7 de outubro. Completam-se, hoje, 9 anos deste blog, que eu gostaria fosse um espaço para registro de um pouco da história que vínhamos construindo, em conjunto com toda nossa sociedade, segundo minha ótica.
Criado com a proposta de permitir que comentássemos a situação econômica de nosso país, esse blog, desde seu primeiro pitaco, se propunha também a trazer alguma abordagem relativa à situação política, social, de artes, curiosidades, futebol, discursos, referências bibliográficas e até alguns poemas que costumo arriscar a deixar fluir.
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Se esse 7 de outubro é uma data festiva desse ponto de vista, é necessário comentar que tem ficado cada vez mais difícil fazer qualquer postagem.
Afinal, nossa economia, presa em uma armadilha de falta de crescimento, apenas fica patinando.
As propostas de nossas autoridades econômicas, sempre privilegiando o corte de gastos, ao contrário do que a propaganda oficial difunde, serve apenas para aprofundar o corte de demanda, em nossa opinião, a principal variável para levar a uma melhoria das expectativas empresariais. Sem perspectiva de poder vender sua produção, o empresário não produz.
Corretamente do ponto de vista da racionalidade do capital, prefere utilizar seu capital monetário na aquisição de títulos e instrumentos financeiros, mais que na compra de insumos, matérias primas, força de trabalho.
Insumos, matérias primas, quando não se deterioram nos estoques, representam sempre um custo além de seu tradicional preço. Para sua manutenção, é necessário pagar seguros, há o custo de estocagem, de vigilância, etc.
Utilizá-los para produzir, sem a confiança em conseguir vender a produção, ou até pior, com o medo de vendê-la para depois não receber o valor da operação, não compensa a ninguém o risco que, nos mercados financeiros, embora semelhantes, trazem sempre a possibilidade de retorno maior.
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Sem utilizar seu capital no processo de produção, o empresário opta por desligar suas máquinas e não gerar emprego.
Assim, não admira que o número de desempregados se amplie, embora como o IBGE o demonstra, cresce o número de trabalhadores na informalidade.
Se positivo o fato de que o povo esteja começando a tentar "se virar" por conta própria, começando a empreender e sem ficar esperando a ajuda do Estado ou de alguma outra instituição de apoio, é importante também tratar do outro lado da história: afinal, o problema talvez não seja de empreender, mas de sobreviver, custe o que custar, seja no exercício de atividades degradantes, seja em atividades à margem da lei.
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No entanto, o governo só menciona políticas e medidas de cortes de gastos, o que deteriora a própria capacidade futura de geração de receitas tributárias. Como não escapa a ninguém, o corte de gastos da máquina pública prejudica, principalmente às classes sociais que mais dependem de funcionamento dos serviços públicos, seja na educação, seja na saúde.
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Assim, enquanto esperam a reforma da previdência, que atenta contra todos os direitos de trabalhadores em nosso país, e que transformou-se na reforma mãe de todas as reformas nos planos do governo, os trabalhadores perdem a qualidade de serviços e vêem agravar as condições de sua reprodução, até mesmo econômica.
O que talvez não seja um problema muito sério: afinal, a revolução tecnológica, da indústria 5.0 já vai dificultar a reprodução dessa mão de obra, em especial, quando desqualificada e sem educação básica, o que dirá da cientifica e tecnológica.
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Se no campo econômico a situação então rasteja, no campo político, temos um desgoverno cuja única preocupação é beneficiar os familiares, prejudicar e perseguir aqueles que têm opiniões divergentes, e apoiar medidas destinadas a ampliar o poder de matar por parte de todos os agentes do Estado, desde que fardados.
Difícil falar de política, quando o governo é de desconstrução, e o presidente, mesmo que suspeito de corrupção ainda é encarado como mito.
O que persiste, por força da manutenção de moro, esse ministro que mostra a cada dia mais, o tamanho de seu caráter, agora invisível até sob as lentes de microscópios eletrônicos de última geração.
Agindo sem respeito às leis, que deveria fazer cumprir, moro é o retrato acabado de um governo de farsantes.
Que continuam enganando parte importante da população por força de seu discurso sempre conservador e falso.
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Bolsonaro, Guedes, Ônyx, agora Marcelo Álvaro Antônio, são todos suspeitos de crimes, são todos investigados, assim como o Queiroz e Flávio, o filho, e os amigos e companheiros da família do presidente, os milicianos, os matadores de aluguel.
Mas as falas e discursos do presidente, completamente descabidas, falaciosas e tolas, além de chulas, prestam-se a criar uma cortina de fumaça, que a tudo esconde.
E permite que a Polícia Federal de seu moro, fique apenas na penumbra.
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De futebol, está difícil falar, dado que o Galo está quase chegando ao nível do Cruzeiro.
Não fosse o América, o futebol mineiro poderia estar em completo ostracismo.
Embora os dirigentes, como os do nosso rival, continuem agindo para não deixar o nome do Clube sair das páginas de jornal. Ao menos as policiais.
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Ou seja, o país mudou nesses últimos 9 anos.
E está trazendo desânimo ver a direção da mudança, o que se reflete no menor número de pitacos que temos postado.
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Mas estamos aí.
E como tomamos a decisão de não desistir, vamos tentar seguir em frente.
Quem sabe, assim procedendo, não contribuamos para que a racionalidade volte a prevalecer em nosso país, e não possamos voltar a ter uma sociedade com mais positivas fatos a serem comentados.
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É isso.
Que venham outros 9 anos.
2 comentários:
Parabéns professor, pelos 9 anos de blog! Foi uma iniciativa maravilhosa!
Compartilhar conosco os seus pontos de vista sobre assuntos tão relevantes é uma forma de nos induzir a reflexões e corroborar para a construção do nosso conhecimento.
Para quem já é formado, assim como eu, os pitacos são uma forma de não perdermos, por completo, os seus ensinamentos!
Abs.
Parabéns, PC. Seu ponto de vista é um norte para seus alunos, como eu. Parabenizo também o colega que gentilmente partilha suas ideias e pensamentos.abcos
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