quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Presidente calado, semana sem sobressaltos. Exceto pelos filhos e pela epopeia da CPMF, o retorno

A internação e a posterior cirurgia de Bolsonaro trouxeram, novamente, uma semana de tranquilidade no cenário político nacional, como há algum tempo não se via.
Sossego benéfico, necessário, quebrado apenas pela necessidade que a família do presidente tem de se manter nas mídias, custe o que custar.
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Não por outro motivo, exceto o de aparecer e se manter em evidência, a tropa de choque ou o BOPE - Batalhão de Operações Estapafúrdias, particular de Bolsonaro, composto por seus 01, 02 e 03, age sempre de forma a causar, para usar um modismo.
A propósito desse batalhão formado pelos filhos do presidente, não posso me furtar a fazer um comentário.
Afinal, quando tanto se critica a transformação de seres humanos em apenas números e estatísticas; quando há um movimento que busca a individualização, a personalização, o respeito à identidade das pessoas e o respeito a sua individualidade é, no mínimo sintomático que o Messias que comanda nosso país aja, justamente, na contramão de tal tendência.
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Sintomático, não estranho.
Não deve causar estranheza que uma medida de reconhecimento de valores pessoais dos indivíduos e de respeito à dignidade da pessoa humana, sua origem, sua história, sua trajetória de vida seja ignorada pelo presidente democraticamente eleito em nosso país.
Como é de conhecimento de todos, e a ninguém é pode ser permitido alegar desconhecimento, o presidente, ao longo de toda sua trajetória política em toda oportunidade que teve, demonstrou desprezo por valores que celebrem o respeito à dignidade humana.
Agora, eleito presidente e sob a influência do pretenso filósofo e seu guru Olavo de Carvalho, não seria razoável esperar mudança de seu comportamento.
Ainda mais se tratamento distinto pudesse ser vinculado a esse marxismo cultural que insiste em invadir, não a realidade, mas os piores pesadelos de Jair.
***cVai daí que, mesmo no recesso de seu lar, vê-lo tratando seus filhos como meros números, como em uma fila indiana, apenas mostra que, como dizia minha vó, "é de pequeno que se torce o pepino/'. Ou ainda outra: " pau que nasce torto..."
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Assim, dada a impossibilidade de o presidente se manifestar e ocupar o lugar privilegiado do palco dessa comédia pastelão a que vimos assistindo; dada a impossibilidade momentânea de prosseguir nos expondo ao ridículo com suas falas escatológicas, piadas sem qualquer graça, seu total descompromisso com a realidade e com interesses dignos de chamarem a atenção de quem ocupa o cargo que está ocupando, temos é fotos de Eduardo no hospital, acintosamente mostrando a arma que carrega em sua cintura.
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Aqui não quero discutir se Eduardo pode ou não andar armado, se tem ou não porte, ou se faz ou não propaganda para indústrias de armas.
Também não interessa discutir se poderia ou deveria estar em um apartamento de hospital armado. Como já foi tratado, compete ao Gabinete de Segurança Institucional avaliar o nível de risco tal situação pode trazer ao presidente, se algum.
Parece-me que, no caso do 03, pela relação peculiar filial que ele mantém com o presidente, o porte é tolerado.
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Mas que me instiga a curiosidade saber o que poderia temer Eduardo, ao entrar naquele quarto, capaz de justificar estar armando, isso não posso negar.
E de fato, até por ser filho, Eduardo sabe no quarto de quem estava entrando.
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Problema maior, em minha opinião é que esse é o filho a quem Jair reservou o filé. É Eduardo que terá seu nome indicado para ocupar a embaixada do Brasil nos Estados Unidos.
É esse o indivíduo que terá a incumbência de nos representar diplomaticamente, ainda que ele já tenha declarado abertamente sua preferência entre o uso de argumentos e ideias e as armas.
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Fico imaginando o que poderia acontecer com Eduardo, mesmo que longe das chapas de hamburguer, confortavelmente instalado nas poltronas dos jardins da Casa Branca de Trump, portando uma arma. Será que a segurança do presidente americano consideraria o revólver parte da indumentária convencional do nosso embaixador???
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Fora Eduardo,  Carlos, o filho vereador também decidiu praticar o esporte que mais atrai sua atenção e interesse: provocar problemas e atacar as instituições, as leis em vigor no país e o regime democrático em que vivemos.
Tenha apenas dado uma satisfação a seus apoiadores, que lhes cobram maior efetividade e maior velocidade na realização das mudanças políticas prometidas pelo pai, ou tenha mesmo aproveitado a oportunidade para lançar um balão de ensaio, a fim  de aferir o apoio para a tentativa de dar um golpe, o fato é que as postagens e comentários de Carluxo são e devem ser encaradas como são: um lixo. Um verdadeiro despautério, como diria uma amiga.
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Sim, é verdade que as democracias implicam no respeito às opiniões divergentes. É fato que para que possam ser tomadas e adotadas, as decisões devem ser acordadas entre os grupos de interesses sentados à mesa de negociação, depois de todos terem tido o espaço justo para se manifestarem.
É verdade que tal processo de escuta das distintas opiniões demanda tempo e que as decisões são mais lentas.
Assim, não se discute que em democracias todas as mudanças se dão em um ritmo diferente, menos intenso do que aquele que talvez fosse necessário ser adotado.
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Mas essa a beleza da democracia que levou Churchill a acreditar se tratar da melhor forma de governo, apesar de ser um regime muito ruim.
Tão ruim que na opinião do primeiro ministro, bastaria conversar cinco minutos com o eleitor mediano para ficar contra ela.
Ou modernizando o argumento, o melhor argumento contra a democracia é uma conversa de cinco minutos com algum bolsonarista.
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Bem, o diplomata da família correu em defesa do irmão e da frase matreira e idiota que ele postou. E comparou a fala do irmão à de Churchill.
Como se fosse possível comparar um golpista despreparado com um estadista da envergadura de Churchill. E sua visão de que a alternativa ao regime democrático seria o autoritarismo.
Pior ainda se tal autoritarismo se travestisse, não necessariamente da forma de um golpe, mas de uma democracia da maioria, incapaz de respeitar as opiniões das minorias.
Mais uma vez, outra invenção do marxismo cultural.
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A Volta da CPMF e a queda de Cintra

