terça-feira, 24 de outubro de 2023

Uma visão de planejamento e política econômica e industrial necessária para o pais mais rico e mais justo





link: https://youtu.be/QMkX5oVEEWQ 

Pitaco da semana passada, mencionava haver uma luz de esperança em nosso país, dada por sinais de crescimento não sustentado de nossa economia, a partir da elevação de gastos públicos em programas de transferência de renda e pelo consumo das famílias beneficiárias destes programas.

O aparente otimismo baseia-se nas previsões de um crescimento do PIB próximo dos 3%, que recoloca o Brasil dentre as 10 maiores economias do mundo, e gera um quadro de expectativas positivas fruto do ambiente de estabilidade criado pelas políticas econômicas.

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A retomada de um ambiente de confiança, não nos exime de fazer algumas observações necessárias, para qualificar melhor nosso raciocínio.

A primeira e principal observação trata de que este crescimento tem muito pouco valor, se não adotarmos políticas para distribuir de forma mais justa e equânime seus benefícios.

Outra observação diz respeito à importância, para a expectativa de expansão do consumo das famílias, do relançamento, resgate, reforço e ampliação do Bolsa Família, com regras mais bem definidas (inclusive quanto a contrapartidas), que permite a criação de um clima de otimismo junto a todos os agentes econômicos.

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Como o amigo, colega e professor Daniel Amorim, observou em comentário ao pitaco, “a literatura científica tem mostrado a existência de uma relação inversa e significativa entre índice de incerteza da política econômica e variáveis como investimentos e PIB” uma vez que a criação de um ambiente positivo traz estabilidade, reduz a incerteza macroeconômica e permite previsibilidade.

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Uma terceira observação, necessária, vincula a expectativa de aumento do consumo ao programa Desenrola Brasil, desenhado pelo governo a partir de aperfeiçoamento de ideia original do ex-candidato Ciro Gomes.

Em suas várias fases, e a partir de livre negociação entre vários tipos de credores (agentes financeiros, administradoras de cartão, empresas varejistas e fornecedoras de serviços públicos) e as mais de 76 milhões de pessoas endividadas e inadimplentes, o programa estimulou a oferta de descontos significativos que facilitam a renegociação e o refinanciamento das dívidas. Adicionalmente, e com o mesmo intuito, incluiu o perdão/cancelamento de todas as dívidas de até 100 reais, beneficiando a 1,5 milhão de pessoas.

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Outra observação compara este programa Desenrola com outros programas de ajuda, estímulo à reestruturação e apoio financeiro a outros segmentos econômicos como o PROER, em 1995, voltado ao sistema bancário nacional; o PROES, visando ao saneamento dos bancos públicos, como parte do programa de privatização do governo FHC; o refinanciamento de dívidas dos grandes agricultores, principalmente junto ao Banco do Brasil, ainda no anos 95/96.   

Restaurando a dignidade e até a cidadania, este PROER dos inadimplentes nos autoriza a parafrasear o slogan de propaganda famosa: “restaurar o auto respeito, a confiança e possibilitar que milhões de pessoas voltem a andar e a fazer compras de cabeça erguida, com o nome limpo na praça não tem preço”. 

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Uma última observação se deve ao alerta de que, por mais deva ser comemorada a melhoria da expectativa de crescimento de nossa economia, trata-se de uma expansão não sustentada ou, do tipo voo de galinha, como alguns economistas e analistas de mercado insistem em classificar.

Explico: tanto os gastos públicos para o reequipamento e a reestruturação de uma série de instituições e políticas sucateadas pela insânia que passou como autêntico vendaval no último governo; quanto os gastos de consumo mais elevados,  aguardados, não são suficientes para assegurar a retomada ou continuidade do crescimento de nossa economia nos anos a seguir.

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O alerta feito no pitaco anterior levou alguns seguidores dos pitacos a solicitarem uma melhor  explicação deste fenômeno.

