Uma sensação de orgulho coletivo nacional, embalado pela criação de heróis que cada vez mais acabam por revelar seus pés de barro e que, por esse motivo mesmo, raramente assumem o papel que deles se espera.
No embalo do desespero da mídia para ampliar seu faturamento e transformar o evento esportivo em principal fonte de arrecadação, de forma a compensar os custos elevadíssimos que a cenografia do espetáculo circense exige, todo nosso espaço é invadido por gritos e comemorações sempre exageradas, elogios vazios e tolos que alimentam uma arrogância desmedida.
E nas eternas queixas contra a arbitragem, e contra tudo e todos que, na teoria da conspiração que sempre é criada para justificar uma derrota, se recusa a reconhecer o óbvio: perdemos por encontrar algum time, em algum momento, melhor ou com mais gana e mais oportunidades de vencer que o nosso.
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Mas, aí de quem não é patriota o bastante para não se deixar comover pela comemoração ou pela tragédia programada. Situações com roteiros pífios e script pobres, como que a deixar claro o porque, não apenas no campo de futebol, mas também nas salas de nossas casas, quando invadem nosso ambiente de descanso, as novelas perdem conteúdo, importância e audiência.
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Começou a Copa e, já decorridos quase um mês, o caso Marielle continua sem qualquer solução. A Polícia continua sem pistas e as investigações esperando a prorrogação ou a cobrança de penalidades. Porque a cobrança por ação, justiça e respeito, esses valores toscos do que chamamos de democracia em época de Copa do Mundo ficam na banheira, mesmo na época de adoção do árbitro de vídeo, o VAR, fazendo a vida, mais que o jogo, permanecer em eterna suspensão.
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E no entanto o crime contra Marielle ainda grita, embora encoberto por vuvuzelas e cornetas e gritos histéricos de prá frente Brasil.
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DA COPA
Quanto à Copa, e ao selecionado brasileiro, apenas uns poucos comentários, sob a proteção e o alívio de já estarmos de volta para casa: o primeiro em relação a Tite e sua postura professoral, mítica, messiânica. Capaz de fazê-lo alterar até seu tom de voz e sua forma de comunicação com os torcedores todos do país, representados por uma dúzia de jornalistas baba-ovos e despreparados para fazer o mínimo que sua profissão exige: informar bem, questionar, criticar.
Tite, mesmo sendo um bom técnico, não é o porta-voz da verdade divina, não é a representação dos oráculos gregos ou romanos, e sua postura apenas reforça a sensação que, alimentado por órgãos de imprensa, passou a cultivar: de senhor de toda a verdade iluminadora.
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De Tite é bom que se fale que já há muito tempo é considerado senão o melhor, um entre os melhores técnicos de nosso país. O que o fez ser o preferido por toda a imensa maioria da torcida do Atlético Mineiro para assumir o cargo em 2005.
Aquela mesma massa de torcedores que Tite decepcionou e, sem qualquer escrúpulos ou caráter, em minha opinião, abandonou quando percebeu que o time estava muito próximo do fiasco representado pelo rebaixamento.
E olhe que nem tão próximo estaria assim se o comandante fora do gramado não se acovardasse.
Afinal, Levir chegou e pegou o time e, não fosse um pontinho do Vasco na partida da rodada final, o Galo não teria tido o desprazer de ir visitar - e ser campeão - da série B do Brasileiro.
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Reconhecer que o próprio Tite já afirmou que tem uma dívida com um time, por acaso o Galo, não refresca muito.
E seu comportamento entra para a lista de comportamentos que, adotados por alguns técnicos, tornam tais personas totalmente non gratas ao Clube mineiro.
Entre elas, Geninho, que optou pelo Corínthians e sua grana deixando o Galo na mão; Cuca e seu mau-caratismo de abandonar o time, justo na estréia da disputa do torneio de Mundial de Clubes e Tite.
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Mas, já que Tite e sua comissão técnica não entra em campo, é importante que se destaque algo, positivo ou negativo de quem calçou as chuteiras.
De Neymar o cai-cai, até o cavador de faltas ou penalidades que se voltam contra ele e seu eterno não amadurecimento.
