terça-feira, 18 de agosto de 2015

Política e economia; manifestações e de futebol. Está ruim comentar de tudo...

Começo reproduzindo o trecho extraído da coluna de Vinícius Torres Freire, da Folha de São Paulo de hoje, pag. A16, caderno Mercado. Escreve o colunista:
"Essa balbúrdia sem fim impede o início de qualquer reflexão mais organizada sobre o que será da economia. Que porém, vai temperar a semana."
Por balbúrdia o colunista entende a operação água na fervura protagonizada na semana passada por Dilma Roussef e o presidente do Senado, Renan Calheiros; o fogo tucano que marca o início dessa semana, tendo à frente a publicação de Fernando Henrique Cardoso, em que o ex-presidente sugere a renúncia à mandatária mor de nosso país; as manifestações de domingo último, em que um número menor de pessoas compareceu, mas ainda assim suficiente para revelar que a indignação contra o governo atual não vai ceder com facilidade; e, por fim, duas outras manifestações. Uma já marcada, para o próximo dia 20, a favor do governo, mas contrária o modo Dilma 2 de governar. Outra, que já está sendo convocada para o próximo dia 7 de setembro, pelos mesmos movimentos que têm sido responsáveis pela convocação de atos contra Dilma.r

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A verdade é que a situação política completamente conturbada acaba ocupando o espaço das questões econômicas, que perdem importância deixando de ganhar manchetes e sendo remetidas para as páginas internas dos cadernos dos jornais.,
Dessa forma, como expressa bem a frase transcrita, fica difícil uma reflexão minimamente coerente e lógica sobre as questões econômicas.
Perante essa situação, do ponto de vista econômico, há espaço apenas para o trato das expectativas, cada vez mais deterioradas, como a informada ontem no boletim Focus que o Banco Central apresenta com as opiniões dos agentes do mercado financeiro, que prevê aquilo que já havíamos postado nesse espaço há mais tempo: não apenas haverá queda no PIB em 2015, como esse resultado deverá se repetir também em 2016. Se não se repetir, ao menos 2016 deverá ter um crescimento de zero.
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Alguns analistas, como o próprio Vinícius, atribuem esse resultado aos desmandos de Dilma 1, e à ruína que esse período deixou de herança.
Em minha opinião, embora houvesse sim muitos problemas em Dilma 1, já está mais que na hora de deixar de assumir as responsabilidades pela situação que o país atravessa: apesar de críticas, não foi Dilma 1 e nem pode ser o responsável por tudo de ruim que estamos vivendo. O problema foi a virada ou capitulação de Dilma que se ajoelhou ao mercado e seus desígnios e errou completamente o 'timing' da aplicação das medidas recomendadas pelo mercado.
Afinal, e o próprio Vinícius se inclui dentre esses analistas, foram os homens de mercado que cobraram e exigirão até, que o país fizesse o dever de casa. Por dever de casa, entendiam o imediato e total reajuste dos preços administrados que, desde muito tempo, provoca uma elevação da inflação, sustentada, em uma economia que continua indexada como a brasileira.
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E como parênteses, vamos lembrar que  a indexação que o Plano Real tentou eliminar, persistiu até mesmo nos contratos de transferência de patrimônio público para setores privados. Porque já constava nos editais que as contas de luz, telefonia, e outras do processo de privatização seriam corrigidas anualmente, de acordo com a variação do IGP.
Ora, se empresas podem, e outros setores privilegiados, é mais que natural que os trabalhadores queiram, mesmo que não o consigam, aumentos salariais que reponham ao menos a inflação. E os aposentados merecem também o mesmo tratamento.
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Até uma pessoa menos atenta será capaz de entender que, os aumentos corretivos de preços, conjugado com aumentos escandalosos de juros, mais corte pesado de gastos fiscais iriam levar a economia ao fundo do posso, lançando-a em uma recessão anunciada.
Para isso e a criação de um ambiente cada vez mais pessimista, foi dada grande contribuição pela mídia, que repercutiu os aumentos de juros e preços e que, talvez até para ter mais argumentos para atacar o novo mandato da presidenta, tingiu o futuro com cores trágicas.
Pois bem: com medo o trabalhador endividado deixou de comprar. Por falta de compras, o trabalhador foi demitido. As contas que ele já tinha feita, e que ele ainda tentou manter em dia, começaram a ficar com seus pagamentos atrasados.
Sem produzir as empresas pararam de transferir recursos para o governo. A arrecadação tributária, basicamente obtida de impostos sobre a produção e a circulação, caiu estrondosamente. O déficit fiscal mostrou-se impossível de ser coberto, ao menos o nominal. Mais juros, mais cortes de gastos, mais aumento de inadimplência, e o deus nos acuda está formado.
Daí que é mais ou menos natural que 2016 sofra a influência desses efeitos, que nada têm a ver com Dilma 1.
Já é sim, fruto da política cobrada por tantos que eram os sábios da economia e que destilavam suas políticas ortodoxas para todo canto.
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Mas voltemos à outra manifestação, em tese a favor da manutenção de Dilma no poder, contra o golpe e contra o pacote econômico da Dilma que traiu a todos seus eleitores.
Traição que está lhe saindo muito caro, em termos de popularidade, como os índices das pesquisas de opinião revelam.
O problema é que, apesar de ser a favor de Dilma e seu mandato, a manifestação das esquerdas é também contra a política de Dilma, e a política de Dilma é a síntese de seu mandato.
A essa altura, e com a sinalização que Dilma vem fazendo, no sentido e direção de que,  para conseguir se sustentar politicamente vai se curvar ainda mais ao interesse dos mais privilegiados, fica muito confusa a situação.
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Indícios de que Dilma está aprofundando a fuga de seus eleitores e de sua base de apoio, podem ser contados aos montes: a aceitação do pacote sugerido por Renan, que praticamente faz regredir todas as conquistas sociais que o PT de Lula e do primeiro mandato da presidenta tanto se orgulham de mostrar.
Afinal, deixar de ter obrigação, como é hoje de o governo usar recursos para bancar a saúde e a educação, é deixar ainda mais precário e pior a situação já vivida nessa área, por toda a população.
Aventar a possibilidade de cobrança no Sistema Único de Saúde, o SUS, é proposta ridícula, mesmo que a cobrança seja em função do nível de renda do beneficiário.
Aprovar a terceirização, de forma a ampliá-la, é outra questão que atenta contra o direito dos trabalhadores. E tem muito mais no pacote de Renan, que entre outros privilegia os planos privados de saúde, os rentistas e os banqueiros.
Fora do pacote, e tendo em vista o corte de gastos, agora surge a questão de deixar de pagar a antecipação do 13º salário aos funcionários públicos aposentados.
O que serve apenas para jogar por terra o minúsculo apoio que Dilma ainda mantém de 8% apenas, da população.
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Mas, parece que Dilma, querendo passar para a história e ter seu nome nos livros colegiais, irá optar por abandonar aqueles que a conduziram até o Planalto e se juntar aos vencedores de sempre.
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Apesar de crer nisso, e de como isso será tratado nos livros de História apócrifos (aqueles feitos pela visão não oficial), é também no mínimo curioso, ver FHC vir a público como que a solicitar que Dilma renuncie.
Segundo o ex-presidente, a renúncia seria um ato de grandeza da presidenta.
O que é no mínimo uma proposta de muito baixo nível de quem se arvora em um homem fino, elegante, etc.
Ora, em minha opinião, deixando de lado outras questões de preferências, a ninguém é lícito sugerir ou solicitar que outra pessoa desista. Ou no caso, que renuncie.
Essa é e deve ser sempre uma questão de foro íntimo, não merecendo ser aventada por quem quer que seja.
E tal solicitação classifica-se na mesma categoria desprezível em que se encontra, por exemplo, a sugestão de alguém que já conta tempo, exercer seu direito de aposentar-se. Ou a de alguém que recomende a outrem que se mate, quando a vida estiver tomando caminhos que trazem muitas aflições e dores e perdas para a outra pessoa.
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Mas, de FHC é possível esperar tudo, já que ele fala e depois esquece, como já mandou esquecer, um dia, tudo que ele escreveu.




