quarta-feira, 10 de novembro de 2021

A PPI de Pedro Parente e os preços de combustíveis; gasolina a 8 reais; Se fosse imputável, a CVM já deveria ter aberto processo contra falas de privatização do presidente; E o Bolsolão

Criada por Pedro Parente no início do governo Temer, em 2016, a Politica de Paridade de Importacao - PPI, é a base da determinação do preço dos combustíveis adotada pela Petrobras.

É esta política NEFASTA que justifica a constante elevação dos preços de derivados do óleo cru, com destaque para a gasolina, já a R$ 7,00 o litro e o diesel.

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A adoção da PPI visa evitar a defasagem entre o preço internacional desta importante ‘commodity’ e os preços praticados pela estatal, cujas plantas, inadequadas para o refino do óleo pesado extraído no país, obriga a continuidade da importação de óleo de qualidade superior para permitir a produção de combustíveis de melhor qualidade.

Ao lado disso, e tendo em vista a decisão de seguidos governos, em priorizar investimentos nas atividades de pesquisa e exploração de petróleo,  reduziram-se os investimentos em nossa capacidade de refino. Por esse motivo e como nossas refinarias foram instaladas em época em que o país não era autossuficiente e necessitava importar o petróleo mais leve, nossa capacidade de refino encontra-se defasada tecnologicamente.

Situação que explica a subutilização das refinarias da Petrobrás, razão para o Brasil precisar de importar inclusive derivados como gasolina, diesel, etc.  importa ainda combustíveis

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Tais fatores sustentam os argumentos em defesa da paridade do preço internacional para evitar uma elevação de custos de produção dos combustíveis, e a preocupação em não se deixar criar uma diferença de preços domésticos, com resultante queda de receita.

Combinação explosiva, a redução da receita concomitante à elevação dos custos afetaria a rentabilidade da estatal, o que acarretaria prejuízos aos acionistas da companhia,  com consequências sobre sua capacidade de obtenção de recursos para financiar programas de investimentos.

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Não devemos nos esquecer que por ser uma companhia com atuação no mercado aberto, com ações em bolsa, mesmo o governo brasileiro sendo detentor da maioria das ações e do controle e gestão da empresa, a adoção de políticas que afetassem os interesses de acionistas minoritários poderia ter consequências, ruins para a saúde econômica e financeira da Petrobras, sujeitando-a a medidas de caráter jurídico, relativas à própria manutençãodo controle.

Mas se como empresa de capital aberto, a companhia deve se sujeitar a certas práticas regulamentares de governança, nunca devemos perder de vista o fato fundamental de a empresa ser uma estatal,  com atuação em setor estratégico para a economia do país.

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Para ilustrar este caráter estratégico, basta mencionar a importância dos combustíveis tanto em nossa matriz energética quanto especialmente na de transportes em nosso país; do impacto e do peso que alterações de preços destes produtos provocam na coleta dos índices de inflação; na externalidade negativa, que caracteriza o espraiamento da alta de combustíveis para outras mercadorias;  e por último, mas não menos importante, do papel que uma das maiores empresas de nosso país desempenhou desde os anos 80, de alavancagem para o desenvolvimento, principalmente tecnológico, de setores fornecedores de equipamentos e serviços.

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A adoção de uma política de compras pela companhia era, então, mais um instrumento dentro de uma politica industrial destinada a promover um processo de desenvolvimento industrial nacional para o país, além de coerente com as políticas macroeconômicas, em uma época em que o país ainda adotava um sistema de Planejamento.

Infelizmente, uma sucessão de governos de inspiração econômica neoliberal dissolveu este sistema de planejamento,  e sua visão de médio e longo prazo, substituída por uma visão míope, curto prazista, voltada apenas para os interesse rentistas e especulativos do capital financeiro.

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Em prejuízo de sua população, sujeita à volatilidade de preços dos combustíveis, a opção de se adotar a PPI,  retira do governo qualquer condição de afetar os preços praticados pela empresa, sujeitos a variáveis sobre as quais o governo não tem nem pode ter qualquer influência: o preço internacional do barril, fixado em mercado internacional fortemente oligopólico, de um lado, e de outro do preço do dólar.

