Todos conhecem a fábula do sapo e o escorpião, o que torna desnecessário repeti-la aqui. Razão por quê, nos limitamos apenas a recordar de seu final e da reflexão a que ela nos conduz, que destaca a natureza do escorpião, ainda que encoberto pelas águas.
A busca pela fábula, no Google, nos remete a um sem número de links, que abordam desde o fato de o escorpião amarelo fazer parte do fluxo da cadeia alimentar do sapo-cururu, o que transforma o sapo em predador do aracnídeo, até outros endereços de cunho mais literário, que procuram identificar o caráter educativo da narrativa ou mais filosófico, destinados a interpretar a moral ali contida.
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Mas deixemos de lado o mundo dos animais, para tratar do assunto que é nosso tema no dia de hoje, embora o uso da narrativa possa não se aplicar de forma plena ao nosso conteúdo. Isso porque pelo que pude recordar, as fábulas são pequenas histórias onde os personagens são animais, que mimetizam comportamentos humanos.
E o personagem de nosso pitaco cada vez mais distancia-se da imagem de animal, ao menos do tipo racional.
Trata-se, por óbvio, de Jair Messias, que dispensa apresentação ou justificativa.
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A razão de iniciar o pitaco com a referência à fábula, é destacar a natureza, o caráter do candidato a genocida que ocupa o Planalto.
Um homem que desde sempre traz o signo da morte, de quem parece emissário.
Não fora assim, não teria, desde quando ainda pertencia à Corporação que o formou, proposto e planejado ataques às edificações militares, aos quarteis que congregavam seus companheiros de farda, transformados em alvos para a instalação de artefatos explosivos, em manobra destinada a reforçar reivindicações por aumento de soldos. Ou prestar-se à chantagem ao Alto Comando do Exército.
Por sorte daquela Arma, o Cavalão (aqui o apelido, não o personagem de mais uma fábula!) acabou sendo levado a julgamento, tendo sido objeto de processo que culminou com sua "expulsão", ou a saída negociada do "pede para sair..... 02".
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Livrou-se a tropa de um demente, de um marginal, cuja exclusão, se poderia ser considerada uma vitória, representava uma autêntica calamidade jogada sobre a sociedade civil.
Para nossa intenção, basta destacar o resultado fúnebre que tal ação poderia acarretar, se levada a cabo.
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Convidado a abandonar as fileiras da Corporação, Bolsonaro tomou o rumo da política, candidatando-se e sendo eleito para uma cadeira na Câmara dos Deputados, onde se manteve desapercebido por mais de 25 anos, escondido nos corredores e nas galerias sombrias do submundo e dos esgotos da Câmara.
Nesse tempo, aproveitava-se dos inúmeras oportunidades que os recursos públicos, travestidos de verbas de gabinete, permitiam auferir. Vantagens advindas da falta de controle efetivo e emprego de manobras, como indicação de funcionários fantasmas ou "rachadinhas".
Mas, não era só. Dando vazão a sua natureza, sugeria que a ditadura militar deveria ter mandado fuzilar - e não apenas torturar - uns 30 mil adversários políticos, inclusive o presidente FHC.
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A morte estaria presente depois, em seus discursos, em sua campanha à presidência de uma República, tão vilipendiada, que capaz de dar espaço a que um representante de sua negação, pudesse concorrer e se tornar vitorioso.
Foi em campanha que ameaçou fuzilar a "petralhada", além de banir os "marginais vermelhos", em suposta faxina que ganhou eco junto a parcela da população, cada vez tornada mais rancorosa, por ter sido sempre alijada das conquistas econômicas e sociais da nação.
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Não bastava a tortura que elogiava abertamente e a que prestava reverência. A tortura desnudava apenas o sádico no exercício do poder.
Sadismo que se expressa a cada vez que se propõe a submeter à fritura, por qualquer motivo que seja, mesmo o mais mesquinho ou fútil, aos seus auxiliares, seus ministros.
Isso para não mencionar os militares que atraiu para sua campanha e depois para seu governo, sujeitos a humilhações e ataques constantes, alguns de forma subterrânea.
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Vale esclarecer que não sinto qualquer comoção maior em relação às agressões aos militares, em especial, o tratamento de subalternidade que lhes é dedicado por Bolsonaro.
Ao contrário, acho que o tratamento - que não atinge a toda a tropa, dirige-se e alcança apenas aqueles saudosos da ditadura, adeptos e defensores da tortura, os autoritários que não se acostumaram às perdas de cargos e poder e prestígio e que correram a prestar apoio aos delírios do embaixador da morte.
Esses, por mais augustos ou mourões firmes que sejam, colhem apenas o que plantaram e fizeram por merecer.
Diferente, esses, de um Pazuello, sabujo autorreconhecido. Ou de um Ramos, que seus colegas de ministério já adjetivaram de forma suficiente.
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Empossado, Bolsonaro não apenas se prontificou a decretar e trabalhar pela morte e destruição de qualquer resquício de instituições democráticas, quanto pela destruição do comportamento ético, moral.
Razão porquê seus vizinhos de condomínio foram acusados do assassinato de Marielle e Anderson, seu motorista; embora a vereadora opositora incomodasse mais os negócios de seus parceiros, milicianos.
E sua cruzada para a implantação da liberdade para matar, seja facilitando o acesso, sem qualquer controle, a armas e munições, seja a partir da instauração da liberdade para a realização de tribunais sumários, sob o título de excludente de ilicitude para policiais (em qualquer situação).
