segunda-feira, 20 de junho de 2022

A brasilidade de Deus e o caos na Amazônia: um alerta e uma homenagem à queda de dois defensores da Vida

Dizem que Deus é brasileiro.

A crer nos relatos dos antigos sacerdotes sumérios, da mitologia grega e dos versículos iniciais do Gênesis e sua descrição da criação do mundo,  reconheço o acerto da frase.

Porque antes de criar os céus e a terra, sendo um Ser atemporal, Deus convivia com o caos:  ‘No princípio era o caos”. Ou, como concluiu o poeta grego Hesíodo, em uma das primeiras formas de manifestação de consciência divina, ‘o Caos era o Deus primordial do universo’.

***

Com base em um raciocínio lógico mais para a falácia que para o silogismo, e utilizando um argumento empírico, que poucos irão contestar, concluimos que o Brasil é a expressão concreta do Caos.

Terra de constrastes e graves problemas, o Brasil se orgulha de ser o país de ideias criativas, eufemismo para tratar o método de soluções baseado na malandragem e no jeitinho, que conferem significado à conclusão do filósofo Olavo Leite Bastos, o Kafunga,  ex-atleta de futebol, comentarista e político, de que: “No Brasil, o errado é que está certo”.  

***

De fato, o caos é antigo e data da chegada dos portugueses visando a instalação de uma colônia de exploração, baseada em desigualdades, injustiças e na na vergonhosa nódoa do emprego e exploração secular, violenta e sangrenta, do trabalho escravo. Ganhou intensidade com a importação e implementação do regime  PATRIMONIALISTA, da confusão entre público e privado, que permitiu a transferência de resultados e a apropriação do esforço da maioria da população por uma uma casta privilegiada.

Como reservatório em que fundiram povos de raças, culturas, tradições, conhecimentos, interesses distintos, a realidade brasileira ajudou a forjar alguns dos traços e qualidades mais distintivas do caráter macunaímico de nosso povo e de nossa sociedade.

Caráter que se manifesta na velhaca e ardilosa ‘genialidade’ das elites, quando da decretação da abolição do trabalho escravo, evento que substituiu o tipo de exploração do trabalho com base na força da chibata por uma forma mais insidiosa, menos aparente e mais perversa de subjugação do trabalhador: aquela que, por falta de recursos para a sobrevivência, o obriga a se submeter ao mesmo trabalho, por ssalário aviltado. O que se traduz em redução de custos e responsabilidades do patrão perante o empregado.

***

Expressão da tragédia histórica que justifica nossa deformidade social, o CAOS não apenas continua existindo no presente de nosso país, como foi transformado em objetivo último a ser alcançado pelas forças de desconstrução que tomaram de assalto o poder e buscam destruir o mínimo de vida civilizada que vimos tentando construir.

O que faz da conquista do aparelho do Estado a reafirmação ANACRÔNICA de poder das elites e de minorias, visando retornar a uma situação de caos absoluto e da transformação do país em terra de ninguém, sem controle, direitos ou lei, salvo a vigência da lei do mais forte.

***

Para ter êxito, a conquista de poder político pelas elites dominantes, sem a deflagração de um golpe pelas armas, impunha a necessidade de algum político que, acéfalo, aceitasse desempenhar o papel do boneco inanimado de ventríloco, e permitisse dar visibilidade à voz destas castas.

Mesmo sem ter em estoque a quantidade suficiente de candidatos para preencher tal perfil, não foi difícil encontrar alguém que atendesse ao requisito complementar de ausência total ou parcial de capacidade cognitiva e intelectual, discernimento, e que apresentasse insuficiência de atributos em experiência, estatura moral, empatia, e até mesmo  autêntica liderança.

***

Um lance de oportunidade permitiu a seleção e escolha de alguém capaz de superar as expectativas e dono de outros prejdicados úteis como a inépcia, a incapacidade e desinteresse de governar e adotar decisões racionais, a falta de decoro, de educação, de traquejo, somada à arrogância própria dos tolos e à necessidade narcísica de demonstração de vigor físico, força e  jovialidade.

