quinta-feira, 8 de abril de 2021

De vassalos e sabujos: os homens que compõem nossas forças militares e nosso governo civil

Confesso não saber as razões, mas como qualquer pessoa curiosa e com acesso à leitura de jornais, é de meu conhecimento que o ano astrológico tem início no dia 20 de março, quando o sol entra em aquário!!!

Portanto, em minha ignorância, acredito não estar cometendo um erro muito grosseiro se afirmar que o ano zodiacal tem início em abril.

O que, como brasileiro, significa que temos fartura de datas para marcar o início do Ano Novo: a oficial, de 1º de janeiro; a informal, de aceitação inquestionável pela maior parte da população, do final do Carnaval; e a astrológica, do mês de abril.

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E, estejamos entrando na Era de Aquário de mudanças prometidas ou desejadas, ou não, o certo é que Abril começou quente nesse ano de 2021.

Quente e mórbido, em razão do vírus da Covid e do comportamento tipicamente genocida de quem deveria assumir a liderança responsável no combate da pandemia que nos assola.

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Ao contrário, o comportamento perverso e genocida de Bolsonaro nos arrasta, cada vez mais, para o centro do desastre humanitário, demográfico, econômico e social, que varre nosso país, a partir do desdenho que insiste em demonstrar por medidas de isolamento social, ou o uso de máscaras, pelo respeito às recomendações cientificamente comprovadas, e até da importância tempestiva de adoção de campanhas de vacinação.

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Este comportamento de negação da crise e de sua dimensão ou de seus efeitos deletérios é que permite entender a sequência de trocas de ministros responsáveis pela Saúde, mas não apenas, aproveitando toda circunstância para desestabilizar o país e seu próprio governo.

Daí a dança de cadeiras nos ministérios da Justiça, das Relações Exteriores, da Secretaria de Governo, Cidadania, Educação, etc. etc.

E nesse abril quente, até mesmo na Defesa e nas Forças militares.

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A essa altura, apesar de decorridos apenas 7 dias de abril, fica cada vez mais evidente sua continuada tentativa de se cercar de militares confiáveis e adeptos de uma aventura golpista, autoritária, antidemocrática, sob seu comando, sonho que acalenta desde antes mesmo de eleito ou empossado.

Muito se disse da galhardia e compromisso democrático do general Fernando Azevedo, e sua disposição de conservar o papel das Forças Armadas como forças de defesa das instituições de Estado.

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Ok. Vamos esquecer que Azevedo estava presente, junto ao arremedo de ditador, no helicóptero que sobrevoou o Forte Apache em dia de manifestação antidemocrática promovida por aquela parcela da população que não se sente madura o suficiente para não precisar de viver sob tutela.

Vamos esquecer que Azevedo faz parte dessa mesma turma de militares que se considera responsável pela manutenção e pela guarda da democracia, do respeito à ordem e segurança e pela liberdade.

Guardiãs dos mais elevados valores nacionalistas, morais, éticos, dessa população brasileira infantilizada e incapacitada.

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Vamos esquecer da máxima popular, de que “Rei morto, Rei posto” e que, para cada Azevedo que sai, sempre tem um Braga Neto para assumir o lugar, com a mesma subserviência escudada pela disciplina, hierarquia e.... pelo sonho golpista.

O mesmo Braga Neto, defensor da democracia, que divulga nota em comemoração ao golpe militar que instaurou 21 anos de arbítrio, prisões, tortura e mortes, sem dar cabo, antes ao contrário, da corrupção civil ou fardada.

Ah! dirão, mas o golpe militar impediu a implantação do comunismo.

Uma inverdade: ninguém, nem nada retira das mentes doentias, os fantasmas que elas cultivam com tanto zelo, seja como resultado, de um lado, seja como forma de justificativa de seus arroubos e desvarios.

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É fato que os nossos militares não apresentam comportamento distinto de seus congêneres de outras nacionalidades.

Mas, para militares que se julgam os pais da Pátria, a última bolacha do pacote, mesmo em um país que não tem qualquer pretensão de domínio internacional, de conquistas típicas de império, o mais recomendável seria a extinção dessas forças.

