguida a vergonhosa Cidade Administrativa do governo do menino do Rio e golpista Aécim, pessoa cujo brilho o pó esconde...
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Surpresa foi verficar que senadores que chegaram a ministros de Dilma mudaram de lado, depois de premiados com cargos no governo do usurpador, em manobra que tantos que bateram panelas demonizavam.
Surpresa foi descobrir a pequenez moral de um senador como cristóvam buarque que jogou na lata de lixo toda a sua trajetória pretérita, como defensor de valores que... o vento levou.
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As panelas hoje nem são batidas, nem dão lugar a alimentos, esses últimos transformados em vilões de uma inflação cuja responsabilidade Miriam Leitão, da golpista Globo, fez questão de salientar hoje cedo, é do descalabro do governo Dilma.
Se choveu e a inundação prejudicou o plantio, a culpa é de Diilma. Se na ocasião em que a produção de feijão estava germinando veio a geada no Paraná, estado maior produtor da leguminosa, e com isso houve frustração de safra, a culpa é de Dilma.
Se em outros produtos agrícolas a culpa foi do inverno de chuvas escassas, a culpa é de Dilma.
Se o povo tem de se alimentar e, infelizmente, o prato de resistência na mesa do brasileiro é o arroz com feijão, a culpa é do desgoverno Dilma.
Enfim, se como dizia a música da novela global de tempos atrás, Feijão Maravilha, cantada pelas Frenéticas, dez entre dez brasileiros preferem feijão, a culpa só pode ser da Dilma.
Porque essa é a únca forma de uma Miriam Leitão, não ter que parar de dizer amém a seus patrões, e passar a analisar o que tem sido esse governo usurpador, de um homem que não tem a menor hombridade para, investido em cargo que ele reconhece que está além de sua estatura, não respeita nem a dignidade do cargo que usurpou. Comportamento a que assistimos, patéticos, na abertura dos jogos olímpicos.
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Ah! está na Folha, e faço questão de mencionar: a boa notícia para o governo é que o seu plano de ajuste de contas públicas começou a avançar no Congresso. O que é bom, já que o vaivém desse governo mina a confiança em temer.
Entretanto, nada há a preocupar: o teste decisivo virá após o impeachment, quando o golpe terá se concluído e quem sabe, até, Cunha e suas ameaças já não venham a constituir mais qualquer ameaça.
Embora eu duvide, particularmente, que Cunha será cassado, ao menos nesse ano, antes das eleições municipais.
Pela única razão de Cunha ser uma bomba ambulante. E sua delação poderia colocar em risco o governante das mesóclises, única coisa que seu pedantismo produziu de fato, até agora.
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Nas Olimpíadas

Muito interessante a preocupação de algumas pessoas em ficar postando nas redes sociais o fato mais que sabido, de que Wu, o medalhista de prata no tiro, ser do Exército, asism como Rafaela Silva ser das Forças Armadas.
Como se isso fosse sinal de que as Forças Armadas são a instituição mais talhada para assumir a direção do país, como assumiu o apoio a esportistas.
Ora, no mínimo são pessoas de pouca memória ou pouco conhecimento, já que Pelé já jogou pelo Exército, as Olimpíadas do Exército, em plena época da ditadura militar, de 1972, mostra que não é de hoje que as Forças Armadas incentivam a prática esportiva no país, como também atividades culturais ligadas a música, etc.
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Ainda bem que, como em outros países, as forças armadas se preocupam em agir para mostrar que mente sã, decorre de corpo são. E que para um corpo são, a prática esportiva é um requisito indispensável.
Talvez a preocupação de quem  posta tais mensagens nas redes, desejando no fundo a volta dos militares à arena politica apenas revele que seus autores sejam vítimas do mal da vida moderna, o sedentarismo. Que lhes retira a capacidade de manter a saúde física e embota suas mentes. Que mostram-se cada vez mais acanhadas.
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De resto há Phelps, maior medalhista de todos os Jogos, e há os atletas que, independente de qualquer apoio, lutam para atender à máxima de que mais vale competir.