Coroando o perfil, tratava-se de um ex-militar tresloucado, simpático à prática de atos terroristas e da tortura, de caráter autoritário e inclinação política francamente fascista.

***

Como leigo, julgo que esta personalidade se enquadra com exatidão ao perfil de um indíviduo portador de quadro clínico de maior gravidade, seja aquele de uma personalidade paranóide ou esquizóide, ou ambos. Hipóteses que configuram um caso típico de inimputabilidade.

Digno de maior preocupação do ponto de vista político, dado o cargo para o qual foi eleito, embora tenha sido este temperamento que mostrou, em pouco tempo, o acerto da opção feita pelos donos dos interesses dominantes.

***

Outra verdade típica do senso comum é a de que “Deus escreve certo por linhas tortas”’. Cuja interpretação corrente tanto serve para expressar o reconhecimento da inferioridade humana frente ao Criador, como originar uma postura passiva, de resignação, senão de estímulo ao cultivo de uma fé inabalável.

Interpretação mais sofisticada considera a existência de um processo de planejamento estratégico de concepção e prazo mais amplos, passível de compreensão apenas da parte de uma divindade atemporal. Nesse caso, limitados pelo curto período de sua vida, os homens desenvolvem expectativas, criam visões e fixam objetivos mais imediatistas e falhos, decorrentes da impossibilitado de vislumbrarem o conjunto de alternativas à sua disposição.

***

Se de fato atribuímos a Deus a responsabilidade pela tarefa de planejamento, o mesmo não se aplica ao Messias colocado no comando de nosso país que, além de incapaz de assumir esse papel, recusa-se a assumir a responsabilidade pelo insucesso de qualquer decisão que lhe compete tomar.

Assim, terceiriza as falhas, sempre optando pela saída mais comôda de culpar a algum bode expiatório; seu dedo acusador apontado a outros personagens ou instituições obrigados a compartilharem a arena pública: magistrados, prefeitos, governadores, autoridades de outras esferas e até a imprensa e alguns políticos honestos.

***

Situações constrangedoras e de efeitos deletérios, frutos da insanidade do chefe deste desgoverno apresentam-se a todo instante, o que torna exaustiva a tarefa de elencá-las . No entanto, para desnudar seu total alheamento frente à realidade, convém recordar como equiparou a virulência de uma pandemia virótica a uma gripezinha; a defesa de medicação sem qualquer comprovação científica ou a campanha que liderou contra a vacina, sob argumentos no mínimo risíveis como de ela se destinar à implantação de um chip para o controle mental dos que a tomassem, ou de provocar a transformação de alguns dos vacinados em ‘jacaré’.

O resultado foi que ao menos 680 mil brasileiros perderam a vida, uma estatística que, para ele,  seria de interesse apenas para coveiros, já que do ponto de vista das famílias que perderam seus entes queridos não passaria de mero mimimi seu choro e seu luto.

***

Outras ilustrações de seu alheamento da realidade são a realização de motociatas no mesmo dia em que, de manhã, sobrevoou a região metropolitana de Recife, vítima de chuvas, deslizamentos de terra que causaram mais de 220 mortes. Ou pior: a transferência da responsabilização, PARA AS VÍTIMAS,  da execução com requintes de tortura que sofreram, por estarem defendendo o patrimônio nacional tão vilipendiado: o meio ambiente, as reservas florestais, os povos indígenas e todas as populações carentes e desprotegidas da Amazônia.

Proteção que nem o exército, ou as forças militares de segurança se interessaram ou foram capazes de assegurar, conforme sua missão funcional, contra a sanha de gangues criminosas.

***

O que revela mais uma contradição flagrante que o acéfalo fantoche no Executivo comete: para justificar o brutal assassinato de um repórter estrangeiro, observou que ele era mal visto na região (pelos bandidos, contrabandistas, narcotraficantes, grileiros, criminosos de todo tipo). Falso raciocínio que não se aplica quando são os soldados do tráfico e os gerentes das bocas que recebem a tiros de fuzis as forças policiais, a que não vêem com bons olhos, quando das incursões  que promovem nas comunidades cariocas.

