quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Reivindicação

Eu... estou
Sem dinheiro
Sem dinheiro
Prá me divertir
Já esperei o mês inteiro
Meu pai não me deu dinheiro
Eu não posso nem sair

Diz meu pai
que é o seu patrão
que não lhe concede aumento
e que me ver só em casa
é prá ele um tormento
Eu entendo seu lamento
Mas não tenho opção
Até prá dar um rolé
Com minha mina
Preciso de grana na mão

Se meu pai está satisfeito
Explorado deste jeito
Ou está acomodado
Com o que ganha, o coitado
Eu não posso aceitar
Não posso ficar calado
Se o pai não protestar
Meu protesto eu não refreio
Vem janeiro vai janeiro
Só não vem o meu dinheiro.

O que preciso não é muito
Não gasto só por gastar
Eu não gasto com  boteco
Jantar então nem pensar
Mas se saio com a mina
Prá curtir nossa paixão
Eu preciso de dinheiro
Para não ficar na mão

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Crendices

Vinte e nove
ano bissexto
ano de azar
por que fui rir
da crendice popular?
     Arrependido
     hoje percebo
     a verdade do estigma
     me benzendo...
Aprendida a lição
me apego a uma tranca
inútil...
onde já deu ladrão.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Cansaço

Cansei de estar a seu lado
Cansei de ser seu namorado
Cansei de tentar te amar
Sabendo que não sou amado

Cansei de sempre procurar
Querer te dar o céu e o mar
Cansei de querer te agradar
Sabendo que tudo é em vão

Cansei de ser sempre acusado
De nunca estar com razão
Cansei de estar sempre errado
Sempre que dou uma opinião

Cansei de manter-me calado
Sem mostrar insatisfação
Cansei de ser contrariado
De não ter a sua atenção

Cansei de viver enganado
Enganando ao meu coração
Cansei de ser sempre o culpado
condenado a esta prisão

Cansei de esperar seu amor
Como quem está acomodado
Cansei de esperar do futuro
Mais sorte que no passado

Cansei de sofrer por amor
Vivendo os problemas teus
Acho que fiquei vacinado
Adeus

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Transações Correntes, endividamento, emprego e o presente de grego, aos gregos

Enquanto continuam ventando as cinzas do carnaval recém terminado, impedindo o retorno dos deputados à Câmara Federal para o batente, tal qual a fumaça do vulcão chileno dificultou pousos e decolagens dos aviões de carreira, o Banco Central divulgou o resultado externo obtido no mês de janeiro.
E, com o dólar em queda, e a invasão de recursos externos que alcançaram 5,433 bilhões de dólares apenas na forma de Investimentos Estrangeiros Diretos, os resultados mostram-se preocupantes.
Balança Comercial, com as importações superando as exportações em 1,292 bilhões. A Conta de Serviços, com déficit de 3,397 bilhões de dólares, com apenas o item viagens representando 1,335 bilhões. A Conta de Remessa de Rendas fechando com déficit de 2,575 bilhões, os juros alcançando 1,627 bilhões.
***
Embora na divulgação do BC, e comparando com dados de igual mês do ano anterior, o resultado da Conta de Transações Correntes de 7,086 bilhões de dólares não seja alarmante, o fato é que a Autoridade Monetária tratou de agir na tarde de ontem, anunciando e depois fazendo operações de swap reverso, no mercado futuro, tentando evitar que a moeda americana caisse abaixo do patamar ou "piso" de R$ 1,70.
Ou seja, o BC tem consciência do perigo que representa um real supervalorizado, e o estrago para nossa indústria e nossas competitividade internacional.
Sabe do estrago que o dólar em baixa representa para nossa geração de emprego e renda, razão para que adote todas as medidas possíveis destinadas a reduzir, por exemplo, a taxa básica de juros da economia, tornando-a menos atraente.
Especialmente quando em ano eleitoral, o presidente Obama, tentando a reeleição propõe medidas para desonerar a indústria americana, reduzindo os impostos a um máximo de 38%, conforme noticiado, e buscando incentivar a produção e a retomada da competitividade daquele país.
***
Em uma conta grosseira, projetado o valor de déficit de transações correntes para o ano, o déficit alcançará a casa de mais de 70 bilhões de dólares, uma verdadeira fábula.
Principalmente, quando se lembra que esse déficit deve ser financiado pela entrada de capitais externos, a chamada poupança externa, como o vem sendo, o que, na forma de Investimentos Externos, pode indicar a ocorrência de um processo de desnacionalização, e remessas de rendas mais elevadas em anos posteriores, resultado semelhante ao obtido na forma de aplicações financeiras, ou aplicações em carteira.
Ou seja: está em curso um processo circular vicioso, que urge ser interrompido já que, com as previsões para a economia da zona do euro indicando taxas negativas de crescimento da produção, ou seja, recessão; com o próprio FMI mostrando preocupação em relação à manutenção das taxas de crescimento da economia chinesa - também como reflexos da crise européia; e com os incentivos dados à economia americana, a capacidade de reversão dessa situação por uma elevação de nossas exportações não inspiram muita confiança, para dizer o mínimo.
***

