Precisamos tratar do marco temporal: a pretensa data que, de acordo com os interesses dos invasores de terras indígenas – produtores do agronegócio, pecuaristas, mineradores, madeireiros, grileiros de todo tipo, a Constituição de 1988 teria fixado como base para definir a posse de terras por tribos indígenas.
Em outras palavras, segundo esta tese, apenas aquelas terras
ocupadas pelos povos indígenas quando da promulgação da Constituição cidadã, em
5 de outubro de 1988, poderiam ser reinvidicadas por estes povos e reconhecidas
oficialmente por meio de sua demarcação.
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Apenas para registro e não cometer qualquer injustiça deixando
de mencionar algum tipo especial de grupo invasor, importa reconhecer que
invasores fomos e somos todos nós que, desde 1500 no mínimo, aportaram a essas
terras e tiraram o sossego, a liberdade, além de provocar uma verdadeira degradação
do modo de vida dos povos que aqui habitavam.
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Para esclarecer, analisar, debater e nos manifestar quanto à
interpretação da Constituição Federal em relação à tese do marco temporal, importa
verificar o que está expresso em nossa lei maior,em seu Capítulo VIII, intitulado Dos Índios, especialmente em
seu artigo 231.
Em seu caput o artigo 231 estabelece que:
“São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes,
línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as
terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União
demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.”
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A partir de uma primeira interpretação,
literal – vemos que o advérbio TRADICIONALMENTE significa “de maneira
tradicional, de acordo com a tradição, com os hábitos, saberes, conhecimentos
passados de uma geração para outra .... De modo costumeiro, habitual.” (extraído
do site https://www.dicio.com.br › tradicionalmente).
Não há qualquer menção a uma data fixada. Muito menos à
fixação do índio à terra. Ao contrário, o que se vê em vários outros sites disponíveis
para consulta no Google, nos informa que os índios sempre se caracterizaram
como povos nômades ou seminômades.
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Se em algum momento se tornaram sedentários e vinculados a
atividades agrícolas, provavelmente tenha sido resultado muito mais de ações de
órgãos criados na estrutura do governo, como o Serviço de Proteção ao Índio, criado
a partir de 1910 e extinto em 1967.
Entre os objetivos do SPI, constava a implementação da política
nacional indigenista, destinada a civilizar o índio e transformando-o em um
trabalhador nacional.
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Destaca-se que na época os silvícoloas eram considerados
plenamente incapazes pelo Código Civil, o que os colocava sob tutela do SPI.
Não é de se estranhar que, procurando uma proteção junto ao
órgão que consistia em seu algoz, os povos indígenas fossem sendo forçosamente
mantidos em áreas ou regiões territoriais limitadas, restritas em tamanho, transformando-se
em povos sedentários ligados à atividade agrícola.
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O artigo 231 da Constituição conta com 7 parágrafos, que apenas
esclarecem e reforçam o que o seu caput já diz de forma explícita sendo, de fato,
uma lei de alforria e reconhecimento de plenos direitos desses povos ditos
originários, sempre prejudicados.
Para não ficar cansativa a leitura, transcrevo sem
comentários adicionais, mas com grifos seu:
“§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas
pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para
suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos
recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua
reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.”
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Nenhuma menção a data. Logo, a tese do marco temporal é
apenas a defesa de interesses que contrariamente à Constituição, privilegiam
interesses de setores do capital produtivo e especulativo, que apenas promovem
a deterioração do meio ambiente, o desmatamento, a agressão predatória dos
recursos naturais e, por fim, o aquecimento global com prejuízos que cada vez
mais se evidenciam, para todos.
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Argumentar que a vitória da tese contrária, que cumpre a
Constituição e respeita o direito dos índios irá significar o fim do
agronegócio no Brasil, como já feito pelo inepto e mal intencionado que ocupa o
Executivo não é somente discutível. É mentirosa.
Primeiro porque os índios não reivindicam para si, por ganância
toda e qualquer terra produtiva, mas apenas as vinculadas a sua tradição,
história, costumes e usos.
Segundo porque o agronegócio, diferente daquele tipo de
atividade praticada pelos OGROSapoiadores do incompetente do Executivo,
utilizam cada vez mais tecnologias que, para além de sua elevada produtividade –
e menor custo – procuram preservar o meio ambiente em que operam, o que muitas
vezes, ao contrário do que pensam aqueles ogros, ajuda a reduzir custos por reaproveitamento
e reciclagem de resíduos.