Para atendê-los, há que se admitir que tanto gastos públicos quanto de consumo ampliam a demanda total do país. Mas não asseguram, exceto em alguns setores como o de serviços (comércio, serviços pessoais, etc.),   que para o atendimento dessa maior demanda, não bastará o maior uso e venda de produtos em estoques, ou apenas a ampliação das jornadas de trabalho, com horas e turnos extras. No limite, com a contratação de temporários.

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A expansão da oferta ou produção por adoção das formas citadas nos mostra que que tal processo não dá origem, necessariamente, a um processo de investimento. Nem mesmo de expansão do nível de emprego com novas contratações de trabalhadores, salvo aquelas temporárias que, por seu caráter de incerteza não elevam o nível de confiança e mais gastos.

Não se nega que as vendas aumentam, junto com lucros e até remunerações (extraordinárias), o que não garante que, em anos posteriores, o país terá condições de produzir mais, e melhor, nem de expandir a força de trabalho empregada.

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Para um crescimento autêntico, sustentado, necessita-se  a realização de gastos de investimento ou acumulação de capital, em volume maior que o mínimo necessário para repor as máquinas e equipamentos desgastados pelo uso ou tempo. É necessário haver investimento líquido, novo, positivo (superior ao de reposição).

Além do ambiente saudável de negócios e da segurança de manutenção das regras do jogo, este crescimento depende de programação de estímulo e desenvolvimento, em especial creditício, à realização de investimentos em obras de infraestrutura,  na modernização da indústria, agora sob novo padrão tecnológico e nova matriz energética, o que demanda programas de conversão energética, que visem a inserir o parque produtivo em um novo paradigma de desenvolvimento tecnológico, avançado e ambientalmente sustentável.

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Isso exige o resgate da institucionalidade de um processo de planejamento e programação, com acompanhamento, controles e fiscalização de cronograma físico e, especialmente financeiro de obras.

Impede que o governo promova cortes e bloqueios de verbas orçamentárias, na busca de um equivocado equilíbrio fiscal, com destaque para cortes de verbas vinculadas à educação, centros de pesquisa e formação de pessoal qualificado, institutos de desenvolvimento de pesquisas científicas e tecnológicas, além da saúde e prevenção sanitária.

A retomada de um processo de desenvolvimento via inversões que ampliam a capacidade produtiva, a partir de implementação de um política econômica consistente, principalmente do ponto de vista da ampliação das operações de crédito,  além de crescimento sustentado traz como benefício a redução da importância do capital financeiro e dos ganhos especulativos de caráter “rent seeking” (em busca de lucros individuais, a qualquer custo), promovendo um reequilíbrio de forças e interesses entre este capital estéril e o capital produtivo, gerador de riqueza, emprego e um padrão de vida mais justo e equânime.

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Pitacos e reflexões sobre conteúdos das redes sociais

 



link do youtube: https://youtu.be/cuxU9ByVY08

Circula nas redes sociais texto atribuído ao farmacêutico Meyer M. Treinkman, de resposta crítica a recomendação feita pelo líder supremo do Irã, o aiatolá Ruhollah Khomeini, para o mundo muçulmano boicotar tudo e qualquer coisa de  origem judia.

Apesar de bastante comum, este tipo de campanha de boicote a produtos e a determinadas marcas, sempre tive muitas dúvidas quanto à eficácia de tal comportamento. E não de agora.

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Sempre fui reticente quanto à capacidade de um boicote de consumidores, por exemplo, a determinada marca de combustível ou à compra de carne de boi em geral ou de determinado frigorífico, provocar a queda do preço considerado abusivo.

Também sempre duvidei da eficácia de um boicote a qualquer marca determinada por que seu fabricante não adota uma abordagem com base na E-S-G (governança ambiental, social e corporativa), ou desrespeita ou descumpre a legislação trabalhista, ou por questões de crenças religiosas, ou simpatias políticas.

