Não há como questionar o fato de a grande maioria das empresas autorizadas a explorarem a concessão pública dos meios de comunicação de massa serem dotadas de um perfil de caráter conservador, não raras vezes, com um viés francamente elitista.
Embora concessionárias do serviço público previsto no artigo
223 da Constituição Federal, que trata da comunicação social, tais empresas se
revestem da característica de empresas privadas capitalistas, nunca sendo
demais recordar, com interesses de auferir e acumular lucros.
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Na ausência de uma cuidadosa e rigorosa regulamentação, que
permitisse exigir o cumprimento de interesses sociais mais amplos, não surpreende
a quem quer que seja, que são os seus interesses particulares e de classe os que
são atendidos de forma prioritária e não os interesses de todas as camadas da
população.
Assim, apenas para dar a ênfase necessária: a grande mídia
age como qualquer outro grupo capitalista empresarial, na defesa de seus
interesses, quaisquer que eles sejam.
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Toda esta introdução apenas para abordar o tratamento, mais
que respeitoso, até de proteção que a grande mídia dá a Paulo Guedes, o Posto Ipiranga
de combustível adulterado; o poderoso mágico de Oz-tentação fajuta do
desgoverno brasileiro; aquele economista que leu Keynes por 3 vezes, no original,
embora pelo comportamento que adota, não teve êxito em entender as ideias do
lorde inglês.
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Para não parecer questão pessoal, verdade é que Guedes atuou
junto a outros colegas do MIT, como Jeffrey Sachs, na equipe do autoritário e sanguinário
governo Pinochet, no Chile, embora com papel de importância aquém da
secundária.
E a grande maioria de profissionais da área sabem fez
carreira exitosa no mercado financeiro, tendo sido, inclusive sócio de André Esteves
no Banco BTG Pactual, entre outras atividades.
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A questão é que Guedes tem apresentado, ao assumir a importante
pasta da Economia, a qualidade de um boquirroto, um falastrão, característica de
todo aquele portador de uma vaidade desmesurada.
Dessa forma, assumiu o ministério, prometendo zerar o
déficit público; mais tarde prometeu taxas elevadas de crescimento econômico; além
das reiteradas promessas de promover as mudanças estruturais que permitiriam
destravar o desenvolvimento econômico do país, devendo ficar claro que para
ele, desenvolvimento econômico é antagônico a desenvolvimento social.
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Por ocasião da pandemia que nos atingiu, fez pressão para
que a atividade econômica não sofresse qualquer tipo de restrição, não tendo se
manifestado claramente a favor de medidas que privilegiassem a vida em lugar da
atividade econômica.
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Também é de conhecimento geral que todas as suas promessas
foram sonhos de uma noite de verão. Sua mais importante ideia, a privatização
da previdência a fim de gerar maior espaço de atuação para o capital financeiro
junto aos negócios da previdência complementar não tiveram êxito; a recriação
da CPMF ou imposto nos mesmos moldes também não foi aprovada e apenas a
fragilização dos direitos e garantias trabalhistas tiveram sucesso, mesmo assim,
e FELIZMENTE, parcial.
Se fez algo de útil, foi a reboque do Congresso que criou o benefício de assistência emergencial,
no valor três vezes superior ao que ele defendia.
Tal abono foi o responsável por uma queda do PIB, no ano de
pandemia, aquém da queda prevista por todos.
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Não vou repetir aqui frases suas, que mostram quão infeliz é
o sinistro de um governo cujo presidente consegue ser ainda pior ( a rigor, só
não é muito pior porque o presidente já provou que não gosta de trabalhar!)
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Mas, o nome de Guedes surge agora envolvido em investigação
jornalística séria, junto com mais outros 330 nomes de figuras importantes,
políticos, governantes, artistas, jogadores, empresários, etc. que averigua os
detentores de contas bancárias mantidas em “offshores”, lugares considerados paraísos
fiscais.
Tradicionalmente, manter contas nesses locais serve ao
interesse de estimular a evasão de divisas, esconder recursos de sonegação
fiscal, ou permitir esfriar recursos obtidos de forma ilícita, até criminosa.
Daí porque grupos de organização criminosa procuram enviar seus
ganhos para tais contas.
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Importa afirmar que não apenas Guedes, mas também o presidente
do Banco Central e empresário patriotas, como o honestíssimo Luciano Hang.
Como é o seu papel, toda a imprensa se preocupou em noticiar
a descoberta e averiguar a lisura ou legalidade de tal comportamento. E descobriu
que não há qualquer ilegalidade em manter tais contas offshore, com seu titular
tendo apenas a obrigação de informar a existência de tais contas e valores, à Receita
Federal.
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Diferente é o comportamento do titular de tais contas, caso seja
agente público, ou assuma função pública.
