Primeiro foi Queiroz, que fugiu a vários depoimentos para os quais havia sido intimado pela Polícia, no curso das investigações do escândalo da “rachadinha” na Assembleia do Estado do Rio, mais especificamente no gabinete de Flávio.
Ora alegando ser portador de moléstia grave, ora hospitalizado,
com a justificativa de ter se submetido a cirurgia, Queiroz evitava se apresentar
para esclarecer as transações financeiras vultosas identificadas por relatórios
de órgãos de investigação de crimes financeiros.
Ex-policial e mantendo estreitos vínculos com grupos milicianos,
paramilitares, Queiroz se valia da boa
vontade de parte de seus ex-colegas de ofício, conseguindo se manter em local
incerto e não sabido.
Antes tendo se escondido em apartamento no Guarujá, de
propriedade da família do advogado da família de Flávio, transformado em seu
representante legal, foi mais tarde transferido para outro imóvel de seu
advogado, em Atibaia, onde não se furtou a manter agitada agenda de encontros
com amigos, churrascos e diversão.
Preso, não explicou porque depositou, junto com sua esposa, 89
mil reais na conta de Michelle Bolsonaro.
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Depois foi Jair, intimado para depor em processo instaurado pela
Polícia Federal para investigar eventual interferência sua junto à própria PF,
como denunciado pelo ex-juiz, ex-ministro e comparsa, igualmente figura de
caráter duvidoso, Sérgio Moro.
Depois de longo tempo em silêncio, em que não foi capaz de
denunciar os maus feitos de seu patrão, os quais até contribuía para encobrir, o descumpridor de leis de Curitiba acusou Jair
de tentar interferir em ações em curso
naquele órgão, evitando possíveis incriminações de seus filhos – já nessa
ocasião, Flávio e Carlos.
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Exige a verdade que se registre que já há muito tempo, Jair procurou
se esquivar da responsabilidade por implantação de artefatos explosivos em prédios
militares, na tentativa de culpabilização de movimentos civis.
Como consequência, escapou da expulsão do Exército, o que
lhe deu a oportunidade de ir se esconder nos porões da Câmara, no pântano em
que o chamado baixo clero costuma agir.
Lá ficou escondido por mais de 30 anos, aproveitando-se de
sua pouca importância e sua postura folclórica.
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Entretanto, Jair não se furtou de montar o esquema de aproveitamento
das verbas públicas, as chamadas verbas de gabinete, para contratação de
funcionários fantasmas, divisão de rendimentos de assessores, e até a prática
de uma gestão de recursos humanos completamente estapafúrdio e ilegal, com
contratações, movimentações de cargos e funções como que em rodízio, inclusive
de milicianos e parentes de tais ilibados cidadãos.
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Mas, não podemos deixar de lembrar que Jair também fugiu a
todos os debates da campanha eleitoral, o que lhe permitiu esconder sua
incapacidade de manter uma conexão mínima com seus dois neurônios, a maior
parte do tempo desligados.
Afinal, não apenas Jair tem limitado vocabulário, como uma
completa e reconhecida ignorância de qualquer tema que não seja ligado a piadas
de mau gosto, com conotação sexual, invariavelmente ligado – quem sabe, aos seus desejos mais íntimos? – a questões de
homofobia, transfobia, misoginia, racismo estrutural e, vá lá, um discurso
conservador em prol da família, do nacionalismo e patriotismo e de armas.
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Devo reconhecer que Jair sabe se safar, e como tal, sabe o
que falar e quando, para agradar ao seu núcleo duro e burro de seguidores. Aí
incluídos os evangélicos, os cristãos e até os americanófilos de todo tipo,
além dos próprios americanos, de quem se orgulha em ser sabujo.
E sua fala, mesmo desconexa, cala fundo junto a certos
setores de pessoas incapazes de perceber o mundo como um ambiente social
diversificado e rico, por essa mesma diferenciação.
São pessoas que continuam eternamente participando de
marchas do terço, e movimentos em favor da Tradição, família e propriedade.
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Jair só não escapou da facada, para a qual rumou intrépido e
destemido: sua maior arma eleitoral. A responsável por sua vitimização e
postura de esquiva aos debates.
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Estarei cometendo grave injustiça, mas acho que ali, naquele
momento, Jair começou a perceber a sabedoria e o oportunismo de Lula, ao
utilizar-se de armas que permitiram ao petista chegar ao poder: o vitimismo do
nordestino, do operário acidentado em trabalho, do que persevera e vence. Talvez até enriqueça.
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Mais recentemente, Jair tenta escapar das perguntas incômodas
e capazes de justificar os 89 mil depositados por Queiroz na conta de Michelle,
sua mulher.
Embora aqui, também devamos reconhecer que ele já havia fugido
antes, alegando desconhecer fatos que marcam a família de sua esposa: a prisão
da avó, falecida, por tráfico de drogas; a condenação da mãe (sua sogra) por
falsidade ideológica. Ora, quem não conhece fatos familiares tão triviais, não
seriam 89 mil, na conta de sua mulher que seriam de seu conhecimento.
Ainda mais quando se sabe que ele nunca soube do enriquecimento
de suas ex-mulheres e parentes da mãe de seus filhos, todos um zero à esquerda.
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Não é só. Tenta ganhar tempo e evitar de se apresentar para depor
pessoalmente na investigação da PF, desrespeitando decisão do Ministro do STF,
Celso de Mello.