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Sem citar produtos ou marcas, todos sabemos da cultura do boicote de que o Brasil tem se tornado terreno cada vez mais fértil, tendência revigorada pelas redes sociais e transformada em ‘campanhas de cancelamento’ (até de pessoas!).

Reconheço que minhas dúvidas em relação ao boicote sempre tiveram como base a dificuldade de se obter a adesão de um número expressivo de consumidores, seja de forma individual ou em pequenos grupos familiares ou sociais, portadores de um forte sentimento de objetivo comum, capaz de atingir um grau de coordenação e controle que concretizasse a ideia de que, “agindo em conjunto, sem consumir, a demanda reduziria e, pela lei da procura e da oferta, os preços cairiam”.

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Claro, este raciocínio tem como ponto de partida o  pressuposto equivocado e enganoso da existência de uma “lei da procura e oferta”. Lei que, conta a lenda, para o professor Delfim Neto, foi mais uma das várias outras tantas leis que não pegou em nosso país, virando letra morta.

É que fora dos manuais neoclássicos, em que desempenhava a função de omitir a influência e o poder de alguns agentes econômicos no mercado, essa lei só se aplicava, na prática, a raríssimos casos, sob condições particularíssimas - menos a regra que a exceção.

E isso era ensinado nos livros e cursos de introdução à Economia. Lição que mais tarde se fazia acompanhar da surrada máxima de que “na prática, a teoria é outra”.

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A dificuldade de coordenação deste tipo de ações, a que sempre fiz referência, caiu por terra com o advento da internet e o desenvolvimento das famigeradas redes (anti)sociais.

O que pode ser ilustrado por exemplos de facilidade de troca de mensagens e postagens, como são os “flashmob” - grupo de pessoas recrutadas para se reunirem repentina e instantaneamente em um ambiente público, para promoverem uma apresentação que transmita alguma mensagem; ou mesmo para combinar previamente local e hora das atuais brigas de torcidas organizadas.  

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Quanto à resposta do farmacêutico, minha primeira sensação é a de que trata-se de texto muito interessante e instrutivo. Contém várias informações que normalmente são desconhecidas ou caem no esquecimento. Deste ponto de vista, a  oportunidade que nos oferece de ampliar os nossos conhecimentos é  digna de consideração e agradecimento.

No entanto, ao meu ver, o texto é desigual e profundamente racista.

Desigual, por que, se formos aceitar a definição do Google, os judeus são membros de uma religião, o judaísmo; não de um grupo étnico. O site de buscas nos fornece, inclusive, uma explicação: a dispersão dos judeus (grupo étnico) pelo mundo, desde tempos antigos. O que os levou a diversas miscigenações (casamentos, conversões, etc.) que fizeram a etnia perder força frente à religião. Menos o vínculo genético, mais o espiritual.

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A desigualdade do texto se dá porque confunde a origem étnica, com a religião, e até o país de origem das mentes brilhantes que lista. Assim, considera tanto  um gênio como Freud, austríaco e ATEU, crítico da religião;  quanto Ehrlich, alemão; um Paul Samuelson destaque de minha área, a Economia, americano;  e um Salk, norte-americano; refere-se a Bella Schick, húngara; Ludwig Traube, do Digitalis (e Digoxina), polonês; Minkowsky, da insulina, nascido na Lituânia, e os classifica a todos como judeus. Ainda na Economia cita como judeus ao russo Kuznetz; ao americano Milton Friedan; Arrow, Sollow, Markowitz, todos americanos.

Curiosamente, não lista o alemão  Karl Marx, filho de casal de rabinos. Nem se refere à família de judeus de origem alemã, os Rothschild, banqueiros de fama internacional. Talvez pela ligação com com o dinheiro, visto como instrumento de opressão, exploração e até perseguição! Algo sujo(?)

