Trazer o HOMEM no Coração
É importante ter fé. Mas traga
uma picareta, uma enxada ou se for mais sofisticado, uma retroescavadeira para
remover as montanhas.
Não entre na onda da
terceirização. Não terceirize suas responsabilidades como homem,
transferindo-as para Deus. A vida é sua. Compete a você decidir o que irá fazer
de sua vida. E se quiser um conselho: traga o Homem em seu coração.
Afinal, como homens, cada um de
nós traz uma centelha divina. Acho até que mais. Fruto do milagre da Trindade
Santa em que, filhos, somos também o próprio Pai, somos todos Deuses. Talvez esse
o sentido de Cristo nos chamar de irmãos.
Trazer o Homem em seu coração
representa ver o outro como a si mesmo. Significa respeitar e tratar o outro
como a si mesmo. Significa a representação do Amor Universal.
Agindo assim, você estará
colocando em marcha a poderosa engrenagem, capaz de criar o mais virtuoso
círculo que alimenta o desenvolvimento e a evolução de nossa sociedade: você
aprende a perdoar. E aprendendo a perdoar ao outro, aprende a perdoar a si mesmo.
Sim, somos todos feitos de uma
mesma fôrma, uma mesma substância, uma mesma matéria. Acima de tudo, não somos
fatores de produção. Não somos coisas. Não somos mercadorias.
Somos autores de nossa própria
história. Construtores de nossa própria estrada e nossos caminhos. Somos donos
de nosso destino.
Por isso, temos de aprender a nos
perdoar, mesmo quando abdicamos de nossas obrigações. Quando entregamos nosso
destino nas mãos de outros. Ou, por comodidade, deixamos que outros dirijam
nossa vida. Criem nosso futuro.
Sendo nosso o futuro, temos que
assumir a tarefa de nos tornarmos melhores. Mais adaptados a um tempo que nos
cobra aprendizado e evolução.
Porque nunca estamos prontos.
Nunca estamos completos. Nunca podemos dizer que sabemos tudo, de todas as
coisas. O que nos obriga a tomarmos consciência de que devemos estar sempre
aprendendo. De estarmos sempre atentos a aprender.
E aqui reside o problema maior de
nossa sociedade. Consideramo-nos mais preparados, mais capazes ou competentes
ou mais sábios que os outros. E do alto de nossa arrogância, analisamos,
classificamos e julgamos a tudo e a todos.
Por esse motivo, construímos uma
sociedade seccionada, dividida, esgarçada, onde o rico se acha melhor que o
pobre; o branco melhor que o negro; o que mora na zona central, melhor que o
que mora na periferia; o magro melhor que o gordo. Na sociedade que estamos
construindo, valorizamos o corpo escultural da loura ou o a barriga tanquinho
do atleta, deixando de lado valores como
a inteligência, o respeito, a solidariedade, a simpatia, a gentileza.
Valorizamos o consumismo do que ostenta para parecer ser, e não a verdade que se manifesta no semblante
de quem sabe que é. E isso basta. Chegamos ao cúmulo de definir o próprio amor,
rotulando o amor homossexual como nefasto, por mais sublime que seja.
Com isso acabamos ignorando o que
foge a nossos padrões: de beleza, de riqueza material, de padrão de vida, de
família. E condenamos todos que não se pautam por nossas definições à
inexistência social. Aos diferentes, tratamos com indiferença. Transformamo-los
em seres invisíveis.
Assim, negamos nossos irmãos.
Repudiamos nossos iguais. Destratamos quem pode nos ensinar tantas lições. E
não aproveitamos as oportunidades de trocarmos experiências pessoais, destinadas
a nosso aperfeiçoamento.
Vocês formandos, meus afilhados,
decidiram prestar-me homenagens nessa noite, pelo pouco que pude lhes passar de
meu conhecimento e minha experiência. Como estão prestando homenagens merecidas
a seus pais, irmãos, parentes, mulheres e maridos, amigos, que tanta
experiência compartilharam com vocês.
De minha parte, e como pai, ouso
falar também em nome de seus pais, são vocês que merecem as homenagens, por
tudo que nos ensinaram. Por tanto que nos fizeram evoluir, ao exigir que nós
sempre estivéssemos quebrando paradigmas, mudando comportamentos, adotando novas
posturas ou enxergando o que só a juventude e entusiasmo podem nos mostrar.
Termino agradecendo a todos pela
oportunidade de nosso convívio, lembrando o ensinamento transmitido pela
história que um colega seus me contou um dia, em sala. Colega que, por motivos
profissionais, não pode concluir o curso com vocês.
Filho de um lar desfeito, era o
espírito de luta e a força de vontade da mãe, completamente analfabeta, que
mantinha a união dos quatro filhos. Um dia um de seus irmãos veio da escola
chorando. Querendo saber a razão do choro, a mãe perguntou-lhe o por quê do
sofrimento. Por ter cometido uma indisciplina em companhia de um amigo, fora
ofendido pelo pai do colega de sala.
De condição mais privilegiada, o
pai falou: “é por isso que eu não quero que você ande com esse fulano. Ele não
vai ser nada na vida. No máximo vai ser bandido.”
Analfabeta mas sábia, a mãe reuniu
os quatro filhos no sofá e disse: “ Meu filho, se você quiser ser médico quando
crescer, você vai ser médico. Se o outro quiser ser professor, vai ser
professor. Se você que está chorando quiser ser bandido, vai ser bandido. Mas
vai ser bandido porque quis. A escolha vai ser sempre de cada um de vocês. Só
tem uma condição. Escolhido o que quiser
ser, mesmo bandido, você vai ser o melhor. Cada um de vocês será o melhor
naquilo que escolheram para sua vida. Nunca deixem ninguém dizer a nenhum de
vocês o que vocês irão ser na vida.
Cada um de nós, portadores da
centelha divina e da fé é que sabemos o que queremos ser e o que temos de
fazer. E tenho certeza, vocês nunca deixarão de aproveitar a oportunidade de
aprenderem e crescerem. Para poderem ser o que quiserem. E serem sempre os melhores.
Felicidades.
Um comentário:
Discurso perfeito!
Guardarei esse discurso para que eu possa sempre ler e em cada palavra poder lembrar de todos os momentos da minha colação.
Será sempre um dia inesquecível!!!
Obrigada professor!!!
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