quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Voltei, como Aécio...

Constrangido. Calado. Vencedor como Pirro. No fundo, derrotado.
Assim como Aécio deverá voltar à seu mandato no Senado, voltei para dar alguns pitacos. Confesso que desanimado. Derrotado, afinal, é uma expressão forte.
Mas, o que comentar de toda a situação que estamos vivendo em nosso país, e contra a qual nada fazemos, dominados por essa sensação de total incapacidade e torpor.
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Convenhamos que não é fácil, em absoluto, viver em um país onde senadores sobem à tribuna para pregar um voto que, antes de ter o viés corporativista, seja capaz de devolver ao Supremo a dignidade que a Corte Suprema se deu ao luxo de jogar no lixo.
Nem diria que perdeu. No fundo foi isso. Jogou no lixo.
E alguns senadores fizeram discursos para mostrar que, para o bem da democracia, o Senado deveria resgatar o prestígio do Supremo, e sua independência, então dispensada.
O que é óbvio: a democracia, o Estado de Direito necessita de que os poderes, mesmo atuando de forma harmônica, sejam independentes, e que as decisões de um dos Poderes, sejam respeitadas pelos demais, na esfera de sua competência.
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Nunca é demais lembrar que a competência dos poderes está prevista e descrita na Constituição, e que se ao Executivo compete governar, agir, cumprir as leis; ao Legislativo compete legislar, criar leis. E ao Supremo, em especial cabe o papel de intérprete exclusivo da Constituição, e o papel último do cumprimento de todo o conjunto de leis daí subordinadas.
Mesmo que o Supremo não queira ou não possa, ou não tenha interesse, ou capacidade, ou seja lá o que se queira dizer, para que sua interpretação prevaleça e seja cumprida.
Afinal, já na antiga Roma se pregava que Dura Lex Sed Lex. E, se fica bem ou não para a Suprema Corte a decisão de cumprimento de alguma lei, ou se ainda a interpretação agrada ou não a alguém ou algum outro Poder, pouco importa.
É a competência exclusiva do Supremo e abrir mão de tal papel deveria dar, em um outro país, que fosse sério, margem a que se denunciasse os membros da Corte pela prática do crime de prevaricação.
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Mas, se tinha senador defendendo as prerrogativas do Supremo, é importante lembrar que outros não apenas continuavam em seus ataques à Corte, alegando que a decisão de afastamento de um companheiro seria um desrespeito à autonomia do Congresso, mas ainda encontraram tempo para criticar colegas seus, tão senadores quanto eles, por terem recorrido ao Supremo em questão tão corriqueira como a da decisão de como se daria a votação que decidiria o futuro de aecim.
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Foi o caso do senador de longa folha corrida, Jáder Barbalho, criticando ao senador Randolfe Rodrigues por ter ido se queixar ao STF, em razão de as regras da votação que traria de volta o senador tucano afastado, estar propondo votação secreta, de forma a salvar, se ainda possível, a imagem dos senadores participantes do jogo envergonhado, de cartas marcadas para livrar senadores na atual circunstância, mas principalmente em outras, futuras.
Diga-se apenas para registro que a proposta de votação secreta , sendo tão flagrantemente contrária ao que reza a legislação e o próprio regimento da Casa, impediu o próprio Alexandre de Moraes de, mais uma vez mostrar sua lealdade a tudo de mais escuso que existe em nosso país.
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Ao final, a votação foi aberta, mas escancaradamente influenciada pelo fato de que os senadores em grande quantidade estarem todos comprometidos e com o rabo preso, já que vários que tiveram a oportunidade de se manifestar deixavam clara a sua verdadeira preocupação, expressa na velha máxima de Orloff: "eu sou você amanhã".
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E, curioso, ainda teve senadores que, aproveitando-se da 'deixa' dos chamados juízes do Supremo, alegaram que o mandato conferido pelo eleitor a uma pessoa qualquer não pode, salvo hipóteses muito expressas, ser restringido, em nome da democracia e do interesse popular, que lhe serve de base. Ou de desculpa.
Maldito foro privilegiado, lembrado por Barroso em seu voto derrotado na sessão do Supremo, do dia 11 de outubro, e por Álvaro Dias, em seu discurso encaminhando o voto favorável à manutenção das medidas alternativas a seu colega de plenário.
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Justiça seja feita, o que me leva a esse parêntese, é preciso fazer bem clara a distinção entre o colega e "cumpanhêro" de aecim com jaderes, jucás, e que tais, na verdade comparsas e os colegas de plenário, como Álvaro Dias, em relação ao senador mineiroca.
Há grandes diferenças entre as duas acepções da mesma frase.
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Mas, o discurso de Álvaro Dias surpreendeu aos próprios colegas, que ficaram como que bestificados, com o senador paranaense listando seus projetos de punição de crimes de seus colegas. Ainda bem que a tv captou e mostrou as caras de preocupação estampadas.
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Entretanto, meu comentário sobre o alegado respeito ao mandato conferido pelo voto popular, nem é para fazer coro a tantos quantos se lembram de que o mandato dado pelo povo não é para pedir empréstimos de 2 milhões, em malas.
Claro, é isso também.
