quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Fux zombou de aecim? Ou deu-lhe a chance que, antes, ele não quis explorar? Afinal de contas, Que país é esse?

Ainda a respeito do pitaco de ontem, e de seu protagonista principal, aecim, embora para abordar o comentário feito pelo ministro (também denunciado em delações) Aloysio Nunes, coincidentemente também tucano, para quem o ministro do Supremo Luiz Fux zombou do senador mineiro.
Conforme o ministro, em minha opinião, um dos menos, senão o menos capacitado dos políticos para o exercício do cargo de chefe da diplomacia brasileira, em sua conta de twiter, o voto de Fux foi, digamos, uma afronta a seu correligionário.
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Antes de prosseguir, quero manifestar minha discordância em relação à análise de Aloysio do voto de Fux. Não vi qualquer deboche da parte do magistrado ao reconhecer que aecim, ao ser considerado suspeito de beneficiário de propinas vinculadas à JBS, logo pediu seu afastamento do cargo que ocupava de presidente do PSDB. Entretanto, seu ato inicial não foi seguido de outros gestos de grandeza, como o de ele mesmo, aecim, pedir o afastamento, ainda que temporário, de seu mandato no Senado.
Ao contrário, o senador pelo ... Rio?... ainda ocupou a tribuna para alegar que a gravação que todo o país ouviu, e em que sua voz é claramente perceptível, solicitando a bagatela de 2 milhões de reais a Joesley, era tão somente uma solicitação entre amigos, de um empréstimo para que ele pudesse resolver questões ligadas a imóveis de sua mãe.
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Nem vem ao caso que, o amigo da solicitação tenha virado, posteriormente, no julgamento do político, um bandido da pior espécie. Nem mesmo que o patrimônio de aecim e sua mãe devem ser mais que suficientes para cobrir qualquer necessidade financeira dessa magnitude.
Mas, choca a todos, e foi motivos de comentários vários, o fato de que o empréstimo feito pelo então amigo e escroque desde longo tempo, não pudesse ser feito às claras, à luz do dia, por meio de uma transferência eletrônica, uma TED, a forma de movimentação de recursos mais segura no nosso sistema financeiro.
Pior, a entrega do dinheiro, que parece não poderia ser documentada, para não ser comprovada depois, deveria ser feita não a qualquer pessoa ligada a aecim, mas a algum emissário especial, talvez pelo vulto da grana nas malas. O que fez aecim indicar como seu intermediário, seu primo, Fred.
E chocou muito mais ainda ao país que, ainda em meio à gravação, ficamos sabendo que o primo seria a pessoa mais indicada uma vez que, caso quisesse delatar, ele poderia ser morto...
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Ok, apenas uma brincadeira, mesmo que grave. Mesmo que feita em hora e local errado. Mesmo que mostrando o caráter - ou a falta dele- de quem pronunciou tamanho impropério.
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Então, ponderados todos os fatos, de amplo conhecimento público, dizer que aecim não teve a grandeza de reconhecer suas fraquezas e delitos, e que tampouco teve a grandeza de não continuar deixando que pessoas com sua ficha pudessem continuar enlameando a casa em que atuava, não tem absolutamente nada de zombaria.
O ministro Fux estava dando a aecim, a oportunidade que ele tinha e não aproveitou, de afastar-se do cenário político, para poder preparar sua defesa e... se possível, voltar depois, inocentado, por cima.
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Aloysio, que tomou as dores do comparsa, alegou que Fux não adotou o comportamento dos juízes da Roma antiga, para quem a figura do réu é sagrada.
Mas, quem foi que dessacralizou e vilipendiou a figura do réu no caso. Aquele que não reconheceu sua falha e permaneceu nos corredores do Legislativo, exercendo sua influência no sentido de livrar outros colegas, tão suspeitos de crimes quanto ele, nem digo punições, mas de abertura de procedimento de início de investigações, caso do chefe da quadrilha temer? Ou foi Fux, que apenas falou em alto e bom som que aecim teve um comportamento deplorável e indigno, com o povo que representa em especial e com a casa em que atua.
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Outra questão que gostaria de abordar tem a ver com uma situação que tem me incomodado, e que diz respeito à uma filosofia de comportamento que tenho visto ser cada vez mais dominante.
O que me leva à frase histórica proferida há muito tempo atrás, pelo então presidente nacional da Arena, o partido de sustentação da farsa democrática com que o governo da ditadura militar buscava esconder sua face autoritária e criminosa. Refiro-me a Francelino Pereira, o piauiense que, como prêmio foi escolhido bionicamente governador do Estado de Minas Gerais, que assombrado pelo fato de a oposição não acreditar nas promessas de abertura do presidente militar de plantão perguntou a célebre: Que país é esse?
Frase que foi imortalizada por Renato Russo, na música que é entoada nos show de rock de todo o país, e que ganha a sequência: é a porra do Brasil!!!
