quinta-feira, 14 de junho de 2018

14 de junho: três meses da execução de Marielle; início da Copa e de seu torpor e a quem Temer, de fato, serve

14 de junho.
Data que assinala a passagem de 3 meses do assassinato da vereadora carioca, pelo PSOL, Marielle Franco e de seu motorista Anderson.
Assassinato com toda característica de execução e, pior, crime político. 
Com características que mal conseguem disfarçar a participação de integrantes de setores da polícia e de milícias, quando não de ambas as estruturas. 
Ligadas, para o bem e para o mal, às forças de segurança, numa simbiose que Lúcio Flávio Vilar Lírio, o famoso bandido morto em 1975, já criticava abertamente. 
Como consta no filme Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia, afinal de contas: "Bandido é bandido, polícia é polícia. Como água e azeite, não se misturam". 
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Mas infelizmente, talvez pelo fato de nossa população ter um conhecimento muito raso da nossa história, as coisas aqui se repetem incessantemente. Monotonamente. 
Como tragédia. Como farsa. Como o ensaio para uma peça nunca concluída. 
E como já naquela época, eram completamente espúrias as ligações entre Lúcio Flávio e Mariel Mariscot, continuam hoje, completamente descabidas e criminosas as ligações entre membros da forças de segurança e os milicianos, que Marielle denunciava. 
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Mais uma vez, em razão do pouco conhecimento de nossa história e sua contínua repetição, parte da população aprova ou não se opõe de forma mais contundente contra as operações das partes podres que infestam os corpos policiais, criados para nos proporcionar o contrário do que entregam: proteção e segurança e não terror, morte e medo. E extorsões. 
Curiosamente, as mesmas ligações que Mariscot, o policial valorizado, reconhecido e corrupto, mantinha com a famosa escuderia Le Cocq e com o Esquadrão da Morte. 
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Como previsto, o bárbaro crime contra Marielle e seus 46 mil eleitores continua irresolvido, por mais que organismos internacionais, e até órgãos de imprensa tenham feito a máxima força para não deixá-lo repousando nas prateleiras do esquecimento. 
E da impunidade. 
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Continua, entretanto, ecoando a frase gritada nas manifestações que seguiram a morte. 
Marielle, PRESENTE. 
Anderson, PRESENTE.
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Apenas para concluir o pitaco, e em referência à falta de conhecimento da história pela grande maioria do nosso povo, o que permite e facilita que se generalize a frase famosa sobre a falta de memória de nós brasileiros, duas observações.
A primeira delas: não é verdadeira a frase da falta de memória. Ninguém pode se esquecer daquilo que nunca teve ciência ou informação.
A alegada falta de memória é, na verdade, apenas uma forma de se transferir para o próprio cidadão, a responsabilidade que é de nossos políticos, de nossas autoridades, ou melhor, de nossos PODEROSOS  de sempre, que nunca se interessaram em informar, esclarecer e criar as condições necessárias para a participação do povo no que constitui a sua própria vida. 
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A razão é óbvia: vai que o povo gosta de saber e resolve tomar os seus desígnios em suas mãos...
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A segunda observação tem a ver com o movimento de interesses obscuros e não democráticos sob todos os aspectos, da proposta de Escola sem partidos. 
A denominação do movimento revela bem os seus reais interesses, de criar uma escola incapaz de discutir a existência de interesses. 
Uma escola sem partidos é uma escola sem história. 
Um povo sem história é um povo destinado a ser apenas massa de manobra de interesses, em geral, contrários aos dos indivíduos que são seus integrantes. 
Uma escola sem história é uma escola sem verdade. Ou com a verdade dos poderosos e eternos exploradores e expropriadores da população. 




