Data que assinala a passagem de 3 meses do assassinato da vereadora carioca, pelo PSOL, Marielle Franco e de seu motorista Anderson.
Assassinato com toda característica de execução e, pior, crime político.
Com características que mal conseguem disfarçar a participação de integrantes de setores da polícia e de milícias, quando não de ambas as estruturas.
Ligadas, para o bem e para o mal, às forças de segurança, numa simbiose que Lúcio Flávio Vilar Lírio, o famoso bandido morto em 1975, já criticava abertamente.
Como consta no filme Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia, afinal de contas: "Bandido é bandido, polícia é polícia. Como água e azeite, não se misturam".
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Mas infelizmente, talvez pelo fato de nossa população ter um conhecimento muito raso da nossa história, as coisas aqui se repetem incessantemente. Monotonamente.
Como tragédia. Como farsa. Como o ensaio para uma peça nunca concluída.
E como já naquela época, eram completamente espúrias as ligações entre Lúcio Flávio e Mariel Mariscot, continuam hoje, completamente descabidas e criminosas as ligações entre membros da forças de segurança e os milicianos, que Marielle denunciava.
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Mais uma vez, em razão do pouco conhecimento de nossa história e sua contínua repetição, parte da população aprova ou não se opõe de forma mais contundente contra as operações das partes podres que infestam os corpos policiais, criados para nos proporcionar o contrário do que entregam: proteção e segurança e não terror, morte e medo. E extorsões.
Curiosamente, as mesmas ligações que Mariscot, o policial valorizado, reconhecido e corrupto, mantinha com a famosa escuderia Le Cocq e com o Esquadrão da Morte.
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Como previsto, o bárbaro crime contra Marielle e seus 46 mil eleitores continua irresolvido, por mais que organismos internacionais, e até órgãos de imprensa tenham feito a máxima força para não deixá-lo repousando nas prateleiras do esquecimento.
E da impunidade.
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Continua, entretanto, ecoando a frase gritada nas manifestações que seguiram a morte.
Marielle, PRESENTE.
Anderson, PRESENTE.
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Apenas para concluir o pitaco, e em referência à falta de conhecimento da história pela grande maioria do nosso povo, o que permite e facilita que se generalize a frase famosa sobre a falta de memória de nós brasileiros, duas observações.
A primeira delas: não é verdadeira a frase da falta de memória. Ninguém pode se esquecer daquilo que nunca teve ciência ou informação.
A alegada falta de memória é, na verdade, apenas uma forma de se transferir para o próprio cidadão, a responsabilidade que é de nossos políticos, de nossas autoridades, ou melhor, de nossos PODEROSOS de sempre, que nunca se interessaram em informar, esclarecer e criar as condições necessárias para a participação do povo no que constitui a sua própria vida.
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A razão é óbvia: vai que o povo gosta de saber e resolve tomar os seus desígnios em suas mãos...
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A segunda observação tem a ver com o movimento de interesses obscuros e não democráticos sob todos os aspectos, da proposta de Escola sem partidos.
A denominação do movimento revela bem os seus reais interesses, de criar uma escola incapaz de discutir a existência de interesses.
Uma escola sem partidos é uma escola sem história.
Um povo sem história é um povo destinado a ser apenas massa de manobra de interesses, em geral, contrários aos dos indivíduos que são seus integrantes.
Uma escola sem história é uma escola sem verdade. Ou com a verdade dos poderosos e eternos exploradores e expropriadores da população.
14 de março e tem início a Copa
E com a Copa, o país parece entrar em um estado de torpor, destinado a permitir que o tempo possa arrefecer os ânimos e ímpetos mais aguerridos de parte da população.
Em certo sentido conseguindo, ainda que momentaneamente, desviar o foco dos problemas e das graves questões que o país atravessa e cujo governo, imerso na maior inépcia, não consegue tratar. Quanto mais tentar resolver.
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Deste ponto de vista, ao desviar a atenção de grande parte do povo, e dos eleitores, a Copa tem a capacidade de fazer adormecerem as tensões e, dessa forma, aliviarem o ambiente, contribuindo para desarmar os espíritos dos grupos que, cada vez mais têm levado as discussões políticas para o campo das ofensas e agressões pessoais. O que caracteriza a criação de um ambiente propício à explosões e manifestações que trazem em germe a violência e o desrespeito, principalmente às opiniões contrárias.
