Começou quente outubro. E chuvoso, mostrando pela enésima vez que nossas cidades não estão aptas à entrada da estação das águas.
Basta chover um pouquinho que seja, e já começamos a ver as telas de nossas televisões invadidas por enchentes, lama, desmoronamentos, etc.
Verdade seja dita, não tem chovido só um pouquinho. Ao contrário, aqui em Belo Horizonte, choveu 14 mm em um período de apenas 10 minutos, ou seja, o equivalente a derrubarmos 14 litros em um tanque com dimensões de 1 metro de largura, por 1 metro de comprimento e outro 1 metro de altura. Ou 1 metro cúbico de volume.
Mas, se 14 milímetros pode não impressionar à primeira vista, imaginemos que, no período de 1 hora, se a chuva mantivesse sua intensidade, a medida corresponderia a 84 litros. E a água subiria bastante para apenas uma hora de chuva.
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Deixando a quantidade de chuva de lado, há que se reconhecer, também que, embora haja uma parcela de responsabilidade das autoridades públicas, para a falta de adequação de nossas cidades para a chegada das chuvas, já que o fenômeno é facilmente previsível, a maior parcela dos problemas, especialmente vinculados às inundações tem como principal responsável nosso próprio povo.
E a falta de educação de nossa população, que prossegue transformando nossos espaços públicos em lixeiras, descartando todo tipo de detritos, responsáveis pelo entupimento das bocas de lobo, impedindo que a água tenha vazão para escorrer.
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É certo que, como noticiado, alguns órgãos públicos tiveram a preocupação de promover a limpeza e a retirada de entulhos das bocas de lobo, mas isso é ainda pouco para compensar a quantidade lixo acumulado em bota-foras improvisados por vários bairros das cidades.
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Além do início do período mais chuvoso, a cidade tem também sido atingida por ventos que alcançam grandes velocidades e causam vários estragos, como destelhamentos, quebra de vidraças e os consequentes estilhaços atirados a esmo, além de queda de árvores e outras estruturas.
Ainda ontem, a queda de várias árvores acarretou, além de problemas de tráfego, a morte de um taxista em plena centro de Belo Horizonte.
Fato que apenas serve para dar tintas mais fortes à tragédia anunciada.
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Mas, além dos desastres naturais, outubro se inicia com o ataque perpetrado por um atirador maluco, mais um, em Las Vegas, Estados Unidos, a capital do jogo e da diversão.
Aparentemente cometido o ataque em um momento de insânia, já que os antecedentes até aqui divulgado do acusado do tiroteio mostram um sujeito normal, contador aposentado, sem maiores envolvimentos com organizações radicais, jogador, bem situado na vida, ao menos economicamente.
Situação que desperta e aguça, como não poderia deixar de ser, questões como a da facilidade de qualquer americano poder adquirir e portar armas, de qualquer calibre.
Direito que uma emenda à Constituição assegura a qualquer um, sem muitas restrições, ao que eu saiba.
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Como não poderia ser diferente, em nosso país, onde vigora uma lei de desarmamento, um conjunto de pessoas bem intencionadas, mas que julgo completamente estúpidas, já começam a se mobilizar via redes sociais, para recriminar o que alegam ser a parcela "esquerdopata" da imprensa e o destaque dado a toda a manifestação contrária, mesmo nos Estados Unidos, à posse ou conservação de armas de fogo, algumas de alto poder de tiro, nas mãos de quem não teve qualquer preparo para lidar com tais artefatos.
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As pessoas que agem assim, defendendo a revogação da lei do desarmamento no nosso país e pregando a possibilidade de cada um ter sua própria arma ou arsenal em casa, argumentam serem apenas favoráveis a que o povo possa ter condições de promover sua própria segurança, dada a falência do Estado em assegurar esse direito inalienável.