***

No entanto, não podemos jamais esquecer que o inepto e despreparado governante não passa de  ‘menino de recados’ de um grupo de empresários e proprietários de capitais que, junto aos seus porta-vozes difundem uma concepção hipócrita e a-histórica da economia que atribui a um suposto gigantismo e intervencionismo estatal, a culpa por todas as mazelas do país.
Processo com base no argumento falacioso que visa apresentar o ‘livre mercado’ como a solução mágica e exclusiva para os graves problemas de desenvolvimento não inclusivo e desigual, resultantes da busca gananciosa por lucros posta em marcha por este mesmo livre mercado e donos de capitais que o defendem.  

***

Porque além da perversão imanente ao chefe do desgoverno desta república de “bananas” (síntese de todas as riquezas naturais que nos tornam explorados pelo grande capital), há que se desvendar e expor os  verdadeiros vilões e criminosos beneficiários desse processo de destruição do patrimônio do povo brasileiro: os empresários do agronegócio associados aos grileiros, desmatadores, incendiários da floresta e poluidores do Sistema do Aquífero da Grande Amazônia – SAGA. Capitalistas que mantêm notórias relações de simbiose com as quadrilhas de narcotraficantes; da pesca e caça ilegal; do contrabando de plantas nativas e animais silvestres; de madeireiros e mineradores ilegais.

Criminosos com espaço livre para a expansão das atividades predatórias que resultam na geração continuada de lucros que respingam sangue, face à omissão propositada do Estado e ao desvio de função do conjunto de organismos de controle, acompanhamento e fiscalização da exploração racional das riquezas naturais do país.

***

A redução do aparato de estado a um mínimo, que lhes interessa, até que não fique de pé qualquer instância ou agente capaz de cumprir os deveres de proteção e assistência devidas a toda a população do país é que cria a ‘ocasião que faz o ladrão’. Dessa ocasião o ladrão se aproveita para extrair ganhos com que financiarão a continuidade de tal situação, fechando um ciclo nefasto para a ampla maioria da população.

Circuito nefasto que é a origem dos ataques à democracia; aos direitos de propriedade (autênticos) dos indígenas; ao direito e à liberdade de expressão e ao livre exercício da função da imprensa; a que se somam ataques ao judiciário, imprensa e instituições democráticas.

***

 Contra  essa situação que devemos estar atentos e nos insurgir.

 

quarta-feira, 15 de junho de 2022

A apatia e a normalização da barbárie e a pergunta que não pode calar: por quem os sinos dobram?

 “Nenhum homem é uma ilha; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”. John Dunne, citado por Hemingway em Por Quem os Sinos Dobram.

Lembro-me do forte impacto que me causou quando li a frase de Dunne, citada (imortalizada) por Hemingway, em Por Quem os Sinos Dobram. Essa mesma frase é a que tem martelado em minha cabeça desde que tomei conhecimento do sumiço, desaparecimento, execução de Dom Phillips e Bruno Pereira.

***

Confesso não saber se em função do ambiente, a região Amazônica, a imensa floresta tropical cuja maior extensão fica localizada em nosso país; se em razão das imagens que trago em minha imaginação e memória dos tempos do primário, quando ouvíamos fascinados a descrição de rios da dimensão do mar.

Daí a lembrança incontinenti da frase de Dunne: nenhum homem é uma ilha ... cada homem é uma partícula ... das margens; se um pedaço de terra é arrastado na cheia dos rios, a redução da dimensão de terra firme nos arrasta juntos. Por isso, choro pelas cheias. Pela terra arrastada. Pelas casas levadas como pluma, junto aos parcos – se alguns bens em seu interior. E choro pela morte de povos indígenas, os verdadeiros povos originários e proprietários da floresta.

***

Choro pelos ribeirinhos, indigenistas, pequenos agricultores, tanto os pais, quanto os familiares, eliminados, executados pelas hordas de assassinos trogloditas do agronegócio, do narcotráfico, das quadrilhas de madeireiros, grileiros, mineradores, cuja única ambição é fazer sumir do mapa aquele patrimônio que, de tão monumental, não merecia ter ficado, em grande parte, nas terras brasileiras das gangues de bolsonazi e seus apoiadores fascistas.

