A sociedade civil tutelada, considerada incapaz de decidir seus
objetivos e seus rumos:
"Quem decide se um povo vai viver numa democracia ou
numa ditadura são as suas Forças Armadas. Não tem ditadura onde as Forças
Armadas não apoiam. No Brasil, temos liberdade ainda. Se nós não reconhecermos
o valor desses homens e mulheres que estão lá, tudo pode mudar".
Declaração feita a apoiadores no cercadinho em frente ao Palácio
do Alvorada., em 18 de janeiro de 2021.
***
A destacar que o autor da frase foi excluído do Exército acusado
pela prática de atos terroristas.
Naquela ocasião, ainda jovem, planejou colocar e explodir
bombas em instalações militares, atentando
contra a vida dos soldados, talvez como
forma de reconhecimento desse valor de seus colegas.
Expressando a covardia que é sua marca, a frase é construída de
forma a comportar uma ameaça e, ao mesmo tempo, deixar aberto o caminho para um
recuo.
Afinal, se os grupos armados não apoiam e se omitem sem tomar
partido, dificilmente qualquer movimento contra o regime democrático terá êxito,
por mais cindida que esteja a sociedade civil.
***
Logo é uma obviedade dizer que não tem ditadura onde Forças
Armadas não apóiam, embora as forças armadas podem não ser, exatamente, as
institucionais.
O que nos permite entender a preocupação em armar a
população, e as diversas vezes em que se manifestou a favor de atuação de grupos
milicianos, em defesa de uma pretensa liberdade.
O que me dá a chance de filosofar: nada como o autoengano.
Afinal, nunca foi a questão de defesa da segurança pessoal.
***
Em discurso proferido em São Paulo, em comemoração ao 7 de
setembro de 2021, novamente a frase de caráter dúbio, covarde:
“Dizer mais a vocês, nós acreditamos e queremos
a democracia, a alma da democracia é o voto. Não podemos admitir um sistema
eleitoral que não oferece qualquer segurança por ocasião das eleições. Dizer
também que não é uma pessoa do Tribunal Superior Eleitoral que vai nos dizer
que esse processo é seguro e confiável porque não é....”
Desejar a democracia, discursar favorável ao voto
é louvável. Embora a mesma declaração permita trazer a ameaça de atentado
à democracia e ao voto, se este as
condições do sistema eleitoral, e até se o voto não for aquele por ele
determinado.
***
Sem a apresentação de qualquer prova, mínima
que seja, em descrédito do sistema de urnas eletrônicas e no voto digital, Tchutchuca
não deseja alterar o sistema de votação, consagrado e justo.
Seu desejo não é o de implantar voto em papel,
urnas manuais, sujeitas a todo o tipo de manipulação, por todos aqueles
participantes do processo eleitoral e de escrutínio. (A tal respeito, tendo
sido escrutinador em 3 ou 4 eleições, até o ano de 1985, posso afirmar que,
mesmo sem qualquer intenção desonesta, em várias oportunidades, fui testemunha
da existência de condições para a prática de fraudes).
Seu único e evidente desejo é claro: tumultuar.
Fomentar a desconfiança para, caso derrotado, poder atiçar seus milicianos
contra o resultado desfavorável.
E daí, incentivar
o golpe.
***
Em 22 de agosto passado, em entrevista concedida
ao Jornal Nacional, questionado se respeitaria o resultado das urnas, o tchutchuca
do Centrão, respondeu:
"Seja qual for [o resultado
das urnas], eleições limpas devem e têm que ser respeitadas. Limpas e
transparentes tem que ser respeitadas".
Muitos comemoraram a
fala, atribuída à intenção de tranquilizar o país. Fala, mais uma vez, de
caráter dúbio.
***
E, embora respeitados âncoras de jornal televisivo,
nenhum dos entrevistadores fez a pergunta básica: o que o candidato entende por
eleições limpas? Como definir e controlar o conceito de limpas e sua aplicabilidade?
Admito que uma coisa é ser jornalista e querer
extrair os fatos e opiniões. Outra muito diferente é ser mero leitor de teleprompter.
Notícias que já chegam prontas para apresentação.
***
E
reconheço que não gosto de Bonner, desde que em reunião de equipe de editoria selecionava
as matérias a serem apresentadas ao Hommer Simpson, que considerava que todos nós
fôssemos.