E, reconheçamos, Neymar não precisa, não precisava disso. E a prova é que ele conseguiu, em um momento de sua carreira, ter o lampejo do gênio, do líder em campo, quando levou o Barcelona à conquista épica da classificação contra o PSG, que havia goleado o time basco em Paris.
Naquele dia, parece que dominado pelo espírito de grandes jogadores e líderes, Neymar deixou Messi e Luizito para trás e partiu lá para a frente, em direção à vitória.
Porque voltou? Por que regrediu? Por que continua com sua postura de menino mimado, sempre mais ator que jogador, sempre mais banal e piegas que um ser humano que joga muita bola, mas também erra muito.
E não me venham dizer que ele - que quis humilhar um jogador da Costa Rica com a carretilha, completamente fora de ocasião e oportunidade; que depois da vitória contra o México, ridicularizou o retorno da delegação mexicana, ainda fazendo a torcida lembrar-se, nas comemorações, do Chaves - ninguém venha me dizer que Neymar estava diferente em campo, contra a Bélgica.
Só se diferente por não ter conseguido jogar bem, errando a maioria do que tentou fazer, embora tenha feito um chute final que Courtois defendeu e tenha feito um lançamento para chute que Philipe Coutinho não conseguiu ajustar seu nariz, para mirar o gol.
Porque até naquele jogo, Neymar tentou simular e quando foi advertido pelo juiz, optou por parar de representar. O que, convenhamos o mais próximo de representar que ele consegue chegar é por meio de sua namorada.
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Culpar Gabriel Jesus, por estar sendo cobrado de exercer funções para as quais não é talhado, ou William, ou até mesmo Paulinho, não é justo. Afinal, eles não se escalam, nem a teimosia do técnico pode ser atribuída a eles.
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Mas que grande Copa fez Thiago Silva. O único a honrar a nobre arte do futebol.
Mas que grande Copa fez Thiago Silva. O único a honrar a nobre arte do futebol.
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Enquanto a Copa rola
Enquanto isso, os meninos tailandeses emocionaram e emocionam o mundo todo, e a Tailândia dá show de organização e planejamento, apenas maculada pela perda do mergulhador voluntário.
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A menina Victória, no interior de São Paulo, morta por engano, mostra a que ponto a leviandade e a maldade humana podem nos fazer chegar.
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Temer, o suspeito de corrupção, vende parcela de ações golden share da Embraer, destruindo uma das quatro maiores empresas de construção aeroespacial do mundo, e com ela toda a tecnologia acumulada em anos de pesquisas e dedicação.
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E Carmem Lúcia continua sem pautar a ação de prisão em segunda instância.
Na mixórdia que esse país se transformou, especialmente, tendo em conta as questões relevantes do direito e da segurança jurídica, não é de se estranhar que um desembargador atropele a decisão de um tribunal colegiado; nem que um juizeco de quinta categoria, venha a dar palpite e mandar descumprir a ordem do juiz hierarquicamente superior, nem mesmo esse juizinho estando de férias.
Ah! como seria bom se o juiz tivesse determinado a abertura de sua conta bancária e de sua família, desde ao menos o caso do Banestado, nunca bem explicado.
E que bom se pudesse provar sua lisura, muitas vezes questionada, pelo tanto de voracidade em condenar Lula e vários políticos de sua base, embora, como mostram as fotos e as redes sociais, sempre esteja acompanhado de Dórias, Aécios, e outros pessedebistas de honra nunca suspeita.
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Não vou entrar no mérito do oportunismo dos advogados que sem serem ligados ao PT ou ao ex-presidente, deram entrada com o pedido de habeas-corpus de Lula.
Tiveram êxito, senão em soltar o prisioneiro, em deixar claro o mal que Carmem Lúcia provoca ao país.
A culpada de tudo que aconteceu ontem é apenas dessa magistrada, que abusa de seu direito de pautar os temas do Supremo, e o faz com tremendo escárnio em relação às ambições, desejos e sentimentos da sociedade brasileira.
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Retorno com os pitacos após a final da Copa que será entre a França e a Inglaterra, e a França sagrando-se campeã. Ou então entre a Bélgica e a Inglaterra, com o British Team comemorando ao final.
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