Cai a geração formal de novos empregos

Também ontem foi noticiada a redução da geração formal de novos empregos no país.
Embora a notícia tenha ganho destaque na midia, é bom lembrar que não houve queda no emprego formal. Não houve desemprego. Tão somente a taxa a que novos empregos vinham sendo criados sofreu uma redução.
Talvez seja importante deixar isso claro e os jornais televisivos deveriam ter dado mais destaque a esse ponto que, em minha opinião, é fundamental pois revela que a economia continua crescendo. Embora menos, o que não é de se estranhar quando a Europa prevê recessão e as taxas de crescimento em todo o mundo são revistas para menos.
Como noticiada a queda da taxa, lembrou-me quando levando nosso filho ainda de meses ao médico pediatra, preocupamo-nos com o fato de que ele, que vinha crescendo a mais de 1 cm por mês, apresentou um crescimento menor.
O que levou o médico a questionar: mas, quando ele tiver com mais idade e mais meses, com quantos metros ele deveria estar, caso mantivesse o crescimento anterior?

***

Presente de grego

Os recursos vultosos do fantástico e bilionário pacote de ajuda à Grécia lembram mais um presente de grego.
Primeiro porque não resolvem os problemas econômicos daquele país, embora o submetam vergonhosamente a uma humilhação, que passa inclusive por abrir mão de parte de sua soberania.
Como já foi noticiado, se não resolve o problema grego, o objetivo maior não é o de sanear a economia ou as finanças públicas.
E parece que nem é o de humilhar um povo que, ao que consta, tanto tempo viveu além de suas contas.
No fundo o problema é ganhar tempo, para que os bancos ganhem fôlego e juntem forças e recursos para reconhecerem as perdas incorridas no calote grego.
Ou seja: tudo em prol dos mercados e do capital financeiro. Este sim, o grande objeto de preocupação da ajuda à Grécia.
Enquanto isso, para o povo grego, corte de empregos, demissão e redução de salários, corte de direitos e quem sabe mais o que virá pela frente...

Reprisando Carnavais

No tempo do império
minha televisão
me dá a cor do status
mostra o samba negro
feito de miséria
amor bandido e...
suor escravo.

***

Usurpação

Não há festa
nem fantasia
não é carnaval
nem tem balões
pelo céu.
                         Não há festa
                         nem batuque no morro
                         nem foguete, nem rojão
                         para explodir a alegria
                         e manter a tradição
Não há festa
na verdade
pois decreto não traz
a liberdade
não há festa popular
se havia o povo não soube
quem sabe outro alguém tomou seu lugar.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Corpo Geográfico

Sobre tuas cordilheiras
deito meu rio de lavas
e faço-me escorrer para o interior
de suas entranhas
cabo que se projeta no horizonte,
istmo que adentra e fere
por trás dos arrecifes de corais
o contorno suave de sua baía
porto seguro travestido em abrigo
em meio à tempestade,
onde lanço âncora
e cravo a estaca de minha  posse
em solo fértil, terra virgem
Pronta ao cultivo da semente
do fruto da insensatez
Trazida na esteira do vento

Ao sol do cair da tarde
Adormeço meu cansaço
Sobre a vegetação espessa
Que recobre os montes
E protege a boca escancarada
Pórtico misterioso
De onde se desvelam as maravilhas e segredos
Da gruta úmida, aquecida.

