link do youtube: https://youtu.be/cuxU9ByVY08
Circula
nas redes sociais texto atribuído ao farmacêutico Meyer M. Treinkman, de resposta
crítica a recomendação feita pelo líder supremo do Irã, o aiatolá Ruhollah
Khomeini, para o mundo muçulmano boicotar tudo e qualquer coisa de origem judia.
Apesar
de bastante comum, este tipo de campanha de boicote a produtos e a determinadas
marcas, sempre tive muitas dúvidas quanto à eficácia de tal comportamento. E
não de agora.
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Sempre
fui reticente quanto à capacidade de um boicote de consumidores, por exemplo, a
determinada marca de combustível ou à compra de carne de boi em geral ou de
determinado frigorífico, provocar a queda do preço considerado abusivo.
Também
sempre duvidei da eficácia de um boicote a qualquer marca determinada por que
seu fabricante não adota uma abordagem com base na E-S-G (governança ambiental,
social e corporativa), ou desrespeita ou descumpre a legislação trabalhista,
ou por questões de crenças religiosas, ou simpatias políticas.
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Sem
citar produtos ou marcas, todos sabemos da cultura do boicote de que o Brasil
tem se tornado terreno cada vez mais fértil, tendência revigorada pelas redes
sociais e transformada em ‘campanhas de cancelamento’ (até de pessoas!).
Reconheço
que minhas dúvidas em relação ao boicote sempre tiveram como base a dificuldade
de se obter a adesão de um número expressivo de consumidores, seja de forma individual
ou em pequenos grupos familiares ou sociais, portadores de um forte sentimento
de objetivo comum, capaz de atingir um grau de coordenação e controle que
concretizasse a ideia de que, “agindo em conjunto, sem consumir, a demanda
reduziria e, pela lei da procura e da oferta, os preços cairiam”.
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Claro,
este raciocínio tem como ponto de partida o pressuposto equivocado e enganoso da
existência de uma “lei da procura e oferta”. Lei que, conta a lenda, para o
professor Delfim Neto, foi mais uma das várias outras tantas leis que não pegou em nosso país,
virando letra morta.
É
que fora dos manuais neoclássicos, em que desempenhava a função de omitir a
influência e o poder de alguns agentes econômicos no mercado, essa lei só se
aplicava, na prática, a raríssimos casos, sob condições particularíssimas - menos
a regra que a exceção.
E
isso era ensinado nos livros e cursos de introdução à Economia. Lição que mais
tarde se fazia acompanhar da surrada máxima de que “na prática, a teoria é outra”.
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A
dificuldade de coordenação deste tipo de ações, a que sempre fiz referência,
caiu por terra com o advento da internet e o desenvolvimento das famigeradas
redes (anti)sociais.
O
que pode ser ilustrado por exemplos de facilidade de troca de mensagens e
postagens, como são os “flashmob” - grupo de pessoas recrutadas para se reunirem
repentina e instantaneamente em um ambiente público, para promoverem uma
apresentação que transmita alguma mensagem; ou mesmo para combinar previamente
local e hora das atuais brigas de torcidas organizadas.
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Quanto
à resposta do farmacêutico, minha primeira sensação é a de que trata-se de
texto muito interessante e instrutivo. Contém várias informações que
normalmente são desconhecidas ou caem no esquecimento. Deste ponto de vista, a oportunidade que nos oferece de ampliar os
nossos conhecimentos é digna de consideração
e agradecimento.
No
entanto, ao meu ver, o texto é desigual e profundamente racista.
Desigual,
por que, se formos aceitar a definição do Google, os judeus são membros de uma
religião, o judaísmo; não de um grupo étnico. O site de buscas nos fornece,
inclusive, uma explicação: a dispersão dos judeus (grupo étnico) pelo mundo,
desde tempos antigos. O que os levou a diversas miscigenações (casamentos,
conversões, etc.) que fizeram a etnia perder força frente à religião. Menos o
vínculo genético, mais o espiritual.