14 de março e tem início a Copa

E com a Copa, o país parece entrar em um estado de torpor, destinado a permitir que o tempo possa arrefecer os ânimos e ímpetos mais aguerridos de parte da população. 
Em certo sentido conseguindo, ainda que momentaneamente, desviar o foco dos problemas e das graves questões que o país atravessa e cujo governo, imerso na maior inépcia, não consegue tratar. Quanto mais tentar resolver. 
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Deste ponto de vista, ao desviar a atenção de grande parte do povo, e dos eleitores, a Copa tem a capacidade de fazer adormecerem as tensões e, dessa forma, aliviarem o ambiente, contribuindo para desarmar os espíritos dos grupos que, cada vez mais têm levado as discussões políticas para o campo das ofensas e agressões pessoais. O que caracteriza a criação de um ambiente propício à explosões e manifestações que trazem em germe a violência e o desrespeito, principalmente às opiniões contrárias. 
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Que a Copa, como outros eventos esportivos do porte, por exemplo, das Olimpíadas, além da característica de criar condições para o enriquecimento, ainda maior e mais cheio de pequenos (e grandes) delitos, consegue servir para distrair o povo, não se discute. 
É fato sobejamente conhecido. 
A ponto de ter dado origem a hipóteses, mesmo as sem muito sentido, como aquela defendida por David Nasser, o jornalista, compositor, para quem toda vez que o Brasil conquistava uma Copa do Mundo, o nível de satisfação da população atingia patamares que acabavam se transferindo para o próprio governo de ocasião. 
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Pois bem, sem questionar o acerto ou o absurdo da observação do contraditório jornalista, a verdade é que eventos como a Copa sempre serviram como o circo romano, ou como o ópio do povo ao lado da religião, como a considerava Hegel, por exemplo. 
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O que me faz lembrar de uma tarde trágica para nós brasileiros, que passa para a história conhecida pelo seu resultado: a tragédia do Sarriá, em distante 5 de julho de 1982.
Justamente a tarde em que a melhor seleção de futebol do mundo, na ocasião, montada pelo mestre Telê Santana, foi derrotada pela briosa e valente, e mais disposta e guerreira seleção italiana e seu avante Paolo Rossi. 
Lembro-me que, no abatimento que dominou o país e sua torcida, que já se considerava vitoriosa, o governo aproveitou para anunciar a inflação do mês de junho anterior, próxima dos 8% ao mês. 
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Confesso que a memória não me ajuda, passados tantos anos daqueles dias, mas não me lembro de o anúncio do movimento descontrolado dos preços ter a repercussão que merecia, em especial e justamente por parte de todos aqueles que eram prejudicados por tal descontrole, quando comparado com a decepção e o sentimento de perda nacional que invadiu a todos nós. 
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Repete-se, agora, a criação do mesmo ambiente de euforia, contagiante, emblemático, até. 
Embora, pesquisas indiquem uma queda do interesse, ao menos antes do início da disputa, da população pela Copa, o que demonstra talvez certo amadurecimento. 
Reflexo do distanciamento da vida de nababos dos jogadores de futebol, confrontado com a vida miserável do povo brasileiro, trabalhador e pouco reconhecido.
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E Temer, do alto de sua inexpressividade revela a que veio

Começa a Copa, em momento em que a popularidade do usurpador e golpista Temer é o mais baixo de toda a história. 
E em que Temer é mais uma vez alvo de suspeitas cada vez mais difíceis de ignorar. 
O que o leva a mostrar total falta de sintonia com a vida dos brasileiros que, desgraçadamente e de forma ilegítima, ele governa. Afinal os jornais (mais especificamente a Folha em sua edição de ontem), anunciam que, em cerimônia de assinatura da regulamentação do código da mineração, ele foi capaz de afirmar que, segundo um ranking de preferência dos investidores estrangeiros, o país passou da sétima para a quarta posição nos últimos dois anos. 
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Ou seja: não bastava o Brasil ter voltado, 20 anos em 2, como o ato falho da propaganda oficial deixou a nu. 
Nem vale a pena ir conferir que pesquisa de preferência é essa, e sua existência, se real ou não. 
Interessa mais destacar que 72% da população consultada em pesquisa do Datafolha revela que, para eles, a situação econômica do país piorou nos últimos meses.
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Tampouco é possível se ignorar e deixar de mencionar a greve dos caminhoneiros e seus reflexos. Principalmente, e mais uma vez, para mostrar a falta de confiança da população no tal presidente, incapaz de honrar qualquer dos compromissos acertados com a categoria que o chantageou. 
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E não vou falar, por significar pura covardia, que apenas 3% da população aprovam seu governo. Mais que o ridículo do índice, é importante assinalar que o golpista e mau caráter comemora que os investidores estrangeiros, seus verdadeiros patrões, o aprovam e indicam ter melhorado o grau de satisfação com esse senhor que deveria, ao deixar o cargo que não tinha o direito de ocupar, ser julgado por lesa pátria. 
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É isso. 

E vamos à Copa e à maratona de jogos. Enquanto o Galo descansa na vice-liderança e o futebol brasileiro já sinaliza que será vítima da maior onda de evasão de jogadores dos últimos anos. 
É esperar para ver e confirmar. 

quarta-feira, 6 de junho de 2018

É preciso falar de racismo. É preciso discutir a arte.