O anunciar da aurora
faz-me erguer na penumbra o mastro errante
e olhos postos no infinito
alcanço o vulto de dois grandes picos
que se salientam sobre terra firme
À distância de um olhar lascivo

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A imprensa é que mata o Carnaval de BH?

É impressionante, para dizer o mínimo. Embora muitos foliões, entrevistados por alguns de nossos maiores jornais, insistam em apontar a melhora do carnaval de Belo Horizonte; embora aqueles que tivessem se deslocado até o Boulevard próximo do Conjunto Arquitetônico da Praça da Estação - e o foram aos milhares, elogiassem a qualidade de blocos caricatos (domingo) e de escolas de samba (segunda); embora mais de 8 mil pessoas tenham ido assistir no domingo ao desfile, e um número bem superios a esse tenha ido na segunda feira, qual foi mesmo o espaço dedicado ao carnaval apresentado pela grande imprensa?
Algumas linhas? Uma notinha no site, abordando os desfiles, e não todos, mas o desfile apresentado no máximo por dois ou três blocos? E, para concluir a notícia, a programação dos eventos ou desfiles do dia seguinte?
***
De todos os sites que procurei, incluindo O Tempo, O Super notícias, do mesmo grupo d'O Tempo, o Hoje em Dia, e o grande (?) jornal dos mineiros (???), o Estado de Minas,  o único que abordou o desfile dos blocos caricatos foi o Hoje em Dia. Ainda assim, para falar do desfile de garra do bloco de Vila Estrela, tentando credenciar-se para desfilar no grupo de blocos principais.
Diga-se de passagem, que o bloco de Vila Estrela brilhou, em meio à simplicidade e garra. E da maquete estilizada da paisagem da vila.
Pois se ao menos noticiou, o Hoje em Dia cometeu o equívoco de localizar o bloco de Vila Estrela na Serra....
Depois o Hoje falou do bloco da Concórdia, também em avaliação, se não me engano e falou, ligeiramente, dos blocos seguintes, Por Acaso, e Aflitos do Anchieta, se não me falha a memória.
***
O Tempo, nada. Exceto uma nota sobre os desfiles das escolas de samba na segunda. Idem, o Super.
O Estado de Minas, estava mais preocupado em falar de Teló em Abaeté, ou de Nova Lima; ou do carnaval de Ouro Preto, de Diamantina.
E, curioso: o desfile dos blocos caricatos teve mais uns quatro blocos, e só terminou depois de 2 e meia da manhã, quando desfilaram os Infiltrados.
Mas, seja porque precisam fechar a edição do dia seguinte, seja pior ainda por puro desinteresse, os jornais consultados noticiaram apenas os 2 ou 3 primeiros blocos, e nada mais disseram dos outros. Nem naquela edição, nem na do dia seguinte, como presume-se deveria ser transmitida uma informação.
***
Saindo dos jornais, na televisão, o tratamento não foi diferente. Na Globo, o MG TV mostrou os preparativos para o início dos desfiles, transmitindo imagens ainda da montagem final dos caminhões. Além disso, apenas o desfile de um bloco, o de Vila Estrela. E só.
Mais imagens tratavam do carnaval de Nova Lima, de Ouro Preto (para onde parece ter até deslocado uma equipe de reportagem) e de Macacos, onde nem carnaval havia.
A Band optou por mostrar o carnaval de cavalhada, e a disputa entre mouros e cristãos, tradicional na cidade de Bonfim.
Outros, nada. Nem mesmo a TV Minas.
***
As rádios, confesso não ter ouvido. As notícias e o barulho das transmissões do Rio e São Paulo nas grandes redes se superpunham e abafavam as vozes dos comentaristas e carnavalescos de nossa capital.
***
Como todo ano, também hoje, dia da apuração dos desfiles de escolas de samba cariocas, a midia televisiva irá optar por transmitir do Sambódromo. Como transmitiram ontem a baixaria protagonizada pelas torcidas das escolas paulistas.
