quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Histórias que nossos pitacos não contavam ... uma farsa sobre os crimes do bem e crimes do mal

Dizem que o uso do cachimbo faz a boca torta.

O que significa que o hábito faz maravilhas, como vestimenta dos religiosos ou modos e costumes.

E que a sabedoria popular, mesmo não erudita ou formal,  consiste em importante ativo possuído por qualquer povo, de qualquer nacionalidade, em várias circunstâncias e ocasiões.

Nem sempre, entretanto.

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Para nossa reflexão, e a título de exemplo, analisemos a seguinte situação totalmente hipotética.

Vamos supor, que alguém, dotado de alguma pretensa liderança e nenhum tipo de pudor ou juízo, se lance candidato, como representante da categoria da qual é oriundo e com a qual se identifica.

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Para dar a esse indivíduo maior grau de complexidade, tornando-o menos superficial e mais próximo do que sabemos ser qualquer ser humano, com suas falhas, fraquezas, crenças, expectativas, desejos, ambições, sentimentos, digamos que desde sua juventude ele frequentou, estudou, conviveu, praticou esportes, se destacou e até se formou em instituições de formação e treinamento militar.

Para evitar que nosso personagem se assemelhe a mero invólucro, sem uma identidade, vamos atribuir-lhe um nome. Quem sabe JaiMe, para já ir nos acostumando...

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Em seguida,  vamos supor que, em defesa da melhoria de seu soldo, JaiMe se envolve em movimentos de reivindicação que, caso atendidos, resultem em melhora de remuneração de todos os seus colegas de armas.

Imaginemos que, desconhecendo qualquer limite de bom senso e disciplina, e incapaz de controlar seu gigantesco ego e de resistir a qualquer facho de luz, seja de uma lanterna, seja de qualquer holofote, JaiMe se envolva em tais movimentos obtendo algum destaque. Muito,  em razão de suas ideias sempre estapafúrdias, cômicas, risíveis ... insanas.

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Fruto de tal perfil e comportamento, vamos admitir que nosso personagem se exponha a ponto de acabar sendo punido por quebra de hierarquia, da disciplina, pelo desrespeito às normas que deveriam moldar seu comportamento.

Apenas como pano de fundo, vamos dizer que o país de nossa história acaba de sair de um duro regime ditatorial, contrário aos direitos e à dignidade humana, patrocinador de torturas e tolerante com um amplo esquema de corrupção, tudo sob o manto da defesa da decência e da moralidade. Sob a inocente desculpa da preocupação com a coisa pública: os guardiões da Re(s)-Pública.

Por trás de tantas e tais atrocidades, falsidades e falácias,  os militares. Responsáveis por 21 anos de domínio absoluto exercido por aqueles, constitucionalmente detentores do monopólio das armas: os militares.

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Então, tal qual o despertar de uma longa noite de pesadelos e apesar de todos os seus inúmeros defeitos - e por causa deles-,  a sociedade civil resolve se insurgir e retira dos autores do golpe autoritário, o apoio que um dia lhe assegurou.

Nesse momento, de volta aos quarteis para o cumprimento de sua nobre missão constitucional (a ver, qual, na realidade!!!), os militares sentem-se desprestigiados. Abandonados. Desrespeitados. 

Sem apoio, acusados e mal remunerados.

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Para redimi-los, em meio a uma campanha eleitoral, surge uma voz. A mesma voz capaz de ecoar e difundir um amontoado de inverdades, mentiras, disparates, falácias. Sempre uma voz dissonante.

Uma voz que, junto aos seus antigos companheiros de farda, soa agora como a voz de um injustiçado. Um perseguido. Um homem expulso da tropa, apenas por defender a honra (e a grana) do conjunto dos fardados.

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JaiMe se elege e, dado seu perfil, passa a conviver com os ratos que habitam os porões e a rede de esgotos onde vai se instalar e se manter pelos próximos e longos 30 anos.

Ali, usa e abusa do poder de manipular verbas públicas com a contratação de assessores e funcionários fantasmas, cuja remuneração sai do pagamento de impostos de toda a população tomando a direção final do caixa único, ou bolso único, de JaiMe.

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A tramoia é tão rentável que JaiMe lança toda sua família, seus filhos (mesmo incompetentes), suas ex-mulheres, seus parentes e amigos, no exercício da profissão mais antiga do mundo. (Não, não é a prostituição. Essa é a mais antiga das formas honestas de ganhar a sobrevivência).

