Dizem que Deus é brasileiro.
A
crer nos relatos dos antigos sacerdotes sumérios, da mitologia grega e dos
versículos iniciais do Gênesis e sua descrição da criação do mundo, reconheço o acerto da frase.
Porque
antes de criar os céus e a terra, sendo um Ser atemporal, Deus convivia com o
caos: ‘No princípio era o caos”. Ou,
como concluiu o poeta grego Hesíodo, em uma das primeiras formas de
manifestação de consciência divina, ‘o Caos era o Deus primordial do universo’.
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Com
base em um raciocínio lógico mais para a falácia que para o silogismo, e utilizando
um argumento empírico, que poucos irão contestar, concluimos que o Brasil é a
expressão concreta do Caos.
Terra
de constrastes e graves problemas, o Brasil se orgulha de ser o país de ideias criativas,
eufemismo para tratar o método de soluções baseado na malandragem e no jeitinho,
que conferem significado à conclusão do filósofo Olavo Leite Bastos, o Kafunga,
ex-atleta de futebol, comentarista e político,
de que: “No Brasil, o errado é que está certo”.
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De
fato, o caos é antigo e data da chegada dos portugueses visando a instalação de
uma colônia de exploração, baseada em desigualdades, injustiças e na na vergonhosa
nódoa do emprego e exploração secular, violenta e sangrenta, do trabalho escravo.
Ganhou intensidade com a importação e implementação do regime PATRIMONIALISTA, da confusão entre público e
privado, que permitiu a transferência de resultados e a apropriação do esforço
da maioria da população por uma uma casta privilegiada.
Como
reservatório em que fundiram povos de raças, culturas, tradições, conhecimentos,
interesses distintos, a realidade brasileira ajudou a forjar alguns dos traços
e qualidades mais distintivas do caráter macunaímico de nosso povo e de nossa
sociedade.
Caráter
que se manifesta na velhaca e ardilosa ‘genialidade’ das elites, quando da
decretação da abolição do trabalho escravo, evento que substituiu o tipo de exploração
do trabalho com base na força da chibata por uma forma mais insidiosa, menos
aparente e mais perversa de subjugação do trabalhador: aquela que, por falta de
recursos para a sobrevivência, o obriga a se submeter ao mesmo trabalho, por ssalário
aviltado. O que se traduz em redução de custos e responsabilidades do patrão
perante o empregado.
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Expressão
da tragédia histórica que justifica nossa deformidade social, o CAOS não apenas
continua existindo no presente de nosso país, como foi transformado em objetivo
último a ser alcançado pelas forças de desconstrução que tomaram de assalto o
poder e buscam destruir o mínimo de vida civilizada que vimos tentando
construir.
O
que faz da conquista do aparelho do Estado a reafirmação ANACRÔNICA de poder das
elites e de minorias, visando retornar a uma situação de caos absoluto e da transformação
do país em terra de ninguém, sem controle, direitos ou lei, salvo a vigência da
lei do mais forte.
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Para
ter êxito, a conquista de poder político pelas elites dominantes, sem a deflagração
de um golpe pelas armas, impunha a necessidade de algum político que, acéfalo, aceitasse
desempenhar o papel do boneco inanimado de ventríloco, e permitisse dar
visibilidade à voz destas castas.
Mesmo
sem ter em estoque a quantidade suficiente de candidatos para preencher tal
perfil, não foi difícil encontrar alguém que atendesse ao requisito complementar
de ausência total ou parcial de capacidade cognitiva e intelectual, discernimento,
e que apresentasse insuficiência de atributos em experiência, estatura moral,
empatia, e até mesmo autêntica
liderança.
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Um
lance de oportunidade permitiu a seleção e escolha de alguém capaz de superar
as expectativas e dono de outros prejdicados úteis como a inépcia, a
incapacidade e desinteresse de governar e adotar decisões racionais, a falta de
decoro, de educação, de traquejo, somada à arrogância própria dos tolos e à necessidade
narcísica de demonstração de vigor físico, força e jovialidade.
Coroando
o perfil, tratava-se de um ex-militar tresloucado, simpático à prática de atos
terroristas e da tortura, de caráter autoritário e inclinação política
francamente fascista.
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Como
leigo, julgo que esta personalidade se enquadra com exatidão ao perfil de um
indíviduo portador de quadro clínico de maior gravidade, seja aquele de uma personalidade
paranóide ou esquizóide, ou ambos. Hipóteses que configuram um caso típico de
inimputabilidade.
Digno
de maior preocupação do ponto de vista político, dado o cargo para o qual foi
eleito, embora tenha sido este temperamento que mostrou, em pouco tempo, o
acerto da opção feita pelos donos dos interesses dominantes.
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Outra
verdade típica do senso comum é a de que “Deus escreve certo por linhas tortas”’.
Cuja interpretação corrente tanto serve para expressar o reconhecimento da
inferioridade humana frente ao Criador, como originar uma postura passiva, de
resignação, senão de estímulo ao cultivo de uma fé inabalável.
Interpretação
mais sofisticada considera a existência de um processo de planejamento estratégico
de concepção e prazo mais amplos, passível de compreensão apenas da parte de
uma divindade atemporal. Nesse caso, limitados pelo curto período de sua vida,
os homens desenvolvem expectativas, criam visões e fixam objetivos mais imediatistas
e falhos, decorrentes da impossibilitado de vislumbrarem o conjunto de alternativas
à sua disposição.