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Como a ninguém passa despercebido o fenômeno da drenagem de cerébros (‘brain drain’), prática adotada desde sempre pelos EUA, não deve surpreender o fato de que foram os judeus de maior qualificação que tiveram a preferência de abrigo naquele país: os intelectuais, filósofos,  cientistas, pesquisadores, artistas, músicos. A estes, o país americano forneceu financiamento, acesso aos melhores laboratórios e equipamentos, além de um ambiente propício a que dessem vazão a sua genialidade de forma a produzir, principalmente, conhecimento.

Quanto aos “Zés, o homem comum do povo judeu”, que devem ter tido uma vida boa, simples, normal, sem nada de excepcional, os registros não tratam.

E  de Abraão, até os nossos dias, deve ter havido muitos milhões a mais de judeus comuns que  que os gênios listados.

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Além disso, o texto é profundamente racista: islamofóbico. Ignora a importância da civilização mesopotâmica, assíria, egípcia; os avanços gerados pelos árabes na astronomia, química, e até na medicina: a pesquisa nos informa que, a partir de estudos de tratados de Hipócrates e  Galeno eles promoveram várias inovações, como a ideia da criação dos hospitais e de farmácias.

Mas, não é só. Poderíamos falar de Ibn Sina, ou Avicenna, autor de Canone da Medicina, obra utilizada no ensino médico por séculos, que descrevia diversas patologias de desordens centrais  e seus possíveis tratamentos, como as manias e alucinações, pesadelos, demências, epilepsia, derrame, paralisias, tremores e até distúrbios sexuais. A descrição que nos legou de estruturas anatômicas e de regiões do cérebro deixaram marcas: o nome das regiões e estruturas, utilizados ainda hoje.  

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Interessante é que o texto apresenta uma  cronologia, faz uso de dados numéricos, esquecendo-se de que não fosse a matemática, os algarismos e a álgebra, nem mesmo o texto mesmo poderia ser escrito.

Pois é! Falando agora de evolução científica e tecnológica, a máquina de guerra montada por Israel e alguns dos judeus lá instalados (sionistas militaristas) é assombrosa. Mas, a principal arma utilizada: o corte do fornecimento de alimentos, água, energia, luz, combustíveis, a privação da liberdade de locomoção, é prática tão antiga quanto outros cercos, entre os quais o de Troia.

Aliás, os judeus que invadiram o Congresso americano pedindo imediato cessar fogo também são árabes terroristas?

Vale a reflexão:  quem é o responsável pela lavagem cerebral feita nas crianças árabes, que os leva depois a reconhecer como inimigo aquele que coloca sua sobrevivência em risco todo o tempo,? Seriam os palestinos radicais que, como eles, cresceram subjugados e submetidos a um tratamento que não é tolerado nem para animais?


quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Refletindo sobre a calmaria: pitacos de fúria e esperança no final do túnel

 





Tratamos ontem da questão do conflito no oriente, entre o Estado de Israel e o povo palestino, desrespeitado e tornado invisível pela maioria das nações e povos do mundo.

Hoje, voltamos a atenção para nosso país que vivencia um momento semelhante a uma calmaria: na superfície, águas tranquilas. Os cidadãos continuam levando sua vida do dia-a-dia e seu trabalho de forma rotineira, enquanto no cenário nacional da política as coisas evoluem sem sobressaltos, em ritmo vagaroso, exceto pela troca de farpas entre o Legislativo e Judiciário, na disputa por mais espaço e poder.

Mas, como ensinam os marinheiros mais experimentados, a calmaria aparente na superfície apenas camufla, muitas vezes, a agitação e turbulência incessante nas águas mais profundas.

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No Brasil, isso pode significar a incapacidade, cada vez maior, de as pessoas atingirem um mínimo de convivência harmônica e fraterna. Vejamos:

No último dia 16, em bairro de classe média alta de São Paulo e sem motivação aparente, exceto possível surto, um homem agrediu covardemente, os dois cães e sua tutora, que  aguardavam a abertura da porta de entrada do prédio em que moravam.