Ao menos evitaria a tentação, futura, de repetição de algumas passagens convenientemente esquecidas de nossa história, em que  as forças armadas se voltaram contra o povo brasileiro (vide episódio de Canudos, ou  do sítio de Caldeirão, no governo Dutra).

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A extinção das forças armadas, além de tudo, serviria como fonte importante de economia de recursos públicos.

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Mas, se a subserviência militar de um general Braga Neto, ou Augusto Heleno, encontra amparo na disciplina, porque é difícil aceitar que generais se submetam a um ex-tenente, ainda mais considerado mau soldado, não fica atrás a subserviência de um cardiologista reconhecido por seus pares, como o dr. Marcelo Queiroga.  

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Vale dizer que o dr. Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, ainda levou algum tempo depois de sua nomeação para mostrar sua capacidade de se curvar ao poder.

Enquanto não se desvencilhava das clínicas de que era sócio para assumir a pasta da Saúde, até que se mostrou um homem voltado para a aplicação das melhores recomendações da prática médica científica.

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Correndo atrás do tempo perdido, procurou negociar e adquirir maior quantidade de vacinas com laboratórios produtores internacionais. Além disso, mostrou preocupação em promover o uso de máscaras, de hábitos de higiene, de medidas de isolamento social.

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No entanto, para não ser dispensado antes de ter tempo de poder mostrar e marcar sua carreira com os sinais de vassalagem explícita, deixou claro que a política de saúde não é do ministro, que é meramente um executor da política de governo.

Para bom entendedor, embora ele seja o médico, quem dá a receita é o ex-militar, com quadro clássico de psicopatia.

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E, para fazer referência a outro ditado popular, como não há bem que sempre dure, o ministro acaba de explicitar que seu apego à boa ciência não resiste à presença de seu chefe,  em viagem que fez acompanhando o irresponsável que dirige o país a Chapecó.

Em visita de solidariedade e confraternização ao prefeito negacionista e mentiroso daquela cidade catarinense, divulgador do tratamento precoce de ineficácia comprovada, Bolsonaro voltou a elogiar a independência e autonomia e liberdade dos médicos favoráveis à aplicação de placebos.

No que foi prontamente apoiado pelo ministro, cuja fala transcrevo a seguir: “ Aqui em Chapecó, ...., nós pudemos ter o exemplo de que é possível conciliar a autonomia do médico com a recuperação dos nossos pacientes.”

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Resta apenas assinalar que as UTIs estão lotadas de pacientes de Covid na cidade; que o número de óbitos supera a de outras cidades do estado; que tratamento precoce, na opinião do responsável pela saúde naquele município é o acolhimento precoce e não a aplicação de medicação sem eficácia e que o prefeito decretou o 'lockdown' tão temido pelo capitão, de 14 dias no mês de março.

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Queria tratar ainda da sabujice de Aras e de André Mendonça, mas deixo para outro momento. Afinal, ainda veremos mais ocasiões de os dois candidatos à cadeira no Supremo estarem  se arrastando heroicamente pelo chão.

Como as serpentes do Paraíso. Ou como os fariseus dos templos de Cristo.

2 comentários:

Unknown disse...

Mudaram apenas os mosquitos... para tudo ficar exatamente como sempre esteve, desde que bolsonaro assumiu o poder... ou pior, afnal a horda de zumbis ainda o aplaudem e aa instituições vão ruindo. o stf vem dando o ar da graça, talvez tardiamente e com um capacho usando toga.

Unknown disse...

"Ah! dirão, mas o golpe militar impediu a implantação do comunismo.

Uma inverdade: ninguém, nem nada retira das mentes doentias, os fantasmas que elas cultivam com tanto zelo, seja como resultado, de um lado, seja como forma de justificativa de seus arroubos e desvarios."

O trecho acima diz muito e define a história recente do Brasil. O fantasma do comunismo está vivo sim, apenas na mente da direita, que precisa de uma justificativa para seus atos, não alinhados com as necessidades do país.

Ademais, o "freak-show" segue.

Estado de choque no Estado "laico" com o "estadista" que não conseguiria nem administrar uma loja de chocolates milionária, como aquela do próprio filho.