terça-feira, 13 de outubro de 2015

O Brasil e suas jabuticabas

Em sua última coluna na Folha de São Paulo, o colunista André Singer faz uma queixa em relação ao tipo de trabalho e de (des)informação prestado pela grande imprensa em nosso país.
Conforme Singer, nenhum órgão da imprensa deu destaque a um argumento apresentado pelo advogado geral da União, contra a acusação de pedaladas fiscais do governo Dilma, no ano de 2014, no transcurso do julgamento da apreciação das contas pelo Tribunal de Contas da União.
Consta que Adams teria dito ser impossível ter havido financiamento de programas do governo, conforme alegava Nardes, o ministro relator, tendo em vista que ao final do exercício, teria sido a Caixa que ficara em situação devedora junto à União.
Logo, como quem deve não pode, ao mesmo tempo ser credor, o problema derivaria de um encontro de contas que deveria ter sido feito, e não o foi.
Pois bem. Admitamos que seja falsa a informação de Singer, ou o argumento de defesa de Adams. Não seria o caso de a imprensa, dita investigativa, ir procurar os números e repercutir, com entrevistas, análises etc. a verdade dos fatos?
Ou melhor mesmo seria esconder tais argumentos e continuar botando lenha na fogueira, de forma a continuar incentivando um golpe na tenra democracia e nas frágeis instituições nacionais?
E tudo a bem de que? De PSDB e Aécio, que nem capacidade de ser oposição mostrou ter, como  a figura de Cunha tão bem ilustra?
Para entregar o poder ao PMDB e a Temer? Ou ao próprio Cunha e/ou Renan e seus escândalos?
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Certo parece mesmo estar José Simão: tantas aulas de tênis financiadas com dinheiro público, permitiu que a esposa de Cunha ficasse craque em sacar... das contas ‘nossas’ na Suíca.
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Outra jabuticaba
Não bastasse isso, temos uma presidenta que é capaz de saudar a mandioca como um patrimônio nacional;  fixar uma meta que vai ficar em aberto, para depois, caso alcançada poder ser dobrada; ou elogiar a mulher sapiens, e agora, querer estocar vento.
Haja energia e cabeça oca. Ou haja vento circulando para ocupar o espaço que nossa presidenta sapiens insiste em querer demonstrar possuir.
Pelo visto o que falta mesmo é mandioca.
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E, no futebol, a selecinha do Dunga perdeu para o Chile. Normal, o resultado.
Afinal, já de há muito tempo, as partidas contra o Chile têm sido cada vez mais difíceis, mesmo quando vencidas pela seleção canarinha.
Mais normal ainda, quando se sabe que Neymar está fora do time, por força da estupidez que cometeu na Copa América.
E continua tudo normal, quando se lembra que o selecionado é um amontoado de jogadores de boa qualidade, mas nenhum excepcional, que jogam fora do país e que se reúnem espasmodicamente.
Quase sempre, para protagonizar alguns vexames.
Além disso, Dunga é uma tentativa de construção fracassada de um treinador. Nada de técnico e muito menos, pelo amor de Deus, de professor.
Dunga só está onde se encontra, por ser um dos protegidos pelos esquemas que mais interessam por coisas distantes da prática do futebol. E Dunga, a bem da verdade, se não chegou a ser um craque em nenhum momento da sua carreira, apenas se mostrando um esforçado volante, apenas é a imagem de um futebol ultrapassado. Ainda da época do ludopédio.
E é um técnico de convicções arraigadas e fora de moda.
Mas, pior que isso, e das desculpas esfarrapadas, dadas para tentar nos convencer que a seleção foi, se não melhor, igual ao time que nos derrotou por dois a zero, é a toda poderosa Globo.
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Ok. Eles têm de manter a briga em busca de audiência, mesmo quando o futebol da seleção brasileira só inspire sono e acarrete prejuízo para a Globo e patrocinadores.
Mas, daí a ficar comemorando que a seleção perdeu, mas no Chile, contra uma equipe boa e que, maior vexame deu a Argentina, derrotada pelo Equador em casa, vai uma distância.
Ou a Argentina incomoda tanto assim à Globo, e especialmente ao chato do Galvão Bueno, a ponto de não ter problemas grandes se perdermos, ou nem classificarmos, bastando para isso que também a Argentina não se classifique.
Que miséria a nossa crônica e pior, o pessoal da Globo.
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Enquanto as enchentes castigam o Rio Grande do Sul, com a maior enchente dos últimos meio século, ou mais, Pirapora, em Minas, banhada pelo São Francisco, vive dias de clima árido. Não há nem mais como falar de umidade.
É clima de deserto, onde o Rio banha e deveria dar um refresco.
E estamos em outubro, época das jabuticabas, caso tivesse havido a necessária chuva para que elas pudessem estar viçosas, grandes, graúdas, seria melhor, e doces. Como sabem ser.
Mas, as poucas que temos visto estão  pequenas, sem gosto e sem sabor.
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A semana iniciada ontem, no dia de Nossa Senhora Aparecida e das Crianças, prossegue hoje, com a possibilidade de Cunha aceitar o pedido de abertura do processo de impeachment de Dilma.
Na pior das hipóteses, o que não acredito que seja, o roto julgando o sujo, porque ainda nada foi constatado de estar rasgado.
A semana promete. Ainda mais que há novas acusações de pedaladas, também em 2015, já desmentidas por toda a equipe econômica, Levy à frente.
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E promete também no futebol, na volta do campeonato brasileiro. Que amanhã assiste ao jogão entre Atlético e Internacional. Motivo para o Independência ficar lotado e a torcida do Galo ter mais uma oportunidade de manifestar sua esperança e sua fé.
Porque ser atleticano é, antes de mais nada, ser alguém que acredita.

E, eu acredito. 

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