As câmaras mostram que, embora latissem para o homem, os cães não avançaram sobre o agressor da advogada Caroline Zanin, irmã do mais novo ministro do STF, Cristiano Zanin. 

Antes, na madrugada do dia 13, no Paraná, outro homem foi personagem de crime de racismo e xenofobia contra um frentista, no interior de loja de conveniências de  um posto de gasolina. O motivo para o crime foi a exigência de que ele efetuasse o pagamento antecipado de seu pedido.

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Em resposta à agitação das correntes marítimas, dia 17, foi a vez de um deputado desesperado e desclassificado proferir, da tribuna da Câmara,  ataques que constituíram verdadeira e covarde agressão verbal à senadora Eliziane Gama, relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito.

Tudo sob o amparo do direito, assegurado pela Emenda à Constituição nº 35,  à inviolabilidade de opinião e manifestação dos  representantes eleitos pelo povo. 

O comportamento abjeto e misógino foi a reação do filho deputado ao pedido de indiciamento do pai no relatório final da CPMI que apurou a responsabilidade pelos atos atentatórios ao Estado de Direito e às instituições nacionais no dia 8 de janeiro passado: o criminoso e golpista fracassado e ex-presidente do país.

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Ao pai do deputado o Relatório imputou de forma indireta 4 crimes, entre eles o de golpe de Estado: por deliberadamente ter induzido seus aliados à tentativa frustrada de golpe, seja por meio de ataques ao processo eleitoral, a não aceitação do resultado, até culminar com a invasão e depredação de patrimônio público, em arruaça que visava provocar a decretação de intervenção militar, através da GLO, como o confirmam os depoimentos prestados e os documentos recolhidas pela Comissão de Investigação.

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Duas outras explicações para a descarga mental do deputado, têm a ver com as virtudes e deficiências do regime democrático e a impunidade. Explico:

- o  regime democrático atribui a todo  cidadão o direito de  voz e representatividade nas decisões sociais, independente de cor, credo, raça, gênero, religião, grau de educação formal ou nível econômico ou sociocultural.

Logo, em um país desigual, agressivo, selvagem, desagregador, e onde o eleitor médio é ignorante ou ‘analfabeto político’, deveríamos esperar que seus representantes fossem deputados com este mesmo perfil. Confirmando que cada povo tem o representante que merece.

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Quanto à impunidade, ela se explica pela proteção legal citada acima, que dão ao deputado e sua corja o direito de disparem agressões e ataques que, se não constituem crimes, deveriam ser levados à análise e julgamento pela Comissão de Ética, por quebra de decoro, resultando em eventual punição, no limite, com a cassação de seu mandato.

O que confirma a máxima de que é a impunidade  o combustível da violência e do ódio.

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Por outro lado e estarrecidos, os brasileiros acompanham a descoberta do desaparecimento/roubo de 21 metralhadoras de pesado calibre, do arsenal da Base Militar de Barueri (SP).

Desvio que tem recebido atenção especial do comando daquela Força Militar, com a apuração rigorosa dos fatos, uma vez que as armas roubadas poderão acarretar consequências catastróficas para a segurança de toda a população, se caírem em mãos erradas.

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Esse tipo de roubo, com envolvimento de indivíduos da própria Força não é fato inédito e, no momento atual, apenas reforça as suspeitas do grau de deterioração e desgaste a que chegaram as forças militares, inclusive indivíduos do próprio Exército, agravado pelas constantes e violentas ações de forças policiais militares, a que a população tem sido exposta e da qual testemunha, na Bahia, em São Paulo, no Rio de Janeiro, etc.

Comportamento que alimenta as suspeitas da existência de um padrão de comportamento baseado em objetivos de limpeza étnica e saneamento das  comunidades de periferia, os guetos a que foram relegadas/condenadas os mais fragilizados: pobres, pretos, povos originários,  quilombolas, tratados, a priori e por hipótese, como criminosa.

