terça-feira, 31 de dezembro de 2024
Revendo e prestando contas do ano de 2024 na Economia e nos pitacos
https://youtu.be/_1V9asALL2g
Neste pitaco de prestação de contas e despedida de 2024, começo apresentando alguns dados da economia brasileira:
Crescimento do PIB em 2024, de 3,5%, contra esperado 1,2% pelos economistas e analistas de mercado.
Desemprego em 6,1, a menor taxa da história, também contrariando as previsões pessimistas do pessoal do mercado.
Massa de rendimento real recorde de mais de 332 bilhões de reais.
Redução da taxa de miséria: se de 2019 a 2022 a tendência era de aumento da pobreza, da extrema pobreza e da insegurança alimentar e nutricional,
tendo o país voltado ao mapa da fome, nestes dois anos o Brasil tem feito o caminho inverso, com as condições de vida melhorando para os mais
desvalidos.
A indústria apresenta crescimento de 3,6%, enquanto o crescimento do emprego industrial atinge os 75%.
A Balança Comercial prevê um superávit de 79.8 bilhões de dólares.
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Internamente o sistema financeiro apresenta um crescimento no volume de operações de crédito de mais de 9%, o que se dá ao lado da queda do índice
de inadimplência.
Assistimos a um aumento de vendas no varejo, enquanto é aprovada parte importante de uma Reforma Tributária, com apoio do Congresso, aguardada
há mais de 40 anos.
Medidas de redução estrutural de gastos – sem retirar completamente os mais necessitados do orçamento foram propostas e adotadas, embora consideradas insuficientes pelos mercados.
Em boa hora, o ministro Dino teve a coragem de por o dedo no vespeiro da orgia das emendas no Congresso, escancarando a necessidade de a sociedade discutir e alterar esse assalto que os congressistas estão praticando contra o Tesouro Nacional, contra as finanças públicas e contra a Economia Popular.
Atitude cada vez mais análoga à chantagem praticada pelas gangues que operam nas sombras, sem transparência e com a omissão cúmplice da grande midia convencional.
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Pelo enfrentamento corajoso às exigências descabidas e vergonhosas da Faria Lima e dos autointitulados mercados, tomamos conhecimento dos volume de gastos e dos principais beneficiários do gasto tributário de mais de 560 bilhões.
Pela ação deletéria de Campos Neto, a população hoje começa a ter conhecimento do principal gasto público, responsável pela elevação do indicador
Divida Pública / PIB, o pagamento sagrado e intocado de juros de mais de 850 bilhões.
De meu ponto de vista, há ainda outro grande evento a ser comemorado nesse final de ano de 2024: a saída de Campos Neto da presidência do Banco Central do Brasil.
Isso porque o queridinho da imprensa e dos famosos escritórios instalados nas imediações da Faria Lima, de forma geral para o país, e em especial os servidores da ativa e os aposentados do Banco Central, entre os quais me incluo, têm motivos para considerar a passagem desse senhor como um dos piores períodos de toda a brilhante história daquela instituição de Estado.
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Como os interesses das grandes corporações como bancos e as grandes empresas de comunicação e jornalismo não são necessariamente próximos dos
interesses dos empresários cujos capitais estão aplicados em atividades produtivas, geradoras de emprego, produção e renda e sujeita a toda a
espécie de riscos; como os objetivos e as práticas das grandes organizações financeiras, inclusive internacionais, não se confundem com aqueles da
grande maioria da população brasileira; como as necessidades dos donos do capital que exercem a função de gerarem empregos não são
necessariamente coincidentes com aquelas dos seus empregados, como nos mostra a reivindicação pela humanização da jornada de trabalho, na direção
contrária ao 6x1, nem mesmo quando o empregador é o governo e os empregados os funcionários públicos, a passagem e os elogios a Campos Neto são
como falso brilhante.
