segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Observações do debate e avaliação dos candidatos e suas mensagens

Tenho plena convicção de que vou falar o óbvio mas, às vezes, o inesperado que a vida nos apresenta acaba impactando e alterando nosso comportamento e nossos planos.

Essa a explicação para a ausência de pitacos praticamente em todo esse mês de agosto, justo no momento em que tem início a campanha eleitoral que, por si só, é um instante raro e repleto de assuntos e temas para comentários.

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Mas, uma batida de automóvel, ainda no primeiro sábado do mês, e a obrigação de a estabelecer contatos com a seguradora, providenciar documentos, desde a comunicação do sinistro, até a busca por imagens de câmaras que permitissem entender a dinâmica do acidente e eventuais responsabilidades, acabaram por ocupar muito mais de meu tempo, de minha atenção e até de minha energia.

Felizmente, nenhum de nós condutores, tivemos problemas além do susto. E fora o orgulho ferido, sempre doloroso, as perdas foram apenas materiais. Menos mal.

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E, embora tivesse o desejo de fazer observações a respeito das entrevistas dos principais candidatos concedidas na semana passada ao Jornal Nacional, a própria evolução dos fatos já nos apresenta novos e mais importantes aspectos a serem objeto de comentários.

Refiro-me especialmente ao debate entre os presidenciáveis ocorrido na noite de ontem, sob patrocínio da Rede Bandeirantes e um pool formado por Folha, Uol, TV Cultura.

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Debate que acabou se tornando um duelo desigual, entre 3 candidatos representantes da direita civilizada,  somados a um ultra-radical fascista e a Ciro Gomes, sempre centrado em sua própria pessoa, contra um candidato de ... esquerda?

Afinal, enredado em meio ao arco de alianças que permitiu a Lula formar uma coalização com 10 partidos de distintas ideologias e concepções, como analisar a posição e postura de Lula?

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Está bem, Lula ganhou tempo de propaganda eleitoral, cuja importância todos reconhecem. Mas, a que tipo de promessas e ofertas foi agregando partidos e apoios tão contraditórios como do PSOL e do PSD; PSB e Avante; Pcdo B, PV, Solidariedade e Rede?

Tamanha diversidade, como o candidato faz sempre questão de marcar, desde a sua excelente entrevista dada a Bonner e Renata ( a melhor de todoas, em minha opinião!) assinala sua capacidade de composição, sua disposição ao diálogo e à pacificação, etc.

Mas, da mesma forma que o auxilia, pode também trazer prejuízos, como me pareceu ter acontecido no debate, ontem.

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Explico: o temor de perder apoios impede que o candidato aborde uma série de temas, que podem ferir sensibilidades e interesses dos seus apoiadores, enquanto o obriga a tratar de outros, caros aos aliados, e para os quais ele pode não estar tão bem preparado.

O que ajuda a explicar o que muitas pessoas sentiram e já comentaram, a respeito de sua participação ontem: Lula pareceu cansado. Muito preso ao passado, a realizações de seu governo.

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Em sã consciência, não há como negar que seu governo teve muitos pontos positivos, como ele faz questão de assinalar, em todas as oportunidades.

Mas tratar o passado com os olhos de hoje, tiram de perspectiva e foco o momento e as limitações que cercaram seus mandatos. Em especial o primeiro, onde assumiu o governo de um país, muito próximo a uma terra arrasada.

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Sim, teve o plano real e a inflação não fugiu ao controle, embora tivesse superado os dois dígitos ao final do governo FHC.

Adicionalmente, a economia do país havia quebrado, a segunda vez, por questões da gestão cambial que quase nos impôs a necessidade de decretação de uma moratória.

Medida evitada em razão de vultoso empréstimo feito pelo FMI, o que nos colocou e obrigou a todos os candidatos daquele período, a assumirem o compromisso de cumprir as determinações do Fundo (como sempre!).

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Lula, é bom lembrar, teve que assinar uma carta, ao lado dos demais candidatos, se comprometendo a cumprir os acordos com o Fundo. Origem do que depois veio a ser a Carta aos Brasileiros, por ele anunciada e difundida.