Notamos que não há qualquer expectativa para que os preços internacionais do barril possam se comportar como apresentado nos compêndios iniciais e enganosos de princípios econômicos, a partir do jogo de mercado entre as forças de procura e oferta.

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E importa observar que,  mesmo o governo tendo à sua disposição instrumentos de política cambial, capazes de afetarem o câmbio, sua margem de manobras tende a ser mínima, dada a política de liberalização dos fluxos de capitais a que estamos submetidos. A liberdade de movimentos de capitais reduz os graus de liberdade para ações do governo que fica refém dos interesses dos detentores de capitais externos.

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Em economias cada vez mais interligadas, dependentes e associadas aos interesses dos proprietários de capitais externos, uma ameaça mínima aos estes interesses podem provocar o fenômeno de fuga de capitais, gerando subsequentes, constantes e excessivas deteriorações da moeda nacional.

Também crises políticas, assim como ameaças  de rupturas institucionais, devido à insegurança e incerteza que têm capacidade de gerar, têm efeitos similares sobre o câmbio.

E aqui não há como ignorar a carga potencialmente  explosiva que o (des)governo errático  e de viés golpista,  autoritario,  posto em prática por Bossalnato propicia.

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Daí que: majorado o preço do barril de óleo no mercado internacional,  a necessidade de se converter o preço do barril para reais, com base em um dólar cada vez mais valorizado,  obriga a Petrobras, via PPI, a promover aumento automátivo nos combustíveis, com o disparo de um circuito vicioso, que incorpora: aumento dos preços dos combustíveis, aumento dos custos de energia (e produção)  e  transportes; aumento da inflação e realimentação das expectativas inflacionárias, com impactos sobre nova depreciação cambial.

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Nessa hora, o presidente inepto e inapto, desesperado para se reeleger e assegurar mais 4 anos de fuga em relação ao momento do acerto de contas de seus vários crimes e de sua familícia, ameaça intervir  nos preços, dando subsídios para derivados  específicos.

Chega ao cúmulo de manifestar vontade de privatizar a estatal, pela venda das ações em poder do governo.

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Só tal declaração, feita pelo responsável pelo controle da empresa – que tem ações em bolsa – já é motivo para que a CVM abrisse processo administrativo contra este energúmeno, por divulgação de informações falsas, capazes de provovar alterações no valor desses papéis.

Talvez a CVM considere o chefe do executivo inimputável. Mas a manipulação ou difusao de informações falsas é passível de investigação e apenação.

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Pior é o energúmeno fazer tais ameaças, parecendo crer em uma alteração da politica de preços em mãos da iniciativa privada, que por algum milagre, não iria se esforçar em buscar a a maximização de seus  lucros e dos dividendos de seus acionistas, em favor de interesses de cunho político e social do povo brasileiro, pela simples transição de controle do setor público para o privado.

Ou a hipótese mais plausível e mais nefasta: de que a ameaça serve apenas para que este estrupício possa, mais uma vez, se eximir da responsabilidade de adotar medidas que permitam preços mais estáveis e mais adequados à estrutura de custos da nossa economia.

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Se for esse o caso, ele estaria agindo como  agiu em todos os momentos e circunstâncias em que se defrontou com problemas: transferindo suas responsabilidades para outras esferas.

Ou para usar um termo da moda: TERCEIRIZANDO as responsabilidades. Como tentou fazer ao tansferir a culpa das alterações de preços de combustíveis do ICMS, constantes há anos, e dos Estados.

Tal postura serve para apenas para escancarar sua preocupação nula  com a situação da população e até dos caminhoneiros  que alega defender.

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Durante a noite de ontem, quando a pátria mãe, tão distraída já se preparava para dormir, o Congresso, Liracunha, o mentecapto guedes, conseguiram a aprovação da PEC do Calote, ou dos Precatórios, descumprindo decisão judicial, e abrindo rombo fiscal para financiar a farra de gastos eleitorais de deputados e do presidente.

Mais um crime que o presidente deverá explicar, a partir de 2022, este BOLSOLÃO. Sobre o qual trataremos em outro pitaco.

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