Mudando de assunto, também a Economia e questões afetas a essa área de conhecimento humano foram objeto de destaque na semana.
Aqui a novidade fica por conta do incansável Marcos Cintra, ex-professor,  ex-assessor de Maluf, ex-deputado e agora, felizmente, ex-Superintendente da Receita Federal.
Acompanho, como ex-aluno, a trajetória de Cintra já de longa data.
E tenho de admitir que me admira sua tenacidade na implantação de seu sonho de toda vida: a implantação de um imposto único.
Imposto que iria substituir todos os demais, cobrado sobre uma base mais ampla, as transações financeiras.
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Imposto que carrega inúmeras desvantagens para um tributo: é cumulativo; não é equãnime; não consegue respeitar o princípio da capacidade contributiva, já que todos os extratos sociais pagam o mesmo, independente de sua faixa de rendimentos.
Pior, em minha avaliação, tal imposto ainda impede qualquer utilização do instrumento consagrado na teoria macroeconômica, de Política Fiscal, pelo lado tributário, para administração da demanda agregada e dos problemas da economia.
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Suas vantagens, como a simplificação da arrecadação, são muito limitadas, frente a tudo aquilo que o administrador público tem de abrir mão para sua implantação.
Exceto para Marcos Cintra Cavalcante Albuquerque, para quem a passagem por Chicago foi tão marcante que todo seu pensamento se volta tão somente para afastar o Estado e a administração pública de qualquer ingerência ou intromissão no funcionamento divinatório do mercado.
Ou pior: para quem não tem qualquer outro interesse em governar para os ricos, para as raposas, já que como o gol para Parreira, o povo é apenas um mero detalhe.
A ser suprimido, preferencialmente.
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Em minha opinião, positivo mesmo na CPMF seria, desde que com algumas compensações como descontos e abatimentos no imposto de renda a pagar pelos indivíduos, a possibilidade de se identificar e rastrear todo e qualquer contribuinte, toda e qualquer movimentação financeira, mitigando a possibilidade de operações ilegais como caixa dois ou sonegação, etc.
O que ainda é pouco, já que pode-se esperar que, se não seria possível deixar de fora da tributação atividades como as igrejas, entidades assistencialistas, certamente dariam logo um jeito de dar a tais atividades, ou ao menos às de interesse algum tipo especial de compensação.
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Inegavelmente a arrecadação para compensar a perda de outros impostos, deveria se dar a alíquotas elevadas, o que mais uma vez oneraria sobremaneira os mais pobres. O que poderia paralisar o processo de inclusão financeira que o país vem tentando implementar, e rapidamente levar a uma completa desintermediação financeira, na contramão de todo o mundo.
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Mas, não nos iludamos: Cintra foi defenestrado por que falou demais, na hora errada, sem dar tempo para que o idiota que acreditou e votou em Bolsonaro pudesse Ja Ir se acostumando.
Porque foi o próprio Guedes que falou também do retorno da CPMF, em apoio à tese de seu subordinado.
E, ainda na semana passada, o próprio Bolsonaro admitia a possibilidade do retorno desse tributo, desde que acompanhado de compensações....
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Que compensações e para quem é que deveria estar nos intrigando. Porque o Superintendente caiu, mas a ideia continua de pé.
Talvez mais forte que antes...



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