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Em contraponto, no mundo real, economia do país dá sinais de crescimento ainda que não sustentado, de vez que puxado pela elevação de gastos públicos com programas de transferência de renda e gastos de consumo das populações atendidas pelos programas sociais.

Para tal resultado contribui em muito o programa Desenrola Brasil, que permite a adesão de uma população entusiasmada a programas de renegociação e refinanciamento em condições facilitadas das dívidas acumuladas e não pagas, além do perdão/cancelamento de dívidas de até 100 reais beneficiando a mais de 1,5 milhão de pessoas.

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Desta forma, este verdadeiro PROER para pessoas mais fragilizadas dá aos beneficiários a chance de resgatar sua dignidade e o auto respeito, e retornarem ao mercado de consumo de cabeça erguida.

Motivo de otimismo para que o país apresente um crescimento de 3% para o PIB, retornando ao grupo das 10 maiores economias mundiais.  

 


quarta-feira, 18 de outubro de 2023

13 anos de pitacos sem comemorações. Apenas minutos de silêncio. Vários.

 



link:  https://youtu.be/lDk_vHbt7r0

7 de outubro é dia de aniversário do blog tambemquerodarpitaco.

Neste ano de 2023, completamos 13 anos. E, pela primeira vez não teve qualquer comemoração, nem mesmo uma notícia.

É que o momento vivido está mais para minuto de silêncio. Minutos vários, em função dos eventos ocorridos, e de todas as mortes, tanto em Israel quanto na Palestina. 

Às vítimas, nossa solidariedade.

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De imediato devo declarar o meu respeito pelo povo judeu, embora algumas atitudes e posturas adotadas pelo  movimento sionista não me deixem confortável.

Assim, sempre me senti agredido pelo genocídio de que o povo judeu foi vítima, a perseguição e bárbarie, e inclusive os deslocamentos a que foram forçados, a que foram a que tive conhecimento por relatos de histórias dos sobreviventes, filmes, livros (com destaque para o Diário de Anne Frank ou  Treblinka).  

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Condeno o antissemitismo por reduzir a  dignidade humana ao mais baixo nível jamais imaginado, como a qualquer outro tipo de preconceito e discriminação.

E é este sentimento que me faz, agora, solidário ao sofrimento do povo palestino como consequência do tratamento que lhes é dispensado por Israel desde a declaração de Balfour, embrião do Estado israelense (compromisso do ministro britânico Balfour de criar um Estado israelense).

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E isso, não por serem os judeus um povo rico e proprietário de capital, o que lhes permite impor sua vontade e comprar apoios que lhes asseguram o direito de continuar as práticas de exploração e espoliação sobre os povos mais pobres e oprimidos.

Classificar como esquerdismo infantil qualquer apoio à causa palestina neste momento, ou pior, enxergar aí um antissemitismo disfarçado é, no mínimo, desonestidade moral.

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Como sempre agi frente ao desconhecido, fui pesquisar algumas das causas – menos remotas – dos conflitos.

Para não ter de voltar a, entre outros fatos, a guerra que Israel travou  quando da implantação de seu Estado, contra os povos árabes, os palestinos incluídos, em 1948/49, e que terminou com a expulsão dos palestinos de suas terras, e a expansão do território que a resolução da ONU lhe cedeu (sem consulta aos seus donos).

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O território israelense ampliou-se em 1/3 enquanto os palestinos, além da perda de território foram expulsos, em número de 700 mil de suas terras, pela destruição de mais de 530 vilas,  epísódio conhecido com “nakba” ou tragédia.

Nessa ocasião, o braço militar do movimento sionista, a Haganah, foi responsável pela destruição da aldeia de Deir Yassin, próxima a Jerusalém, com a execução de 110 palestinos das quais 30 crianças. E isso aconteceu mesmo depois de líderes da aldeia fazerem um acordo de não agressão com a Haganah.

