segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Galão da Massa, Vice-campeão do Brasil

E, então, chega ao fim o Campeonato Brasileiro de 2012, com o Galo ostentando a segunda colocação e a passagem direta para a fase de grupos da Libertadores.
Colocação merecida para o time que fez a melhor campanha no 1º turno, mas não foi capaz de repetir a proeza no momento mais crucial do campeonato.
E a verdade é que, se desde o início o Fluminense nunca deu folga ou se desgarrou muito do Galo, o time mineiro não teve a mesma pegada do carioca, não teve o mesmo empenho ou não teve o mesmo padrão.
Daí a conquista merecida do time tricolor, com folga inimaginável para quem quisesse arriscar qualquer palpite ainda no início do segundo turno.
Mas, se o Flu foi campeão com méritos, o Galo foi alma e coração para arrancar o vice-campeonato. Mais alma e coração e ... torcida que futebol. Porque depois da saída de Danilinho, por indisciplina, o time do Atlético não teve mais padrão, nem muita referência.
Sem a velocidade e o pulmão de Danilinho pela direita, Marcos Rocha perdeu quem cobria suas subidas e dava tranquilidade ao meio-campo, na hora de uma roubada de bola ou do início de um contra-ataque adversário.
Por outro lado, na hora em que tinha a posse de bola, Danilinho era a surpresa que aparecia infiltrando-se na área ou correndo pela ponta direita, pronto para tramar jogadas com o lateral direito.
Mas porque em um momento como o dia de hoje, falar tanto de um jogador que só soube decepcionar, por seu (mal) comportamento a grande e fanática massa atleticana?
Apenas porque Cuca não soube sair da armadilha que ele mesmo montara no início do campeonato, e que tantas alegrias nos trouxeram?
Cuca não soube escapar de Danilinho e começou a escalar para fazer a função do ex-jogador do Galo, outros atletas que não tinham, nem têm nenhuma característica que sequer se pareça com a do indisciplinado jogador.
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A verdade é que Cuca não soube criar alternativas para o Galo. E, com isso, começou a tentar reproduzir com Escudero, e depois com Guilherme ou Serginho, ou Carlos César, a mesma tática que funcionara tão bem no início.
Nem mesmo Cuca percebeu que todos os adversários começaram a 'ler e entender' o esquema do time mineiro. E, a partir daí, começaram a deixar sempre alguém na sobra para aproveitar os rebotes e deixadas de bola que o pivô Jô continuou tentando jogo após jogo.
Outras jogadas, com Bernard e Ronaldinho pela esquerda, contando com a subida sempre de surpresa de Júnior César tornou-se também conhecida o suficiente para que os times adversários se armassem de forma  a não dar espaço a Ronaldinho Gaúcho e não permitir que Bernard recebesse a bola em condições mais adequadas.
E, no segundo turno, o que os atleticanos viram, jogo após jogo, sofrimento após sofrimento foi uma sucessão de jogadas que, do meio campo, acabavam sendo retornadas ao goleiro Victor, conforme comentei nesse espaço tantas vezes, para que o arqueiro atleticano enfiasse um chutão para a frente, na esperança de que o grandalhão Jô fizesse o pivô para algum companheiro que ... nunca mais encostou.
E a tática usada pelo Galo passou a ser o famoso bumba-meu-boi, na base do vai que o beque do outro time fura a bola ou falha ...
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Pouquíssimas bolas tocadas de pé em pé. Apenas o bumba-meu-boi, rifando a bola, e a expectativa de alguma jogada de escanteio ou bola parada próxima à área, para Ronaldinho cobrar e colocar a bola na cabeça de algum companheiro que pudesse fuzilar para o gol.
Deu certo a expectativa?
Deu. A julgar pelo fato de que o Galo chegou ao final da campanha com o melhor ataque do campeonato. Sinal de que funcionou. Surtiu efeito. A dupla de zagueiros tornou-se artilheira, salvando vários jogos de um destino mais trágico. Como salvou o time ontem, mais uma vez, contra o time dos Marias.
Que aliás, pode ter entrado em campo como o time dos Marias, mas bateu como gente grande, ou como qualquer desses machos ignorantes que volta e meia infestam as páginas policiais.
Mas, voltando ao nosso time, e deixando a violência de jogadores como Charles, que abriu a caixa de ferramentas e deu pancada o jogo inteiro, sem que o juiz o advertisse sequer, há que se constatar que, se lá na frente a dupla das Torres Gêmeas funcionou bem, lá atrás a coisa desandou.
Afinal, como explicar que tão bons para pularem e cabecearem lá na frente, e marcarem gols, Réver e Leo Silva, atrás deixassem tanta bola cruzar a pequena área do Galo? Como entender que o Atlético levou tanto gol de cabeça, como o de ontem, de um jogador como Martinuccio, que embora bom jogador tem a mesma estatura que Bernard?
E olha que ontem ao entrar em campo, abraçado pelas crianças que saúdam a entrada do time, era difícil identificar e destacar Bernard no meio da meninada.
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Tudo bem que Victor, também, deve dar explicações para tanta bola que cruzou sua área sem que ele, que é mais alto, conseguisse afastá-la e ao perigo.
E, justiça seja feita, se falei de Charles  e do cartão que merecia, desde o início do campo, há que ser justo e admitir que Pierre também não bateu pouco. Inclusive merecendo ser punido logo no início do primeiro tempo.
Mas, volto a insistir em uma questão: se era para tirar de suas características jogadores com Serginho (sempre muito fraco, e mais que isso, afoito); Escudero (enfim, um argentino sem o sangue guerreiro); Guilherme (quem? entrou em campo em algum momento?); era preferível que Cuca deixasse de ser teimoso e colocasse aquele que a torcida toda gostaria de ver fazendo essa função: Felipe Souto.
Esse, da base, atleticano, jogador de garra, excelente volante, com a característica de ter ótima qualidade de passe, ótimo chute de média distância daria muito mais certo que as tentativas que Cuca andou inventando.
Mas, sem entender porque, Cuca parece não gostar muito do estilo de F. Souto. O que é uma pena.
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Ganhamos ontem. Fomos vices, mas o time mostrou que é fraco em uma série de posições. E que terá que melhorar muito para enfrentar um torneio como é a Libertadores. E que Cuca vai ter que bolar outros esquemas, e alternativas para mudar o jogo, mesmo com a partida em andamento.
E Kalil terá muito trabalho para reforçar o time do Galo. Porque um time que conta com Serginho, Berola, Escudero, e nunca contou nem vai contar com alguém como Guilherme, não tem, em minha opinião, chances de fazer a campanha vitoriosa que é a campanha que todo atleticano sonha.
Ainda assim, parabéns ao Galo, e que 2013 seja outro ano de conquistas e alegrias.

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