Forma-se o clã político, dos Bestialli, sob o comando do capo JaiMe.

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Mas, não é apenas JaiMe. Todos os seus colegas do baixo clero da Câmara agem da mesma forma: contratam um número elevado de assessores pagando-lhes um rendimento muito acima daqueles recebidos pela ampla maioria da população trabalhadora do país. Em seguida, obrigam tais assessores a devolverem parcela da remuneração que lhes é devida.

Todos locupletam-se, se enriquecem e tornam regra o mau uso do dinheiro público.

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Talvez, diferente de seus colegas,  JaiMe não peça propinas para aprovar projetos. Afinal, ele nem tem, nem apresenta ou defende qualquer proposta de projeto de lei.  Por absoluta inapetência ou só mesmo falta de tempo.

Talvez ele nunca tenha sido indicado para participar de qualquer comissão importante, das que são formadas com a obrigação de discutir temas como a lei orçamentária. Com todos os benefícios das barganhas aí tratadas.

Talvez Jaime não tenha ganho 211 prêmios consecutivos em loterias oficiais, por um olhar benévolo a ele dirigido por Papai do Céu.

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Não tendo participado de desvio de recursos, roubos, cobrança e pagamento de propinas, ele está apenas fazendo o que é costume. O que todos fazem. O que explica porque a população não enxerga em seu comportamento qualquer crime.

Muito mais grave, por não ser prática unânime, é o fato de um político se beneficiar de propinas, presentes, agrados, pagos por quem, de forma explícita,  majora o preço de obras públicas, pratica sobrepreços ou frauda concorrências.

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Afinal, a obra que poderia ter sido feita por metade do valor do orçamento, ou aquela que não foi concluída por falta da revisão de valores, ou da aprovação de aditivos de preços – essa, o contribuinte tem convicção de que foi fruto do desvio de seu suado dinheiro (do seu, do meu, do nosso dinheirinho!).

Isso é crime. Com rastro e digitais. E esse merece ser punido. Com cadeia. Condução coercitiva, algemas. Condenação para toda a eternidade. Haja ou não provas (e não indícios!).

Essa é a exceção.

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A regra é cada gabinete do Legislativo já contar com dotação orçamentária para a contratação de equipe de assessores, qualquer que seja sua finalidade.

Reservada a verba, se ela vai ser gasta com assessores autênticos, competentes, peritos, ou com parentes, dá no mesmo. Se vai voltar para o bolso do representante do povo ou não, não é objeto de crítica.

Afinal, já está lá mesmo, na previsão. Logo, deverá ser gasta. Em benefício próprio ou não.

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O problema é que o cidadão comum, dono de imensa sabedoria que conforma o senso e o conhecimento comum, não entende que, se não houvesse tais contratações de simulacros de assessorias, o gasto das casas do povo poderia ser reduzido.

Com menor orçamento para o Legislativo, menor seriam os gastos públicos. O que liberaria recursos para serem utilizados em prol de melhoria da qualidade dos serviços públicos. Ou ainda melhor, com mais e melhores serviços sendo prestados a menores custos. E menores cargas tributárias.

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O que me leva a questionar, o porquê da existência de crimes que podem, e crimes que não são tolerados. Todos com os mesmos vícios de origem.

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Mas o povo prefere ver outros políticos, até ex-presidentes, acompanhados de seus filhos e companheiros na cadeia.

E ficam indignados com tanta perseguição feita a JaiMe e aos seus filhos, por essa extrema imprensa, dominada por comunistas e interesses escusos, em movimentos globalizantes de complô contra o país. 

Fugas, mentiras e fantasias. O mundo encantado de um líder quixotesco menor e insignificante

 Primeiro foi Queiroz, que fugiu a vários depoimentos para os quais havia sido intimado pela Polícia, no curso das investigações do escândalo da “rachadinha” na Assembleia do Estado do Rio, mais especificamente no gabinete de Flávio.

Ora alegando ser portador de moléstia grave, ora hospitalizado, com a justificativa de ter se submetido a cirurgia, Queiroz evitava se apresentar para esclarecer as transações financeiras vultosas identificadas por relatórios de órgãos de investigação de crimes financeiros.  

Ex-policial e mantendo estreitos vínculos com grupos milicianos, paramilitares,  Queiroz se valia da boa vontade de parte de seus ex-colegas de ofício, conseguindo se manter em local incerto e não sabido.