Esquecem-se de que a falência do Estado na questão da segurança tem a ver não apenas com a posse ou não de armas, mas com outras questões, esquecidas nessas horas, de ausência total de educação de base e de qualidade para a grande maioria da população, ou ainda com a adoção de políticas e de programas de melhor distribuição de renda, de melhores condições de trabalho, tudo justamente na contra mão do que o governo ilegítimo, postiço de temer tem procurado adotar.
Pior, governo que promove reformas que esse conjunto de pessoas aplaude, por não terem um mínimo de discernimento: não é com mais exploração do trabalho e condições mais apropriadas à expansão dos lucros que nós poderemos construir uma sociedade mais inclusiva. Ao contrário.
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No entanto, deixando de lado as mazelas que são características de nosso país, e derivadas de nossa condição e formação histórica, nada impede que as pessoas que estejam armadas sejam, como o caso agora nos Estados Unidos e vários outros que sempre são noticiados, pessoas de boa formação sócio cultural, educadas, com padrão normal de comportamento, até que algum momento alguma frustração, alguma desesperança, algum ato de insanidade, ainda que temporário, possa dar origem a outro e cada vez mais encarniçado ataque.
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Ora, os defensores do desarmamento alegam sempre que, em nosso país, enquanto a população encontra-se desarmada, os bandidos, os maus, estão armados até os dentes.
Nunca é demais afirmar que, nos Estados Unidos, país cuja legislação é aquela que esses grupos advogam, quem tem a posse de arma e comete tais atos de carnificina não são os "maus", mas são os que tinham outra condição ou classificação, talvez os "bons".
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Pior, em minha opinião, não consideram esses que classifico como bem intencionados apenas, que grande parte das armas em posse da maioria da população em pouco tempo estaria na posse de pessoas que não hesitariam em usá-las, para o mal. Porque não é absurdo lembrar que os cidadãos de boa índole, apenas em situações muito raras, seriam levados a se utilizar sua arma, como uma arma deve ser utilizada: se sacou a arma, atire para matar.
A maior parte ainda iria ficar em dúvida ou mesmo não teria coragem sequer para usar a arma e atirar, quanto mais para atirar para matar.
Situação que daria uma grande vantagem para aquele que, inescrupuloso, sem ter nada a perder, iria já sair atirando em qualquer direção, por qualquer motivo, extravasando toda sua raiva, agressividade, senso de invisibilidade social.
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No final das contas, nós os considerados aptos a portar armas, os de bem, estaríamos municiando, fornecendo ainda mais armas aos que não hesitam ou pestanejam em se fazerem vistos e respeitados pela forma da violência que domina o mundo em que foram criados.
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Exceto se esses grupos acreditam que a posse clandestina de armas tenha como causa o fato de armas serem proibidas. Assim como acontece com as drogas, a maconha, a cocaína, o jogo, se as armas pudessem ser negociadas abertamente em mercados próprios e livres, não haveria razão para o surgimento de um mercado clandestino, mercado negro, de altíssima rentabilidade.
Com a justificativa complementar de que tais mercados podendo existir à luz do dia, poderiam ser mais controlados ou vigiados ou minimamente regulados.
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Não me parece, contudo que os defensores do desarmamento pensem dessa forma, já que se são favoráveis ao livre comércio de armas, seu conservadorismo, muitas vezes hipócrita, não permite que defendam a legalização das drogas, ou do jogo.
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Curioso é que, nem acidentes como o de Las Vegas, servem como alerta para as possibilidades funestas de tal liberdade.
Razão porque as considero, estúpidas.Talvez por não terem tido, em suas famílias ou entre amigos, casos de pessoas que foram mortas, seja por um tiro acidental, disparado por um amigo que apenas mostrava a garrucha ganha de presente no dia de seu aniversário, seja por um amigo, compadre que tenha sido cobrado pelo pagamento de um empréstimo ou por outro tipo de postura que não assumiu.
