https://youtu.be/fWVeHiiY7wo
Dentre
o conjunto de experiências que conformam o senso comum, uma noção muito
difundida atribui uma capacidade de expansão ilimitada ao conhecimento.
De
acordo com a experiência popular, isso se dá uma vez que, enquanto a quantidade
de conhecimento detida pelo transmissor não se reduz, novo conhecimento será
gerado e incorporado ao sujeito alvo da processo de transmissão.
Situação
que ilustra a característica positiva identificada pelo filósofo Antonio Gramsci
no conhecimento popular, que todos têm e produzem.
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Mas
muitos alertam que nem sempre o conhecimento vulgar ou prático é positivo ou
está correto. Afinal, se uma mentira repetida várias vezes tem o poder de ser reconhecida
e aceita como uma verdade, ela não tem o poder de ser, nem de mudar a verdade.
Ainda
que difundida pela máquina de propaganda de Goebbels, ou pelas narrativas e
fake news que invadem cada vez mais as redes sociais.
Irresistível
não citar Umberto Eco, para quem “ a internet deu voz a uma legião de imbecis”.
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De
igual forma, o senso comum viraliza uma grande asneira, ao afirmar que no Brasil,
o ano só começa depois do carnaval. O que é totalmente fake.
Que
eu tenha ficado desde dezembro curtindo o recesso de festas de fim de ano, que
tenha passado janeiro sem qualquer pitaco e esteja retomando-os apenas agora,
findo o carnaval, não significa que não tenha havido motivos para manifestação.
O
motivo de meu silêncio está mais na conta de minha incapacidade de tratar temas
tão complexos e sobre os quais não apresento o domínio necessário.
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Não
falo das discussões econômicas e do embate vergonhoso pela disputa de verbas
orçamentárias, travada de um lado por um Congresso que visa mais os interesses
paroquiais de seus membros que a melhoria das condições de vida do povo.
Um
Congresso a um passo de ser taxado de chantagista, que negocia verbas na
tentativa de manutenção de um governo refém, Legilativo muito próximo de se
tornar completamente venal.
Um
Legislativo que obriga ao pagamento escandaloso de verbas destinadas a emendas
parlamentares, impositivas, sob o argumento de que suas nobres excelências (ou
excrescências) sabem melhor das necessidades dos rincões transformados em
currais, de onde se originam.
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Vejo
aqui um desrespeito à própria Constituição Federal cidadã, que ao tratar do
processo orçamentário determina que o governo de plantão apresente, no primeiro
ano de seu mandato, um PPA – Plano de Ação Plurianual, a ser deliberado, votado
e aprovado pelo Congresso, para vigorar a partir do segundo ano, como lei. Com vigência
para os próximos 4 anos (entrando no primeiro ano de mandato do sucessor).
Ora,
se há um plano estratégico para o país, elaborado com contribuições de nossos
representantes, ações financiadas fora desse escopo e de forma completamente
descoordenada são apenas uma forma falaciosa de atender melhor aos interesses
da comunidade. Atende sim, ao interesses eleitoreiros.
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Da
igual forma, expandir os valores do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário para cerca
de 5 bilhões de reais não é apenas chantagem deslavada ou um acinte. Considero
um ato de agressão. Um tapa na cara da população que passa fome e padece da
miséria, dependendo de auxílios sociais para manterem um mínimo de padrão de
vida e dignidade.
Mas,
esses gastos, que o Executivo veta, e cujos vetos estão sob a ameaça de serem
derrubados tendo em vista um alegado respeito a pretensa separação e autonomia entre
os Poderes, não são os gastos que a midia, na defesa de seus interesses empresariais
e de seus anunciantes – banqueiros, financistas, agrotrogloditas, aproveitadores
de negócios de toda origem ou espécie – acusam de estarem estourando as metas
fiscais, expandindo gastos populistas, ampliando a dívida e prejudicando o ambiente
de negócios no Brasil.
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Impedindo
a queda das taxas de juros, a expansão do crédito e dos investimentos, enfim, o
crescimento dos lucros do país. Isso, quando os maiores bancos anunciaram trágica
queda de lucros no ano de 2023, para a bagatela de 97 bilhões. Isso em um país
que estudos de dados da Receita indicam que a renda da parcela dos mais ricos ampliou 3
vezes mais que a da maioria da população e pode dobrar em 5 anos. Ou que aumentou
quase 4 pontos percentuais a proporção do bolo apropriada pela parcela de 1%
mais rico, dos quais, o milésimo mais rico apoderou-se de 80%.
Mas
a medida de reoneração da folha de pagamento, adotada por Medida Provisória pelo
governo já nos últimos dias de 2023, e que o Congresso ameaça vetar, é capaz de
unir congressistas, empresários e até os donos de meios de comunicação que ganham
com a desoneração aprovada pelo Legislativo para vigorar até 2027.
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E
dá-lhe editoriais malcriados a desancarem a gastança do governo, incapaz de
fazer a reforma administrativa que eles cobram, atingindo servidores e serviços
públicos, para que, revoltada e mau atendida, a população mais carente ocupe as
ruas em manifestações pela privatização do que o governo “é incapaz de fazer”.
Ora,
já falamos antes que entendemos a desoneração como a forma de retirar do
empresário nacional a sua cota de participação no financiamento tripartite
(governo e empregados, nas outras partes) e solidário, inclusive
intergeracional que é a base de sustentação do regime de Previdência Social que
os mercados querem privatizados.
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São
muitas as questões econômicas e de políticas públicas, de cunho fiscal,
monetária, industrial. Mas devo ainda tratar de outras duas questões: o escândalo
das provas, em mais uma reunião ministerial que deverá entrar para os anais da
história (a de abril de 19 e agora julho de 22) de tentativa de derrubada do Estado
Democrático de Direito sob a liderança do golpista que chefiava o Executivo.
Mais
uma vez sendo o covarde que sempre foi, o inelegível mentiu aos seus companheiros
de que a reunião não estava sendo gravada. Depois propôs o golpe pela virada de
mesa. Antes das eleições. De forma a melar o jogo.
Quanto
aos atos de violência, nada mais fez que os incitar. Afinal, se não cancela as
eleições – golpe 1 - e não as vence, haveria um caos no país, com risco de sair
preso do Planalto.
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Claro
que os patridiotas iriam agir, como já estavam agindo a julgar pela confissão
de heleninho, com a cara que qualquer mau-caráter usaria sem rubor. Isso, para
mostrar de vez de material são feitos nossos militares.
Guedes
ficou em silêncio. Para quem trabalhou no governo Pinochet, teria outra forma
de se comportar?
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Volto
a tratar dos pitacos e agora com mais constância. Afinal, muitas questões preocupantes
assolam nossa realidade e, mesmo que eu não seja o mais capacitado a tratá-las,
não posso perder a oportunidade de dar alertas.
Afinal,
como tratarei pitaco próximo, nessa democracia de araque que parece estarmos vivendo
(vide A ordem do Capital de Clara Mattei), todo cuidado e alerta é pouco.
Um comentário:
Muito bom, Paulo! 👏👏👏
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