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Pois bem, vamos ao que me causa incômodo: o comentário feito pelos bons analistas esportivos do programa esportivo da ESPN, Linha de Passe.
Nos dias que antecediam o clássico entre São Paulo e Corínthians, em lugar de discutirem as táticas, as estratégias, as possíveis jogadas ensaiadas, ou os esquemas de jogo que poderiam ser utilizados pelos dois times, a tônica de parte inicial do programa preferiu privilegiar uma discussão sobre qual seria o comportamento de Rodrigo Caio no desenrolar do jogo.
Isso tão somente porque em rara atitude reveladora de caráter, questão obviamente de foro íntimo, o defensor do time tricolor foi até o juiz e confessou que fora ele e não o avante corintiano Jô quem havia se chocado em lance de jogo com seu colega, o goleiro Renan.
Como consequência de tal gesto, o juiz que havia dado cartão amarelo para Jô, o que valeria sua exclusão da próxima partida, voltou atrás e Jô ficou livre para participar da partida seguinte. Em que fez um gol, que valeu a eliminação do São Paulo da disputa do campeonato paulista.
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Ao que me lembro, Rodrigo Caio não agiu como agiu, visando algum tipo de elogio, nem público nem de quem quer que seja, agiu por questão de sua consciência. Mas foi duramente criticado por companheiros, até de time, por adversários, por jornalistas e por uma série de programas esportivos.
É verdade que, ao mesmo tempo, várias pessoas saíram em defesa da atitude de "fair play" do jogador, elogiando aquele comportamento tão necessitado de se tornar exemplo em um país em que tantos são os mal feitos, de corrupção a outras obtenções de vantagens indevidas.
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O exagero que cercou todo o episódio foi mais longe, assegurando equivocadamente a convocação do jogador, em péssima fase técnica para a seleção de futebol.
Um erro crasso, mas não o único, do tão badalado herói nacional, Tite.
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Refrescada a memória, e tendo Jô sido parte de lance de gol mal assinalado em jogo do Corínthians contra o Vasco, que deu a vitória e a manutenção da posição de liderança folgada ao time paulista, sem que o corintiano admitisse ter usado o braço indevidamente na jogada, o programa Linha de Passe gastou grande parte de seu tempo, discutindo que atitude teria Rodrigo Caio caso houvesse alguma jogada discutível na partida do fim de semana.
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Invariavelmente a questão foi se o jogador repetiria seu gesto - que se voltou contra seu time, ao final-  ou se aproveitaria da vantagem que pudesse obter durante o jogo, preferindo ficar em silêncio.
Sob comentários vários de que esse negócio de "fair play" não é apropriado ao futebol, e que isso está atrapalhando o jogo, sempre mais interessante em função das malandragens feitas por vários atletas em campo, o programa seguiu ou deve ter seguido discutindo se Rodrigo Caio repetiria ou não sua atitude de consciência.
Digo deve ter seguido por que não consegui continuar ouvindo um grupo de pessoas, cujas opiniões eu respeito, fazendo juízo sobre o caráter de outra, que nem estava presente nem poderia se manifestar, tirando conclusões talvez menos motivadas pela consideração e respeito com o ser humano Rodrigo (e não com o jogador, apenas) mas mais coerentes com os comportamentos que poderiam adotar, na maior parte das vezes, sob a lógica perversa de que, para ganhar, tudo vale.
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Abordo o tema, pelo incômodo que me causou, a ponto de mudar de canal, mas pelo fato de que, agora, depois da vitória de Merkel na Alemanha, começo a ouvir o discurso que me cheira semelhante.
Dizem que Merkel ganhou mais um mandato, mas foi uma vitória de Pirro, com o sabor amargo da presença de representantes de ideias e posturas de extrema direita no Parlamento do país. Algo que não acontecia desde o fim da II Grande Guerra, onde partidos de ideias próximas do nazismo foram banidos da política.
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Para alguns analistas políticos, a culpa foi da primeira ministra, e sua política de aceitação de refugiados de forma indiscriminada, que não foi bem aceita pela população ou parte dela, que preferiu dar perto de 20% dos votos a quem defende valores xenófobos.
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Ou seja, parece, nas entrelinhas, que Merkel deveria ter abandonado milhares de pessoas, a sua própria sorte, do que ter-lhes permitido tentar a sobrevivência, mesmo que de forma precária, já que fora de seus países.
Fica no ar a mensagem de que se você quer ganhar, deve se despir de todos os seus valores, passando a agir não como seria sua crença ou a recomendação de sua consciência.
O que me lembra a frase, se não me engano de Darcy Ribeiro, reconhecendo ter tido muitas derrotas, mas preferindo ainda assim não estar do lado vencedor em nenhuma de suas lutas.
É isso.

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