Pior ainda, talvez os estúpidos não tivessem se dado conta de que há apenas alguns dias, estávamos tendo nossa atenção chamada para a semana de prevenção de suicídios, cujos números de casos em nosso país se torna cada vez mais alarmante.
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Ok, suicídios podem ser cometidos de várias formas. Algumas mais extremadas e violentas, como se atirar do alto de um prédio, outras mais sutis, como o envenenamento por remédios, etc. mas é inegável que o livre acesso a uma arma iria ampliar enormemente a facilidade para que tais desatinos fossem levados a cabo.
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E se começamos falando de redes sociais, e de armas e sua liberação, o que dizer de todos os críticos de arte que estão cada vez mais escandalizados com as exposições de arte, contendo nus ou qualquer outro tipo de manifestação que possa lembrar sexo, esse pecado tolerado apenas do lado de baixo do Equador, debaixo de um cobertor.
Ainda agora mesmo, no MAM em São Paulo, uma mostra colocou um homem nu, cercado de vários avisos da nudez da montagem para, reproduzindo experimentação já feita antes fora do páis, inclusive, quem assim quisesse, pudesse tocar o modelo e deslocar seus braços, pernas, cabeça, deslocar como se o modelo fosse um mero boneco, ou robô.
Lá no exterior a obra foi considerada de arte. Aqui o fato de uma menina estar na exposição, acompanhada de sua mãe, e ter tocado o pé do modelo causou o maior reboliço.
Com gente que nem entende de arte, se arvorando não em crítico, mas em censor, e classificando a obra como pedofilia.
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Com algumas dessas pessoas, gostaria de poder conversar e tentar, ouvindo seus conselhos, tirar o fardo que passei a carregar sobre meus ombros, ao lembrar que, já no passado, tomei banho junto com meus filhos no chuveiro... e todos estávamos nus, para aumentar o absurdo.
Será que, agora, admitindo meu pecado tão grave, ainda teria salvação para minha alma?
Ou o que acontece é que grande parte dos críticos de arte de sacristia nunca tiveram filhos ou nunca ficaram nus, frente a eles, sem qualquer intenções libidinosas?
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Pelo que vejo de comentários e juízos de valor, parece que, como disse Gregório Duvivier, o problema é que libidinosos e lascivos são os pensamentos e juízos de valores desses críticos.
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Para nossa sorte, os grandes artistas sempre pintaram nus, ou esculpiram, e as obras são consideradas patrimônio da humanidade, o que evita que esses pobres coitados pudessem querer destruí-las em nome de valores como a moral e os bons costumes.
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Por fim, voltamos a discutir o caso de aecim, aquele que não teve o caráter e a hombridade moral para devolver o mandato que seus eleitores lhe outorgaram, certamente sem saber que ele, mesmo não estando nu, estaria sendo mais ultrajante por seus comportamentos e falta de pudor.
Esse político sim, é a verdadeira vergonha e o mau exemplo para a formação de nossa juventude.
Embora isso não seja dito por todos os que querem tapar a nudez e a transparência da realidade, com os lençóis ou trapos a que foi reduzido o mandato parlamentar.
E para piorar a situação, o Senado, onde o mineiroca pontifica e lidera, agora quer votar se a punição da Suprema Corte é para ser levada a sério ou virar letra morta.
O que não é apenas uma desmoralização para a Justiça, mas também para a própria Casa, responsável pela elaboração das leis, que pela presença desse tipo de representante do povo, é a primeira a derrubar a eficácia saiu de lá como conquista.
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Mas, sabe-se, não se está votando, de fato, para afrontar o Supremo. Nem mesmo para livrar a cara do senador bandido, o que seus colegas de mesma estirpe desejam é criar o precedente, para que no futuro possam usar do raciocínio tão habilmente exposto por Millor Fernandes: se é para benefício de alguém, que locupletem-se todos.
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No entanto, é melhor falar contra a nudez, e a arte, que falar de quem foi eleito para representar os críticos de arte de ocasião.
É isso.
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