Começo tratando de algo que parece a mim muito sério e preocupante: a reação de vários grupos à indicação de Fabiana Cozza para viver D. Ivone Lara, a grande dama do samba, no teatro.
Reação que confesso desconhecer, por ter se dado principalmente por meio de redes sociais às quais não tenho acesso.
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Motivo suficiente para que eu, como várias outras pessoas, talvez preferisse não abordar, por uma série de razões, algumas das quais bastante aceitáveis, como por exemplo, pelo fato de o assunto ter chegado ao meu conhecimento já liquidado. Já resolvido. É bem verdade, em minha opinião, da forma mais lamentável possível: a desistência de Fabiana de aceitar o papel. Desistência anunciada por meio de suas redes sociais, às quais só tive conhecimento também por jornais. Mais especificamente pelas reportagens publicadas pela Folha de São Paulo.
Ou seja, toda a informação que detenho pode ser classificada como parcial, a terceira razão para não me manifestar.
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Mas...
É preciso afirmar que a indicação de Fabiana, por familiares da figura central da peça, a que se pretende homenagear, se deve à consideração, amizade e respeito que todos reconhecem que Fabiana sempre manifestou junto à Dona Ivone, parece-me que ainda enquanto viva.
Também importa afirmar que Fabiana já gravou com destaque músicas da sambista, tendo colhido elogios. O que a capacitaria como intérprete da homenageada.
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Finalmente, D. Ivone, sabemos todos era negra. E Fabiana é filha de pai negro, ostentando pele que as estatísticas classificariam de parda.
Ok. A pele de Fabiana é bem mais clara que a de D. Ivone, o que nem impediu a amizade entre as duas, nem a indicação pela família, nem a escolha pela produção da peça para o papel.
Mas foi o suficiente para disparar um movimento que foi classificado como uma grande pressão, via redes sociais, no sentido de condenar a indicação de Fabiana. Pressão patrocinada por vários movimentos sociais que lutam em favor da causa negra.
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Críticas tantas, não às qualidades vocais ou pessoais ou artísticas de Fabiana. Mas à falta de maior quantidade de melanina em sua pele.
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Nesse ponto faço uma interrupção em relação a esse assunto, para poder repercutir o absurdo que é o número de assassinatos cometidos no Brasil em apenas um ano ano, estatística contida no Atlas da Violência 2018, elaborado pelo IPEA e anunciado no dia de ontem, terça, 5 de junho.
O Atlas revela que foram mortos no país, no ano de 2016, 62,5 ou sessenta e dois mil e quinhentas pessoas, arredondando, em apenas um ano, o que dá a média absurda de 30,3 mortes para cada cem mil habitantes. Isso apenas no ano de 2016.
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São 172 pessoas assassinadas por dia, mais de 7 por hora. Muito maior número que a mesma estatística para a Europa. Isso em um país que vende a eterna ilusão de ser pacífico, amistoso. De boa, como dizem os mais jovens...
Mais que apenas a observação a respeito da escalada da violência, já que o número vem apresentando tendência de crescimento nos anos anteriores a 2016, o que mais choca é o fato de que 71,5% dos homicídios foram de jovens, pretos ou pardos.
Apenas em relação aos negros, o Atlas revela que a média supera os 40 por 100 mil habitantes.
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Falar que a maior parte dessas mortes se dá em Estados do Nordeste ou Norte do país, é uma informação relevante. Lembrar que os números mostram a escalada justo nos anos em que a crise da economia brasileira se tornou mais aguda também pode dar alguma contribuição para o entendimento da questão.
Mas não é suficiente para explicar porque mais de 70% das vítimas são jovens. São pretos. São pobres. Pode-se até arriscar: moradores em comunidades da periferia.
Um verdadeiro e autêntico genocídio.
Do mesmo tipo que já foi colocado em prática no Brasil colônia, em relação aos negros escravos, embora isso não fosse considerado preocupante por um país que cada vez mais quer eternizar o poema de Affonso Romano de Sant'anna, que afirma que há 500 anos matamos índios e mulheres e pobres e pretos. Especialmente jovens, pobres e pretos, como eu mesmo já comentei nesse espaço em postagem de 2017.
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Ainda agora no portal UOL há uma chamada de que até 5 mil índios e estudantes quilombolas podem ser obrigados a interromperem os estudos, por força de cortes de gastos nas bolsas permanência.
O que significa apenas a manutenção, especialmente dos quilombolas, como uma categoria de cidadãos de segunda classe.
Claro, o que alcança também à população indígena.
Coisas do des-governo temer.
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Aliás, antes de retornar ao tema cujo tratamento deu início ao pitaco de hoje, devo dizer que vou voltar a grafar o nome de Temer com maiúscula. A razão é simples: um reconhecimento de que nunca vi tanta incompetência. tanta inépcia, tanta prepotência juntas, essa última travestida, como é comum em que se arvora em forte, de insegurança.
O que faz Temer a qualquer instante ou problema que surja e que ele deve administrar, correr para a farda dos soldados, para fazer  uma analogia com aqueles meninos que, a qualquer mínima ameaça, correm para a saia das mães.