Mas,
a lista de frases golpistas que apresentei serve apenas para tentar reforçar o
ponto: qualquer Simpson da vida real iria questionar o que se entende por eleições
limpas.
Os
apresentadores do Jornal Nacional, não!
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Aceitaram
a frase e mudaram de assunto, da mesma forma que se comportaram quando Renata perdeu
a fala, não por falta de ar como o “tigrão das jornalistas” ironizando a Covid,
mas pega no contrapé por uma desculpa obtusa de figura de linguagem.
Figura
de linguagem, de retórica ou tropo de palavras são estratégias usadas pelo
orador, para provocar determinado efeito na interpretação do ouvinte.
Imitar
pacientes com falta de ar, atende apenas à má estratégia de tentar ser grosseiramente
e grotescamente jocoso.
O
representante da morte se divertindo com o sofrimento e a morte por asfixia, de
centenas de milhares de brasileiros.
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Debate
da Band
Tive
ciência, hoje, de que no debate da Band, o tigrão das jornalistas teria
afirmado que não iria cumprimentar a mão de presidiário.
Em
minha opinião, Lula é que não deveria, em nenhuma hipótese, apertar a mão de um
genocida, dono de fortuna em imóveis adquiridos com pagamentos feitos com
dinheiro em espécie, não contabilizados.
***
Ainda
em relação ao debate, concordo com a excelente análise de Luiz Eduardo Soares,
para quem o Debate da Band foi apenas um show midiático, ou reality, sem
alcançar seu objetivo: de expor ideias e propostas e aprofundar em sua
discussão.
Eu
mesmo fui de opinião que Lula estava muito apático. Todos queriam ver, no
centro da arena, a luta sangrenta entre Lula x Tchutchuca.
Mas
o formato do debate, totalmente engessado, impede tal confronto ou a
oportunidade de comparação.
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Por
sorteio, o candidato a dar continuidade à desconstrução do país foi o primeiro
a fazer perguntas aos demais. Escolheu e bateu pesado em Lula.
Como
um boxeador, Lula acusou o golpe, ficou tonto, mas não beijou a lona. Preferiu
ficar nas cordas, puxando ar.
A
partir daí, a pergunta deveria ser feita, pelo mesmo critério de sorteio, por
outro candidato.
Por
óbvio, estando em segundo lugar nas pesquisas, a segunda pergunta seria
dirigida a ao despresidente.
O
que impedia Lula de levantar qualquer questão ao atual mandatário.
***
Até
em certo momento, Lula pediu licença para fazer um comentário sobre outro
assunto, distinto do que a pergunta que lhe foi endereçada.
Mas,
seria uma deselegância, uma descortesia, fugir do tema, ao qual ele acabou
voltando.
Debates
assim, com tantas amarras, servem apenas para aquilo que Luiz Eduardo Soares nos
apresenta: mostrar quem está do lado do fascismo e aqueles que têm muitas
convergências com o fascista.
Não
é debate. E todos os candidatos se situam contra o que não pode ser deseducado,
até para firmar posição em prol da pacificação.
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Grupo
de whatsapp de empresários
Tem
causado muita crítica o “desrespeito à liberdade de expressão” protagonizada
por medida adotada por Alexandre de Moraes, a pedido da Polícia Federal, para
dar continuidade às investigações contra empresários, ricos e poderosos, que faziam,
abertamente, apologia à um atentado à democracia.
Editoriais,
como o do Jornal da Band, ou opiniões como a de seu âncora, Oinegue, são críticas
pesadas à decisão, chegando a dar a entender que, com tal comportamento, Moraes
está jogando seu currículo no lixo.
***
Claro,
os empresários, homens, brancos, ricos, anunciantes importantes para qualquer
meio de comunicação, merecem ser tratados como o que são: patrões da mídia.
E,
forçoso reconhecer: aparentemente não foram além de manifestar seu caráter e
sua opinião desprezível. Gananciosa e ególatra.
Eles
apenas trocavam ideia. Em prol do cometimento de um crime.
Imagino
apenas se o grupo de whatsapp denunciado fosse composto por gente ligada ao
comando do tráfico, cada um deles postando elogios à qualidade das drogas, ao
melhor formato de distribuição, aos preços ou até à logística de distribuição
de armas, de forma a prestar segurança ou, depois, cobrar dívidas contraídas
por usuários.
A
liberdade de expressão seria defendida tão enfaticamente?
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