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Eleito mais de uma vez o melhor presidente de Banco Central do mundo, não se tem notícia de, em qualquer momento e de forma pública, o dirigente demonstrar qualquer reconhecimento à dedicação, sacrifício, interesse público, nível de qualificação, criatividade e capacidade de inovação e de conservação dos trabalhos dos funcionários do Banco em prol da sociedade.
Ao contrário, publicamente, o mandatário bolsonarista que se engajou com tanta disposição na campanha pela reeleição do inelegível - a ponto de ir votar com a camisa amarela apropriada pelos partidários do derrotado - apenas conseguiu dar declarações de crítica ao governo democraticamente sagrado vitorioso nas urnas.
Sem demonstrar respeito pelo cargo que ocupava e pelas consequências de suas palavras, foi dos críticos mais ácidos da política fiscal executada pelo novo governo, de elevação de gastos até como forma de se tentar reconstruir toda a destruição que o governo anterior promoveu nas instituições de Estado no país.
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Ao lado desse comportamento, seu discurso sempre foi no sentido de alimentar o pânico junto aos rentistas financeiros, causando stress e alimentando e reforçando a adoção de medidas tipicamente especulativas.
Protegido pela imprensa de viés neoliberal e pela autonomia que retira o Banco da influência política do governo, para colocá-lo na posição de vassalagem dos interesses financeiros privados, sua competência não o livrou de ter de assinar 2 cartas de explicações para o descumprimento da meta inflacionária, deixando encomendada uma terceira.
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Além disso, Campos Neto foi personagem de ações judiciais, convenientemente não destacadas pela mídia, entre elas a ação popular proposta pelo
deputado Boulos, por conflito de interesses, em razão de manter em seu patrimônio particular, aplicações em investimentos financeiros, grande
parte dos quais, em aplicações em títulos de renda fixa, metade deles atrelados e ampliando seus ganhos toda vez que fosse decidido algum aumento
da taxa Selic.
Mas não é só. Mantinha também investimentos no exterior, nunca suficientemente conhecidos, e passíveis de ganhos por eventual valorização do dólar.
Sua defesa alega que declarou tais investimentos ao assumir a presidência do Banco, e que não fez novos envios, o que não impede de continuar obtendo ganhos pela simples manutenção das posições já possuídas.
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Mas pior ainda de sua passagem foi a divisão e o conflito que provocou entre o corpo de funcionários do Banco, entre comissionados e não
comissionados, entre alguns ativos e aposentados, ao apresentar, propor, defender e vender internamente a ilusão de que a todos os problemas
orçamentários do banco poderiam ser resolvidos, inclusive relativos à elevação de remunerações acima do teto de salários para os funcionários
ativos, caso fosse aprovada a Proposta de Emenda Constitucional 65, a PEC 65.
Esta trágica possibilidade, rechaçada pela maioria dos integrantes da categoria (74,5%), levou a um embate do Sindicato dos Funcionários do Banco,
o SINAL e seus filiados pelos corredores e gabinetes do Senado, para tentar de vez não deixar prosperar a PEC da Privatização do Banco Central.
PEC que entrega a política monetária e arrasta toda a política econômica do governo democraticamente eleito, qualquer que seja sua orientação, para os desígnios da Faria Lima e dos rentistas e especuladores, que nada contribuem para o crescimento e o desenvolvimento da economia nacional.
Por tudo isso, a imprensa histérica faz retrospectivas críticas ao governo Lula, sem identificar corretamente as responsabilidades de uma das piores bancadas legislativas que já tivemos a oportunidade de presenciar no Congresso e antecipando em 2 anos, o debate eleitoral para 2026, e cacifando mais uma vez nomes de políticos que se curvam aos interessesa dos grandes grupos capitalistas, e completamente avessos à defesa de interesses da maioria da população.
Movida apenas por seus interesses de ganhos, a imprensa não aprende.
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Feliz 2025
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Um comentário:
O prof. Paulo Cesar faz uma brilhante, pormenorizada e verdadeira retrospectiva politico-econômica do drama vivenciado no Brasil em 2024. A alta taxa de juros e suas implicações, as investidas do mercado no BC e o dólar.
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