Aliás, a mesma baixaria que parece ter sido a sequência do ocorrido no ano anterior, quando a mesma torcida da Gaviões da Fiel saiu pela marginal promovendo agressões e ameaças.
E baixarias.
Desta feita, foi a Camisa Verde e Branca. Não por acaso as cores do Palmeiras, embora rival da Mancha Verde.
Para hoje, no Rio, espera-se um comportamento um pouco mais ... contido.
***
Quanto à apuração em BH, vai ser difícil até ver alguma linha noticiando os vencedores da disputa. Quem sabe alguma inserção em alguma rádio. E só.
***
Dito tudo isso, pode-se perguntar: porque tanta referência aos desfiles de blocos caricatos, e tão pouca cobrança em relação ao tratamento dispensado às escolas de samba?
Para mim, por um motivo simples. O que tem o carnaval de BH de característico são os blocos caricatos, os desfiles de blocos fantasiados que ocupavam e divertiam a Afonso Pena, inclusive com carros fantasiados; e o carnaval dos clubes.
Ora, se é verdade que sempre tivemos escolas importantes, como a Cidade Jardim, a Unidos Guarani e a Canto da Alvorada, o que merece ser avaliado é que, em termos de Escolas de Samba, vai ser sempre muito difícil que nosso carnaval se iguale à tradição apresentada pelas Escolas do Rio ou pelo poder da grana, que conseguiu colocar o carnaval de São Paulo no noticiário.
Sem a tradição ou a grana, será que valeria a pena apostar em nossas Escolas?
Isso sem contar que o carnaval de Escolas de Samba, seja no Rio ou em São Paulo acabou por se transformar de uma festa popular, para o povo participar, em um show - CARO - para turista ver. Razão porque ninguém aguenta mais a mesmice que domina o desfile das escolas. E que justifica o fato de que a Record, com seus programas religiosos e até seu Rei David, conseguiu superar a audiência da Band e SBT e suas transmissões do carnaval baiano e pernambucano. E até mesmo, no caso da série do Rei, o início do desfile carioca pela Globo.
 ***
Também não é surpresa que o carnaval esteja passando por uma mudança, mesmo no Rio, com o surgimento de um sem número de blocos onde predominam as marchinhas, as brincadeiras e o desfile de alegria e fantasias do povo. Ou do povão.
Por isso acho que o carnaval de BH teria que dar maior atenção com a formação dos blocos e a qualidade do desfile desse tipo de agremiação que é nossa tradição. Desde os tempos em que cada bairro de BH tinha o seu bloco, quando não tinha mais de um.
Apenas para recordar: Bocas Brancas da Floresta, Imigrantes da Abissínia, os Ritmistas do Centro, os Cacarecos, os Aflitos, os Invasores, o bloco de que tenho orgulho de participar, os Bacharéis do Samba, e tantos outros...
***
Fora os blocos, e até para manter a tradição, as escolas, mesmo com menos pompa e circunstância que as congêneres de Rio e São Paulo, deveríamos nos esforçar para patrocinar nas esquinas de cada um de nossos bairros, os carnavais infantis, protegidos por cordões isolantes e pela polícia, com bandinhas tocando as músicas que fazem o carnaval, para as crianças se divertirem junto a seus pais. Seria uma forma de permitir que participassem do carnaval pra pular, ou popular, aqueles que não têm condições de pertencerem a qualquer clube.
E retomar a tradição antiga do Corso, com os carros fantasiados, e grupos de jovens fantasiados, fazendo brincadeiras e, como qualquer bloco (Banda Mole, Trema na Linguiça, ou Santo Bando, ou outros) poder passar e se divertir nas ruas centrais ou nas quadras centrais da capital.
***
Quem sabe, assim, o nosso carnaval não iria resistir à insensibilidade e incapacidade de nossa imprensa, muito apta a bajular Rio e São Paulo e muito pouco disposta a fazer nosso carnaval surgir das cinzas, que sempre sopraram em nossa direção?

