Há muito tempo, assisti a um filme em que, se não me falha a
memória, uma moça cega é a vítima de uma tentativa de assassinato.
Depois de tentar fugir sem êxito, ela descobre que seu algoz
já estava no interior de sua residência.
Em desespero, a única ação que lhe ocorre é a de quebrar as lâmpadas,
de forma que a escuridão do ambiente
pudesse eliminar a desvantagem de sua escuridão permanente.
Além disso, a ausência de claridade favorecia seu
conhecimento do ambiente em que a se travava a luta.
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Cito a cena, porque é sob sua inspiração que encontro motivo
para que Bolsonaro, um típico influenciador digital, possa cumprir sua ameaça
de vetar a verba aprovada em Orçamento, de 2 bilhões para o financiamento do
Fundo Eleidtoral.
Sem a certeza de ter
seu partido aprovado em tempo hábil para participar da distribuição dos recursos,
nada melhor que igualar o jogo, ou seja: negar a todas as outras siglas, acesso
ao dinheiro para campanha que seu partido pode não ter direito de utilizar.
Nada a favor da sociedade. Nenhuma medida para combater esse
comportamento perdulário do Congresso, com dinheiro público, em detrimento de
saúde e educação, por exemplo, que atenderiam às demandas da grande maioria da
sociedade.
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Guedes e suas teimosias
Guedes não perde a oportunidade de tentar fazer descer goela
abaixo da população a aprovação e criação de um imposto cuja operacionalização em
nada seria distinta de um retorno da CPMF.
Derrotado já em outras oportunidades, há que elogiar sua
insistência, destinada a fazer a nova tributação vencer pelo cansaço.
Apenas que, a cada vez, usa um argumento um pouco mais ou menos
palatável.
O argumento da hora é o de que o novo tributo iria incidir
apenas sobre as transações financeiras realizadas por meios digitais. A princípio
alcançaria o crescente número de operações realizadas por meio de celulares e
computadores.
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Ou o ministro gostaria de caminhar em diração contrária à da
modernidade e da redução de custos, induzindo a população a frequentar as agências
bancárias, abandonando as funcionalidades que se tornariam mais caras, da vida digital,
ou então, já que mesmo nas agências, nos caixas, as transações se completam por
meio de registros digitais, acabaria a cobrança se generalizando para toda e
qualquer transação financeira, por meio bancário.
Sendo assim, que diferença tem o novo tributo, da antiga e
malvista CPMF?
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Por outro lado, o ministro não se cansa de evidenciar a quem
deve obrigações, quem é seu verdadeiro patrão.
E seguramente seu patrão está longe de ser a população
brasileira a quem ele deveria servir.
Senão como entender sua fala de que o mais cruel e perverso imposto
ser a cobrança de encargos trabalhistas, que recaem por óbvio sobre os empresários?
Dessa forma, para que o empresário possa ter essa carga
reduzida, que se amplie a base e se faça toda a população pagar o valor que o
empresário terá de isenção.
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Talvez o ministro não tenha conhecimento ou em conhecendo,
não dê valor ao trabalho de Michal Kalecki.
Em seu ensaio onde desenvolveu as Equações Marxistas de
Reprodução, o economista polonês conclui, magistralmente, com sua afirmação
célebre de que enquanto os trabalhadores gastam o que ganham, os capitalistas
ganham o que gastam.
O ministro pode não concordar com o princípio da demanda
efetiva, mas afirmar que se reduzidos os custos dos encargos, isso permitiria
que salários aumentassem ou que mais trabalhadores fossem contratados, é no
mínimo, desconhecer que, a redução de custos pode também aumentar a margem de
lucros.
E que talvez seja esse o único resultado da sua política
para melhor o ambiente para as classes mais favorecidas de nossa sociedade.
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De mais a mais, também é questionável que a demanda cresça e
leve os empresários a desejarem investir no país, se os trabalhadores não têm
crescimento de sua remuneração.
Afinal, gastando tudo que ganham, é a partir da expectativa
de demanda de consumo dos trabalhadores que os empresários podem desejar correr
os riscos de adiantatem dinheiro em circulação, para obterem algum rendimento dessa
ação, no futuro.
A ideia contrária a essa tese, do ponto de vista econômico, caracteriza
o retorno da lei de Say.
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A lógica de se favorecer o empresário, mantendo o trabalho
no estágio em que já se encontra é o retorno da política econômica do Chile de
Pinochet. Que parece ser o paradigma do ministro de Bolsonaro.
Um comentário:
Ao que me parece o SInistro paulo está desenvolvendo um novo modelo de capitalismo, onde não há risco para os empresários. Todo o ônus do modelo recai sobre os trabalhadores, que vem perdendo, cada vez mais seus direitos, silenciosamente.
O mais incrível de tudo isso é que há trabalhadores (gerentes e diretores) que consideram que paulo vem fazendo uma boa gestão... certamente estão entre aqueles 38% de popularidade do SInistro... assim como alguns pequenos empresários com quem tive oportunidade de conversar há 3 semanas em uma palestra sobre marketing em um shopping da capital... falta à população identidade de classe; um gerente/diretor não se reconhece como trabalhador, mas sim como um privilegiado; o dono de uma pequena padaria acredita que tem os mesmos interesses do dono de uma grande rede de supermercados. Ainda não entenderam que são, quando muito, capatazes de uma grande senzala moderna.
jair segue confirmando tudo aquilo que se sabia dele e parece que a "batata" de 01 está assando, em que pese a irritante apatia de sérgio... o mais popular dos SInistros...
Fernando Moreira
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