***

Também hoje fui impactado pela leitura de um texto de Eliane Brum, cujo link repasso:

Não é incompetência nem descaso: é método

https://www.nexojornal.com.br/ensaio/2022/N%C3%A3o-%C3%A9-incompet%C3%AAncia-nem-descaso-%C3%A9-m%C3%A9todo

Embora longo, o texto, sua leitura torna-se fundamental. Necessária. Até para lembrar de outras vítimas dos bandidos,  escroques, gangsteres e assassinos e grileiros que invadiram o espaço deixado vago naquela região, por um Estado que nunca soube explorar, de forma científica, racional e preocupada com a preservação da própria vida em nosso planeta.

***

Alías que, ao contrário, atiça a malta de criminosos a invadirem, depredarem, destruírem tudo que encontram pela frente, já que sob o comando de quem apenas visa e instrumentaliza a ação da morte e da barbárie.

Estado sob o comando de assassinos genocidas, bandidos, ladrões como dizia a música, de gravata e capital, sempre dispostos a expandir suas propriedades, riquezas e atividades lucrativas em detrimento diretamente da vida humana daqueles que atravessarem seu caminho, ou a mais longo prazo e indiretamente, da vida em todo o planeta.

***

A propósito, é importante dizer que atividades lucrativas por não incorporarem os custos das externalidades que produzem e que crescem em magnitude e escala exponencial quando comparada à expansão da área plantada ou de pastagem, ou da produção de soja, gado, peixes, caça, minérios e madeiras ilegais.

Externalidades negativas dos custos irresponsavelmente transferidos para a sociedade, via devastação do meio ambiente, poluição e suas consequências, como doenças e morte.

***

Como o texto de Eliane Brum destaca, no rastro de morte incentivado pelo armamento sem limites, sem restrições e qualquer tipo de controle, infelizmente as vítimas nem sempre são um indigenista branco, como Bruno Pereira, agente público respeitado e que foi vítima de punição simplesmente por ter cumprido a legislação e as funções e atribuições do cargo que ocupava.

Tampouco entre as vítimas se encontra um jornalista branco, estrangeiro, vindo de um país desenvolvido, de primeiro mundo, como Dom Phillips, motivo suficiente para causar um verdadeiro alvoroço em escala mundial e resulatar na condenação do governo brasileiro e de suas autoridades.

***

Situação incapaz de causar maior constrangimento e vergonha a todos nós brasileiros, seja por existir entre nós, aqueles que optaram por entregar a condução do país a alguém sem qualquer preparo, condição intelectual ou dignidade pessoal, um ser desprezível que se preocupa exclusivamente com seus interesses e os de sua família, além dos milicianos que o cercam e de que se vale.

Mas não são apenas os apoiadores  - arrogantes, ressentidos, preconceituosos, de caráter minúsculo e inspiração fascista – que se mostram incapazes de sentir vergonha de tal estado de coisas. Aliás, muitos destes até justificam ações realizadas na Amazônia com base no falacioso e pobre argumento “da defesa de nossa soberania”, como o idiota e agressivo militar suspeito da prática de atos de terrorismos e, por tal motivo, expulso da tropa.

***

Todos nós ou a maioria de nós a quem tais eventos provocam repulsa e reprovação acabam, por omissão, contribuindo para a promoção de um fenômeno de naturalização, de banalização da morte.

Todos nós, assistentes passivos da ação de um governo que investe contra o seu próprio povo, transformado em inimigo interno de uma guerra tremendamente desigual – de milícias armadas até os dentes, contra grupos de população faminta e miserável – temos nossa parcela de responsabilidade.

***

Essa passividade ou temor, muitas vezes expressa sob a forma de desespero em meio à luta diária pela conquista da sobrevivência, da simples obtenção do pão, uma vez que povos famélicos não ousam se dar ao luxo de sonhar com saúde, educação, trabalho,  direitos, é que nos impede de exigir a punição dos criminosos e mandantes de crimes que se repetem ‘ad nauseam’ (até nos causar nojo).