Antes tendo se escondido em apartamento no Guarujá, de propriedade da família do advogado da família de Flávio, transformado em seu representante legal, foi mais tarde transferido para outro imóvel de seu advogado, em Atibaia, onde não se furtou a manter agitada agenda de encontros com amigos, churrascos e diversão.

Preso, não explicou porque depositou, junto com sua esposa, 89 mil reais na conta de Michelle Bolsonaro.  

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Depois foi Jair, intimado para depor em processo instaurado pela Polícia Federal para investigar eventual interferência sua junto à própria PF, como denunciado pelo ex-juiz, ex-ministro e comparsa, igualmente figura de caráter duvidoso, Sérgio Moro.

Depois de longo tempo em silêncio, em que não foi capaz de denunciar os maus feitos de seu patrão, os quais até contribuía para encobrir,  o descumpridor de leis de Curitiba acusou Jair de tentar interferir em ações em curso  naquele órgão, evitando possíveis incriminações de seus filhos – já nessa ocasião, Flávio e Carlos.

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Exige a verdade que se registre que já há muito tempo, Jair procurou se esquivar da responsabilidade por implantação de artefatos explosivos em prédios militares, na tentativa de culpabilização de movimentos civis.

Como consequência, escapou da expulsão do Exército, o que lhe deu a oportunidade de ir se esconder nos porões da Câmara, no pântano em que o chamado baixo clero costuma agir.

Lá ficou escondido por mais de 30 anos, aproveitando-se de sua pouca importância e sua postura folclórica.

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Entretanto, Jair não se furtou de montar o esquema de aproveitamento das verbas públicas, as chamadas verbas de gabinete, para contratação de funcionários fantasmas, divisão de rendimentos de assessores, e até a prática de uma gestão de recursos humanos completamente estapafúrdio e ilegal, com contratações, movimentações de cargos e funções como que em rodízio, inclusive de milicianos e parentes de tais ilibados cidadãos.

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Mas, não podemos deixar de lembrar que Jair também fugiu a todos os debates da campanha eleitoral, o que lhe permitiu esconder sua incapacidade de manter uma conexão mínima com seus dois neurônios, a maior parte do tempo desligados.

Afinal, não apenas Jair tem limitado vocabulário, como uma completa e reconhecida ignorância de qualquer tema que não seja ligado a piadas de mau gosto, com conotação sexual, invariavelmente ligado – quem sabe,  aos seus desejos mais íntimos? – a questões de homofobia, transfobia, misoginia, racismo estrutural e, vá lá, um discurso conservador em prol da família, do nacionalismo e patriotismo e de armas.

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Devo reconhecer que Jair sabe se safar, e como tal, sabe o que falar e quando, para agradar ao seu núcleo duro e burro de seguidores. Aí incluídos os evangélicos, os cristãos e até os americanófilos de todo tipo, além dos próprios americanos, de quem se orgulha em ser sabujo.

E sua fala, mesmo desconexa, cala fundo junto a certos setores de pessoas incapazes de perceber o mundo como um ambiente social diversificado e rico, por essa mesma diferenciação.

São pessoas que continuam eternamente participando de marchas do terço, e movimentos em favor da Tradição, família e propriedade.

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Jair só não escapou da facada, para a qual rumou intrépido e destemido: sua maior arma eleitoral. A responsável por sua vitimização e postura de esquiva aos debates.

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Estarei cometendo grave injustiça, mas acho que ali, naquele momento, Jair começou a perceber a sabedoria e o oportunismo de Lula, ao utilizar-se de armas que permitiram ao petista chegar ao poder: o vitimismo do nordestino, do operário acidentado em trabalho, do que persevera e vence.  Talvez até enriqueça.

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Mais recentemente, Jair tenta escapar das perguntas incômodas e capazes de justificar os 89 mil depositados por Queiroz na conta de Michelle, sua mulher.

Embora aqui, também devamos reconhecer que ele já havia fugido antes, alegando desconhecer fatos que marcam a família de sua esposa: a prisão da avó, falecida, por tráfico de drogas; a condenação da mãe (sua sogra) por falsidade ideológica. Ora, quem não conhece fatos familiares tão triviais, não seriam 89 mil, na conta de sua mulher que seriam de seu conhecimento.

Ainda mais quando se sabe que ele nunca soube do enriquecimento de suas ex-mulheres e parentes da mãe de seus filhos, todos um zero à esquerda.

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Não é só. Tenta ganhar tempo e evitar de se apresentar para depor pessoalmente na investigação da PF, desrespeitando decisão do Ministro do STF, Celso de Mello.