Corpo Lunar

Quando você surgiu
Eu estava de passagem
Eu estava de partida
Prá outro lugar
Quando você me viu
Confundiu a paisagem
Não viu que era miragem
Só fantasia
Pois eu não estava ali

Quando nós nos cruzamos
Nem sequer nos encontramos
Foi cada um para seu lado
apressado
Cada qual uma direção
Encontro de ocasião...
Na internet
Coisa da imaginação

Quando nos esbarramos
Nem sequer nós nos tocamos
Foi virtual o desejo de te amar
Como corpos do espaço
Mantivemos nossas rotas
Já gastas, rotas
De tanto tempo girar

E nem percebemos
A ação da gravidade
Capaz de nos tirar da inércia estelar
E nos mantivemos
Em perfeito equilíbrio
Como cometas
Que não vão mais se encontrar

E seguindo este nosso rastro
Cortamos os céus
Como loucos
A vagar

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Invasão

Você entrou em minha vida
Tomou de assalto meu sossego
Sem respeitar nenhum limite
invadiu o meu coração

Não sei se houve resistência
O mais provável é que não
Passivamente me entreguei
Aos caprichos desta paixão

Eu não sei dizer se houve assédio
Se houve colaboração
Sei que você foi o remédio
Prá vencer o tédio, a solidão

Sei que se abriu um novo mundo
Por onde escapou minha razão
Na esteira deste sentimento
Na vertigem louca da paixão

Hoje aprendi que viver
É se abrir a toda a emoção
Razão porque eu deixei
Você penetrar meu coração.

Hoje aprendi que viver
É arriscar, é amar, até sofrer
Porque mesmo uma desilusão
É melhor que viver na solidão

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Cortes no Orçamento e impactos na saúde. Saúde de quem???

Para obtenção do superávit primário, que equivale à chamada economia para o pagamento da despesa de juros que incide sobre a dívida pública, proposto pelo governo para o ano de 2012, os ministros da Fazenda e do Planejamento anunciaram no dia de ontem, um contingenciamento ou corte de gastos de R$ 55 bilhões.
O valor, como noticiado pela midia, é 10% superior ao corte orçamentário proposto no ano de 2011, e tem sido apresentado como resultado de queda na previsão de arrecadação, em função de uma taxa de crescimento da economia brasileira menor que a esperada.
***
Simples assim. Com uma ritmo menor de crescimento da produção o governo revê a projeção de arrecadação para menos, o que significa menor quantidade de recursos a sua disposição. Daí, a necessidade de promover ajustes, cortando também a previsão de gastos a serem realizados durante o exercício.
Ontem, anunciaram o corte, ou contingenciamento, de 55 bilhões, de forma a não atrapalhar a meta projetada de superávit primário.
Mantida a meta, o governo poderá pagar os juros da dívida, ou pagar aos banqueiros e grandes empresários, sem a necessidade de ter de recorrer à obtenção de novos empréstimos e, assim, reduzindo o montante da dívida pública.
Com menor endividamento, o governo tem mais espaço para prosseguir na redução do patamar de juros, o que estimula o crescimento da economia, estimulado por realização de novos investimentos e maior gasto de consumo, no setor privado. No setor público, cria-se também uma folga capaz de permitir a realização de investimentos públicos, tão mais necessários quanto mais próximos ficamos da Copa das Confederações de 2013 e da Copa do Mundo de 2014, ou das Olimpíadas.
Além disso, a realização de todos esses gastos, impulsionando a demanda agregada, estimulam a decisão de produzir dos empresários, gerando mais empregos, renda, impostos e mais gastos.
***
O quadro pintado seria ideal, não fosse o fato de os cortes determinados pelos ministros da área econômica afetarem, entre outros os gastos da saúde.
Pelo anúncio, o Ministério da Saúde terá suas despesas reduzidas em R$ 5,47 bilhões, o que torna essa área, já de há muito carente e descuidada, ainda mais sujeita a toda a sorte de mazelas a que, volta e meia, somos apresentados.
E, sem recursos, os hospitais continuarão sem leitos, continuará a haver o déficit de profissionais para o atendimento na área, os salários do pessoal médico e do corpo de enfermagem continuará depreciado, afastando ainda mais os bons profissionais, etc. etc.
***
Já vimos esse filme. E o problema é que, ao cortar gastos em área tão suscetível como essa, a tendência é que a situação acabe por se agravar. No caso da saúde pública, queda na qualidade dos programas preventivos, tendo como consequência uma elevação posterior, e em escala mais ampla dos gastos da saúde curativa.
Pior é que a mensagem que acaba passando ao público (e aos eleitores), como subproduto talvez indesejado, é a de que ao propor tal corte no orçamento, o governo sinaliza estar mais preocupado com a saúde dos detentores dos títulos da dívida pública - banqueiros, empresários, os estratos mais ricos da população, em detrimento da saúde da plebe ... ignara e rude.