A ausência de postura de cobrança mais rigorosa é que permite que continuemos apenas testemunhas mudas das mortes das Marielles, dos Anderson Gomes e outros motoristas como Evaldo dos Santos Rosa, e sua família, metralhados com mais de 80 tiros por soldados do Exército; por 28 seres humanos chacinados em Vila Cruzeiro, no Rio, suspeitos de serem bandidos ou não; dos Genivaldos no Sergipe e tantos outros torturados e assassinados por policiais.

Todos com a característica de serem negros, pobres, jovens, de comunidades e, muitas vezes sem explicação ou qualquer suspeição. Muitos trabalhadores honestos e portadores de sonhos.

***

Na região da Floresta Amazônica vários são os crimes cujas vítimas são famílias inteiras de ribeirinhos, de pequenos agricultores, de povos indígenas ou quilombolas, de pessoas humildes ou funcionários de organizações que lutam na defesa da vida e da integridade das pessoas e da floresta e de nosso meio ambiente.

Casos que vão se tornando tão corriqueiros que acabam não merecendo sequer uma nota na imprensa. Casos que passam despercebidos de todos nós e que integram estatísticas crescentes e aterradoras que atingiram apenas em 2021 um total de 35 mortes e 391 casos de violência contra a pessoa, inclusive torturas.

***

Não poderia deixar de mencionar minha indignação contra o Exército e os militares de patentes mais elevadas e mais tempo de serviço, especialmente aqueles da reserva, sempre dispostos a defenderem ações militares em defesa da Amazônia, de uma guerra imaginária e fantasiosa, contra inimigos cujas armas são apenas a preocupação com a preservação e a assistência a populações menos privilegiadas, ali instaladas há séculos.

Esta guerra fantasiosa serve para atestar o  despreparo de militares de nossas Forças Armadas que, por mais patentes e condecorações que ostentem não têm qualquer  experiência nos campos de batalha, nas trincheiras reais, a ponto de não saberem diferenciar civis comuns de exércitos inimigos, organizados, disciplinados e armados.

***

Daí a minha indignação, e minha revolta silenciosa e apática contra o governo, autoridades com cargo eletivo, militares com a missão de zelar e proteger aquele pedaço de nosso território, e preservá-lo em benefício de toda a vida no planeta.

Minha indignação contra os agrotrogloditas e empresários sem moral e sem caráter; os políticos e as quadrilhas que ocupam o espaço ocioso deixado pelo Estado nacional, com todo o tipo de crimes, corrompendo e aliciando os habitantes da região em troca de pouco mais que alimentos e alguns remédios.

E a razão de meus sinos interiores repicarem em homenagem póstuma a todas as vítimas da selvageria e da criminalidade. Esta a razão de meu choro.

terça-feira, 7 de junho de 2022

A infestação de protozoários no organismo social: o resultado da ópera bufa no Supremo. E que se decrete logo o estado de calamidade, já com 3 anos e meio de atraso

 Apequenado pelo minúsculo ocupante do cargo de Chefe do Executivo de nosso país, o Supremo Tribunal Federal vive momentos dignos daquilo que poderia ser classificado como uma autêntica comédia pastelão, financiada por recursos próprios dos magistrados, sem necessidade de utilização de fundos (comunistas) da Lei Rouanet.

(Oportuno destacar que, ao contrário da classe artística em geral, mas de forma análoga aos ditos “cantores” sertanejos, os vultosos subsídios dos ministros, inflados por vantagens pessoais inexplicáveis e imorais, posto que legais, são financiados por recursos públicos, da arrecadação de tributos, concorrendo com outros gastos mais prosaicos como os de saúde e educação).

***

Voltando à comédia, de roteiro medíocre, observa-se sua intenção única de continuar permitindo que a ameba que comanda o país tenha munição para continuar fustigando o Supremo e seus quadros e, acessoriamente, ao Tribunal Superior Eleitoral e suas decisões contrárias à disseminação e influência de “fake-news” nas disputas eleitorais, e à integridade das urnas eletrônicas, comprovadas há no mínimo 25 anos.