No caso, ao procrastinar o depoimento, e tentar fazê-lo por meio outros, um batalhão de advogados e assessores responsáveis pela  redação do depoimento que devia ser seu, arrasta a decisão para depois da aposentadoria de Celso de Mello.

Assim, consegue nomear alguém terrivelmente evangélico, conservador, patriota, e companheiro de cervejada com ele.

Ao menos uma coisa devemos reconhecer sempre: Jair mente, mas não se esconde, já que seu ego não cabe em si.

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Mas dadas as características ou o perfil de seu candidato, difícil não imaginar que isso poderia ser também um crime, de tentativa de intervenção em outro poder: o próprio Supremo.

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Na mesma linha do pai, Flávio é outro trânsfuga. E foge à acareação com seu acusador e financiador, ex-amigo e suplente, Paulo Marinho.

Dá a desculpa de estar doente, depois de se vangloriar de estar curado. E a postura aprendida com Queiroz de estar em outro local, na data agendada, e participando de eventos sociais, comemorando,  como o mostram fotos postadas em suas redes.

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Flávio mente, e tenta escapulir, também esperando que um novo ministro no STF poderá lhe ser favorável nos pleitos relativos a manter o foro privilegiado, necessário para paralisar a investigação dos crimes por ele perpetrados, em especial, a rachadinha.

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Depois de todo esse histórico, falar o que do discurso de nosso Messias, para a abertura da sessão da ONU, ontem.

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Acho até que há um equívoco em que incorrem os analistas e críticos do discurso de ontem.

É que tais analistas cobram, esperam um discurso de estadista. Esquecem que Bolsonaro é apenas um governante. Chinfrim.

Minúsculo e estupenda e estupidamente obtuso.

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Aliás, equívocos e esquecimentos têm predominado em meio à pandemia, que nos atrai a atenção e permite que o condenado Ricardo Salles tente passar a boiada, e em meio a tanto desatino de um antigoverno.

Se não fosse isso, já teria sido dada muito mais atenção à data de 22 de abril. Por acaso aquela em  que se comemora a descoberta do Brasil. A primeira.

E agora, pós-Bolsonaro ou pós-desastre, a que se comemora a segunda descoberta do Brasil profundo, e toda sua sordidez.

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Voltemos ao tema principal.

Poderia D. Quixote em sua loucura poética, apaixonada,  não enxergar cavaleiros armados, dispostos a atacarem Dulcineia, em moinhos de vento.

Sancho Pança, seu escudeiro, teria alguma força para convencer o cavaleiro da triste figura que sua confusão era mais triste que a figura?

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Poderia ser esperado um discurso de estabelecimento de relações internacionais mais altivas, mais harmônicas, mais salutares, de alguém que não consegue respeitar e cumprir a máxima de Tolstoi  e não consegue se tornar universal, por não conseguir cantar sua aldeia?

Bolsonaro não é Messias. Melhor JA IR se acostumando com isso. Não é governante de um país digno de fazer parte do concerto das nações mais respeitadas do mundo.

Não consegue nem governar seu país e liderar seus eleitores. Exceto uma massa que lhe serve de claque, para a qual toda sua atenção é dispensada e toda sua mensagem é transmitida.

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Por essa sua cegueira, essa postura submissa, serviçal e tacanha, ele não consegue enxergar as labaredas de fogo que o circundam e em que ele mergulha.

Esperar de quem não se preocupa em coordenar e liderar um combate contra uma pandemia, tornando-a menos letal e avassaladora; de quem prefere se  vitimizar e culpar a todos pelos desastres que sua inação, somada à ação delituosa de seus apaniguados, incentiva; de quem é apenas louco, sem a envergadura moral de um Quixote, é delírio.

Não dele: nosso.

Que se já não esperávamos muito de sua torpe figura, agora temos certeza do acerto das leis de Murphy: não há nada que não possa piorar. Indicando que qualquer coisa que pode ocorrer de mal, irá ocorrer, ao menos por um mandato de desgoverno.

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Esperar grandeza de Bolsonaro, suas políticas, seu governo e seus discursos é, aí sim, querer acreditar em moinhos de vento inimigos e agressivos.

Razão porquê minha maior dúvida nesse momento não é de como reagirá a comunidade internacional e parte de nossa sociedade a tanto desatino e postura risível. Que nos expõe a todos ao deboche internacional.

