segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

O A, B e C do início de ano político: que lástima...

A de Arma - cumprindo promessa de campanha, o presidente assinou decreto permitindo que, sob certas condições, o cidadão brasileiro possa manter armas em sua(s) casa(s), em total de até 4 armas, se possuir 4 propriedades.
De minha parte, continuo contrário à medida, cujo perigo é tão evidente que o próprio decreto manifesta a preocupação em como e onde a arma será guardada.
A obrigação de ter um cofre em casa que tenham crianças, por exemplo, mostra o absurdo da medida que, como acertadamente falou o vice-presidente, General Mourão, não se destina a segurança pessoal.
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Afinal, como já tive a oportunidade de abordar aqui, o ladrão que assalta a residência tem sempre a vantagem da surpresa. Dificilmente irá encontrar o dono da arma preparado ou com a arma ao seu alcance e, achar que o dono do imóvel terá condições de ter acesso à arma, sem que o ladrão o impeça é ingenuidade total.
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A possibilidade da arma cair em mãos de crianças em suas brincadeiras de polícia e ladrão (ou semelhantes), ou até o uso na hora de algum conflito de menor importância, trarão uma preocupação a mais, para os pais de família mais conscientes.
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E é sempre bom lembrar, arma não é um liquidificador, apesar dos pesares, e dos ministros...
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O que teremos, em minha opinião, é um maior número de acidentes domésticos, senão um aumento do número de homicídios, naquilo que, a princípio poderia ser mero assalto ou furto.
Ou o aumento do número de criminosos armados, com o furto de armas mantidos em residências, servindo para elevar o número de ocorrências de roubos.
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Salvo se a medida tiver sido tomada pensando mais, e defendendo o direito de proprietários rurais. Não os urbanos.
E talvez mais para servir para combater invasões, como foi nos idos de 1963, quando fazendeiros acreditando que o presidente João Goulart, um estancieiro, fosse patrocinar uma reforma agrária radical.
Vários foram os fazendeiros que, na oportunidade, reuniram os empregados e os armaram, para aguardar a invasão patrocinada pelos ..."comunistas".
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Se a intenção real for a de permitir armar os latifundiários, grileiros, posseiros, donos de terras improdutivas, contra ataques, entre outros, do pessoal do MST, então se justifica claramente a medida. Especialmente em um governo que já deixou muito claro de que lado da mesa ele senta.
Junto aos grandes proprietários, aos coitadinhos dos empregadores, aos que avançam contra o meio ambiente, contra a sustentabilidade, contra as ações dos fiscais e ambientalistas.
Ou seja, a posse de armas é apenas mais um tiro visando a eliminação dos movimentos de reivindicações sociais.
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Aí incluídos sem terra, e os ambientalistas.
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Ah! curiosamente, está lá em Marx, para os poucos que podem tê-lo lido se lembrarem: para se fazer uma revolução, há que se ter condições objetivas para que ela possa alcançar algum êxito.
A população armada é, quem sabe, uma dessas condições.
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B de Brumadinho

O homem chega, já desfaz a natureza, tira gente põe represa diz que tudo vai mudar.... já cantavam Sá e Guarabyra, parece-me que, também Rodrix.

Em 1984, Drumomond já havia dito que
O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.

Para terminar perguntando:
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?

Eu mesmo, em meus devaneios, já tinha arriscado:

Terra que incendeia viva
chama que explode insana
mata que se esvai, fumaça
fogo ardendo interior
                                                                       Choro que explode larva
                                                                       jorrando de um vulcão
                                                                       por onde passa o povo
                                                                       o suor molhando o chão
                                                                       desfazendo a natureza

                                                                       gerando poluição

...

Falar o que?
Sobra-nos apenas a possibilidade de deixar as lágrimas e o choro rolar livre e falar por todos nós.
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Mas, vale sempre a lembrança de que foi a Vale, em busca de lucros, dominada pela ganância.
Foi a Vale, privatizada, como poderia ter sido a Vale pública, mas sempre dominada pela ganância, em busca da maximização de lucros.
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A destruição criativa de Schumpeter, substituída pela criação da destruição. Mas o próprio economista austríaco deixa concluir: novas tecnologias, novos métodos de produção, novos instrumentos apenas serão adotados, quando o custo da mudança assim permitir.
Senão, melhor manter a estrutura existente até que toda ela esteja contabilmente depreciada.
E que já tenha trazido com a depreciação, o apodrecimento.
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Enquanto isso, brindamos ao capitalismo, e seu objetivo maior: o sacrossanto lucro.
E brindemos ao mercado, onde a competência se mede por lucros, cada vez maiores, e não por vidas, cada vez melhores...
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C de corrupção

