terça-feira, 12 de julho de 2022

Direto de Foz do Iguaçu à maternidade no Rio: sobre a barbárie que rompe nosso contrato social e a indignação que nos domina.

 Na falta de qualquer manifestação que possa ser minimamente confundida com sentimentos mais nobres  de sensibilidade, de empatia ou apenas de preocupação com o que acontece à sua volta, o psicopata no Planalto diz não ter nada a ver com a morte.

Para ele, foi apenas “uma briga de duas pessoas lá em Foz do Iguaçu”.

Para o general Mourão, seu vice, “evento lamentável. Ocorre tod final de semana... gente qeu provavelmente bebe e extravasa as coisas.”

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Um parênteses: Mourão, o general vice... bem ser vice é algo que deveria ser melhor compreendido. Afinal, ser vice é uma opção pessoal. Mas uma coisa é ser vice de quem lustra nossa biografia.

No caso de Mourão, ele mostra que seu perfil encaixa-se à perfeição ao titular do cargo. E ele é o vice ideal de um miliciano, genocida e inculto sociopata. De recursos mentais reduzidos à mais completa indigência.

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Mas Mourão assinala algo importante. Foi ele que expôs o fato de todos os envolvidos serem ‘da área policial’.

Sinal de que a deformação de caráter que a princípio poderia ser identificada apenas no Exército e na formação militar, tem impactos também entre grande parte dos que têm formação militar ou policial no nosso país.

Conclusão a que chego com todas as devidas e necessárias ressalvas, de policiais valorosos e heróicos, do Corpo de Bombeiros, e que sofrem em silêncio com os absurdos que assistem em outras companhias.

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Destaco que não são apenas os militares, ou o pessoal policial – como a delegada Iane, justamente afastada – capazes de mostrarem comportamento tão próximo à selvageria e barbárie, tão ao gosto dos psicopatas e sociopatas, ou simplesmente inescrupulosos que infestam as hordas fascistas cujos líderes ocupam cargos importantes do governo.

Para o líder do governo Ricardo Barros, agressões podem ocorrer ‘eventualmente’ durante o período eleitoral, como ocorrem em estádios de futebol ou em brigas de trânsito, mas não são um elemento sistêmico do processo político brasileiro.  

Como é bom saber disso. A violência não é estrutural. É algo inusitado e fora de controle. A exceção!

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Não!

Para Rodrigo Pacheco, o candidato a capacho e líder do valhacouto (=esconderijo ou abrigo) dos venais fiéis das verbas do Orçamento Secreto,  as cenas “repugnantes, chocantes, expressão pura .... do momento de muito ódio, de muita intolerância” devem merecer especial atenção dos pré-candidatos que têm quase 80% das intenções de voto.

Para ele, ambos os candidatos têm responsabilidade muito grande na fala, na forma de conduzir as campanhas, sem ficar jogando a culpa um para os outros.

Ambos devem repudiar qualquer ato de violência.

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E chegamos na midia, que acordou para a polarização que o país está vivendo e que deve ser mantida sob controle.

Polarização. Do dicionário, concentração em extremos opostos.

Do que se depreende, dois bandos de pessoas armadas, tresloucadas, prontas para darem início a um conflito de dimensões jamais imaginadas, recheadas de sangue inimigo, transformado em troféu de guera.

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Mas, o terrorista que ocupa a presidência do país alega que nada tem a ver com o a escalada de violência que estudos do Observatório da Violência Política e Eleitoral (vide Folha de São Paulo de hoje, p. A7), indicam ser maior nessa primeira metade do ano que os dados do último pleito.

Com o alerta de que o pior ainda pode estar por vir.

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A bem da verdade, é importante recordar neste pitaco que, em nome de Jesus, o filho de Deus feito homem, e  maior representação do Amor e da compaixão e solidariedade, também a Igreja por ele erguida foi responsável por assassinatos e mortes cometidos em Seu nome. Para difundir sua mensagem de Paz na terra entre os homens de boa vontade.

Não há como esquecer que a Igreja é formada por homens, pecadores,  que a morte do Filho de Deus buscava redimir.