Mas, saber o que leva gente de alguma formação intelectual (ausente em seu líder) a não conseguir tirar a viseira para enxergar o mal em que seu voto impensado, ou a defesa extrema de valores que lhes são caros, mesmo equivocados, conduziram o país.

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Porque Bolsonaro apenas mente. Fantasia. Foge. Foge da realidade e se abraça ao fogo, cuja fumaça impede que sua insignificância seja visualizada mais cruamente.

 

 

 

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

A relação muito estranha de Bolsonaro e os militares; o capacho Alcolumbre rasteja e assume a responsabilidade que não é dele; FHC, melhor obedecê-lo e esquecê-lo de vez....

Minha ingenuidade me faz dar crédito ao que os persistentes bolsotários difundem aos quatro cantos: a extrema imprensa, de fato, não noticia nada de positivo sobre Jair, o Messias.

Tudo bem, que não exista praticamente coisa alguma a noticiar. Mas, concordo com os adoradores de mito: então não deviam publicar apenas o que é negativo.

Iniciei o pitaco concordando com os eleitores do capitão, portadores de dois neurônios, mesmo que não sejam capazes de utilizá-los, porque juro que procurei, em vários sites algum comunicado, um apenas que fosse, uma nota, uma menção de Bolsonaro, a respeito da perda de ninguém menos que o Chefe do Centro de Inteligência do Exército, o general Sydrião.

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O mutismo talvez tivesse como causa o fato do ex-capitão não saber que existe um Centro de Inteligência no Exército. Talvez até mesmo alguns militares  (quem sabe poucos!) próximos de Bolsonaro tremam de pavor de ouvirem qualquer menção ao uso dessa faculdade humana.

Talvez por força de o general ter sido uma das vítimas da Covid-19, ao que parece, vitimado por não ter feito uso da poção mágica da cloroquina bolsonariana.

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Mas, para um general alçado a cargo de tamanha importância, e destacado para participar de comitiva oficial que, em nome do governo brasileiro, prestou apoio humanitário à Beirute, a capital do Líbano, vítima de explosão causada pela irresponsabilidade de autoridades líbias, ao menos uma referência deveria ter sido feita.

Afinal, não nos esqueçamos: Bolsonaro não apenas esteve presente no funeral de Pedro  Lucas Ferreira Chaves, o soldado Chaves, tragicamente morto em acidente em treino de saltos de paraquedas, como ainda fez comovido pronunciamento.

Ninguém há de discordar que a morte de um jovem é sempre motivo de tristeza.

Mas o que teria acontecido, de 21 de junho até essa data, que fez Bolsonaro não ter prestado homenagens a um general?

Ou o compromisso do ex-capitão, convidado a se retirar do Exército, andou enfrentando turbulências?

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O general Sydrião, de quem nunca tinha ouvido falar, ganhou destaque nos jornais da extrema imprensa, menos como homenagem e mais como sinal de mais uma derrapada do chefe das Forças Armadas.

Mas, transmito ainda assim aos familiares, meu pesar. Carlos Sydrião, embora já nos mais elevados postos da carreira militar, tinha apenas 53 anos.

Poderia até dizer que partiu ainda, na flor da idade.

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Enquanto isso,  a desoneração da folha

Trato desse asssunto apenas por ter ficado deverasmente surpreso com a reação de algums dos apresentadores das bancadas de nossos telejornais noturnos, em releção ao comportamento de Davi Alcolumbre, o presidente do Senado Federal.

Refiro-me especialmente ao jornalista Eduardo Oinegue, do Jornal da Band, o sucessor de Boechat.

Ao dar voz a todos os empresários dos setores que aguardam ansiosamente o momento de dar sua contribuição patriótica à retomada da economia, pela manutenção dos níveis de emprego, desde que o Legislativo derrube o veto de Bolsonaro à prorrogação da desoneração da folha de pagamentos, Oinegue, mas não apenas ele, resolveram culpar a Alcolumbre, por não colocar o veto em pauta e votação.

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Devo, mais uma vez no pitaco de hoje, afirmar que não tenho nem conhecimento, nem relação de qualquer espécie com Alcolumbre. Ou com Maia. O que atribuo à proteção divina, que creio me acompanhar.

Mas, daí a acusar Alcolumbre de estar prejudicando as empresas e os empresários, a economia e o próprio país, por não colocar a questão em pauta, acho que é algo no mínimo estranho.

