quinta-feira, 28 de março de 2024
Pitacos de março, fechando o verão em nosso país
Não queria terminar o mês de março sem mais um pitaco.
Afinal, vários fatos dignos de comentário vêm ocorrendo em nosso país.
O primeiro deles, uma homenagem à Marielle e Anderson - sempre presentes - e à prisão dos irmãos Brazão, autoridades de relevo e figuras proeminentes do impoluto estado do Rio. (Eu poderia usar adjetivo mais simples, mas o Rio merece a ironia contida na frase).
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Afinal, trata-se de um conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, colegiado de que faz parte qualquer membro aprovado no dificílimo concurso da indicação política, dos tapinhas nas costas, acordos e promessas não republicanas. Situação que não é exclusiva do Rio, para ser justo e tem lugar em todos os demais estados da União.
O segundo irmão, deputado federal, representante de parcela importante de eleitores do Rio, o que não deve causar qualquer estranheza, dado o histórico eleitoral do Rio.
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Recordando, foi ali, em 1988, que eleitores bem humorados, frente à falta de opções, lançaram a candidatura à Prefeitura do Rio do Macaco Tião (um dos habitantes mais populares do Zoo).
Foi também o eleitorado carioca, quem elegeu os últimos 5 governadores, todos com uma mesma trajetória: do governo para a prisão. Sem contar o juiz Witzel, dos pulinhos em comemoração a ação letal da PM, afastado em processo de impeachment.
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Pode-se discutir o desencanto da população carioca com a política, ela que já teve o privilégio de ter convivido, por tanto tempo, com o centro do poder político do país.
Talvez por isso, melhor que todos nós, consciente da qualidade da política e de nossos políticos.
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Pode-se discutir a força e a pressão bárbara e selvagem exercida sobre o carioca, pelos grupos do narcotráfico, das milícias, dos jogos de azar, ou de sua fusão nas organizações do crime.
Embora nosso passado político do coronelato e seus jagunços, da política dos governadores da primeira república, dos currais eleitorais, dos votos de marmita e daqueles fraudados das cédulas analógicas, não fosse menos violento, corrupto e criminoso. Apenas sem as mídias e redes sociais.
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Inegável, no entanto, observar, constatar e enfatizar que não existem vazios na política. E, no espaço deixado abandonado pelo Estado - que alguns ainda insistem em desejar tornar mínimo-, o que resta é a ocupação por grupos de bandidos e pelo terror.
Em respeito ao Rio de Janeiro e sua gente, devemos reconhecer que não é apenas aquele estado que se encontra nas garras das Orcrims que, tal qual a ação das máfias e a exemplo do filme, baseado no excelente romance de “O Poderoso Chefão” (de Coppola e Mário Puzzo, respectivamente), uma vez conquistado o poder, resolvem adotar um processo de higienização, que as torne mais aceitáveis, atuando em negócios de maior respeito e socialmente reconhecidos.
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O que inclui a formação de quadros de elite, ostentanto elevadas qualificações.
Para então, à moda de Michael Corleone, chegarem a ser indicados ou se candidatarem a um cargo político de relevo e expressão, como um governo de Estado, uma vaga na Câmara ou no Senado, na polícia, nos órgãos de segurança e na própria magistratura.
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Um segundo ponto que merece ser tratado, e que vem ocupando a atenção do país, da mídia e das redes: a ida do ex-presidente, tornado inelegível e sempre caricato Bozo, à embaixada da Hungria.
Para dizer que, depois de seu filho caçula, Jair Renan, ter se tornado réu por vários crimes, todos bastante relacionados ao sobrenome que ostenta – lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, uso de documento falso – não causa espanto o covardão ter ido se hospedar na embaixada da Hungria.
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A lamentar que tenha sido um órgão de imprensa internacional o responsável pela matéria ou denúncia do comportamento suspeito de quem talvez ache melhor já ir...
Quanto à alegação dos advogados de defesa do inelegível, e das mensagens de bolsotários nas redes sociais, de que ele mantém contatos e agenda de encontros em representações diplomáticas no país, para analisar, acompanhar e discutir a evolução dos acontecimentos internacionais, reconheço ter havido benéfica mudança de postura de quem, até recentemente, fazia questão de se mostrar um pária.
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Ainda assim, a alegação não para de pé. Não apenas por Bozo ter desrespeitado a determinação do Ministro Alexandre de Moraes, de não cruzar as fronteiras do país, razão de ter tido de entregar o seu passaporte; mas por ter permanecido em território em que vigora o princípio da extraterritorialidade internacional por 2 dias.
Mais uma vez, fico triste que nossos meios de comunicação tenham perdido sua capacidade investigativa. Era imperativo que, frente às alegações de manter contatos e visitar embaixadas para troca de informações, algum repórter fosse a campo pesquisar em quantas e quais ocasiões, o ex-presidente tenha frequentado representações diplomáticas de outros países.
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Poderia deixar de mencionar, em respeito a todos nós, a reunião com embaixadores para discursar contra nosso sistema eleitoral.
Em minha visão, o país poderia perceber que além de covarde e fujão, nosso presidente é um cara de pau, pinóquio mal acabado e mal encerado.
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No Congresso, Lira continua seu jogo de pressão sobre o governo, quem sabe em busca de cargos, quem sabe de recursos ou verbas, quem sabe em busca de algum futuro para sua carreira na Câmara, a partir de 2025.
A economia vai se comportando cada vez mais positivamente, com queda esperada da inflação, queda do desemprego formal, aumento da criação de vagas de trabalho de carteira assinada, queda – embora a conta gotas – dos juros; aumento da arrecadação e da renda real do trabalhador.
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Infelizmente, em contraponto, as pesquisas de opinião mostram a incapacidade de o governo romper a bolha das fake news e divulgar os avanços que vêm sendo feitos em vários campos. (Exceção feita à saúde, abalada por desejos inconfessáveis do centrão, pela dengue e pelo tratamento dispensado aos Yanomamis; pelo tratamento tópico contra os mineradores e aos empresários incendiários do ogronegócio; e pela questão da segurança pública, deixada nas mãos e interesses da bancada do boi-bala e bomba, ou da tiro-porrada e bomba).
E mais trágico ainda, sob a ameaça do Banco Central, influenciado por seu presidente, tornar-se autônomo, inclusive do ponto de vista do orçamento, e acabar por retirar do governo o poder que o povo lhe atribuiu de adotar políticas econômicas: monetária, fiscal, cambial e industrial.
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Um comentário:
O triste e belo Rio de Janeiro há tempos vem sendo mal tratado. Vários de seus representantes eleitos encarnam a decadência do Estado... a começar pelo inelegível que obteve sucessivas vezes o direito de estar em Brasília, sem nunca apresentar um único projeto de interesse relevante.
Aproveito o espaço para manifestar um desejo: é melhor já ir na Hungria! A Hungria de Minas! Mais conhecida como Nelson Hungria... a penitenciária.
Fernando Moreira
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