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A
desigualdade do texto se dá porque confunde a origem étnica, com a religião, e
até o país de origem das mentes brilhantes que lista. Assim, considera tanto um gênio como Freud, austríaco e ATEU, crítico
da religião; quanto Ehrlich, alemão; um
Paul Samuelson destaque de minha área, a Economia, americano; e um Salk, norte-americano; refere-se a Bella
Schick, húngara; Ludwig Traube, do Digitalis (e Digoxina), polonês; Minkowsky,
da insulina, nascido na Lituânia, e os classifica a todos como judeus. Ainda na
Economia cita como judeus ao russo Kuznetz; ao americano Milton Friedan; Arrow,
Sollow, Markowitz, todos americanos.
Curiosamente,
não lista o alemão Karl Marx, filho de
casal de rabinos. Nem se refere à família de judeus de origem alemã, os Rothschild,
banqueiros de fama internacional. Talvez pela ligação com com o dinheiro, visto
como instrumento de opressão, exploração e até perseguição! Algo sujo(?)
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Como
a ninguém passa despercebido o fenômeno da drenagem de cerébros (‘brain drain’),
prática adotada desde sempre pelos EUA, não deve surpreender o fato de que
foram os judeus de maior qualificação que tiveram a preferência de abrigo
naquele país: os intelectuais, filósofos, cientistas, pesquisadores, artistas, músicos. A
estes, o país americano forneceu financiamento, acesso aos melhores laboratórios
e equipamentos, além de um ambiente propício a que dessem vazão a sua genialidade
de forma a produzir, principalmente, conhecimento.
Quanto
aos “Zés, o homem comum do povo judeu”, que devem ter tido uma vida boa,
simples, normal, sem nada de excepcional, os registros não tratam.
E
de Abraão, até os nossos dias, deve ter
havido muitos milhões a mais de judeus comuns que que os gênios listados.
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Além
disso, o texto é profundamente racista: islamofóbico. Ignora a importância da
civilização mesopotâmica, assíria, egípcia; os avanços gerados pelos árabes na
astronomia, química, e até na medicina: a pesquisa nos informa que, a partir de
estudos de tratados de Hipócrates e
Galeno eles promoveram várias inovações, como a ideia da criação dos
hospitais e de farmácias.
Mas,
não é só. Poderíamos falar de Ibn Sina, ou Avicenna, autor de Canone da
Medicina, obra utilizada no ensino médico por séculos, que descrevia diversas
patologias de desordens centrais e seus
possíveis tratamentos, como as manias e alucinações, pesadelos, demências,
epilepsia, derrame, paralisias, tremores e até distúrbios sexuais. A descrição
que nos legou de estruturas anatômicas e de regiões do cérebro deixaram marcas:
o nome das regiões e estruturas, utilizados ainda hoje.
***
Interessante
é que o texto apresenta uma cronologia, faz
uso de dados numéricos, esquecendo-se de que não fosse a matemática, os
algarismos e a álgebra, nem mesmo o texto mesmo poderia ser escrito.
Pois
é! Falando agora de evolução científica e tecnológica, a máquina de guerra
montada por Israel e alguns dos judeus lá instalados (sionistas militaristas) é
assombrosa. Mas, a principal arma utilizada: o corte do fornecimento de
alimentos, água, energia, luz, combustíveis, a privação da liberdade de
locomoção, é prática tão antiga quanto outros cercos, entre os quais o de
Troia.
Aliás,
os judeus que invadiram o Congresso americano pedindo imediato cessar fogo
também são árabes terroristas?
Vale
a reflexão: quem é o responsável pela lavagem
cerebral feita nas crianças árabes, que os leva depois a reconhecer como inimigo
aquele que coloca sua sobrevivência em risco todo o tempo,? Seriam os
palestinos radicais que, como eles, cresceram subjugados e submetidos a um tratamento
que não é tolerado nem para animais?
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