Para prosseguir meu raciocínio, admito que Alcolumbre não está pautando nada contrário aos interesses do governo, em prejuízo ... vá lá, dos próprios interesses do país, de forma a obter o apoio oficial a sua manobra indecente destinada a assegurar sua reeleição como presidente do Legislativo.

Não sou ingênuo:  Alcolumbre pensa tão somente em seus interesses particulares e conveniências.

E a reeleição é alvo de todo político que conseguiu obter o primeiro mandato. Mesmo que seu discurso fosse de crítica a tal instituto.

Caso de Lula. E caso também de Bolsonaro, essa excrecência. Até caso de Fernando Henrique, que comento a seguir.

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Sob meu ponto de vista, desinformado e limitado, e sem tirar qualquer crítica aos elevados e republicanos interesses do presidente do Senado, porque não a Band não fez menção ao fato, mais que patente de que foi Bolsonaro que vetou o que a casa do povo (risos abafados!) já havia decidido.

Então, em uma linha lógica de responsabilização, primeiro e soberano encontra-se Bolsonaro. O Messias que pensa em – e deverá - isentar as igrejas evangélicas de dívidas de 1 bilhão junto ao Fisco.
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A esse respeito, igreja ou não, várias das correntes evangélicas se preocupam em zelar pela fé e crença de seus seguidores, mas não se descuram de zelar também pelas condições materiais de darem sequência a sua missão espitual.

São conhecidos e antigos, os casos de negócios empresariais desenvolvidos com altos lucros, por igrejas para não deixarem de multiplicar os talentos, cumprindo ensinamentos das próprias Escrituras.

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Em minha opinião, já manifesta antes: devia pagar e sonegou é bandido.

Ao menos até que obtenha o perdão...

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Mas, foi Bolsonaro quem iniciou o problema e se isso é deixado de lado, é porque os empresários que o financiaram e tanto acusavam as maracutaias petistas é que estão agora sendo vítimas de seu candidato. Em mais um estelionato do mito.

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Antes que me esqueça: foi o governo Dilma quem teve a ideia original de desonerar a folha de 6 – seis – setores grandes empregadores de mão de obra, numa tentativa de evitar desemprego em massa.

Foi o Congresso das pautas bombas de Aécio e cupinchas que levaram a que os setores beneficiários atingissem mais de 50 setores, provocando um verdadeiro rombo nas contas públicas.

Afinal, o que deixava de ser carreado pelas empresas para a Previdência, o governo tinha de cobrir.

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Agora, mais uma vez, o mito passa ileso. E a culpa recai em Alcolumbre.

Como recai em Maia, pelo fato de, sabe-se lá por quê tipo de ameaças ou interesses, estar conivente em deixar na gaveta os vários pedidos de impeachment de Bolsonaro, por crimes de todo tipo, responsabilidade e contra a saúde pública. Para não falar de rachadinhas, funcionários fantasmas, intervenção em instituições da República, etc.

O último agora, as manifestações contrárias à obrigatoriedade legal, que ele mesmo assinou (sem ler e sem o saber!) de a população se submeter à vacinação.

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Para encerrar, duas questões:

Por que o governo que tem autoridade para retirar projeto de lei que ele mesmo encaminhou ao Congresso, ou MP, não pode também retirar vetos?

Quem pode o mais não pode o menos, para atender a tanta grita do poder econômico?

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Por que a casa que mais representa a vontade soberana do povo ou seja, a CASA DA DEMOCRACIA, dá tantos poderes autoritários, ditatoriais, antidemocráticos aos que as dirigem?

Por que de Alcolumbre a decisão de pautar ou não a questão do veto? Por que de Maia, a vontade exclusiva, como fora com Eduardo Cunha, de tirar da gaveta os pedidos de impedimento de um dirigente que apenas desmerece e envergonha nossa República.

Por suas manifestações de mera opinião, ou não!!!

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FHC, quem te viu e quem te vê.

E há ainda quem te dê espaço e até, como Elio Gaspari, tenta mostrar que você sabia das consequências perversas da aprovação do instituto da Reeleição.

Agora vem dar de bom moço, arrependido, qual Madalena.

Mas, Elio lembra bem que que não queria a reeleição, não faria o populismo cambial que foi a marca de seu segundo reinado...

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Por mim, acho que é muito alarde para um homem que negou sua própria história.

Afinal, quem mandou que esquecessem o que havia escrito foi o seu avultado ego.

Quando você irá retomar o conselho, e pedirá finalmente que te esqueçam de vez????