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E se os seguidores do Cristo foram capazes de cometerem tantos atos contrários a suas lições, em seu nome, o que esperar de quem por mera figura de linguagem, teria dito que 30 mil teriam que ter morrido na ditadura militar de 64 a 85; que teria que levar os petistas e outros esquerdistas para a ponta da praia; ou teria que fuzilar petistas.

Para quem já ouviu o áudio do julgamento do Tribunal Militar que o considerou indigno de permanecer nas fileiras do Exército, é risível que o terrorista venha falar em sentido figurado. Um homem com vocabulário de menos de 500 vocábulos e incapaz de iniciar frases com maiúsculas.

Um homem para quem os livros e as bibliotecas são mais mortais que armas e clubes de tiro.

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Minha indignação só não é maior com o crime de ódio e intolerância política, em razão de estarmos vivendo momentos sombrios em todos os campos de nossa vida social.

Onde os temerários guardas da esquina arvoram-se no direito de excluírem qualquer ilicitude de seus atos covardes, como a agressão de dois guardas municipais em Belo Horizonte a um motoqueiro, o advogado que viu e filmou a ação e sua namorada.

Onde balas perdidas sempre acham o corpo de um jovem negro de periferia, ou meninas de 4 anos de idade, disparadas tais balas sempre pelas forças policiais em constante conflito com as milícias ou as gangues do tráfico.

Onde membros da prestigiosa Polícia Rodoviária Federal reeditam câmaras de tortura e de gás eternizadas pelo Holocausto.

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Onde médicos se dão ao direito de abusarem sexualmente de clientes indefesas, apenas para darem vazão a suas taras. Juízes se dão ao direito de não cumprirem sua missão de serem os responsáveis pelo cumprimento das leis.

Onde um criminoso, sob as vestes de um juiz, comete atos contrários à legislação apenas para punir desafetos portadores de opiniões políticas, ou convicções religiosas divergentes.

Onde militares são os primeiros a desrespeitarem a farda que usam, optando por se sobressaírem pela postura exclusiva de guardiões do monopólio da violência institucionalizada.

Sempre em detrimento da segurança que juraram defender, e dos interesses do povo que os sustenta.

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De fato, o sociopata terrorista do desgoverno pode lavar as mãos em relação aos casos de violência insuflados por seu discurso de ódio.

Na verdade, talvez ele não seja mesmo o responsável por toda essa situação de mortes e ódio. Talvez isso seja imputar-lhe uma responsabilidade maior que a que lhe compete: como porta voz ou o idiota que dá rosto à manifestação de uma escória que insiste em resistir nas sombras do poder.

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Termino com um poema expressão de toda minha indignação:

Não tenho lugar de fala

meu lugar é o que cala

dorme quieto, no fundo da garganta

rouca de tanto querer gritar.

                        Contra o peso dos grilhões e da chibata

da labuta que escraviza e que mata

extrai de mim o humano e me transforma

neste desejo de luta por liberdade e igualdade.

Meu lugar cala no peito

de quem,  sem medo de errar

deseja amar, seja como for ou do jeito que der

por saber que errado é não amar.

Cala no peito a injustiça cega

que omite a metade em mim, do que sou

um X apenas, metade da herança que domina a raça

humana  desde a maternidade

e que por ter a força de verdade

me cala em seu colo

lugar em que descanso em liberdade

colo onde me calo e me situo

enfim, alguém, inteiramente à vontade.

3 comentários:

Anônimo disse...

Está cada vez MAIS indignante viver nesses tempos, nesse país e nesse mundo…

Patricia disse...

Infelizmente estamos num retrocesso sem precedentes para a nossa geração, em que a solidariedade foi substituída pelo ódio irracional e violência extrema aos que pensam diferente, orquestrados pelos neofascistas.

Anônimo disse...

O assassinato de Marcelo Arruda foi crime político, assim como o de Mariele e Anderson, assim como o de Kevin e tantas outras vítimas de um facismo latejante que para nosso horror só tem crescido ... O patrocinador é o atual presidente e sua prole. Não me refiro aqui apenas aos filhos naturais, mas também àqueles que compõem a manada de seguidores, tão bem representada por jorge josé.
Infelizmente creio que irá piorar...

Fernando Moreira