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Sem me alongar, em 1967 houve a guerra dos Seis Dias, iniciada em antecipação a possível invasão árabe; a guerra do Yon Kippur,  em reação árabe à anexação de terras ocupadas por Israel desde a guerra anterior. Entre as terras, incluíam-se a Península do Sinal, parte do Canal de Suez, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e as colinas de Golã.

Além das forças militares de alta qualificação e treinamento, Israel conta com armamentos de alta complexidade tecnológica e sofisticação, dado o apoio que recebe dos Estados Unidos para agir como seu preposto na região.

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Em todo este período, Israel manteve verdadeiro sitiamento a ambas as faixas de terra palestinas, sobre as quais exerce mais que um simples controle: decide sobre fornecimento de gás, energia, alimentos, água, deslocamentos de entrada e saída, etc.

Alegando ser a OLP uma organização terrorista, e visando desestabilizar seu poder, incentivou a expansão da influência do grupo do Hamas.

Mais tarde Israel viria reconhecer a Autoridade Palestina, e sua liderança por sucessivos acordos e negociações em Camp David e Oslo.

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Daí em diante, o grupo do Hamas é que passa a ser considerado e tratado como terrorista, até que a realização de eleições em Gaza dão a vitória a este grupo, em 2007. Vitória nunca reconhecida nem pela OLP, nem por israel e seus aliados.

Tal vitória passou a justificar o aperto ao cerco promovido por Israel nas  terras palestinas, transformadas em verdadeiro campo de concentração a céu aberto.

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No conflito mais recente, de 7 de outubro, Dani Avelar, na Folha de São Paulo (“Entenda como foram os ataques do Hamas em Israel no 7 de Outubro”, p. A14), identifica 8 pontos de infiltração do Hamas nas terras sob domínio de Israel.

Destruídas as torres de vigilância na fronteira, e sob a cobertura do disparo de milhares de foguetes, logo cedo, os palestinos chegaram de barco à praia de Zikim para invadir um kibutz com 900 habitantes.

Foram recepcionados por residentes armados, acabando mortos.

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A partir daí, como em qualquer conflito, a maior vítima tem sido a verdade. O que me leva a criar muitas dúvidas e perguntas, para as quais não acho respostas,  listadas abaixo:

- Os palestinos do Hamas são terroristas que não representam o povo palestino que os elegeu. - Israel  tem o direito de se defender, à sua população civil e as terras de que se apossaram como intrusos. 

- Grande parte da população civil israelense tem treinamento militar, com no mínimo 3 anos de serviço militar prestado; pode portar armamentos e sabe manuseá-las. Para mim,  são civilitares.

- Os bombardeios israelenses já mataram maior número de civis -mulheres e crianças – que a agresão dita terrorista. Logo, há que se rever o critério de classificação de atos terroristas.

- Ontem na CNN, ao comentar o recado/ameaça do Hezbollah de que atacaria o norte de Israel no dia de hoje, o Dia de Fúria, em retaliação ao ataque ao hospital ontem, em Gaza, afirmou: curioso é em uma guerra, avisar ao inimigo da ofensiva, dando tempo a ele de se preparar.

- Ou seja: ato de guerra, para ter êxito deve ser de surpresa, sem aviso. Exceto se for ataque do Hamas, por situações que já teriam levado qualquer povo a reagir muito antes.

- Finalmente, o que explica que o pacífico Estados Unidos estão presentes em todas as guerras desde o fim da Iia Grande Guerra? Entre outras: Coréia, Laos, Vietnã, Cuba, República Dominicana, Afeganistão, Irã, Iraque, e agora, no Oriente.

Isso sem contar com as guerras sujas que patrocinam e golpes que aplicam por todo o mundo. Onde está o Eixo do Mal?