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Se
de fato atribuímos a Deus a responsabilidade pela tarefa de planejamento, o
mesmo não se aplica ao Messias colocado no comando de nosso país que, além de incapaz
de assumir esse papel, recusa-se a assumir a responsabilidade pelo insucesso de
qualquer decisão que lhe compete tomar.
Assim,
terceiriza as falhas, sempre optando pela saída mais comôda de culpar a algum
bode expiatório; seu dedo acusador apontado a outros personagens ou
instituições obrigados a compartilharem a arena pública: magistrados,
prefeitos, governadores, autoridades de outras esferas e até a imprensa e alguns
políticos honestos.
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Situações
constrangedoras e de efeitos deletérios, frutos da insanidade do chefe deste
desgoverno apresentam-se a todo instante, o que torna exaustiva a tarefa de
elencá-las . No entanto, para desnudar seu total alheamento frente à realidade,
convém recordar como equiparou a virulência de uma pandemia virótica a uma
gripezinha; a defesa de medicação sem qualquer comprovação científica ou a campanha
que liderou contra a vacina, sob argumentos no mínimo risíveis como de ela se
destinar à implantação de um chip para o controle mental dos que a tomassem, ou
de provocar a transformação de alguns dos vacinados em ‘jacaré’.
O
resultado foi que ao menos 680 mil brasileiros perderam a vida, uma estatística
que, para ele, seria de interesse apenas
para coveiros, já que do ponto de vista das famílias que perderam seus entes
queridos não passaria de mero mimimi seu choro e seu luto.
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Outras
ilustrações de seu alheamento da realidade são a realização de motociatas no
mesmo dia em que, de manhã, sobrevoou a região metropolitana de Recife, vítima
de chuvas, deslizamentos de terra que causaram mais de 220 mortes. Ou pior: a
transferência da responsabilização, PARA AS VÍTIMAS, da execução com requintes de tortura que sofreram,
por estarem defendendo o patrimônio nacional tão vilipendiado: o meio ambiente,
as reservas florestais, os povos indígenas e todas as populações carentes e
desprotegidas da Amazônia.
Proteção
que nem o exército, ou as forças militares de segurança se interessaram ou foram
capazes de assegurar, conforme sua missão funcional, contra a sanha de gangues criminosas.
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O
que revela mais uma contradição flagrante que o acéfalo fantoche no Executivo comete:
para justificar o brutal assassinato de um repórter estrangeiro, observou que
ele era mal visto na região (pelos bandidos, contrabandistas, narcotraficantes,
grileiros, criminosos de todo tipo). Falso raciocínio que não se aplica quando são
os soldados do tráfico e os gerentes das bocas que recebem a tiros de fuzis as
forças policiais, a que não vêem com bons olhos, quando das incursões que promovem nas comunidades cariocas.
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No
entanto, não podemos jamais esquecer que o inepto e despreparado governante não
passa de ‘menino de recados’ de um grupo
de empresários e proprietários de capitais que, junto aos seus porta-vozes difundem
uma concepção hipócrita e a-histórica da economia que atribui a um suposto
gigantismo e intervencionismo estatal, a culpa por todas as mazelas do país.
Processo com base no argumento falacioso que visa apresentar o ‘livre mercado’
como a solução mágica e exclusiva para os graves problemas de desenvolvimento
não inclusivo e desigual, resultantes da busca gananciosa por lucros posta em
marcha por este mesmo livre mercado e donos de capitais que o defendem.
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Porque
além da perversão imanente ao chefe do desgoverno desta república de “bananas”
(síntese de todas as riquezas naturais que nos tornam explorados pelo grande
capital), há que se desvendar e expor os verdadeiros vilões e criminosos beneficiários desse
processo de destruição do patrimônio do povo brasileiro: os empresários do
agronegócio associados aos grileiros, desmatadores, incendiários da floresta e
poluidores do Sistema do Aquífero da Grande Amazônia – SAGA. Capitalistas que
mantêm notórias relações de simbiose com as quadrilhas de narcotraficantes; da
pesca e caça ilegal; do contrabando de plantas nativas e animais silvestres; de
madeireiros e mineradores ilegais.
Criminosos
com espaço livre para a expansão das atividades predatórias que resultam na
geração continuada de lucros que respingam sangue, face à omissão propositada
do Estado e ao desvio de função do conjunto de organismos de controle,
acompanhamento e fiscalização da exploração racional das riquezas naturais do
país.
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A
redução do aparato de estado a um mínimo, que lhes interessa, até que não fique
de pé qualquer instância ou agente capaz de cumprir os deveres de proteção e
assistência devidas a toda a população do país é que cria a ‘ocasião que faz o
ladrão’. Dessa ocasião o ladrão se aproveita para extrair ganhos com que financiarão
a continuidade de tal situação, fechando um ciclo nefasto para a ampla maioria
da população.
Circuito
nefasto que é a origem dos ataques à democracia; aos direitos de propriedade
(autênticos) dos indígenas; ao direito e à liberdade de expressão e ao livre
exercício da função da imprensa; a que se somam ataques ao judiciário, imprensa
e instituições democráticas.
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Contra essa situação que devemos estar atentos e nos
insurgir.