Dupla Face

Se o amor é a fonte do prazer
E origem de inspiração
Também pode nos fazer sofrer
Provocar desilusão

Se o amor pode trazer alento
Pode ser o nosso abrigo
Ser fonte de nosso sustento
Pode também ser castigo

Se ele pode nos fazer sonhar
E pode nossa vida colorir
Pode nos fazer cantar
Pode nos fazer sorrir

Também pode em um segundo
Destruir o nosso mundo
Pode nos fazer sofrer
Até nos fazer chorar
E por nossa vida a perder
Pode nos escravizar

E se o amor é fonte de esperança
E pode provocar transformação
Pode nos tornar criança
Tomando-nos pela mão
Pode nos dar segurança
Ou roubar nossa razão

Mas se o amor é grande e sublime
A causa da alegria e dor
Seria da vida o pior crime
Se não existisse o amor.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Anjo da Guarda

O que você me pede
Que não faço com prazer?
As coisas impossíveis
Que eu tento resolver?
O que é que te atormenta
Que você quer esquecer?
O que você duvida    
Que eu consigo fazer?

Até mesmo os seus sonhos
Fantasias, sei de cor
Para a qualquer momento
Te dar sempre o melhor
Até mesmo seus desejos
Eu procuro antecipar
Para que o seu sorriso
Nunca venha a se apagar
(porque...)

Qual é o seu segredo, o seu medo
Me revele, por favor
O que te incomoda
O que te causa pavor?
O que é impossível ser feito
Para quem é sonhador
Então me diga  o limite
Que limita o amor?

Ninguém pode impedir
Nada vai atrapalhar
De ficar sempre a seu lado
De sempre te acompanhar
Não adianta resistir
Nem tentar me evitar
Minha presença a seu lado
Para sempre vai estar.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Lutas vãs

Me pego às vezes
Lembrando o poeta
Que achava inútil
Lutar com palavras
Pergunto-me então
Como é que me atrevo
A dizer a amigos
Que também escrevo

Relembro o poeta
Que como um gigante
Partia prá luta
A cada manhã
E as muitas palavras
Fortes como javali
Tornavam-se frágeis
Como um bem-te-vi

E Carlos poeta
Da raça o maior
Tornava as palavras
Escravas leais
Fundidas em versos
Que a todos encantam
Poemas eternos
E universais

Por isso eu penso
Me faltar juízo
Achando que palavras
Eu posso domar
Por isso pergunto-me
Como é que me atrevo
Sem qualquer modéstia
A dizer que escrevo

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Dúvidas

Não sei se você está on-line
Se espera uma mensagem minha
Se estás acompanhada
Se estás triste ou então sozinha

Não sei se venta ou faz frio
Não sei se chovei lá fora
Se estás agasalhada
Ou se é o sol que brilha agora

Não sei se você tem saudades
E se a saudade é um castigo
Se tem novas amizades
Se sonha à noite comigo

Não sei se me dá vontade
De seguir seu pensamento
Voltar correndo pra meus braços
Nem que seja por um momento

Não sei se você fantasia
Noites de amor sem fim
Não sei se no dia seguinte
Você acorda pensando em mim

Não sei se à noite cansada
Você beija o meu retrato
Se deita e  procura estrelas
Se abre um sorriso ao vê-las

Não sei também se dá vontade
Ou se a vontade é um tormento
De eu estar a seu lado
Nem que por um só momento

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Frustração pela web

De manhã
Já bem cedinho
Corro ao computador
Querendo entrar na internet
Querendo notícias suas
Navego até o correio
Só prá saber se chegou
O que quero: seu e-mail