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Assegurada a produção das commodities que asseguram nossas
vultosas receitas de exportação, o que falar quanto à geração de emprego e produção
de alimentos para atender às necessidades da população brasileira?
Face ao uso cada vez maior de tecnologia sofisticada, altamente
capitalizada e CONHECIMENTO INTENSIVA, não é o agronegócio exportador que vai
gerar as oportunidades de trabalho destinadas a retirar parte dos 14,8 milhões
de brasileiros da estatística degradante do desemprego.
Por outro lado, a fixação de mão de obra no meio rural é
muitas vezes devida à pequena produção familiar, aos pequenos produtores rurais
que, estatisticamente são os principais responsáveis pela produção dos produtos
que se destinam ao sustento alimentar do país.
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Por tudo isso, é urgente que a sociedade se manifeste, contrária
a mais um abuso que se busca praticar contra os povos aqui já existentes há
mais de 5 séculos, em movimentos de REPÚDIO firme ao conceito ilegal e inconstitucional
do marco temporal.
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Opções frente a recursos escassos
Conto uma breve histórinha: minha mulher e filhos estão
trabalhando em regime de ‘home office’ desde o início da pandemia. Em todo esse
período, como aconteceu com a maioria dos trabalhadores que tiveram a
oportunidade de manterem seu emprego e trabalharem de forma remota, suas produtividades
não apenas se ampliou: o fato de ser difícil a mensuração física de
produtividade vinculada à prestação de serviços, levou a que ampliassem a
própria jornada de trabalho.
Isso sem contar com o medo do contágio, da decisão de autorestrição
de contatos com familiares, amigos, e de abdicarem da vida social tão
necessária para a manutenção de nossa saúde mental (quanto à mulher! Os filhos
nem se contiveram tanto assim!)
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Agora, com todos já tendo completado o esquema vacinal,
demandam todos – merecidamente – a realização de uma viagem.
Mas, dados os gastos e compromissos já assumidos anteriormente
e considerado o momento de incertezas atravessadas pela economia brasileira e o
custo elevado da viagem, encontro-me em um dilema: devo decidir pelo gasto
benéfico do ponto de vista da condição de vida de meus familiares ampliando meu
endividamento, colocando em risco minha solvência ou optar pelo gasto que
privilegia a condição de saúde familiar, deixando de pagar contas como luz, celular,
água, aluguel, e até mesmo as parcelas de faturas de cartão de crédito e outras
formas de crediário?
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Pedindo desculpas aos amigos que insistem em ler estes
pitacos, e que nesse momento devem estar me condenando como caloteiro,
fanfarrão, demagogo (com os meus!) é essa a proposta que esse estropício que
ocupa o ministério da Economia está interessado em fazer e está propondo.
Deixar de pagar os compromissos assumidos por total falta de
respeito e consideração aos direitos dos cidadão, o que os obriga a recorrer à
Justiça onde seus direitos são reconhecidos -
versus a opção de dar o calote nos PRECATÓRIOS, obtendo recursos destinados
a financiar o aumento do bolsa família, é um calote de pior espécie, comportamento
típico da pior espécie de rufião. Que é o que o ministro representa.
E tudo por uma questão de turbinar o programa – aquele que
comprava os votos no interior, explorando a ingenuidade e pobreza do povo – tido
HOJE como um verdadeiro ativo a ser vendido na campanha eleitoral de 22.
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O problema ( e aqui reconheço que minha ilustração seja algo infeliz!) é que nunca foi pelos 20 ou 50%, nunca foi parte de uma
política de redução das disparidades de emprego, oportunidades e renda – que respeitem
os trabalhadores brasileiros.
Sempre foi tratar o povo como manada.
Um comentário:
As pesquisas evidenciam todo o despreparo de jaMé, ao retratar sua queda nas intenções de voto. Os índices fazem ascender o sinal de que ele precisa de fabricar novas injúrias em especial para o "carcará sanguinolento" dos seus apoiadores mais radicais, bem como para a plateia desinformada.
Assim o marco temporal, é a próxima peça deste réquiem, foi assim com a reforma trabalhista, as PEC's, etc. Ele representa os interesses daqueles mesmos que aportaram no país por volta de 1.500, derrubaram florestas, levaram ouro, diamantes, esmeraldas, etc. Trouxeram a escravidão (em todas as suas dimensões), doenças, misérias e um destino trágico... o tempo passou, muita coisa mudou (?) para continuar da mesma forma...
Fernando Moreira
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