Deste ponto de vista, ao desviar a atenção de grande parte do povo, e dos eleitores, a Copa tem a capacidade de fazer adormecerem as tensões e, dessa forma, aliviarem o ambiente, contribuindo para desarmar os espíritos dos grupos que, cada vez mais têm levado as discussões políticas para o campo das ofensas e agressões pessoais. O que caracteriza a criação de um ambiente propício à explosões e manifestações que trazem em germe a violência e o desrespeito, principalmente às opiniões contrárias.
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Que a Copa, como outros eventos esportivos do porte, por exemplo, das Olimpíadas, além da característica de criar condições para o enriquecimento, ainda maior e mais cheio de pequenos (e grandes) delitos, consegue servir para distrair o povo, não se discute.
É fato sobejamente conhecido.
A ponto de ter dado origem a hipóteses, mesmo as sem muito sentido, como aquela defendida por David Nasser, o jornalista, compositor, para quem toda vez que o Brasil conquistava uma Copa do Mundo, o nível de satisfação da população atingia patamares que acabavam se transferindo para o próprio governo de ocasião.
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Pois bem, sem questionar o acerto ou o absurdo da observação do contraditório jornalista, a verdade é que eventos como a Copa sempre serviram como o circo romano, ou como o ópio do povo ao lado da religião, como a considerava Hegel, por exemplo.
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O que me faz lembrar de uma tarde trágica para nós brasileiros, que passa para a história conhecida pelo seu resultado: a tragédia do Sarriá, em distante 5 de julho de 1982.
Justamente a tarde em que a melhor seleção de futebol do mundo, na ocasião, montada pelo mestre Telê Santana, foi derrotada pela briosa e valente, e mais disposta e guerreira seleção italiana e seu avante Paolo Rossi.
Lembro-me que, no abatimento que dominou o país e sua torcida, que já se considerava vitoriosa, o governo aproveitou para anunciar a inflação do mês de junho anterior, próxima dos 8% ao mês.
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Confesso que a memória não me ajuda, passados tantos anos daqueles dias, mas não me lembro de o anúncio do movimento descontrolado dos preços ter a repercussão que merecia, em especial e justamente por parte de todos aqueles que eram prejudicados por tal descontrole, quando comparado com a decepção e o sentimento de perda nacional que invadiu a todos nós.
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Repete-se, agora, a criação do mesmo ambiente de euforia, contagiante, emblemático, até.
Embora, pesquisas indiquem uma queda do interesse, ao menos antes do início da disputa, da população pela Copa, o que demonstra talvez certo amadurecimento.
Reflexo do distanciamento da vida de nababos dos jogadores de futebol, confrontado com a vida miserável do povo brasileiro, trabalhador e pouco reconhecido.
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E Temer, do alto de sua inexpressividade revela a que veio
Começa a Copa, em momento em que a popularidade do usurpador e golpista Temer é o mais baixo de toda a história.
E em que Temer é mais uma vez alvo de suspeitas cada vez mais difíceis de ignorar.
O que o leva a mostrar total falta de sintonia com a vida dos brasileiros que, desgraçadamente e de forma ilegítima, ele governa. Afinal os jornais (mais especificamente a Folha em sua edição de ontem), anunciam que, em cerimônia de assinatura da regulamentação do código da mineração, ele foi capaz de afirmar que, segundo um ranking de preferência dos investidores estrangeiros, o país passou da sétima para a quarta posição nos últimos dois anos.
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Ou seja: não bastava o Brasil ter voltado, 20 anos em 2, como o ato falho da propaganda oficial deixou a nu.
Nem vale a pena ir conferir que pesquisa de preferência é essa, e sua existência, se real ou não.
Interessa mais destacar que 72% da população consultada em pesquisa do Datafolha revela que, para eles, a situação econômica do país piorou nos últimos meses.
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Tampouco é possível se ignorar e deixar de mencionar a greve dos caminhoneiros e seus reflexos. Principalmente, e mais uma vez, para mostrar a falta de confiança da população no tal presidente, incapaz de honrar qualquer dos compromissos acertados com a categoria que o chantageou.
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E não vou falar, por significar pura covardia, que apenas 3% da população aprovam seu governo. Mais que o ridículo do índice, é importante assinalar que o golpista e mau caráter comemora que os investidores estrangeiros, seus verdadeiros patrões, o aprovam e indicam ter melhorado o grau de satisfação com esse senhor que deveria, ao deixar o cargo que não tinha o direito de ocupar, ser julgado por lesa pátria.
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É isso.
E vamos à Copa e à maratona de jogos. Enquanto o Galo descansa na vice-liderança e o futebol brasileiro já sinaliza que será vítima da maior onda de evasão de jogadores dos últimos anos.
É esperar para ver e confirmar.