No caso, ao procrastinar o depoimento, e tentar fazê-lo por
meio outros, um batalhão de advogados e assessores responsáveis pela redação do depoimento que devia ser seu,
arrasta a decisão para depois da aposentadoria de Celso de Mello.
Assim, consegue nomear alguém terrivelmente evangélico,
conservador, patriota, e companheiro de cervejada com ele.
Ao menos uma coisa devemos reconhecer sempre: Jair mente,
mas não se esconde, já que seu ego não cabe em si.
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Mas dadas as características ou o perfil de seu candidato, difícil
não imaginar que isso poderia ser também um crime, de tentativa de intervenção
em outro poder: o próprio Supremo.
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Na mesma linha do pai, Flávio é outro trânsfuga. E foge à
acareação com seu acusador e financiador, ex-amigo e suplente, Paulo Marinho.
Dá a desculpa de estar doente, depois de se vangloriar de
estar curado. E a postura aprendida com Queiroz de estar em outro local, na
data agendada, e participando de eventos sociais, comemorando, como o mostram fotos postadas em suas redes.
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Flávio mente, e tenta escapulir, também esperando que um
novo ministro no STF poderá lhe ser favorável nos pleitos relativos a manter o
foro privilegiado, necessário para paralisar a investigação dos crimes por ele
perpetrados, em especial, a rachadinha.
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Depois de todo esse histórico, falar o que do discurso de nosso
Messias, para a abertura da sessão da ONU, ontem.
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Acho até que há um equívoco em que incorrem os analistas e
críticos do discurso de ontem.
É que tais analistas cobram, esperam um discurso de
estadista. Esquecem que Bolsonaro é apenas um governante. Chinfrim.
Minúsculo e estupenda e estupidamente obtuso.
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Aliás, equívocos e esquecimentos têm predominado em meio à
pandemia, que nos atrai a atenção e permite que o condenado Ricardo Salles tente
passar a boiada, e em meio a tanto desatino de um antigoverno.
Se não fosse isso, já teria sido dada muito mais atenção à
data de 22 de abril. Por acaso aquela em que se comemora a descoberta do Brasil. A
primeira.
E agora, pós-Bolsonaro ou pós-desastre, a que se comemora a
segunda descoberta do Brasil profundo, e toda sua sordidez.
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Voltemos ao tema principal.
Poderia D. Quixote em sua loucura poética, apaixonada, não enxergar cavaleiros armados, dispostos a atacarem
Dulcineia, em moinhos de vento.
Sancho Pança, seu escudeiro, teria alguma força para convencer
o cavaleiro da triste figura que sua confusão era mais triste que a figura?
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Poderia ser esperado um discurso de estabelecimento de relações
internacionais mais altivas, mais harmônicas, mais salutares, de alguém que não
consegue respeitar e cumprir a máxima de Tolstoi e não consegue se tornar universal, por não
conseguir cantar sua aldeia?
Bolsonaro não é Messias. Melhor JA IR se acostumando com
isso. Não é governante de um país digno de fazer parte do concerto das nações
mais respeitadas do mundo.
Não consegue nem governar seu país e liderar seus eleitores.
Exceto uma massa que lhe serve de claque, para a qual toda sua atenção é
dispensada e toda sua mensagem é transmitida.
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Por essa sua cegueira, essa postura submissa, serviçal e
tacanha, ele não consegue enxergar as labaredas de fogo que o circundam e em
que ele mergulha.
Esperar de quem não se preocupa em coordenar e liderar um
combate contra uma pandemia, tornando-a menos letal e avassaladora; de quem
prefere se vitimizar e culpar a todos pelos desastres que sua inação, somada à ação
delituosa de seus apaniguados, incentiva; de quem é apenas louco, sem a
envergadura moral de um Quixote, é delírio.
Não dele: nosso.
Que se já não esperávamos muito de sua torpe figura, agora
temos certeza do acerto das leis de Murphy: não há nada que não possa piorar. Indicando
que qualquer coisa que pode ocorrer de mal, irá ocorrer, ao menos por um
mandato de desgoverno.
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Esperar grandeza de Bolsonaro, suas políticas, seu governo e
seus discursos é, aí sim, querer acreditar em moinhos de vento inimigos e agressivos.
Razão porquê minha maior dúvida nesse momento não é de como reagirá
a comunidade internacional e parte de nossa sociedade a tanto desatino e
postura risível. Que nos expõe a todos ao deboche internacional.
Mas, saber o que leva gente de alguma formação intelectual
(ausente em seu líder) a não conseguir tirar a viseira para enxergar o mal em
que seu voto impensado, ou a defesa extrema de valores que lhes são caros,
mesmo equivocados, conduziram o país.
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Porque Bolsonaro apenas mente. Fantasia. Foge. Foge da realidade
e se abraça ao fogo, cuja fumaça impede que sua insignificância seja visualizada
mais cruamente.
Um comentário:
É isso aí, Paulo! Tá difícil suportar o miliciano de estimação de tantos rebanhos fundamentalistas manipulados. O gado defensor do caos segue a estratégia de defender o discurso com três verdades misturado com muitas mentiras perversas. Estamos com um governo anti-pobre, insensível e incompetente, que sacrifica quem mais precisa. Me envergonha ser brasileira com governantes de tão baixa envergadura e mafiosos. Muito triste. Temos que buscar união para resistir a tanta perversidade.
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