Para tanto, o parasita que ocupa o cargo de chefe do executivo, não apenas indicou, mas exerce toda sua influência sobre os ministros por ele conduzidos à Corte maior.

***

Como os parasitas caracterizam-se como microorganismos que vivem em grupos, o protozoário mor do país cerca-se de outros tantos, capazes de se deixarem servir à infestação pretendida pelo seu líder, de forma a dilapidar o organismo social do país.

A destacar apenas que, em geral, não é a indicação feita por um presidente da republica que torna o escolhido Ministro.

Embora todos saibamos que normalmente a sabatina a que o indicado deve se submeter não passa de outra encenação que ocorre no palco do Senado, cujo fim do espetáculo é a aprovação do indicado pelo presidente, sempre existe a possibilidade ainda que remota de o nome não ser ungido.

***

A tradição e o jogo de toma-lá-da-cá que envolve o Legislativo, no entanto, nos impede de ficar livres dessa impressão de que o novo ministro deve favores ao responsável por sua indicação.

Dessa forma, para cada ministro recém-chegado à Corte Suprema,  consciente de que a legislação de nosso país lhe assegura plenos direitos e poderes para exercer suas funções com independência e de acordo com seus princípios éticos e morais, além de seu necessário preparo jurídico, pelo menos outros cinco têm conhecimento da incapacidade para o exercício do cargo.

Resulta daí que tornam-se sabujos, dispostos à prestação da mais vagabunda vassalagem ao seu patrocinador.

***

A partir daí, como os Kássios que não têm qualquer pudor de mostrar sua gratidão ao líder da invasão de amebas, e como os terrivelmente astutos à la Mendonça,  que compete com o seu colega para ver quem mais se presta a curvar-se e deixar à mostra a profundeza de seu caráter, assistimos ao mais baixo nível de comportamento.

Capaz de fazer corar de vergonha a estátua da Justiça que representa a deusa Themis vendada, em obra de Cheschiatti, esculpida em bloco monolítico de granito de Petrópolis.

Observar a estátua me deixa penalizado com a deusa, impossibilitada de deixar cair a venda dos olhos, de forma a cobrir o nariz, sujeita a cheiro podre que exala do Palácio da Justiça.

***

A ópera bufa não tem nem prazo para se encerrar, resultado de pedido de mandado de segurança impetrado por candidato suplente que assumiu o mandato em razão da sentença do Tribunal Eleitoral, de punição de quem agiu de má-fé e espalhando ‘fakes’.

O mandado de segurança, em mãos da ministra Carmem Lúcia, pode servir para superar a chicana dos obsequiosos ‘paus mandados’ do parasita do Executivo.

***

Assim, basta que depois de ter pedido vistas para paralisar a derrota líquida e flagrante do seu “compadre” em julgamento do Pleno, dando tempo e ensejo a que Kássio enviasse sua decisão à análise da 2ª Turma onde a derrota lhe será menos contundente, Mendonça se sinta já em condições de manifestar seu voto.

Embora estranha a sua proficiência em estudar o caso da noite de um dia para a tarde do dia seguinte, esse seria apenas um detalhe adicional do erro de continuidade do roteiro mal elaborado, que o STF desempenha por força da reduzida capacidade intelectual do parasita mor.

***

Por outro lado, caso mendonça peça vistas também naquela Turma, onde caracterizam minoria junto aos kassios, imediatamente a ministra Carmem Lúcia poderá conceder o mandado, restituindo a ordem e impondo o respeito à decisão de outro Colegiado, do porte e importância do Tribunal Eleitoral.

A ver. E quem sabe rir da comédia velha, viciada e sem humor.

E, quem sabe, aguardar as próximas trapalhadas de kássio e seu ínfimo amor-próprio.