Mas a questão fundamental, em minha opinião, é o tal do recall, tão falado na época de votação do golpe contra Dilma (agora confirmado e reconhecido por gravações de Lúcio Funaro, mesmo que nada mais fazendo voltar o tempo!).
Pois bem, se a questão é do mandato popular, conforme discurso de Anastasia, para que a representação de Minas não ficasse prejudicada em 1/3, a questão é: por que não perguntar o que o eleitorado dessa sombra de político honesto, gostaria que fosse feito?
Mandá-lo de volta para casa, à noite, ou mandá-lo de volta para os locais que incentivam a prática de crimes dos mais variados tipos?
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Só para findar o assunto: todos já sabíamos o resultado. Volta o senadorzinho, mesmo que de "teto baixo e farol queimado".
E pensar que esse homem poderia ter sido, equivocadamente, o presidente do Brasil.
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Quer saber de uma coisa: talvez não fosse tão absurda assim a situação, já que hoje quem governo o país é... são... os interesses empresariais mais despudorados, mas quem está lá na cadeira, para nossa desgraça, é esse infeliz, usurpador e bandido denunciado, temer.
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Mudando de assunto, dizem que temer e seu (des)governo estão levando o Brasil de volta aos trilhos.
Então já são algumas voltas interessantes: ao conservadorismo cultural, ao fundamentalismo, à não respeito à diversidade, ao não respeito das áreas indígenas. Volta ao desmatamento, e a atuação predatória de mineradoras na Amazônia. Isso sem contar com a ação predatória dos planos de saúde privados, investindo inescrupulosamente contra a vida dos mais necessitados. E dos idosos.
Retorno ao tempo da escravidão, usada agora como arma de combate ao desemprego.
E dizem que volta do crescimento, embora desmentido por dados de agosto, ao menos em relação a um retorno sustentado.
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Curioso, e pouco observado, dizem que o emprego formal não cresceu. Isso mostram os dados. Mas, todos aceitam a ideia - correta, de que o poder aquisitivo do consumidor está se elevando, em razão da redução do desemprego. Como?
Via aumento do trabalho informal. E onde se dá o maior aumento desse tipo de trabalho, senão, em especial nos serviços pessoais?
Aqueles mesmos que vêm apresentando queda nos últimos dois meses, e apresenta percentual negativo em todo o ano de 2017.
O que isso significa?
Que é possível esperar-se redução de consumo, e de aumento da produção industrial e do PIB, para esse ano? Ou seja, um crescimento menor embora positivo do PIB?
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Essa é uma conclusão não muito fácil de ser extraída, já que, no caso da indústria, e especialmente a automobilística, grande parte do crescimento é decorrente de exportações. Ou seja, nada tem a ver com o governo desse indiciado.
Mas, sem sombra de dúvidas, quem elogia e aceita o governo dessa múmia, esse usurpador, golpista, está favorável ao retorno da época que direitos sociais, direitos trabalhistas, direitos em geral, valiam apenas para os amigos do rei. E já eram considerados mais que o bastante.
No nosso desgoverno atual, o problema não é apenas estarmos voltando para esse período da escravidão e dos privilégios.
Pior é que estamos sujeitos à manipulação da imensa maioria da população por alguns poucos, que insistem em dizer que o "presidente" está sendo vítima de acusações falsas e ataques infundados.
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Como se as falas de que tem que manter isso, e outras, indicando o seu homem de confiança, aquele Loures da mala fossem falas que ele não proferiu. Não eram suas palavras, mas trechos de uma peça grega, uma tragédia (para nosso país) que ele estava ensaiando em sua casa, à noite, em companhia do tipo de pessoas que ele convida para sua casa, altas horas da noite, para passar textos de teatro: um bandido (como ele se referiu ao empresário Joesley).
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aecim também não é o autor da fala, ele apenas estava repetindo para Joesley, trechos das frases de um filme sobre gangsteres que ele tinha assistido, e onde se ouvia coisas tão interessantes quanto que delator, antes de delatar a gente mata ou que a grana poderia ser dada a seu primo de confiança, o Fred.
Isso depois de citar que o gangster envolvia sua própria irmã em suas tramóias, a ponto de ter em dado momento agradecido pelo atendimento dado à irmã.
Na verdade, nessa defesa, história, sei lá de aecim, só não consigo entender o que tem a ver, Bendine, a presidência da Vale e o porque se discutir isso com um então, amigo, depois bandido do coração.
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Outra mudança de assunto: voltei, depois do desânimo que me levou a ficar esperando, inutilmente, que o país pudesse apresentar alguma melhora.
Afinal, meus pitacos são também um desabafo, mas não são nem um muro de lamentações, nem um espaço para choradeira sem fim.
Daí por que não me manifestei nem mesmo quando da passagem do dia 7 de outubro, quando completamos 7 anos de pitacos.
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Mas o showzaço de Sir Paul McCartney, ontem no Mineirão, me fez acreditar que ainda deve haver alguma coisa de bom para acontecer em nosso país. Nem que seja receber ídolos do rock mundial, para podermos manter nossa crença de que o ser humano ainda é o melhor que temos, apesar de alguns em nosso país sejam exceções a essa constatação.
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Thank you, Sir Paul.
E como ele mesmo disse "até a volta", até o próximo pitaco nosso.
Que está de volta, como o Beatle, mas sem sua competência.

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