quarta-feira, 18 de dezembro de 2024
Razões do dólar nas nuvens e da necessidade de a PEC 65 subir no telhado.
https://youtu.be/s0cWtbONx5o
Em entrevista concedida ontem, a uma rádio da capital sobre as razões da alta do dólar e suas consequências para o dia a dia do cidadão comum,
comecei apontando algumas das razões dessa movimetação, típicas de fim de ano.
Primeiro, o fato de contratos internacionais de financiamento terem os meses de abril e outubro como datas para pagamentos de amortizações do principal e de encargos, em especial, juros.
Isso explica a queda dos estoques de dólares em poder dos bancos, de 50,6 bilhões em setembro para perto de 30 bilhões de dólares em dezembro.
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Se a oferta de dólar apresenta queda, a demanda tende a aumentar nessa época, seja por causa das viagens internacionais, de férias,
seja pela remessa de dividendos das filiais de empresas estrangeiras para suas matrizes.
Mas a principal explicação da alta do dólar é a ESPECULAÇÃO praticada pelos mercados financeiros, pressionando ou chantageando o governo de forma
a que ele venha a adotar um violento choque fiscal.
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Qual a ideia, por trás dessa cobrança?
Para alguns desavisados, a piora de expectativas de inflação. Um comportamento que, curiosamente, repetiu-se em todos os anos do governo anterior,
incapaz de cumprir a meta de inflação anual, ou de sequer respeitar o limite superior do intervalo de tolerância.
E, por que se acredita que a inflação está fora de contole? Por que o governo Lula é considerado gastador, gastando mais que arrecada, o que
revela não ter compromisso com o equilíbrio fiscal.
No governo anterior, no desespero de comprar a fantasia de sua reeleição, houve gastos maiores que o total arrecadado. No último ano de 2022, o governo fez graça com chapéu alheio, dando calote em governos estaduais, com o ICMS dos combustíveis e deixando de pagar direitos legalmente reconhecidos, os precatórios.
No entando, o mercado não criticou, nem fez chantagem alguma, apesar de tanta intervenção. Apenas se beneficiava de medidas de um governo de discurso liberaloide.
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Cobrando a redução do desequilíbrio fiscal e do grau de endividamento em relação ao PIB, os mercados exigem, agora, redução dos gastos públicos:
em especial, querem que o salário mínimo não se eleve acima da inflação; que os benefícios previdenciários e sociais se desvinculem do salário
mínimo; querem a redução de programas que visam o resgate da dignidade da pessoa humana, como o bolsa família, o pé de meia. Além disso, exigem
que o governo gaste cada vez menos em educação e saúde, abrindo essas importantes áreas de atuação pública para a atuação privilegiada da
iniciativa privada. Afinal, o lema é: governo cada vez mais fora, mais espaço para a atuação e ganhos de capital e lucratividde dos interesses empresariais.
O governo corta os dedos, mas não aceita a amputação do braço. Apresenta pacote de corte de gastos que o mercado julga insuficiente. E o mercado
chantageia.
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O mercado divulga expectativas cada vez mais pessimistas de inflação, impõe a elevação dos juros que rendem os títulos que mantêm em carteira (e
de que não querem se dispor; apesar de sempre alegarem temer a incapacidde de o governo honrar sua dívida!).
Desprezam o fato de que juros maiores ampliam cada vez mais os gastos do governo, que diziam desejar reduzir (1% a mais de juros, custa mais de 56
bilhões ao ano, para um custo de gasto financeiro COM JUROS, de mais de 850 bilhões!).
Junto, desprezam a inteligência alheia.
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Juros maiores representam menor demanda, menores vendas, menor produção, menor emprego, ociosidade e custos e preços maiores (para compensar o custo da ociosidade). Representam, também, menos decisões de expandir a produção e menores investimentos. Menos dinheiro para a economia real e
maiores recursos para aplicações financeiras, com maiores rendas de juros.
Antecipando a redução de lucros das empresas com ações em bolsa, os acionistas liquidam suas posições, vendem as ações e remetem o dinheiro para
fora do país. Aumenta a demanda e o preço do dólar. Por fim, o fluxo de entrada de capitais tende a se reduzir, caindo a oferta de dólares.
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O dólar alto promove encarecimento de insumos, fertilizantes, partes, peças e componentes industriais, eleva o preço dos combustíveis e aumenta
custos de produção, repassados para os preços. A profecia de inflação se auto realiza.
O Banco Central eleva os juros e reinicia e aprofunda o processo.
Enquanto isso, Galípolo, indicado por Lula para exercer o mandato de presidente do Banco Central pelos próximos 4 anos, se alia aos interesses do
mercado e participa da elevação dos já pornográficos juros. Afirma que o câmbio flutuante é uma conquista e um fundamento do nosso modelo, e
assinala que não irá usar instrumentos de mercado para controle do dólar (flutuação suja).
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Ao contrário, promove reunião de TRABALHO com servidores do Banco Central, não dando oportunidade para que o sindicato de funcionários, o SINAL,
possa se manifestar. E de trabalho mesmo não trata nada.
Trata apenas e todo o tempo da PEC 65, que visa privatizar o Banco Central, tirando-o da esfera de influência da política econômica do governo eleito pela sociedade, tornando a política monetária um obstáculo à atuação da política fiscal e de qualquer política destinada a reduzir as
desigualdades vergonhosas que assolam nosso país: de renda, de propriedades, de terras, de oportunidades, de respeito e justiça.
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No fundo, vindo do mercado, para onde deverá voltar findo seu mandato; ainda em pleno vigor já que ainda jovem, o que parece lhe interessar, como
a outros de seus apaniguados é poder ter todo a autonomia e espaço para conseguir obter rendimentos ou remuneração que lhe coloque no mesmo
patamar dos milhões de reais mensais dos principais banqueiros do país.
Seus bajuladores, crentes de que poderão alcançar salários na casa das centenas de milhares de reais mensais, não se incomodam em manter uma
instituição cada vez menos sob a esfera de influência do governo e mais dominada pelos interesses dos grandes agiotas legalizados, representantes dos interesses financeiros de nosso país.
No fundo, Gabriel Galípolo, que inicia afastando contato com a representação legal dos funcionários, afastando aposentados que ajudaram a
construir o banco de hoje, deve estar certo.
Afinal, diz a lição que manda quem pode, obedece ao mercado quem tem juízo.
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