É importante ainda lembrar que o primeiro ministro da Fazenda de seu governo não conseguiu escapar da adoção de uma política aos moldes do fundo, de cunho essencialmente liberal. Neoliberal, para recordar um termo então muito usado.

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Sua primeira indicação para presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (embora não fosse sua primeira opção) era um banqueiro, cuja missão era cooptar o apoio de seus colegas banqueiros.

Lula teve êxitos, inclusive apoiando a Campanha contra a Fome e depois fazendo políticas sociais, de inclusão, ninguém nega.

Mas, os donos do grande capital, principalmente financeiro, mas também dos grandes empresários lucraram como ‘nunca antes na história desse país’.

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A incorporação de perto de 46 milhões de brasileiros no mercado de consumo, foi um tremendo êxito, gerador até de situação econômica de pleno emprego e crescimento.

Mas, os ricos foram muito mais beneficiados, o que significa que a conta foi paga pelos setores da chamada classe média. Razão para que até hoje Lula tenha dificuldades para obter apoio junto a esses segmentos.

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Então, recordar do ambiente daquele período é importante para ajudar, objetivamente, a ver as dificuldades que Lula enfrentou, e que impossibilitaram que ele pudesse fazer mais ou diferente.

O problema é que se esse passado, visto hoje, permite análises que mostrem que outras decisões e alternativas, talvez tivessem apresentado resultados mais eficientes, a verdade é que esse passado abre também a caixa de Pandora da corrupção e compra de apoios.

O que traz para 2022, o tema já tão surrado e gasto, dominante em 2018.

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E aqui Lula fica emparedado, e se comporta de forma a não apresentar sugestões.

O que permite que, no debate, o candidato do Novo (partido que de novo só tem o nome!), Luiz Felipe venha fazer discurso de radicalismo neoliberal, desejando privatizar a tudo e a todos.

E, ao contrário do que muitos analistas indicam, a falta de Estado com atuação forte e necessária entre os mais desfavorecidos, o candidato do passado elitista, venha pregar a redução do Estado a um mínimo. Agravando mais o problema que já foi chamado de “ausência do pobre no Orçamento”.

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A candidata do União Brasil, com raízes nos segmentos mais elititstas, em especial no agronegócio, também se vê às voltas com o discurso único, e equivocado, da criação do Imposto Único, de Marcos Cintra Cavalcanti Albuquerque, seu vice.

Esse mesmo Marcos Cintra favorável à volta da CPMF, no início do governo do tchutchuca do Centrão, tigrão apenas com mulheres a Vera.

A ideia de imposto único, suficiente debatida, no fundo é a ideia de um imposto regressivo ao limite. Com a finalidade de impedir o uso de instrumentos de política fiscal para uma economia voltada ao povo brasileiro (não apenas aos ricos!).

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Ciro, embora tenha boas ideias, e um bom projeto, não convence com discurso de paz e amor, ele que sempre foi truculento e com uma propensão de uso de práticas típicas de um coronel tirano.

Tebet foi quem mais aproveitou a oportunidade de se mostrar e fazer um discurso coerente com sua posição. Ela, de direita, que se notabilizou com uma participação irrepreensível, na CPI da Covid.

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Já quanto ao tchutchuca, mostrou apenas mais do mesmo: grosseria, mentiras e ‘fakes news’, a postura arrogante e autoritária, de caráter tipicamente golpista. Além de misoginia, falta de traquejo e postura, e até mesmo falta de cultura e dicção.

Mostrou números de um País das Maravilhas, onde posa de Chapeleiro Louco. Um mundo paralelo de fantasias e de desconstrução do país.

Típico de quem, arbitrariamente, utiliza do momento eleitoral para adota políticas demagógicas e populistas, ao menos enquanto durarem as eleições.

Passadas as eleições, se vitorioso, voltará a decretar sigilos de 100 anos para toda sua campanha, e suas motociatas excludentes, tudo sob o poder das forças milicianas armadas por sua gestão irresponsável.

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