Busco as novas mensagens
Espero a confirmação
Mas a caixa de entrada
Está vazia
Não tem nada
Só silêncio
Sem mensagem
Prá minha decepção

Vejo e não acredito
O correio hoje não veio
Reclamo ao administrador
Que alega não ter mensagem
Endereçada prá mim
Perdida no provedor

Então olho a branca tela
A janela aberta à frente
E num desabafo histérico
xingo a rede mundial
culpo o computador
que não me traz as mensagens
com notícias de meu amor.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Pitacos sobre evento de blogueiros de economia e outros carnavais

Recebi de um aluno, que me reenviou o texto original e, atendendo ao assunto tratado, achei por bem transcrever o texto original.


Caros amigos e colegas blogueiros de economia,

Estamos dando início a etapa de divulgação do II Encontro Nacional
dos Blogueiros de Economia que acontecerá dia 9 de Março de 2012 em BH.

Gostaríamos de mais uma vez convidá-los para o evento.

Infelizmente não podemos convidar todos para os painéis temáticos, mas
buscamos montar mesas com blogueiros de diferentes perfis e dando
certa preferência aos que não participaram no ano passado.

Gostaríamos muito de contar com a ajuda de todos na divulgação do evento
em seus blogs!

Em anexo vocês vão encontrar o cartaz virtual do evento, o logotipo e também o programa detalhado.

Fiquem a vontade para divulgá-los nos blogs e enviar aos amigos e alunos!

Também estaremos trabalhando na divulgação em outros blogs e mídia convencional.

Se alguém tiver algum contato para me passar que possa ajudar nesse sentido
não deixem de me contatar!

A ficha de inscrição se encontra disponível no site:
http://www.surveymonkey.com/s/enbeco

Qualquer dúvida podem me contatar por email ou telefone: (27) 9774-7207

Abraço,
Cristiano



A princípio, acredito que não conheço o Cristiano, mas acho que esse tipo de iniciativa é muito importante e oportuna. Embora, não sei se meu blog se encaixa no perfil, mesmo discutindo temas em Economia. 
Porque, afinal de contas, como os que me seguem sabem, eu também quero e gosto de dar pitaco em outras questões, como política em geral, futebol, temas mais gerais, que por um motivo qualquer provocaram alguma reflexão e há também, os poemas, com que incomodo a meus amigos...

A propósito, as poesias têm se destacado, praticamente como único material desse início de ano. Culpa de um certo marasmo, de uma certa apatia ou de o blog estar esperando passar o carnaval, quando tudo em nosso país ganha certa aceleração...
E, em falando de carnaval, é no mínimo curioso constatar-se como a administração pública e a própria comunidade belo-horizontina (que a administração só faz representar!) são tão pouco motivadas para as brincadeiras e festejos de Momo.

Ao menos é isso que aparenta a forma de tratamento dispensada aos blocos carnavalescos, cheios de entraves e de medidas burocráticas para poderem se divertir nas ruas de nossa capital.
Daí o fato de que grupos tradicionais, e que arrastam gente interessada em se divertir, devido a sua alegria, como é o caso do Bando Santo, acabam desistindo de continuar saindo.
É uma pena. 
E toda a situação apenas destaca a característica de uma capital que parece tão mais chegada em uma penitência de quaresma que a uma diversão bem-humorada.
 

Convite

Vem,
Como a água do mar
Levantando a espuma
Lambendo a areia
Lavando meus pés
Marcando o meu caminhar

Vem,
Como a brisa do mar
Para refrescar
Tocar minha pele
Acariciar
Revolver cabelos
Tocar os meus pelos
Soprá-los ao vento
Bolir castanheiras, folhas
Que dançam à luz do luar

Vem,
Aquecer o dia
Meu raio de sol
Inundar de luz
A minha manhã
Refletir nos olhos
E irradiar
O calor da paixão

Vem,
Ser minha companheira
Pela vida inteira
E estar comigo
Fazer um agrado
Ser o meu apoio
estar sempre a meu lado
Até quando ao fim da tarde
Chegar de vez o cansaço
E sem qualquer alarde
Me abater o sono
Para eu ir dormir

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Passar o tempo

Passa o tempo
E se no futuro
desaparece a dor
Fica a marca da saudade
Do tempo que já passou