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Não à toa, os números do mapa da violência contra pobres, pretos, jovens, populações de comunidades das periferias; a mortalidade por tiroteios e balas perdidas, especialmente de crianças (sempre pobres, sempre pretas!); as estatísticas de mortes causadas por policiais - verdadeiras chacinas - não cessam de se elevar, dando margem ao temor de estar em curso uma política de genocídio.
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As arminhas com as mãos ou no "coldre" de seus filhos, mesmo em visitas e fotos no Palácio, mostram que o presidente é uma personagem retirado do velho oeste americano, onde proliferavam os justiceiros, os bandidos transformados em xerifes pelo uso das armas, os matadores de toda espécie.
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Nesse desgoverno sob o emblema da morte caveirosa, nada poderia calhar mais que uma pandemia, como a que devasta o mundo e aqui no Brasil chegou a ser considerada mera gripezinha.
Afinal, a morte nos alcançou de chofre, e o presidente, responsável por agir como líder, coordenando os esforços de combate à crise sanitária e seus efeitos, preferiu se omitir.
E daí, se ele não é coveiro? E daí, se um dia todos nós iremos morrer mesmo? E daí se ele, por ter histórico de atleta, não seria afetado salvo por sintomas de um resfriadozinho? E daí se ele não é maricas e não vai se submeter ao tratamento de aplicação de ozônio retal?
E daí se ele comemora a interrupção de testes com uma vacina que pode salvar vida de milhares de brasileiros, depois de já quase 185 mil outros mortos, de distintas idades e situações e condições?
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Bolsonaro torce e deseja a morte, dos outros, daqueles que, em tese, constituiriam seu povo.
Por isso, o ministério da Saúde com o ministro general fantoche não tratou da encomenda e de fechamento de compras com os laboratórios desenvolvedores de vacinas, de qualquer tipo, de qualquer nacionalidade.
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O que interessou a Bolsonaro foi a propaganda da cloroquina, porque quem é seguidor do mito, toma cloroquina. Aos perdedores, a tubaína.
Ao menos Machado e seu Quincas Borba foram mais originais: aos vencedores as batatas!
Pelo menos assim deve ter pensado a ema do Palácio, com mais juízo que o idiota que insistia em lhe oferecer embalagens de cloroquina.
Afinal, a ema, como todo animal, tem um instinto de preservação agudo. E preferiu retaliar a agressão, revidando a mão que apedreja, incapaz de afagos.
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Daí o algoz da nação mantém sob sua responsabilidade um gestor em logística. Tão eficiente e eficaz que não conhecia o que é o SUS, acredita que o Nordeste segue a mesma lógica climática que os países do hemisfério Norte, e é incapaz de manter um controle de estoque, com controle de prazo de validade de testes perecíveis.
Ora, o general fantoche, provavelmente deixa perder o prazo de validade de material sob sua guarda, apenas para contentar à sanha de morte de seu líder ou mito.
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Dessa forma, não chega a ser nem um pouco surpreendente que em evento no CEAGESP, ontem, em São Paulo, o presidente delirante, prefira invocar a desratização do estado, em clara ameaça e referência a Dória (rato que foi seu aliado, em campanha).
Dória não merece ser agredido em sua casa. Os ratos não merecem qualquer comparação com o governador.
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Apenas que Bolsonaro foi além: não bastasse torcer para provar o infrutífero uso de máscaras, ou a afirmação feita em entrevista ao Datena, de que não vai tomar a vacina, ele se supera.
Só assim, se entende a intimidação que deseja promover a todos os cidadãos que, lutando pela sua sobrevivência, se dispõem a enfrentar as filas que forem necessárias para se vacinarem. Se protegerem do vírus fatal.
Em franca atitude de transferência de responsabilidade, feita por um irresponsável, prestes a cometer um ato passível de ser considerado crime de lesa humanidade, Bolsonaro negocia para incluir na Medida Provisória que trata da aquisição tardia de vacinas, um termo de compromisso, pelo qual que tomar a vacina se responsabiliza por seus efeitos.
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Melhor seria se fosse ao contrário. Os bolsotários, como o ídolo, assinassem um termo de compromisso, propondo ressarcimento ao Tesouro de eventuais gastos que tivessem de incorrer, em tratamentos hospitalares, por contaminação da Covid.
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Mas, esperar o que, de uma MP que listando os critérios de prioridade na vacinação, deixa de fora o grupo de presidiários.
Querer o que de quem, em discurso se preocupa apenas em fazer propaganda da retomada da funesta ideia do excludente de ilicitude para os militares em ação (seja lá o que isso possa significar!!)
A quem é capaz de defender com a maior tranquilidade a ideia contida na máxima de que bandido bom é o bandido morto. A ponto de se referir de forma elogiosa à carnificina provocada pelas tropas policiais militares no Carandiru, em que 111 homens foram massacrados.
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Nem se discute o fato de tais detentos estarem pagando seus crimes contra a sociedade e não terem podido terem uma segunda oportunidade.
O crime aqui é mais sério: crime do Estado, com o monopólio da força e das armas, contra seres humanos a quem não foi dada qualquer chance de se defender.
Crime do Estado contra aquele que estava sob sua guarda e proteção.
Crime que apenas destaca que o senhor da Morte não passa de um covarde, que se vangloria de um grupamento de homens fortemente armados terem sido necessários para controlar e combater um grupo de homens enjaulados sem armas de fogo ou munição.
E, depois, quem é o maricas???
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