segunda-feira, 10 de julho de 2017

O inexpressivo temer em Hamburgo e a deflação da economia

Inexpressiva, para dizer o mínimo, a passagem do golpista temer pela Alemanha, para participar(?) da reunião do G-20.
Até porque mais preocupado com sua permanência no cargo que usurpou do que com a agenda do país, a figura insignificante que ocupa o executivo hoje, no Brasil, depois de haver decidido não comparecer à reunião, voltando atrás na última hora, acabou antecipando seu retorno a Brasília, como quem sai fugido de algum compromisso.
E é justamente a esse ser minúsculo que compete a tarefa de representar-nos internacionalmente, o que mostra a que ponto chegou o grau de degradação em nosso país.
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Situação vexatória, que se complementa pelo papel exercido pelo ministro das Relações Exteriores que, sem qualquer traquejo, nem mesmo educação e grau de cultura para lidar com seus congêneres, ganhou destaque no evento, pela gravação saudando o presidente golpista e prometendo o que não pode entregar: apoio a sua manutenção no cargo.
Especialmente quando o presidente interino de seu partido já deu a senha do desembarque dos tucanos dessa temeridade que é um governo com governantes sem condições morais de comandar nem mesmo uma casa de tolerância, para sermos elegantes.
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Por outro lado, outro oportunista, o senador Cássio Cunha Lima, um personagem importante do golpe contra a presidenta legitimamente eleita pela maioria do povo brasileiro, já deu claro sinal de que está em marcha, mais uma vez com sua prestimosa colaboração, o golpe dentro do golpe.
Segundo o paraibano, o governo não dura mais 15 dias.
E olhe que ainda nem vazaram detalhes da delação prometida e em negociação de Eduardo Cunha.
Ou talvez, a pressa em derrubar o anão temer, seja justamente para esvaziar parte do conteúdo explosivo da delação do ex-presidente da Câmara, o que livraria uma grande quantidade de políticos graúdos de uma exposição perante a opinião pública, capaz de interromper de vez suas trajetórias políticas.
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Enquanto esses fatos são o destaque no cenário político, no ambiente econômico, comemora-se, ainda que timidamente, o anúncio do IBGE, dos dados da inflação em junho, na verdade, uma deflação de 0,23%.
Resultado que, ao contrário do que poderia parecer, revela o pior dos mundos. Porque ao contrário do que afirmam os economistas que acreditam ainda no funcionamento do livre jogo das forças de mercado, a queda de preços não é algo trivial, fruto de uma demanda inferior à oferta.
Em primeiro lugar, porque a oferta já de há muito tempo não é aquela decorrente do pleno uso ou pleno emprego dos recursos produtivos e das capacidades instaladas pelas empresas.
Razão pois, para não considerar a queda da demanda como algo passageiro, de curta duração, o que se revela pelo crescimento do número de desempregados no país, apenas nesse curto espaço de tempo, de um ano de temer. Aliás, que em entrevista na Alemanha, gabou-se de ter conseguido fazer cair a inflação, crescer a economia, e o nível de desemprego...
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Segundo porque, levando-se em conta que o país é dominado por uma estrutura econômica que se caracteriza pelo poder de grandes corporações e grupos oligopolizados, que têm controle sobre os preços que praticam, admitir-se que estamos em um instante de deflação apenas expressa que, em função da crise, não há mais onde cortar. Já foram feitos cortes na produção, nos estoques, no nível de emprego, nas margens e agora, no osso, já que a gordura e a carne já foram retalhadas.
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Em minha opinião, salva-nos e à nossa economia, apenas o fato de que as causas principais da deflação anunciada são causas de mesma natureza que as causas apontadas nesses pitacos, para justificar a elevação dos preços em 2014, 2015.
Naquela oportunidade, a crise hídrica, o problema com a perda de safras na lavoura, a elevação de preços de alimentos, eram parte importante da aceleração dos preços. Ao lado de tais razões, a correção de preços administrados, com seus efeitos sobre os outros preços industriais, principalmente o preço da energia elétrica, a correção de preços dos combustíveis, alimentavam a inflação.
Agora não. A safra agrícola e o clima e índices de pluviometria ajudaram na queda do preço dos alimentos. Os efeitos de correção de preços já se diluíram. Os preços internacionais de nossas commodities estão em alta e, também por esse motivo, nossa balança comercial apresenta resultados positivos, com consequências sobre o valor do dólar.
Dessa forma, os combustíveis também podem ser beneficiados, com queda de preços da gasolina, por exemplo.
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Então, há motivos que justifiquem a deflação, sem que isso se transforme em um transtorno, já que tal resultado não tem porque se repetir por período prolongado.
Período em que há, inclusive, oportunidade para que o COPOM possa tomar decisões mais agudas em relação à redução das taxas de juros, sem que isso possa trazer algum tipo de temor quanto à possibilidade de, no ano que vem, ano eleitoral, os preços voltarem a manifestar comportamento que inspire cuidados do ponto de vista da política monetária.
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Mas, daí a esperar que a queda dos juros possa induzir a elevação dos níveis de investimento na economia brasileira, único fator real capaz de expressar a recuperação de nossa economia, vai uma grande distância.
Distância que passa pela discussão da resolução da crise política, dos golpes e contragolpes, dos temeres e maias que infestam Brasília e os noticiários.
Quanto a maia, apenas a lembrança do ditado de que golpista que derruba golpista deve ter algum perdão. Mesmo que não seja de cem anos.
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Por hoje é só. Pitacos mais comportados, enquanto a economia, o país, a midia, Brasília, e parece que toda a vida, fica como que paralisada, à espera das decisões da Câmara quanto a autorização para abertura ou não das investigações contra esse governante, que cria o teto dos gastos, e depois tira dinheiros da educação, entre outras áreas, para comprar apoio dos parlamentares, e os votos para continuar no cargo que ocupa ilegitimamente.
E pensar que só com isso, nenhuma pedalada, apenas o mesmo comportamento que gerou o mensalão em 2005, foram gastos mais de 500 milhões.
Sinal de que nossos deputados estão ficando mais valorizados. Ou mais caros...

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