Mas, nesse caso, apenas deve comunicar à Comissão de Ética,
além da Receita, a manutenção de tais contas, devendo ainda se afastar da
gestão das contas.
Isso, no caso IMPORTANTE, de sua função pública poder lhe
dar condições de adotar políticas e medidas capazes de lhe proporcionarem
benefícios. Ou lhe permitam a condição de obter informação privilegiada.
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Hang, por exemplo, empresário envolvido com atividades de
importação de mercadorias, não estaria sendo um gestor eficiente se não tivesse
tais contas para dar maior agilidade aos fluxos de pagamentos relacionados aos
seus negócios.
Ele ter se esquecido por vários anos de comunicar a
existência de tais contas à Receita e oferecê-las à tributação, se devida, é
apenas um lapso de memória de um empresário tão patriota e tão defensor do
governo do país.
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Já Roberto Campos Neto, o Bobby Fields Grandson, que atuou
muito tempo em instituições financeiras do exterior que lhe permitiram construir
um patrimônio razoável, não poderia ser acusado de ter ferido qualquer regra de
comportamento por manter tais contas.
Ainda mais que comunicou à Receita e à Comissão de Ética e,
embora com atraso, afastou-se da gestão de tais contas.
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Quanto a Guedes, embora não tenha se afastado em qualquer
momento da gestão das contas que poderiam se beneficiar de políticas cambiais cuja
implantação foi defendida pelo ministro, a imprensa tenta relativizar seu
comportamento.
Assim, faz questão de divulgar que Guedes comunicou aos dois
órgãos – Receita e Comissão de Ética – a existência daqueles recursos,
cumprindo sua obrigação legal.
De certa forma, dá a entender que a politica cambial é de
responsabilidade direta do Banco Central, além de que se pauta pelas “regras do
jogo livre das forças de mercado”.
Ou seja: Guedes estaria isento de maiores responsabilidades,
apesar de ter ganho alguns milhões de reais com a valorização do dólar.
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O grande problema, ainda não concretizado e possível de ser
evitado ( como no caso da corrupção das
vacinas da Covaxin) foi a defesa do
sinistro junto ao Congresso, de conceder um tratamento tributário mais flexível
para contas mantidas no exterior, quando da definição de diretrizes de reforma
do Imposto de Renda.
Guedes, mesmo sem dolo, defendia a não tributação de patrimônio
semelhante ao dele.
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Mas, se a imprensa não tem como esconder tal fato, ainda
tenta contemporizar. E, assim, evita afirmar que a conta de Guedes, aberta em
2014, portanto, antes de ele ser chegar ao ministério.
Vai daí que se não é crime manter as contas, havendo apenas
um problema ético ou moral, não tão significativo, de não afastar-se da gestão,
pode continuar passando pano para o sinistro que mais atende às expectativas de
toda a classe empresarial.
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Fosse isenta e séria, talvez lhe ocorresse questionar a origem
dos recursos da conta. Afinal, a abertura da conta é de data coincidente com
fatos que levaram à investigação de Guedes, sob a acusação de cometimento de
crime de gestão temerária, pela CVM.
Na oportunidade, o problema era com prejuízos acarretados a fundos de pensão de empresas estatais.
Para registro: tal investigação foi arquivada, depois de
Guedes ter assumido o ministério.
2 comentários:
A miriam leitão nao tem vergonha de passar pano pra essa gente, mas quando era a presidenta Dilma, nao media esforcos para critica-la.
Me parece que, de forma geral, a imprensa é condescende com guedes. Tem batido no bozo (até porque inunda descaradamente o país com todo tipo de sortilégios).
Suspeito que a tolerância com guedes deve-se ao fato dele representar o poderio e desvario financeiro que na verdade dá as cartas e as cartadas neste país. A tragédia econômica que afoga a sociedade é frequentemente associada ( de forma velada ou explícita) quase que exclusivamente à pandemia.
Pouco é falado quanto à"gestão" obtusa da economia do país. Aliás no episódio em questão, há um desmedido realce de que guedes está dentro da lei e pouca ou nenhuma alusão às questões éticas. O que ajuda entender porque a ética é artigo tão raro... no mercado...
É bom lembrar que a política econômica que guedes tanto defende, redução do Estado e aumento da importância do setor privado, está na CONTRAMÃO do mundo. Aliás a pandemia comprovou esta evidência.
Bem lembrado... bobby fields... de trágica lembrança, que tanto mal fez a este país, embaixador brasileiro nos EUA que colaborou para a queda do governo a que dizia representar e ainda como figura de proa no complexo IPES/IBAD. Após o golpe, como sinistro do planejamento, (CIVIL/MILITAR) implementou políticas econômicas que contribuíram para tornar a vida dos brasileiros ainda mais difícil... o projeto deste sabujo continua em vigor...
Fernando Moreira
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