Filtra a memória, o tempo
Renovando o presente
tornando sempre mais pálidas
As marcas e os espinhos
Que em toda esta  jornada
Forjaram nossos caminhos

Resgate de nossa razão,
Criando perspectivas,
o tempo refaz nossa história
transformando a  mais árdua estrada
no curso de nossas glórias
colocando em destaque
as conquistas e vitórias

Passa o tempo
Presente que não tem fim
Construindo a saudade
Que afasta a dor de mim.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Estrela Fugaz

Saber não poder mais vê-la
A minha última estrela
Saber não tê-la na noite
Iluminando a escuridão

Parece até que é castigo
Sonhar retê-la comigo
Seguir seu rastro no espaço
Como a minha inspiração

Saber perdê-la é frustrante
Saber inútil detê-la
Fazendo da estrela errante
Ponto fixo no infinito

Por isso é que mesmo aflito
Sabê-la no espaço distante
sem sequer poder revê-la
diminui o meu delito
preocupa menos a mente
Que se,  como um inconsequente,
eu decidisse prendê-la
te transformando no instante
em simples estrela cadente.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Outsider

Quando a tv apaga
minha voz se cala
e abafa o som
se a imagem é rara
e não se separa
desta luz neon

é que a mão afaga
um olhar nos flagra
mudo o meu tom
Pego um instrumento
toco um xaxado
num acordeão

Se o trem apita
e a buzina aflita
vem nos irritar
se a sirene clama
e meu bem reclama
só pra chatear

se o telefone
grita o meu nome
ligação local
fecho o livro insone
sonho ser um clone
internacional

Então abro a página
onde meu retrato
é furo de jornal
grito e quase rouco
me descubro um pouco
louco ... marginal.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Vesperal de amor

Tardes de amor
Sobre o sofá de couro
Novilho desgarrado
Rolando nos campos
O vento tocando teus pelos macios
levantando a poeira na estrada
a folhagem do milharal
a soprar
Explosão da natureza em flor
Semear os campos e fazer brotar
Cultivar a terra nua e germinar
Colorir os campos
E deixar florir
Rolar os gramados
E sorrir
Tardes de amor
Vermelho do por do sol
Na sala de espera
Raios de luz
Fragmentos da persiana semiaberta
Como lábios que exalam
o frescor do sabor de menta
Nos beijos do amor
Cai a noite e no teto
Explodem faróis
Amarelos como girassóis
Brinde da natureza
Nossos lençóis
A proteger  nossos corpos nus

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Início de mais um dia

CENAS

Pede-me um sorriso
Dou de ombros
Já não sou o que era há pouco
Em meio à profusão de carícias
E lençóis
Pronto prá ganhar a rua
Ajeito os óculos
Espreito pela última vez
A penumbra que recobre teu vulto branco
Observo-a como jamais o fizera antes
Através do reflexo do espelho
Para além do toucador
Em cuja memória ressoam teus gemidos
E sussurros
Pela fresta da janela entreaberta
Penetra o ruído dos automóveis
Das freadas bruscas no sinal de trânsito
Cujos reflexos invadem o quarto
E explodem na parede
em pulsares verdes-vermelhos
que me conduzem de volta
à agitação da vida das ruas
fazendo contraponto com teu corpo
ainda envolto no torpor do amor.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Retornando light - com poesia

                VISÕES


De minha janela
a bruma seca envolve a serra
escondendo em cinza pálido
o azul do céu
e transformando em estufa sufocante
o ambiente, antes bafejado pela brisa.

A paisagem em volta, triste e morna
os jardins secos
a grama marrom amarelada
refletem-se nos olhos opacos dos homens
que cruzam comigo pelas calçadas

Novos ventos sopram outras direções
afastam as nuvens
limpam e descobrem os horizontes
e abrem espaços por onde a vida
irrompe com o frescor da eterna liberdade

Estimuladas pela aragem
levantam vôo as aves de arribação
e partem em busca do desconhecido
onde a experiência de viver se faz presente
e as conquistas ponteiam o caminho
riscando os céus como os cometas
que enfrentando as noites,
evoluem por entre estrelas