E o futebol

Já que está difícil tratar de política ou de economia, que tal o futebol?
Acho que está pior, ou igualzinho ao ambiente que domina o país.
Afinal, terminado o primeiro turno, o que temos pela frente?
Um Corínthians que está com 40 pontos, à frente de todos, e que tem jogado mal, em algumas ocasiões pior até que seus adversários.
Mas, se o Coringão vai mal, que tal o juizão dar uma ajuda?
Foi assim contra o São Paulo, contra o Sport, contra o Avaí...
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Já do lado do vice-líder, o Atlético, é forçoso reconhecer que perdeu força, e está em queda de produção.
Talvez explicado o desempenho, pelas contusões de Guilherme, Dátolo, Luan, e agora que estes estão voltando recuperados, pela saída de Giovani Augusto.
Mas, que o Atlético não está mantendo o mesmo padrão de jogo, é visível.
O que não justifica as derrotas, já que em minha opinião, isso se deve ao juizão, que prejudicou o time, ao menos na partida contra o Grêmio com o pênalte não marcado logo no início da partida, e contra o Chapecoense.
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Então, fica também difícil tratar de futebol com seriedade, quando um time tem a seu lado a Força, no caso a CBF.
E, infelizmente, nesse 2015 como fora antes, no ano de 2012, em relação ao Fluminense, há muito mais a vencer do que apenas os adversários em campo, para que o Galão volte a conquistar o Campeonato Brasileiro.
Uma pena!

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