quinta-feira, 18 de setembro de 2025
A quem o COPOM atende, ao manter a taxa Selic?
Youtube: https://youtu.be/QPK_QCFNFNo
Para surpresa de zero pessoas, o COPOM, órgão que define a taxa básica de juros da economia brasileira (sic), manteve a taxa Selic no nível dos 15%, apesar de o país
estar dando demonstração nítida de estar vivendo um processo de desinflação, quando a alta dos preços torna-se menor a cada mês.
No parágrafo acima, me referi ao COPOM como o órgão responsável pela definição da taxa Selic. Um ERRO grotesco. Na verdade, o colegiado, formado pelo conjunto de
diretores do Banco Central, apenas DIVULGA a taxa, determinada pelo mercado financeiro e seus agentes, com base na defesa de seus interesses.
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Não à toa, a pressão que o mercado exerce, melhor definida como chantagem sobre a Autoridade Monetária, ao mínimo sinal de que os juros poderão adotar comportamento por eles não determinado.
O que explica, como várias vezes dito nestes pitacos, o porquê de a Diretoria do Banco pressionar por garantia de sua autonomia operacional, quando não por ampliar esta autonomia a ponto de torná-la não apenas uma independência absoluta do governo eleito democraticamente, interesse último da PEC 65, adormecida na CCJ do Senado.
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Para não me tornar repetitivo, vamos insistir apenas em que, sob a desculpa falaciosa de um caráter supostamente técnico (e esotérico!) que envolve as decisões do Banco
Central, a proposta de emenda à Constituição – PEC 65 pretende transformá-lo no 4º poder da República. Responsável pela formulação e execução da política monetária
totalmente INDEPENDENTE de qualquer vinculação com a política econômica apresentada à sociedade e eleita pela população.
Em boa hora o Executivo percebeu a armadilha colocada pela proposta à execução de sua política econômica, voltada ao crescimento econômico, à redução do nível de
desemprego e melhoria da distribuição de renda, ao desenvolvimento científico e tecnológico, tanto na área do agronegócio, quanto na indústria e no setor de serviços.
Percepção que levou o governo a determinar a paralisação da tramitação dessa outra forma de golpe de tomada do poder.
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Voltemos ao ponto inicial: o índice que mede a inflação no país teve QUEDA de 0,11% em agosto, depois de alta de 0,26% em julho. A inflação em 12 meses, desacelerou para
5,13%. Ao mesmo tempo, o Brasil atingiu a menor taxa de desemprego, de 5,6% no trimestre até julho. Apesar do tarifaço do agente laranja americano, colhemos safra recorde
de grãos e fechamos acordos comerciais que ampliam as possibilidades de exportação de nossos produtos.
Ora, para o mercado financeiro usurário e especulativo, o desemprego recorde está levando a economia para o pleno emprego, o que INDICARIA uma impossibilidade de se
elevar a produção e o crescimento. Maior número de empregados, amplia a renda familiar e o consumo, elevando a demanda e pressionando por aumento da produção, o que seria
impossível. Daí, o resultado da maior demanda SERIA um aumento de preços: mais inflação.
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Utilizei e destaquei verbos no condicional, para mostrar que o raciocínio parte de hipóteses, como a de estarmos já no pleno emprego, algo que não é possível mensurar
objetivamente mas ajuda a criar pânico e na manutenção de juros elevados.
Agindo para elevar os juros, os agentes do mercado asseguram maior rendimento para suas operações, e acabam ajudando ao aumento da lucratividade dos demais setores
empresariais, a aumentar a taxa de exploração de suas atividades. Senão vejamos: maiores juros, provocam queda da demanda e suposto alívio para a inflação. Menor demanda
gera menor emprego e, daí, fragiliza os empregados que, sem segurança, não terão como reivindicar maiores remunerações. O setor de serviços, maior empregador do país,
passa a ter acesso a uma oferta maior de pessoas, necessitadas de trabalhar, o que permite pagamento de menores rendas.
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A experiência mostra que juros elevados reduzem a demanda, provocam desemprego, recessão, podendo reduzir custos e até preços. Pioram a qualidade e dignidade de vida da
ampla maioria da população, mas isso não é relevante: menor custo de mão de obra, permite aumentar os lucros. E até os preços… dependendo de condições de poder de mercado
dos empresários.
Mas, juros elevados, especialmente quando os FED reduz a taxa de juros nos Estados Unidos e amplia a diferença da taxa deles para a nossa, provocam um movimento de
atração de capitais para o Brasil. A entrada de dólares, em busca de aplicações que pagam maiores juros, valoriza o real. Barato o dólar, as importações ficam mais
estimuladas, mais em conta. Com as matérias primas e insumos mais baratos, a inflação pode cair em terras tupiniquins.
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Esse raciocínio, VERDADEIRO, destrói nossa capacidade de exportar, com reais mais caros. O estímulo às importações provoca a quebra das empresas e da indústria nacional,
nos tornando cada vez mais um país exportador de commodities agrícolas e minerais. O desenvolvimento econômico, industrial, tecnológico, científico, social do país fica
prejudicado no médio prazo.
Mas os financistas ganham com operações de tomar dinheiro ou intermediar a entrada de dólares baratos no nosso país e aplicar tais capitais à taxa pornográficas. Além d
disso, mantido o processo, o dólar tende a se desvalorizar sempre, tornando muito rentável, depois de algum tempo, tirar o dinheiro das aplicações em reais valorizados e
trocá-los por muito maior quantidade de dólares, para enviá-los de volta ao estrangeiro. Saída de dólares muito maior que a que entrou. Ganho na diferença de taxas de
juros e nas transações cambiais.
Podendo causar déficits em conta de transações internacionais correntes e provocando a eliminação do colchão de reservas de dólares de 370 bilhões, mantida pelo país a
tanto custo.
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Os diretores do Banco Central têm conhecimento dessas possibilidades, mas não podem lutar contra a chantagem do mercado. Alguém se lembra que, ao final do ano passado,
sem motivo razoável, o dólar escalou a próximo de 6,40 reais?
Além disso, mesmo que não fossem chantageados, a possibilidade de, encerrado seu mandato, terem lugar cativo nas vice-presidências das instituições financeiras, desde que
comportados, pode agir como o pote de ouro ao fim do arco-íris.
Quanto à PEC, que seria a submissão total da Diretoria ao mercado, mesmo que sem razões ideológicas que a sustentem, não se pode negar que todo grupo gestor sempre vai
mostrar melhores resultados se administrar sem restrições de recursos. Daí a busca de uma fantasia de independência e acesso ilimitado a todo e qualquer tipo de recurso.
Para alguns servidores, que apoiam a PEC, é muito melhor receber salários acima do teto. Afinal, em um país onde o Congresso precisa se blindar para não ser punido em
trapaças e maracutaias, que mal tem se alguns se locupletarem, mesmo que para isso seja necessário lembrar Jarbas Passarinho: às favas, …, nesse momento, todos os
escrúpulos de consciência.
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