E o ex-juiz Moro, agora ministro,  sua campanha anti-corrupção prefere manter silêncio quando o que está em jogo é ... a família de seu chefe, de seu patrão.
Com quantos Queiroz se constrói um Bolsonaro?
E quantas ligações com as milícias?
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Enquanto Moro se silencia sobre as investigações que a Polícia Federal, sob seu comando, deverá fazer em relação a ligações escusas dos Bolsonaros com as milícias, e a grana que tais atividades podem propiciar, ele aparece nas telas de televisão para anunciar que está encaminhando ao Congresso, um pacote para endurecer as normas que tratam da punição, da penalização e das ações contra o crime organizado que, em sua opinião, sustenta a corrupção endêmica de nosso país.
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Não vou discutir aqui o conteúdo do agravamento de penas, de dificultação para adoção do regime de liberalização de penas, etc.
Mas gostaria de perguntar o que é o crime organizado para Moro? Ou para a própria sociedade brasileira?
Seria as facções de Comando Vermelho, e os PCC's que dominam nossos sistemas prisionais? Ou a rede de tráfico que domina os morros de todo o país?
Ou incluiriam também as forças policiais que resolvem se tornar justiceiras? E acabam permitindo o desenvolvimento de forças paramilitares que, mais cedo ou mais tarde, percebem que o poder que granjeiam lhes dá o direito de vida e morte sobre as populações mais miseráveis?
Essa população para quem o Estado não existe. E que, por isso mesmo, não existe para o Estado.
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C de Corpo de Bombeiros

Força Policial de maior respeitabilidade em nossa sociedade. Instituição sempre elogiada e de inegáveis ações em nosso benefício. Algumas vezes, raras, pouco reconhecidas em suas atividades mais rotineiras.
O Corpo de Bombeiros e os homens de fogo (embora não sejam só de Fogo), mas os homens que sempre estão NO FOGO das situações mais dramáticas, merecem sim a indicação para o Nobel da PAZ.
Justiça aos heróis de Brumadinho, que seria apenas mais um reconhecimento, já que a vitória maior todos são conscientes de que é o exercício que desempenham a cada momento, de salvar vidas.
De melhorar as vidas dos seus semelhantes.
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C de Congresso

Nem vou falar de Alcolumbre, alvo de dois processos em curso no Supremo. Até porque, nesse quesito, parece-me que ele perde para Renan.
Mas que beira o ridículo, ver grande parte da população que votou na mudança, representada por ... Bolsonaro (risos em alto som! que pândego!!) estar satisfeita por que o nosso novo presidente do Congresso é ... um novato, que representa o novo na política é... sem comentários.
Até a inocência deve ter algum limite.
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O papel de renovação que Alcolumbre, o Davi, proporcionou foi algo vexatório. Tanto quanto a dissimulada defesa que fez o senador Rodrigo Pacheco, infelizmente por Minas Gerais, de sua posição como presidente da sessão preparatória para as eleições do Senado, em que era declaradamente, escarradamente, candidato.
A propósito Rodrigo Pacheco mostra bem que é um excelente advogado, mesmo que para defender certas posições, falte com a ética, com a decência mínima, que se espera de um senador da República.
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É bom deixar claro: nem todos os advogados são assim! Vários agem sob os ditames de suas consciências e não apenas de seus interesses vis.
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Mas, a pergunta que não quer calar é: o que se espera mesmo de um senador da República do Brasil?
Isso o Senado nos respondeu na noite de sexta feira, dia 1 de fevereiro.
Nada.
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Ao menos nada de sério.
Com Kajuru  homenageando o discurso inaugural de Agnaldo Timóteo e sua saudação "Alô, mamãe" e depois fazendo piada sobre sua própria saúde, apenas para deixar o ambiente mais leve...
Com a novidade que quer fazer a nova política, aceitando a adoção dos mesmos hábitos e usos antigos, da manobra rasteira, da manipulação, das mudanças casuísticas de regras, apenas para atender a certos interesses de momento.
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O Senado nos mostrou o lixo que é, e em que consiste.
E mais grave ainda, nos mostrou que, com os nomes que o compõem na atual legislatura, não vai mudar nada para melhor.
O que nos faz ficar alertas, por que mudar por mudar só não é pior que mudar para pior.
E o que vem aí, é indescritível. Muito pior, se é que é possível.
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D de Dalmares

Nem tem o que falar. Por que respeito a quem tem problemas de indigência mental, é necessário. Mesmo que ela tenha tido o prazer de ter se encontrado com Jesus na goiabeira, ela de rosinha e sendo educada na fé. Para se tornar mestre em artes ... ocultas.
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E Bolsonaro queria acabar com o Meio Ambiente. Ao menos a Instituição que cuida dele e da sustentabilidade no nosso sofrido país.

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