Temer, além de tudo, vai sair do governo e, diga-se de passagem, investigado e sujeito à condenação. Até por não ter feito nada em seu des-governo, além de dar asa a muita imaginação quanto a abusos em relação aos cofres públicos. Seu amigo coronel da reserva, PM Lima que o diga, flagrado com mais de 23 milhões em contas bancárias, isso depois da corridinha esperta de Loures, seu menino de recados.
A esperança que nutro é a de que para ele, nem se fala, nem se aventa em qualquer concessão de indulto. O que é uma garantia para nossa sociedade.
Por tudo isso, o mais corrupto governo, superando até mesmo o de seu companheiro de partido, Sarney, passo a respeitar sua distinção - nula- e volto a grafar Temer, com maiúscula.
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Mas comecei o pitaco com Fabiana, para voltar ao assunto da reação dos movimentos negros.
Acho que eles têm sim, que fazerem toda a manifestação do mundo possível, para resguardar os direitos que sempre lhe são devidos.
Toda essa postagem mostra esse quadro, e por isso, todos esses movimentos contam com minha mais irrestrita solidariedade.
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Exceto em relação à negra, de pele mais clara, Fabiana. Que me lembra do caso que aconteceu no início dos anos 60, talvez 61 ou 62, quando os concursos de miss eram tão famosos, em todo o país e no mundo.
Naquele ano, foi eleita miss Brasil, a mineira Stael Abelha, linda morena que, conta a lenda, não desejava viajar aos Estados Unidos para disputar o título máximo de miss Universo, como nossa representante, por temer ser desclassificada, como foi. Na época, a versão é que a desclassificação se deu por ter algum traço de sangue negro.
Outra versão diz que foram ciúmes de seu namorado que a fizeram abdicar do título nacional.
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Volto a Fabiana, não por achar ridícula a manifestação, em defesa de direitos negros, contra uma negra.
Mas por que os tais movimentos que merecem meu respeito, se equivocaram.
Afinal, o que é um teatro?
Uma busca na internet diz que é uma forma de arte em que um conjunto de atores interpretam ou representam uma história. Local onde o público vai para ver.
Ver arte!
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E o que é a arte?
Da mesma forma precária, poderíamos definir como a manifestação estética, de sentimentos, emoções, que se deseja transmitir para expressar ideias, percepções, que induzam a uma tomada de consciência, etc...
Está lá no google.
Como está lá também o fato de que, na Grécia antiga, onde a mulher não era considerada pessoa, ela não podia participar das representações das peças encenadas.
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E, por isso mesmo, os atores, homens, usavam personas, máscaras, que serviam para permitir melhor compreensão de sua fala, mas também para mostrar que, dependendo da figura da máscara, uma mulher ou outra, estivesse se manifestando.
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Minha memória é falha, mas acredito que foi em Marx (não me lembro em que passagem do texto, nem de que texto), que aprendi que persona do grego era usado apenas para representação do que se desejava mostrar.
Na passagem que a memória me traz, ele afirmava que  não tratava das figuras do capitalista ou do operário, exceto como personas. Sem entrar no mérito do juízo de valor individual de cada um. Tratava-os como as máscaras do teatro grego, para expressarem a representação de interesses de um grupo social.
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Pois bem, se desde a origem do teatro, e desde a Grécia, máscaras eram utilizadas pelos atores, para expressarem diferentes pessoas na peça, não haveria qualquer problema em se usar alguém branco e de sexo masculino, para representar D. Ivone Lara, se deixado claro que se colocava aquele ator, no papel de uma mulher negra genial.
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Foi assim que, quero crer, ninguém exigiu que se proibisse a representação nos espetáculos de ópera italianos, das figuras e vozes femininas, por jovens rapazes, submetidos até à tortura: os castrati.
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Ou seja, ao agir com agiu, os movimentos negros, demonstram antes de mais nada, uma ausência de conhecimento do que é cultura. O que apenas agrava a questão do preconceito e da falta de respeito.
Respeito à arte, e sua mensagem.
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Por isso, acho que um filme de Lars von Trier, com Nicole Kidman, chamado Dogville é um primor de filme. Apenas ou até mesmo porque faz toda uma representação de uma cidade, das casas, etc. a partir de marcações a giz dos ambientes, que são apenas imaginados.
E olhe que é um filme espetacular, e dos mais violentos, na representação do que é o ser humano, a que já assisti.
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Concluo: na arte, não há necessidade de o negro ser negro, nem do homem ser homem ou da mulher ser mulher; da criança ser criança, como os Autos de Natal nos mostram bem, na representação de soldados, Maria e José e até dos reis magos, por meio de crianças.
É isso.
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Mais poder aos negros. Mais respeito. Mais dignidade. Aos jovens, aos pobres, aos que vivem nas comunidades. Mais respeito também à arte. E à denúncia a que ela pode servir, mesmo que para denunciar o genocídio contra os negros, sendo a representação dessa realidade moderna, feita por atores/atrizes brancos. Brancos, mas conscientes de que somos todos iguais.