***

 

Preço de Combustíveis, inflação e o desespero que bate às portas do comitê da reeleição, no Planalto

 

À medida que aproxima-se o segundo semestre do ano e o início oficial de uma campanha eleitoral que já está em plena evolução e efervescência - por parte de todos os candidatos-, sob os olhares complacentes e turvos dos membros do TSE, cada vez mais destaque são dados aos resultados das pesquisas eleitorais.

Em especial, aquelas de institutos de pesquisa mais tradicionais e de maior respeitabilidade, conquistada ao longo de anos de participação em campanhas eleitorais.

***

Caso da pesquisa do Datafolha divulgada na semana passada, que colocou em polvorosa as campanhas de Ciro Gomes, o eterno ressentido, e do ameba miliciano, cada vez mais próximo de ser derrotado em primeiro turno.

Situação que lhe daria a honra de ser o primeiro presidente a não conseguir sua reeleição.

Apesar dos pesares e das jogadas de caráter puramente eleitoral.

***

Entre tais medidas, auxílios e benefícios em valores destinados a durarem somente até o final do ano (ATENÇÃO: a aprovação pelo Congresso da permanência do tal auxílio NÃO PODE, nem deve  ser considerado senão como uma derrota do governo e seus lacaios. Da mesma forma que o auxílio emergencial pago quando do início da pandemia); ou o malabarismo praticado para reduzir os preços de combustíveis, ou a redução de impostos federais de pequena participação na formação de preço dos combustíveis.

Medidas de cunho apenas populista, eleitoreiro.

***

Em razão do desespero que abateu sobre sua equipe e sua própria arrogância cretina, a semana passada permitiu o surgimento de mais uma ideia estapafúrdia, como a de se decretar situação de calamidade no país, capaz de permitir a liberação de gastos excepcionais por parte do Executivo, voltados à concessão de subsídios a proprietários de automóveis e caminhões.

Independente de se estar hipotecando o futuro do país por um presente de resultados questionáveis, a medida deveria se destinar apenas, se tanto, ao diesel, por seus efeitos sobre a toda a cadeia de distribuição de bens e serviços e, como tal, sobre a inflação.

Alcançar a gasolina seria, mais uma vez, medida destinada a agradar parcela mais privilegiada da população (proprietários de automóveis ou motos), deixando a maioria que utiliza os transportes coletivos urbanos, à mercê de todo tipo de desrespeito.

***

Curioso é que há que se concordar com a decretação do estado de calamidade.

Afinal, desde janeiro de 2019 o país, cumprindo promessa de seu presidente, encontra-se em total calamidade.

Agravada pela pandemia e pela morte de quase 700 mil brasileiros que não tinham “histórico de atletas” e que não foram abatidos apenas por uma gripezinha. Razão de todo o 'mimimi' daqueles que sofreram a perda de seus parentes.

***

Na esfera econômica, o retorno da inflação; a continuidade do desemprego em cifras alarmantes; a Selic em 12,75%, quebrando o país e agravando a situação de uma população sobreendividada, tudo mostra a calamidade.

***

Isso sem falar da devastação ambiental e das instituições cada vez mais atacadas e destruídas.

Como a calamidade é antiga, felizmente concluíram que a calamidade é de gestão, fruto da incapacidade de adotar qualquer medida de política que não tenha por objetivo os familiares da milícia.

***

Por fim, para encerrar, agora tentam vender a ilusão de que os Estados terão ressarcimento de perdas de receitas, caso aceitem zerar o ICMS sobre combustíveis.

Sabendo da dificuldade fiscal enfrentada por estados e municípios, da importância da receita de ICMS para que os entes subnacionais possam bancar os gastos necessários à prestação de serviços à população, tal proposta deve ser recebida com todas as ressalvas possíveis.

**

Afinal estados e municípios já foram vítimas de promessas anteriores de ressarcimento (lei Kandir, por exemplo) que não foram honradas ou o foram apenas parcialmente, com prejuízos para  ambas as unidades administrativas.

Adicionalmente, o custo da medida, não explicada ou não detalhada, atinge preliminarmente algo próximo de 50 bilhões, sem qualquer indicação das fontes e das condições para que tal ressarcimento seja cumprido.

É isso.